TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO EM RECÉM-NASCIDOS COM MICROCEFALIA E SEUS EFEITOS

PHYSIOTHERAPEUTIC TREATMENT IN NEWBORNS WITH MICROCEPHALY AND ITS EFFECTS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10689544


Hellen Priscile Gonçalves de Paula¹;
Lucas Pinheiro da Paixão²;
Verônica Sales da Silva³.


Resumo

A Microcefalia é caracterizada pela condição em que a cabeça do recém-nascido é menor que a de crianças consideradas normais, devido ao contato da mãe com o vírus Zika durante a gestação. Após o nascimento pode se observar alterações motoras e cognitivas na criança, dessa forma, profissionais trabalham em equipe para que possa recuperar funcionalidades motoras, psíquicas e sociais que não conseguem ser desenvolvidas. A Fisioterapia tem grande importância pois tem a função de tratar o corpo condicionado fazendo com que haja uma boa adaptação em âmbitos externos usando exercícios e atividades de interação.

Palavras-chave: Microcefalia; recém-nascido; Fisioterapia; 

Abstract

Microcephaly is characterized by the condition in which the newborn’s head is smaller than that of children considered normal, due to the mother’s contact with the Zika virus during pregnancy. After birth, motor and cognitive alterations can be observed in the child, so professionals work as a team to recover motor, mental and social functions that cannot be developed. Physiotherapy is of great importance because its function is to treat the conditioned body so that it can adapt well to external environments using exercises and interaction activities.

Keywords: Microcephaly; newborn; Physiotherapy;

1 INTRODUÇÃO

A microcefalia em recém-nascidos é uma condição em que a cabeça do RN é significativamente menor que a média para a idade e o sexo. Isso geralmente é causado por problemas no desenvolvimento do cérebro, que durante a gravidez pode levar sérias complicações, como atrasos no desenvolvimento e problemas cognitivos. O vírus Zika é uma das principais causas de microcefalia; seu diagnóstico precoce e a intervenção específica são essenciais para proporcionar o melhor suporte ao desenvolvimento destas crianças.

Além de trabalhar com exercícios que ajudam no desenvolvimento motor, a fisioterapia aborda problemas posturais e ajuda a prevenir contraturas musculares. Os profissionais trabalham em estreita colaboração com os pais, fornecendo orientações sobre exercícios para realizar em casa e promovendo a continuidade dos cuidados fora do ambiente clínico.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 ZIKA VÍRUS

O Zika Vírus é considerado um arbovírus (causador de febre, dor e complicações em humanos) de categoria Flavivirus, cuja sua composição é feita por 10794 kb de RNA de cadeia simples e pertencente da família Flaviviridae. Este vírus pode ser classificado em dois tipos: africano e respectivamente asiático devido a sua propagação entre 1952 e 2007, onde encontrou-se em epidemia na Asia. O seu maior surto no Brasil foi causado pelo mosquito conhecido como Aedes Aegypti por conta da sua adaptação e alteração genética entre os anos 2014 e 2015, com maior incidência em Pernambuco (DUARTE, 2016, p.37 e 38).

Sua transmissão pode ser feita através da picada do vetor deste vírus, porém há estudos que confirmam a presença viral na urina, saliva, sêmen e leite materno. (DUARTE, 2016, p. 39). A transmissão do ZIKV no período gestacional, é uma das maiores pautas desde o grande surto epidemiológico no país, pois além de detectá-lo no líquido amniótico uterino, neonatos nascem com sequelas devido o contato com vírus (TELES, PEREIRA, DE DEUS, 2023).

2.2 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico em gestantes é caracterizado primeiramente pelos sintomas corporais presentes como cefalia, manchas vermelhas, febre, prurido, fraqueza, exantema, alteração neurológica, conjuntivite, vermelhidão ocular, algia e edema articular. De acordo o Ministério da Saúde, exames que irão detectar são: Ultrassonografia transfontanela (US-TF), tomografia, hemograma completo, NS-1, exames físicos e neurológicos no pré-natal para identificar o grau de acometimento dos sistemas, RTPCR para indicar confirmação da ZIKV na gestante e técnicas do Elisa. Além disso, é importante notificar a suspeita e/ou confirmação da doença para a Vigilância Epidemiológica (VE) para que possa ser encaminhada ao Grupo de Vigilância Epidemiológica (GVE) (DUARTE, 2016; p. 43).

Com a constatação da patologia durante a gravidez, o acompanhamento pré-natal deve ser feito com mais cautela devido as circunstâncias do próprio corpo gerador e do RN, principalmente quando há o surgimento da Microcefalia (doença mais comum durante a gestação que teve contato com o vírus).

A Microcefalia é uma doença não curável que etiologicamente é causada por conta da diminuição da quantidade de neurônios durante o período embrionário, podendo ser originada também pelo consumo de drogas, infecções virais e problemas sistemáticos no pré e pós-natal (SETI, ARAÚJO, OSCKO, 2016, p. 74).

O diagnóstico da microcefalia intra-útero é feito quando a medida da circunferência cefálica (CC) é inferior a 2 desvios padrões (DP) do limite inferior da curva de normalidade para a idade gestacional, e o diagnóstico de microcefalia em bebês que nascem com perímetro cefálico (PC) menor que o normal, que é habitualmente maior que 33 cm. (SETI, ARAÚJO, OSCKO, 2016, p.74) 

Fonte: Fonte da Saúde (2023)

Na maioria dos casos, a presença da ZIKV interfere no desenvolvimento neuropsicomotor dos neonatos portadores por causa da má formação. Há ocorrência de QI acometido, dificuldade na interação social, sistemas do organismo sofrem algumas alterações principalmente neurológicas, fala, falta de equilíbrio e coordenação motora, epilepsia, hiperatividade, face distorcida.

2.3 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

A fisioterapia desempenha importante papel no cuidado de recém nascidos com microcefalia, visando melhorar a qualidade de vida e promover o desenvolvimento motor e funcional. O fisioterapeuta trabalha em estreita colaboração com a equipe médica para desenvolver um plano de tratamento personalizado, adaptado às necessidades específicas de cada bebê. As intervenções fisioterapêuticas geralmente se concentram em estimular o desenvolvimento motor global, fortalecendo músculos, melhorando a postura e promovendo a mobilidade. Exercícios suaves e atividades direcionadas são projetados para desenvolver habilidades motoras essenciais. Existem também testes como questionário para detectar o nível neurológico, Alberta Infant Motor Scales (Aims), Test os Infant Motor Performance (Timp), General Movements (GM) etc (CAVALHEIRO, 2016) (SETI, ARAÚJO, OSCKO, 2016, p. 80).

O acompanhamento multiprofissional é extremamente importante em caso de Microcefalia, pois não afeta somente o RN, e sim toda a família. A deficiência pode provocar frustração familiar e desencadeia em transtornos mentais e comportamento nada acolhedor ao recém-nascido, devido a adaptação do RN em questão social, nutricional etc. O tratamento psicológico é essencial a todo momento, já que por sua vez, trabalha na questão da compreensão e aceitação do bebê que porta a doença para que os pais, principalmente, consigam interagir com o seu filho. 

3 METODOLOGIA 

Para levantar embasamento sobre a temática, foi realizada uma Revisão de Literatura. Foram selecionados os artigos científicos publicados periodicamente nos últimos 10 anos por meio das seguintes bases de dados: SCIELO, Google Acadêmico e BVS. A pesquisa foi feita por busca de palavras-chave como: “microcefalia”, “recém-nascido” e “fisioterapia”. Os critérios de inclusão e exclusão para desenvolver o projeto serão: autor, ano de publicação, finalidade e achado interessantes. A inclusão foi feita através de referências sobre métodos fisioterapêuticos frente a condição fisiopatológica.

4 DISCUSSÃO

Os estudos achados são baseados na eficácia do tratamento fisioterapêutico de pacientes recém-nascidos microcefálicos. Após a leitura, entende-se que a utilização da fisioterapia é de extrema importância em bebês pois trabalha com a intenção de retirar o retardo psicomotor e desenvolve habilidades que possivelmente apareceriam mais tarde.

De acordo com as pesquisas feitas nos sites BVS, Google Acadêmico e SCIELO, Microcefalia é uma condição causada pelo contato viral durante a gestação e consequentemente a criança nasce com sequelas e deformidades internas e externas.

Através dos artigos publicados, repara-se que o uso de técnicas de ambos os profissionais é essencial para o tratamento, especialmente o da Fisioterapia. Fisioterapeutas avaliam inicialmente a circunferência dos neonatos e tiram a conclusão, se há ou não a existência da condição, além dos exercícios e atividades lúdicas para o desenvolvimento neuropsicomotor.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em conclusão, o papel da fisioterapia em crianças com microcefalia é fundamental para potencializar seu desenvolvimento motor, promovendo força, equilíbrio e coordenação. A adaptação de exercícios específicos às necessidades individuais contribui significativamente para melhorar a qualidade de vida dessas crianças, permitindo que alcancem maior independência nas atividades cotidianas.   

O envolvimento contínuo dos fisioterapeutas desempenha um papel vital no apoio a essas crianças, facilitando o alcance de marcos importantes no seu desenvolvimento global. Sabemos que a importância da fisioterapia no desenvolvimento de crianças com microcefalia é indiscutível. Ao direcionar intervenções específicas para fortalecimento muscular, coordenação motora e equilíbrio, os fisioterapeutas desempenham um papel crucial na maximização do potencial dessas crianças. A abordagem personalizada e contínua não apenas contribui para avanços no aspecto motor desses recém-nascidos, mas também promove uma melhoria geral na qualidade de vida, permitindo que eles alcancem níveis mais elevados de independência, em comparação com pessoas que não possuem a doença, e sendo assim, facilitando nas atividades diárias e uma melhor qualidade de vida.

REFERÊNCIAS

NOBERT, Adriana et al. A importância da estimulação precoce na Microcefalia. Rio Grande do Sul, 2016. Acesso em: 11 de janeiro de 2024.

DUARTE, Geraldo. Infecção pelo Vírus Zika durante a gravidez. 2016. Disponível em: femina-2016-441-36-47.pdf. Acesso em: 29 de dezembro de 2023.

CAVALHEIRO, Sergio et al. Microcephaly and Zika virus: neonatal neuroradiological aspects. 2016. Disponível em: DOI 10.1007/s00381-016-3074-6. Acesso em: 11 de janeiro de 2024.

TELES, Jussymara; PEREIRA, Rejane; DE DEUS, Nileni. Revista Saúde dos Valles. A EFICIÊNCIA DA ESTIMULAÇÃO PRECOCE EM CRIANÇAS COM MICROCEFALIA CAUSADA PELO ZIKA VIRUS. 2020. Disponível em: 433_a_eficiencia_da_estimulacao_precoce_em_criancas_com_microcefalia_causa.pdf. Acesso em: 6 de janeiro de 2024.

RODRIGUES, Frank. ANJOS MARCADOS: UM ESTUDO DA MICROCEFALIA NO CAMPO DA MEDICINA E DAS CIÊNCIAS JURÍDICAS NO BRASIL. 2018. Disponível em: DOI: 10.29247/2358-260X.2018v5i2.p14-28. 

SETI, Taís; ARAÚJO, Tania; OSCKO, Gustavo. Intervenção da Fisioterapia na Microcefalia, 2016, p. 71 a 83. Disponível em: uniesp micro[1].pdf. Acesso em: 29 de dezembro de 2023.


¹Acadêmica do 8° período da Unime Anhanguera Salvador. E-mail: hellen.priscile19@gmail.com
²Acadêmico do 8° período da Unime Anhanguera Salvador. E-mail: pinheiroluca26@gmail.com
³Docente Orientadora da Unime Anhanguera Salvador. E-mail: vecasaless@gmail.com