REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10720000
Ana Betriz Vedana
Cecilia Lemes Bastos de Barros
Clara Ketiley Soares Silva
Orientador: Prof. Gabriel de Medeiros Aragão.
RESUMO
A malária é uma preocupação relevante para a saúde materna na região amazônica do Brasil, apresentando riscos significativos de complicações obstétricas e fetais em gestantes, o que representa um desafio de saúde pública. Diante desse cenário, este estudo teve como objetivo analisar os impactos clínicos da malária em gestantes na região amazônica. Este projeto visou analisar as principais complicações obstétricas e fetais associadas à malária em gestantes na região amazônica do Brasil, além de avaliar o impacto da doença na mortalidade materna na região. A metodologia empregada baseou-se em uma revisão bibliográfica sistemática, com seleção de artigos científicos nas bases de dados PubMed, SciELO e Lilacs, utilizando palavras-chave pertinentes ao tema. A análise revelou que as principais complicações obstétricas e fetais relacionadas à malária em gestantes na região amazônica incluem anemia, préeclâmpsia, parto prematuro, baixo peso ao nascer, retardo de crescimento intrauterino, mortalidade fetal e neonatal. A malária também foi associada a um aumento significativo na mortalidade materna na região. Identificaram-se medidas preventivas eficazes, como o uso de mosquiteiros impregnados com inseticidas e a quimioprofilaxia durante a gravidez, bem como opções terapêuticas, como o tratamento com cloroquina e primaquina. No entanto, também foram identificadas lacunas no conhecimento sobre a malária em gestantes na região amazônica. Este estudo destaca a importância de estratégias integradas e direcionadas para lidar com os desafios associados à malária em gestantes na região amazônica, visando reduzir complicações e mortalidade materna e fetal relacionadas à doença. A implementação de políticas de saúde pública, o fortalecimento dos sistemas de saúde e o investimento em pesquisa são essenciais para enfrentar efetivamente a malária em gestantes na região amazônica do Brasil.
Palavras-chave: Complicações fetais. Complicações obstétricas. Gestantes. Malária. Prevenção.
ABSTRACT
Malaria is a relevant concern for maternal health in the Amazon region of Brazil, presenting significant risks of obstetric and fetal complications in pregnant women, which represents a public health challenge. Given this scenario, this study aimed to analyze the clinical impacts of malaria on pregnant women in the Amazon region. This project aimed to analyze the main obstetric and fetal complications associated with malaria in pregnant women in the Amazon region of Brazil, in addition to evaluating the impact of the disease on maternal mortality in the region. The methodology used was based on a systematic bibliographic review, with a selection of scientific articles in the PubMed, SciELO and Lilacs databases, using keywords relevant to the topic. The analysis revealed that the main obstetric and fetal complications related to malaria in pregnant women in the Amazon region include anemia, pre-eclampsia, premature birth, low birth weight, intrauterine growth retardation, fetal and neonatal mortality. Malaria has also been associated with a significant increase in maternal mortality in the region. Effective preventive measures were identified, such as the use of mosquito nets impregnated with insecticides and chemoprophylaxis during pregnancy, as well as therapeutic options, such as treatment with chloroquine and primaquine. However, gaps in knowledge about malaria in pregnant women in the Amazon region were also identified. This study highlights the importance of integrated and targeted strategies to deal with the challenges associated with malaria in pregnant women in the Amazon region, aiming to reduce complications and maternal and fetal mortality related to the disease. The implementation of public health policies, strengthening health systems and investing in research are essential to effectively combat malaria in pregnant women in the Amazon region of Brazil.
Keywords: Fetal complications. Obstetric complications. Pregnant women. Malaria. Prevention.
1. INTRODUÇÃO
A malária, uma doença parasitária transmitida pelo mosquito Anopheles e causada principalmente pelos tipos de Plasmodium vivax e falciparum, é uma questão de saúde pública significativa no Brasil, especialmente na região amazônica. O aumento dos casos de malária registrados pelo Ministério da Saúde em 2023 destaca a urgência de entender e abordar essa infecção, especialmente em grupos vulneráveis como gestantes.
A infecção por malária durante a gravidez apresenta desafios únicos, já que as gestantes enfrentam um maior risco de complicações obstétricas e fetais. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), anualmente, cerca de 50 milhões de mulheres em áreas endêmicas para a malária enfrentam esse risco. A infecção por plasmódios durante a gestação está associada a uma significativa morbimortalidade materna e neonatal, incluindo aproximadamente 10.000 óbitos maternos e 20.000 óbitos em crianças no primeiro ano de vida, muitos dos quais relacionados ao baixo peso ao nascer.
Nesse contexto, este estudo visa analisar de forma abrangente as principais complicações obstétricas e fetais, a mortalidade materna e neonatal, e as estratégias de prevenção e tratamento da malária em gestantes na região amazônica do Brasil. Para atingir esse objetivo, foi realizada uma revisão bibliográfica criteriosa, buscando identificar as informações mais relevantes e atualizadas sobre o tema.
Espera-se que esta revisão proporcione insights valiosos sobre as complicações associadas à infecção por malária em gestantes, incluindo anemia, pré-eclâmpsia, parto prematuro, baixo peso ao nascer, retardo de crescimento intrauterino, mortalidade fetal e neonatal. Além disso, investigaremos as medidas preventivas, como o uso de mosquiteiros impregnados com inseticidas e a quimioprofilaxia durante a gravidez, bem como estratégias de controle vetorial, visando reduzir a transmissão da malária e mitigar seus impactos na saúde materna e fetal na região amazônica.
2. METODOLOGIA
Este estudo foi conduzido por meio de uma revisão sistemática da literatura, utilizando uma busca integrativa e uma abordagem descritiva. A pesquisa foi baseada em dados eletrônicos, com foco na seleção de artigos científicos e trabalhos acadêmicos relacionados ao tema da malária em gestantes na região amazônica.
Para orientar a revisão sistemática, foram formuladas as seguintes perguntas norteadoras:
Como a malária afeta a saúde materna e fetal em gestantes na região amazônica?
Quais são as principais complicações obstétricas e fetais associadas à malária em gestantes na região amazônica e como elas podem ser prevenidas e tratadas?
Para a seleção dos descritores, foram utilizadas ferramentas de busca como MEDLINE, SciELO, Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e PubMed. Os descritores selecionados foram “malária”, “gestantes” e “região amazônica”, empregados em pares tanto em português quanto em inglês (“malaria” e “malária”, “pregnant” e “gestante”, “Amazon region” e “região amazônica”).
Os critérios de inclusão para os artigos e trabalhos foram: publicações entre os anos de 2010 e 2023, na área da saúde e disponíveis na íntegra. Artigos com acesso restrito ou que não foram diretamente relevantes ao tema da malária em gestantes na região amazônica foram excluídos.
A coleta de dados foi realizada por meio dos bancos de dados Medline/PubMed e BVS/Bireme SciELO, garantindo uma abrangência ampla e representativa da literatura existente sobre o tema. Os dados coletados foram analisados para fornecer uma compreensão abrangente dos impactos clínicos da malária em gestantes na região amazônica, com foco nas principais complicações obstétricas e fetais, bem como nas medidas preventivas e terapêuticas disponíveis.
3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 Histórico e Epidemiologia da Malária
A malária é uma doença infecciosa aguda, causada por protozoários do gênero Plasmodium e transmitida por vetores, sendo uma das doenças parasitárias mais conhecidas da história (NEVES, 2016). Sua origem remonta há milhares de anos, coincidindo com o desenvolvimento da agricultura e a interação intensa do homem com os mosquitos transmissores da doença (OLIVEIRA et al., 2010).
Estudos genéticos indicam que o parasita Plasmodium falciparum, um dos principais agentes causadores da malária, surgiu na África Subsaariana há aproximadamente 50 mil anos (NEAFSEY et al., 2015). Além disso, evidências arqueológicas sugerem que a disseminação da malária esteve relacionada à intensificação da agricultura e urbanização no continente africano (GHANSAH et al., 2014).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) relata que a malária é uma das mais antigas doenças humanas, descrita pelos antigos egípcios em seus escritos médicos há mais de 4.000 anos (OMS, 2021). No Brasil, a malária representa um desafio significativo para a saúde pública, especialmente na região Amazônica, onde sua incidência é elevada e sua gravidade clínica latente (MINISTÉRIO DA SAÚDE – MDS, 2022).
Além disso, a malária causa considerável impacto social e econômico, especialmente entre populações vulneráveis e em condições precárias de saneamento (EL-HOUDERI et al., 2019). Em escala global, a doença continua a representar uma carga substancial de morbidade e mortalidade, com 241 milhões de casos registrados em 85 países endêmicos em 2020 (MDS, 2021).
Relatos históricos da malária remontam à Grécia antiga e Roma. Descrita pela primeira vez em escritos médicos gregos do século V a.C., a doença foi mencionada pelo médico romano Galeno no século II d.C., caracterizando-a por calafrios e febre (FIOCRUZ, 2021).
Fluxograma 1: Linha do tempo sobre o histórico da malária
A malária é uma das doenças infecciosas mais importantes globalmente, com mais de 200 milhões de casos notificados anualmente e aproximadamente 400 mil mortes, principalmente em crianças menores de 5 anos na África subsaariana (OMS, 2021). A transmissão da malária é altamente influenciada por fatores ambientais, como temperatura e umidade, além do comportamento humano, incluindo o uso de repelentes e mosquiteiros tratados com inseticida (LACERDA et al., 2012).
Embora ainda não exista uma vacina eficaz contra a malária, o controle da doença pode ser alcançado por meio de medidas preventivas, como eliminação de criadouros de mosquitos, uso de inseticidas e tratamento rápido e efetivo dos casos detectados (OMS, 2021).
De acordo com o Ministério da Saúde do Brasil, fatores como condições climáticas, distribuição geográfica dos vetores, características da população exposta e instabilidade política e social em áreas endêmicas podem dificultar o controle e a prevenção da malária (MDS, 2021). Estudos adicionais indicam que a transmissão da malária é sensível às mudanças climáticas, com variações de temperatura e precipitação afetando tanto a densidade de mosquitos transmissores quanto o desenvolvimento do parasita nos insetos (KAKURU et al., 2019).
A presença e densidade de mosquitos transmissores, acesso a medidas de prevenção e controle da doença, bem como acesso a serviços de saúde para diagnóstico e tratamento oportunos, influenciam a transmissão da malária, segundo a OMS.
Os principais fatores de risco para a infecção por malária incluem exposição a áreas de risco, falta de medidas preventivas e acesso inadequado a diagnóstico e tratamento (PAHO, 2019). A doença é mais prevalente em áreas de baixa renda, com infraestrutura de saúde e saneamento básico inadequados, além de dificuldades no acesso a medidas preventivas e tratamento (OMS, 2022).
Estratégias de controle da malária devem abranger o uso de mosquiteiros impregnados com inseticidas, tratamento rápido e eficaz da doença, manejo ambiental e redução da exposição à picada de mosquito, principalmente entre populações vulneráveis (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE). A promoção do acesso universal à prevenção, diagnóstico e tratamento da malária é crucial para reduzir a morbidade e mortalidade associadas à doença (PAHO/WHO, 2020).
Figura 1: Epidemiologia da malária, características gerais:
Os resultados da análise epidemiológica da malária revelaram uma incidência significativa da doença em todo o país, com uma concentração particularmente alta de casos na região amazônica. De acordo com os dados do Ministério da Saúde, a maioria dos casos de malária ocorre em áreas rurais, onde as condições ambientais favorecem a reprodução do mosquito vetor. Além disso, observou-se uma tendência sazonal, com um aumento nos casos durante os meses mais quentes e úmidos. Esses resultados são consistentes com estudos anteriores que destacaram a influência dos fatores ambientais na transmissão da malária.
3.2 Plasmodium spp
No contexto da malária, a infecção é causada pelo protozoário Plasmodium spp, sendo que as espécies que afetam exclusivamente os seres humanos são Plasmodium vivax, Plasmodium falciparum, Plasmodium malariae e Plasmodium ovale (NEVES, 2016).
No Brasil, as espécies encontradas são Plasmodium vivax e Plasmodium falciparum, sendo que este último é responsável pela forma mais grave da doença, também conhecida como terçã maligna, e responde por mais de 95% das mortes anuais relacionadas à malária (KAKURU et al., 2019). Em contrapartida, o Plasmodium vivax causa uma forma mais amena da doença, conhecida como terçã benigna, mas pode retornar após ter sido aparentemente curada (FIOCRUZ, 2021).
Na Amazônia Brasileira, onde a malária é mais prevalente, a apropriação de recursos naturais nos garimpos pode favorecer a criação de locais adequados para reprodução dos vetores do Plasmodium spp (LACERDA et al., 2012). É importante destacar que as duas espécies de Plasmodium spp não se distribuem de forma similar, nem os vetores ou cepas do protozoário (KAKURU et al., 2019). Na região, o Plasmodium vivax é responsável pelo maior número de casos, enquanto o Plasmodium falciparum é responsável pelo maior número de óbitos (OMS- ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE).
Os sintomas da malária incluem febre, dores de cabeça, dores musculares e fadiga, podendo evoluir para um quadro mais grave, especialmente em casos de infecção por Plasmodium falciparum (LACERDA et al., 2012). O mosquito da malária pertence ao gênero Anopheles e é sempre do sexo feminino, sendo mais comum nos momentos do amanhecer e do entardecer, quando o indivíduo está mais exposto a picadas. É importante ressaltar que a malária não é transmitida de um humano para outro, mas sempre através do vetor intermediário (SATO, 2021).
3.3 Fisiopatologia da malária
A fisiopatologia da malária envolve diversas interações entre o parasita Plasmodium e o hospedeiro humano. A infecção tem início com a inoculação dos esporozoítos na corrente sanguínea pela picada do mosquito vetor infectado, geralmente do gênero Anopheles. Esses esporozoítos migram para o fígado, onde se reproduzem assexuadamente e invadem os hepatócitos, dando início à fase hepática do ciclo do parasita (SATO, 2021).
Posteriormente, os parasitas liberados dos hepatócitos infectam os glóbulos vermelhos, iniciando o ciclo eritrocitário da malária. Dentro dos eritrócitos, os parasitas se multiplicam rapidamente e causam a sua lise, liberando merozoítos na corrente sanguínea. Esses merozoítos infectam novos glóbulos vermelhos, reiniciando o ciclo.
3.4 Ciclo evolutivo biológico
O ciclo evolutivo da malária compreende duas fases distintas: o ciclo assexuado no organismo humano e o ciclo sexuado no mosquito. O plasmódio passa pela esporogonia no organismo do mosquito e pela esquizogonia no organismo humano (NEVES et al., 2016).
No ciclo assexuado, o parasita se instala nos hepatócitos após o repasto sanguíneo da fêmea infectada pelo anofelino, que inocula esporozoítos da saliva nos capilares subcutâneos. Os esporozoítos amadurecem para esquizontes e se rompem, liberando merozoítos que infectam os eritrócitos (KAUAHANSKY et al., 2013).
Figura 2: Ciclo evolutivo da malária
O ciclo eritrocítico é responsável pelas manifestações clínicas e pela patologia da malária, pois nele ocorre a anulação dos eritrócitos parasitados, a toxicidade resultante da liberação de citocinas e a retenção dos eritrócitos parasitados na rede capilar, no caso específico do Plasmodium falciparum A ruptura dos glóbulos vermelhos é responsável pelos picos de febre a cada 2 ou 3 dias, característica marcante da malária (COWMAN et al., 2016).
A febre hemoglobinúrica é uma complicação rara associada à malária por Plasmodium falciparum. Este quadro ocorre devido à hemólise maciça dos glóbulos vermelhos (figura 4), resultando na liberação de hemoglobina na corrente sanguínea. Como consequência, a hemoglobina liberada é eliminada na urina, conferindo-lhe uma coloração escura (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE).
Figura 3: Hemólise dos glóbulos vermelhos
Apenas o ciclo assexuado é responsável pelas manifestações clínicas e pela patologia da malária (LACERDA et al., 2012). A infecção malárica é de evolução crônica, com manifestações episódicas de caráter agudo, caracterizando-se clinicamente por um quadro sintomático de febre, calafrios e cefaleia (OLIVEIRA et al., 2010).
O período de incubação varia de acordo com a espécie de plasmódio, sendo de 9-14 dias para o Plasmodium falciparum e de 12-17 dias para o Plasmodium vivax (FIOCRUZ, 2021).
3.5 Malária na região amazônica
A malária é uma doença endêmica na região amazônica do Brasil, com cerca de 99% dos casos registrados nessa área. A Amazônia brasileira abrange nove estados e diversos ecossistemas, incluindo florestas, savanas, áreas urbanas e rurais. A distribuição da malária na região é heterogênea e varia de acordo com a densidade populacional, as características climáticas e as ações de controle da doença (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE).
As características epidemiológicas da malária na região amazônica são influenciadas por fatores ambientais e socioeconômicos, como a presença de vetores, condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento do parasita, desmatamento, migração humana e baixo nível socioeconômico (COWMAN et al., 2016). As espécies de Plasmodium mais comuns na região são o P. vivax e o P. falciparum, sendo este último responsável pela maioria dos casos graves e óbitos (OLIVEIRA et al., 2010).
Diversos programas de controle da malária são realizados na região amazônica, incluindo ações de diagnóstico, tratamento, prevenção e controle vetorial. As principais estratégias de controle vetorial envolvem o uso de inseticidas em domicílios e em áreas de risco, além de ações de manejo ambiental, como a eliminação de criadouros de mosquitos (FIOCRUZ, 2021).
No Brasil, o Ministério da Saúde coordena as atividades de controle da malária em parceria com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde. O Programa Nacional de Controle da Malária (PNCM) tem como objetivo reduzir a incidência e a mortalidade por malária, implementando estratégias de prevenção e controle da doença. Entre as ações do programa estão a distribuição de medicamentos antimaláricos, o treinamento de profissionais de saúde, campanhas de conscientização e a melhoria da vigilância epidemiológica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019).
Mapa 1: Mapa de risco da malária por município de infecção, Brasil, 2021
3.6 Malária em gestantes
3.6.1 Fisiopatologia da Malária na Gestação
A infecção pelo Plasmodium em gestantes apresenta particularidades importantes que influenciam os desdobramentos clínicos da doença (WAHLGREN et al., 2017). A via de transmissão mais comum da malária é a picada do mosquito Anopheles infectado, que inocula os esporozoítos na corrente sanguínea da gestante. Esses esporozoítos migram para o fígado, onde se reproduzem assexuadamente e invadem os glóbulos vermelhos, iniciando o ciclo eritrocitário do parasita (CROMPTON et al., 2014).
Durante a gestação, as alterações fisiológicas no sistema imunológico da mulher, especialmente relacionadas à imunotolerância ao feto, podem influenciar a resposta imune à infecção por malária (WAHLGREN et al., 2017).
Essas adaptações podem resultar em uma resposta imunológica menos eficaz contra o parasita, aumentando a suscetibilidade da gestante à malária e contribuindo para a gravidade das complicações clínicas (figura (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2021).
Quadro 1: Clínica da malária complicada e não complicada segundo a OMS (2015)
Além disso, as mudanças no sistema cardiovascular e hematológico durante a gravidez, como o aumento do volume sanguíneo e a diminuição da resistência vascular periférica, podem predispor a gestante a complicações da malária, como anemia e pré-eclâmpsia (CROMPTON et al., 2014). Essas alterações podem comprometer a oxigenação dos tecidos e a perfusão placentária, aumentando o risco de parto prematuro e baixo peso ao nascer (WAHLGREN et al., 2017).
3.6.2 Principais Complicações da Malária em Gestantes
A malária representa uma ameaça significativa para a saúde materna, especialmente em áreas endêmicas como a região amazônica. As gestantes estão particularmente vulneráveis aos impactos adversos da infecção por Plasmodium devido às mudanças fisiológicas que ocorrem durante a gravidez e às alterações na resposta imune. (PAHO, 2019). Abaixo estão as principais complicações associadas à malária em gestantes:
- Anemia: A destruição dos glóbulos vermelhos parasitados pelo Plasmodium resulta em anemia, que pode ser exacerbada durante a gestação devido ao aumento do volume sanguíneo e às maiores demandas fetais (SIQUEIRA et al., 2014).
- Pré-eclâmpsia: A infecção por malária aumenta o risco de desenvolvimento de pré-eclâmpsia, uma condição caracterizada por hipertensão arterial e proteinúria após a 20ª semana de gestação, podendo levar a complicações graves, como eclâmpsia e síndrome HELLP.
- Parto Prematuro: A malária na gestação está associada a um maior risco de parto prematuro, que pode resultar em complicações neonatais e aumentar a morbimortalidade materna e fetal.
- Baixo Peso ao Nascer: A infecção por malária durante a gestação compromete o desenvolvimento fetal e a função placentária, aumentando o risco de bebês nascerem com baixo peso, o que está associado a uma série de problemas de saúde a longo prazo.
- Retardo de Crescimento Intrauterino: A malária pode interferir no crescimento adequado do feto, levando ao retardo de crescimento intrauterino, que está associado a complicações neonatais e a um maior risco de mortalidade infantil.
- Mortalidade Fetal: A infecção por malária durante a gestação aumenta o risco de mortalidade fetal, com um maior número de natimortos e mortes intrauterinas tardias em gestantes não tratadas (BÔTTO et al., 2015).
Essas complicações destacam a importância da prevenção, diagnóstico precoce e tratamento eficaz da malária em gestantes para reduzir os impactos negativos na saúde materna e fetal. Estratégias integradas de controle da malária, juntamente com cuidados obstétricos adequados, são essenciais para melhorar os resultados de saúde para gestantes e seus bebês em áreas endêmicas (MDS, 2021).
Resultados mostraram que a malária em gestantes na região amazônica está associada a uma maior incidência de anemia, pré-eclâmpsia e parto prematuro (DOMBROWSKI et at., 2018). Isso destaca a importância de considerar essas complicações ao planejar estratégias de prevenção e tratamento da malária em gestantes.
3.6.3 Impactos Clínicos da Malária em Gestantes
As complicações obstétricas associadas à malária representam um desafio significativo para a saúde materna na região amazônica. A anemia é uma das complicações mais comuns, resultante da destruição dos glóbulos vermelhos parasitados pelo Plasmodium. A anemia grave pode levar a complicações adicionais, como insuficiência cardíaca congestiva e hipóxia fetal (FIOCRUZ, 2021).
A pré-eclâmpsia, uma complicação caracterizada pela hipertensão arterial e proteinúria após a 20ª semana de gestação, também está associada à infecção por malária. A interação entre a malária e a pré-eclâmpsia pode resultar em complicações graves, como eclâmpsia e síndrome HELLP (hemólise, enzimas hepáticas elevadas e plaquetopenia), aumentando o risco de morbimortalidade materna e neonatal (OLIVEIRA et al., 2015).
A infecção por malária durante a gestação também está relacionada a um aumento do risco de parto prematuro e baixo peso ao nascer, devido aos efeitos diretos do parasita no desenvolvimento fetal e ao comprometimento da função placentária. O retardo de crescimento intrauterino e a mortalidade fetal também são complicações frequentemente observadas em gestantes com malária não tratada (TÓBON-CASTAÑO, 2011).
Os resultados evidenciaram uma associação significativa entre a malária em gestantes e uma maior incidência de baixo peso ao nascer, retardo de crescimento intrauterino e mortalidade fetal (RIJKEN et al., 2012). Esses achados ressaltam a importância de estratégias preventivas e terapêuticas direcionadas para reduzir esses impactos na saúde materna e neonatal na região amazônica.
3.6.4 Medidas Preventivas e Controle da Malária em Gestantes
A prevenção da malária em gestantes é fundamental para reduzir os impactos negativos da doença na saúde materna e fetal. Estratégias preventivas incluem o uso de mosquiteiros impregnados com inseticidas, quimioprofilaxia durante a gestação e medidas de controle vetorial para reduzir a transmissão do parasita (NEVES, 2016).
No entanto, a implementação eficaz dessas medidas preventivas na região amazônica enfrenta diversos desafios, incluindo a disponibilidade e acessibilidade de recursos, a resistência dos mosquitos aos inseticidas, a adesão das gestantes às medidas preventivas e a infraestrutura de saúde precária em algumas áreas remotas (CABRAL et al., 2010).
Para superar esses desafios, é necessário um esforço coordenado entre os órgãos de saúde pública, as comunidades locais e os parceiros internacionais. Estratégias integradas que abordem os determinantes sociais, econômicos e ambientais da malária, juntamente com a promoção da educação em saúde e o fortalecimento dos sistemas de saúde, são essenciais para o controle efetivo da malária em gestantes na região amazônica.
3.7 Transmissão da malária
A transmissão natural da malária ao ser humano ocorre quando fêmeas de mosquitos anofelinos parasitadas com esporozoítos em suas glândulas salivares disseminam essas formas infectantes durante o repasto sanguíneo (CROMPTON et al., 2014). Essa transmissão pode ocorrer de várias formas: (figura 6)
- Picada do Mosquito (Forma Natural): A forma mais comum de transmissão ocorre pela picada do mosquito infectado durante o repasto sanguíneo.
- Transfusão de Sangue Contaminado: A malária também pode ser transmitida por transfusão de sangue contaminado com parasitas. E Seringas Infectadas: Em ambientes onde o controle de infecções é precário, a malária pode ser transmitida por meio de seringas contaminadas.
- Transmissão Congênita: A transmissão da malária para o feto pode ocorrer através da placenta durante a gestação.
Figura 4: Ilustração das formas de transmissão da malária
As principais fontes de infecção humana para esses mosquitos são pessoas imunossuprimidas ou indivíduos assintomáticos que abrigam formas sexuadas do parasita. Além disso, a placenta favorece o desenvolvimento do parasita na gestante, e a gravidez é uma causa conhecida de depressão da resposta imune. Portanto, a malária durante a gravidez representa um risco substancial para a mãe, o feto e o recém-nascido (NEVES, 2016).
3.8 Prevenção e profilaxia da malária
Existem várias medidas de prevenção que podem ser adotadas pela população para reduzir a possibilidade de picada do mosquito vetor da doença, especialmente em áreas com maior probabilidade de infecção (FIOCRUZ, 2021).
Algumas dessas medidas incluem: Como demonstrado na figura 6.
- Uso de Roupas Adequadas: Usar roupas claras e de mangas compridas pode ajudar a reduzir a exposição à picada do mosquito.
- Uso de Repelentes: Aplicar repelente em áreas expostas da pele também é eficaz na prevenção da picada do mosquito.
- Utilização de Mosquiteiros: Dormir sob mosquiteiros tratados com inseticida é uma medida importante para prevenir a picada do mosquito durante a noite.
- Instalação de Telas em Janelas e Portas: Utilizar telas em janelas e portas pode impedir a entrada de mosquitos nas residências (WHO, 2021).
Figura 5: Formas de prevenção a picada do mosquito
É importante evitar locais próximos a criadouros naturais dos mosquitos, como beiras de rios, lagos, áreas alagadas e regiões de matas nativas, principalmente nos horários pela manhã e ao entardecer, quando há maior atividade dos vetores da doença (NEVES, 2016).
Estratégias de prevenção e controle são essenciais para diminuir a incidência de malária em comunidades menores, especialmente em torno de usinas hidrelétricas (ASHLEY et al., 2018). A formação de agentes comunitários capacitados para analisar os fatores de risco de propagação da malária e desenvolver programas de intervenção de acordo com os elementos estruturais do sistema de saúde pode ser uma estratégia eficaz em pequenas comunidades (COWMAN et al., 2016).
Além disso, é importante destacar que a malária pode ser transmitida não apenas pela picada do mosquito Anopheles, mas também por meio de compartilhamento de seringas, transfusão de sangue e da mãe para o feto durante a gestação (FIOCRUZ, 2021). Esses pontos devem ser considerados ao desenvolver estratégias de prevenção e controle da doença.
Os resultados relacionados às medidas de prevenção e controle da malária destacaram a eficácia de estratégias como o uso de mosquiteiros impregnados, o manejo ambiental e a quimioprofilaxia. No entanto, foram identificados desafios significativos na implementação dessas medidas, incluindo a resistência dos mosquitos aos inseticidas, a adesão da população às medidas preventivas e a infraestrutura de saúde precária em algumas áreas. Esses resultados ressaltam a necessidade de abordagens integradas e multifacetadas para o controle da malária.
3.9 Diagnóstico e tratamento da malária
O diagnóstico preciso da infecção por Plasmodium é fundamental para o tratamento eficaz da malária. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda tanto o diagnóstico clínico quanto o diagnóstico laboratorial como facilitadores da terapêutica da malária (NEVES, 2016).
Existem diferentes métodos de diagnóstico laboratorial da malária, incluindo a gota espessa, o teste de diagnóstico rápido (TDR) e a reação em cadeia da polimerase (PCR). A gota espessa permite a identificação das espécies de Plasmodium e o estágio de evolução do parasita, enquanto os TDRs detectam antígenos do parasita por meio de anticorpos, fornecendo resultados em 15 a 20 minutos (MATHISON et al., 2017).
A mortalidade por malária muitas vezes está relacionada à identificação tardia da doença, à falta de especialistas familiarizados com a doença e à escassez de recursos em regiões endêmicas (GHOSH et al., 2020). Portanto, a educação sobre sinais e sintomas da malária, juntamente com acesso rápido ao diagnóstico e tratamento adequados, é crucial para reduzir a morbimortalidade associada à doença.
Quadro 2: Descrição do diagnóstico da malária
Diagnóstico | Descrição |
Demonstração do parasito | Diagnóstico de certeza da infecção pelo Plasmodium pela demonstração do parasito ou de antígenos relacionados no sangue periférico do indivíduo infectado. |
PCR e gota espessa | Observou-se positividade no diagnóstico da malária através do PCR e gota espessa para Plasmodium falciparum e P. vivax. |
Testes de diagnóstico rápidos | Detectam os antígenos do parasito por anticorpos, fornecendo o diagnóstico em cerca de 15 a 20 minutos. |
Tratamento | Utilização de dois medicamentos em conjunto: cloroquina e primaquina. O tratamento com a cloroquina é realizado por três dias e a primaquina por sete dias. Para gestantes, é recomendado o uso de cloroquina profilática durante toda a gestação, já que não se utiliza primaquina nessa população. |
Orientação terapêutica | Deve estar de acordo com o Manual de Terapêutica da Malária, editado pelo Ministério da Saúde, e ser orientada pela espécie de plasmódio e pela gravidade da doença. |
Plasmodium falciparum | A terapêutica deve ser estabelecida nas primeiras 24 horas do começo da hipertermia, já que os eritrócitos parasitados pelo Plasmodium falciparum passam por alterações em sua conformação, o que os torna mais aderentes entre si e às paredes dos vasos, formando pequenos coágulos que são capazes de provocar adversidades tais como tromboses e embolias em múltiplos órgãos do corpo. |
Óbito por impaludismo | A circunstância primordial de óbito por impaludismo consiste na identificação tardia da doença, além da escassez de especialistas habituados com a doença além da região endêmica. |
Após o diagnóstico, o tratamento da malária visa a cura da forma sanguínea e hepática do parasita para prevenir recrudescência. O tratamento geralmente envolve a combinação de dois medicamentos: cloroquina e primaquina. A cloroquina é administrada por três dias e a primaquina por sete dias. No entanto, em gestantes, a cloroquina é usada profilaticamente durante toda a gestação, já que a primaquina não é recomendada para essa população (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021).
O tratamento da malária deve ser orientado pelo Manual de Terapêutica da Malária, editado pelo Ministério da Saúde, levando em consideração a espécie do Plasmodium e a gravidade da doença. A malária causada pelo Plasmodium falciparum é considerada uma emergência médica devido às complicações potencialmente graves associadas a essa espécie, como tromboses e embolias (SATO, 2021).
Fluxograma 2: Esquema de tratamento da Malária na gestação
- Mulheres grávidas, puérperas até um mês após o parto e lactentes com menos de 6 meses de idade não devem receber primaquina ou tafenoquina.
- Indivíduos com suspeita ou confirmação de deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) (atividade abaixo de 30%) devem receber primaquina em dose semanal (0,75 mg/dose) por 8 semanas.
- Gestantes, puérperas, menores de 16 anos e pessoas com atividade de G6PD abaixo de 70% não devem ser tratadas com tafenoquina.
- Gestantes infectadas com P. vivax ou P. ovale devem receber tratamento convencional com cloroquina por três dias e cloroquina profilática (5 mg/kg/dose/semana) até o final do primeiro mês de amamentação para prevenir recaídas.
Fonte: Adaptado do MANUAL DE GESTAÇÃO DE ALTO RISCO (MDS, 2020).
Fluxograma 3: Tratamento da Malária na gestação
Atenção
- Assim que o paciente estiver apto para receber medicação oral, é recomendado prescrever uma terapia combinada com Artemisinina (ACT) por três dias, mesmo que o tratamento anterior com artesunato injetável tenha sido administrado por sete dias.
- Em casos de malária complicada, se o artesunato injetável não estiver disponível imediatamente, pode-se iniciar o tratamento com qualquer ACT disponível até que a forma injetável seja disponibilizada. A administração de clindamicina intravenosa também é uma alternativa viável, apesar de sua ação mais lenta sobre os estágios do parasita (dose de 20 mg/kg/dia, dividida em três doses, por sete dias).
- Para pacientes com peso superior a 120 kg, a dose de primaquina deve ser calculada de acordo com o peso.
- Em caso de sintomas como urina escura, icterícia, pele e olhos amarelados, tontura ou falta de ar, é crucial reavaliar o paciente imediatamente.
- Quando possível, o tratamento deve ser supervisionado.
- Recomenda-se administrar os medicamentos preferencialmente após as refeições.
Fonte: Adaptado do MANUAL DE GESTAÇÃO DE ALTO RISCO (MDS, 2020).
A análise dos resultados relacionados ao diagnóstico da malária demonstrou a eficácia de métodos como a gota espessa e os testes rápidos de diagnóstico. No entanto, foram identificados desafios na disponibilidade de recursos e na capacitação dos profissionais de saúde para realizar o diagnóstico precoce e o tratamento adequado.
4. CONCLUSÃO
Em síntese, a análise abrangente dos impactos clínicos da malária em gestantes na região amazônica revela uma realidade complexa e preocupante. Os resultados obtidos, especialmente a incidência significativa de complicações obstétricas como anemia, pré-eclâmpsia e partos prematuros, destacam a vulnerabilidade das gestantes à infecção por malária. Isso ressalta a importância de intervenções precoces e eficazes para mitigar essas complicações.
Além disso, as complicações fetais, incluindo baixo peso ao nascer, retardo de crescimento intrauterino e mortalidade fetal, sublinham a necessidade crítica de medidas preventivas e terapêuticas durante a gestação. A relação entre a infecção por malária e o aumento na taxa de mortalidade materna enfatiza a importância de estratégias eficazes de tratamento desde o início da gestação.
Ao discutir as medidas preventivas, é fundamental reconhecer a eficácia de intervenções como o uso de mosquiteiros impregnados, a quimioprofilaxia e o controle vetorial. No entanto, a implementação efetiva dessas estratégias na região amazônica demanda uma abordagem adaptada à realidade local, considerando fatores socioeconômicos, culturais e logísticos.
Além disso, é crucial enfatizar a importância da colaboração entre diferentes partes interessadas, como profissionais de saúde, pesquisadores e responsáveis pela formulação de políticas, para enfrentar os desafios associados à malária em gestantes. Recomenda-se ações concretas para abordar esses desafios, incluindo investimento em pesquisa, melhoria na infraestrutura de saúde e implementação de políticas de saúde pública direcionadas
Por fim, este estudo destaca não apenas a urgência de medidas eficazes para mitigar os impactos da malária em gestantes na região amazônica, mas também a importância contínua da pesquisa para melhorar a compreensão e o tratamento dessa condição. Somente através de uma abordagem integrada e colaborativa, podemos aspirar a reduzir significativamente o ônus da malária em gestantes na região amazônica e promover uma saúde materna e fetal mais robusta e sustentável.
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