NEUROPATIA DIABÉTICA: UMA REVISÃO ABRANGENTE DA ETIOLOGIA, FISIOPATOLOGIA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

DIABETIC NEUROPATHY: A COMPREHENSIVE REVIEW OF ETIOLOGY, PATHOPHYSIOLOGY AND CLINICAL MANIFESTATIONS

Graduação em Bacharelado em Medicina, Universidade Brasil – Fernandópolis/SP

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10685548


Gabriella Veríssimo Gouveia1; Isabela Marzenta2; Lays dos Santos Iria3; Marcelo Augusto Gomes de Melo4; Maria Inês Almeida Matos Neta5; Milena Almeida Pinheiro6; Paula Simone Arruda de Freitas7; Ricardo Rangel de Freitas Rodrigues8; Simone Foletto9; Thiago Giacometti Perez10


RESUMO

A neuropatia diabética é uma complicação crônica comum e debilitante da diabetes mellitus, afetando significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Este artigo revisa os aspectos fundamentais da neuropatia diabética, incluindo sua fisiopatologia, manifestações clínicas, métodos de diagnóstico, opções de tratamento e estratégias de gerenciamento. A fisiopatologia da neuropatia diabética envolve uma interação complexa de vários mecanismos, incluindo hiperglicemia crônica, lesões microvasculares e inflamação. As manifestações clínicas da neuropatia diabética são diversas e podem incluir dor neuropática, dormência, formigamento e fraqueza muscular. O diagnóstico da neuropatia diabética é baseado em uma combinação de exames clínicos, testes eletrofisiológicos e de imagem. O tratamento da neuropatia diabética abrange uma variedade de abordagens, incluindo terapias farmacológicas e não farmacológicas para aliviar os sintomas e melhorar a função nervosa. Além disso, é crucial gerenciar adequadamente os fatores de risco e comorbidades associadas, como hipertensão, dislipidemia e obesidade, para prevenir complicações adicionais e retardar a progressão da doença.

Palavras-chave: neuropatia diabética, diabetes mellitus, fisiopatologia, manifestações clínicas, diagnóstico, tratamento.

ABSTRACT

Diabetic neuropathy is a common and debilitating chronic complication of diabetes mellitus, significantly impacting patients’ quality of life. This article reviews fundamental aspects of diabetic neuropathy, including its pathophysiology, clinical manifestations, diagnostic methods, treatment options, and management strategies. The pathophysiology of diabetic neuropathy involves a complex interaction of various mechanisms, including chronic hyperglycemia, microvascular lesions, and inflammation. The clinical manifestations of diabetic neuropathy are diverse and may include neuropathic pain, numbness, tingling, and muscle weakness. The diagnosis of diabetic neuropathy is based on a combination of clinical examinations, electrophysiological tests, and imaging studies. The treatment of diabetic neuropathy encompasses a variety of approaches, including pharmacological and non-pharmacological therapies to alleviate symptoms and improve nerve function. Additionally, it is crucial to adequately manage associated risk factors and comorbidities, such as hypertension, dyslipidemia, and obesity, to prevent further complications and delay disease progression.

Keywords: diabetic neuropathy, diabetes mellitus, pathophysiology, clinical manifestations, diagnosis, treatment.

1. INTRODUÇÃO

A neuropatia diabética é uma complicação crônica e frequentemente debilitante da diabetes mellitus, que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Esta condição resulta de danos aos nervos periféricos causados pela exposição prolongada à hiperglicemia, característica da diabetes. A neuropatia diabética pode se manifestar de várias maneiras e é conhecida por suas complicações debilitantes, que vão desde dor persistente e incapacitante até problemas graves de mobilidade e disfunção autonômica.

1.1. Relevância Clínica:

A relevância clínica da neuropatia diabética é significativa devido ao seu impacto abrangente na saúde e na qualidade de vida dos pacientes diabéticos. Além de afetar diretamente a sensação, o movimento e a função dos membros, a neuropatia diabética está associada a uma série de complicações adicionais, incluindo:

I. Úlceras e Amputações: A perda de sensibilidade nos pés aumenta o risco de feridas não cicatrizantes, úlceras e infecções, que podem eventualmente levar a amputações.

II. Disfunção Autonômica: A neuropatia autonômica pode resultar em distúrbios como gastroparesia, disfunção erétil, taquicardia e hipotensão ortostática.

III. Dor Crônica: A dor neuropática, uma das manifestações mais comuns da neuropatia diabética, pode ser debilitante e afetar significativamente a qualidade de vida dos pacientes.

IV. Complicações Metabólicas: A neuropatia diabética também pode afetar o controle glicêmico e o metabolismo lipídico, contribuindo para complicações adicionais da diabetes.

A prevenção, diagnóstico precoce e tratamento eficaz da neuropatia diabética são essenciais para mitigar esses impactos adversos na saúde dos pacientes diabéticos. Portanto, uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes, manifestações clínicas e opções terapêuticas para esta condição é fundamental para melhorar os resultados clínicos e a qualidade de vida dos pacientes afetados.

1.2. Objetivo da Revisão:

O objetivo desta revisão é fornecer uma análise abrangente da neuropatia diabética, explorando os mecanismos patogênicos, as manifestações clínicas e as estratégias de tratamento disponíveis. Ao reunir e sintetizar informações relevantes sobre este tema crucial, buscamos não apenas ampliar a compreensão atual da neuropatia diabética, mas também identificar lacunas na literatura que possam orientar futuras pesquisas e aprimorar o manejo clínico desta condição debilitante. Utilizaremos como base fontes relevantes para fornecer uma visão detalhada e atualizada sobre este assunto de grande importância clínica.

2. ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA

A neuropatia diabética é uma complicação multifatorial da diabetes mellitus, cuja etiologia e fisiopatologia envolvem uma interação complexa de diversos mecanismos patogênicos. Entre os principais fatores contribuintes estão a hiperglicemia crônica, as lesões microvasculares e a inflamação.

2.1. Hiperglicemia Crônica:

A hiperglicemia crônica é considerada o principal fator desencadeante da neuropatia diabética. Níveis elevados de glicose no sangue desencadeiam uma série de alterações metabólicas e bioquímicas que levam ao dano dos nervos periféricos. A glicação não enzimática de proteínas, a ativação de vias metabólicas alteradas e o aumento da formação de espécies reativas de oxigênio são alguns dos mecanismos propostos pelos quais a hiperglicemia contribui para a neuropatia diabética (CORRENTE, GOMES E PIMAZONI-NETTO, 2008).

2.2. Lesões Microvasculares:

As lesões microvasculares associadas à diabetes, como a angiopatia diabética, desempenham um papel crucial no desenvolvimento da neuropatia diabética. A disfunção endotelial e a obstrução dos capilares sanguíneos nos nervos periféricos comprometem o suprimento de oxigênio e nutrientes essenciais, levando ao dano neuronal e à degeneração axonal. Além disso, a perda da barreira hematoencefálica em nervos periféricos pode contribuir para a neuroinflamação e a progressão da neuropatia diabética (VINIK E BRIL, 1996).

2.3. Inflamação:

A inflamação crônica desempenha um papel significativo na patogênese da neuropatia diabética. A ativação de células imunes, a liberação de citocinas pró-inflamatórias e a ativação de vias de sinalização inflamatória contribuem para o dano neuronal e a neurodegeneração observados nesta condição. Além disso, a inflamação também pode desempenhar um papel na sensibilização dos nociceptores e na geração da dor neuropática associada à neuropatia diabética (PIMAZONI-NETTO E CORRENTE, 2004).

Portanto, a neuropatia diabética é o resultado de uma interação complexa de fatores, incluindo hiperglicemia crônica, lesões microvasculares e inflamação, que culminam no dano neuronal e na disfunção dos nervos periféricos observados nesta condição. O entendimento desses mecanismos é crucial para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas eficazes e para o manejo clínico adequado da neuropatia diabética.

3. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

A neuropatia diabética é uma complicação comum e potencialmente debilitante da diabetes mellitus, afetando milhões de pessoas em todo o mundo. Esta condição resulta do dano progressivo aos nervos periféricos causado pela hiperglicemia crônica, característica da diabetes. Entre as várias manifestações clínicas dessa neuropatia, destacam-se sintomas sensoriais, motores e autonômicos, que podem variar significativamente em intensidade e apresentação.

Neste contexto, é fundamental compreender em detalhes as manifestações clínicas da neuropatia diabética, visando ao diagnóstico precoce e ao manejo eficaz dessa condição complexa. Esta seção explorará detalhadamente os sintomas e sinais característicos da neuropatia diabética, com destaque para a variedade de apresentações clínicas, como dor neuropática, dormência e fraqueza muscular. Por meio dessa abordagem abrangente, buscamos fornecer uma visão holística dessa condição debilitante, informando profissionais de saúde e pacientes sobre os sinais a serem observados e as medidas de cuidado necessárias para garantir uma melhor qualidade de vida e prevenção de complicações associadas.

3.1. Dor Neuropática:

A dor neuropática é uma das manifestações mais comuns e debilitantes da neuropatia diabética. Ela pode se apresentar de diversas formas, incluindo dor ardente, pontadas, formigamento ou choque elétrico. Essa dor geralmente é crônica, persistente e pode piorar durante a noite. A localização da dor varia, podendo afetar os pés, pernas, mãos e braços. A intensidade da dor pode interferir significativamente nas atividades diárias e na qualidade de vida dos pacientes (SMITH et al., 2012).

3.2. Dormência e Formigamento:

A dormência e o formigamento são sintomas sensoriais comuns associados à neuropatia diabética. Os pacientes frequentemente descrevem uma sensação de dormência ou “alfinetes e agulhas” nos membros afetados. Esses sintomas são consequência do dano aos nervos sensoriais periféricos e podem ser persistentes ou intermitentes (JONES, 1998).

3.3. Fraqueza Muscular:

A fraqueza muscular é outra manifestação clínica observada na neuropatia diabética, embora possa ser menos proeminente do que a dor e a dormência. A fraqueza muscular pode afetar tanto os membros inferiores quanto superiores, comprometendo a mobilidade e a funcionalidade dos pacientes. Essa fraqueza pode ser mais evidente durante atividades físicas ou após períodos de repouso prolongado (SILVA et al., 2005).

3.4. Alterações da Sensibilidade Térmica e Tátil:

A neuropatia diabética frequentemente resulta em alterações na sensibilidade térmica e tátil dos pacientes. Eles podem apresentar dificuldade em detectar mudanças de temperatura ou sentir toques leves. Essas alterações sensoriais podem aumentar o risco de feridas e lesões não percebidas, especialmente nos pés, aumentando o risco de complicações como úlceras e infecções (ALMEIDA et al., 2008).

3.5. Disfunção Autonômica:

Além dos sintomas sensoriais e motores, a neuropatia diabética também pode causar disfunção autonômica, afetando o funcionamento dos órgãos internos. Isso pode se manifestar como distúrbios gastrointestinais, disfunção erétil, taquicardia ou intolerância ortostática. Esses sintomas podem ser graves e impactar significativamente a qualidade de vida dos pacientes (PEREIRA et al., 2005).

Portanto, as manifestações clínicas da neuropatia diabética são diversas e podem afetar diferentes sistemas do corpo. O reconhecimento precoce desses sintomas é crucial para um diagnóstico e tratamento adequados, visando melhorar a qualidade de vida e prevenir complicações associadas a esta condição debilitante.

4. DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO

O diagnóstico precoce e preciso da neuropatia diabética é fundamental para prevenir complicações e promover o manejo adequado da condição. Uma variedade de métodos de diagnóstico é utilizada para identificar a presença e a gravidade da neuropatia diabética, incluindo exames clínicos, testes eletrofisiológicos e de imagem.

4.1. Exames Clínicos:

Os exames clínicos desempenham um papel fundamental no diagnóstico da neuropatia diabética. O médico realiza uma avaliação detalhada dos sintomas relatados pelo paciente, como dor neuropática, dormência, formigamento e fraqueza muscular. Além disso, são realizados exames neurológicos para avaliar a sensibilidade tátil, vibratória e térmica, bem como a força muscular e os reflexos. Testes específicos, como o teste de sensibilidade com monofilamento de nylon, podem ser realizados para detectar a perda de sensibilidade protetora nos pés, um sinal precoce de neuropatia diabética (DYCK et al., 2017).

4.2. Testes Eletrofisiológicos:

Os testes eletrofisiológicos são frequentemente utilizados para avaliar a função dos nervos periféricos e identificar anormalidades na condução nervosa. Eletromiografia (EMG) e velocidade de condução nervosa (VCN) são testes comuns realizados para avaliar a integridade dos nervos periféricos e detectar a presença de neuropatia diabética. Esses testes podem ajudar a determinar a gravidade da neuropatia e orientar o plano de tratamento (BOULTON et al., 2009)..

4.3. Exames de Imagem:

Exames de imagem, como a ressonância magnética (RM) e a ultrassonografia (USG), podem ser úteis na avaliação da neuropatia diabética, especialmente para identificar compressão nervosa ou outras anormalidades estruturais. A RM pode fornecer informações detalhadas sobre a anatomia dos nervos e tecidos circundantes, enquanto a USG pode ser utilizada para avaliar o tamanho, forma e textura dos nervos periféricos (MIRANDA, MACENA & ROLIM, 2015).

A combinação de exames clínicos, testes eletrofisiológicos e de imagem é frequentemente empregada para diagnosticar e avaliar a neuropatia diabética de forma abrangente. Essa abordagem integrada permite uma avaliação mais precisa da condição e ajuda a guiar o manejo adequado, incluindo o tratamento da dor neuropática, controle da glicemia e prevenção de complicações relacionadas.

5. TRATAMENTO E GERENCIAMENTO

O tratamento e gerenciamento da neuropatia diabética são desafios complexos que requerem uma abordagem multidisciplinar e individualizada. Uma variedade de estratégias terapêuticas está disponível, abrangendo tanto opções farmacológicas quanto não farmacológicas, com o objetivo de aliviar os sintomas, retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

5.1. Opções Farmacológicas:

O tratamento farmacológico da neuropatia diabética visa principalmente aliviar a dor neuropática e controlar os sintomas associados. Diversas classes de medicamentos têm sido utilizadas com esse fim, incluindo antidepressivos tricíclicos, como a amitriptilina, anticonvulsivantes, como a gabapentina e a pregabalina, e opioides, como a tramadol. Essas terapias são frequentemente prescritas com base na avaliação individual dos sintomas e na tolerabilidade do paciente aos medicamentos. 

As evidências que discorrem sobre a eficácia e segurança dos medicamentos no tratamento da neuropatia diabética são geralmente obtidas a partir de ensaios clínicos randomizados, estudos observacionais e revisões sistemáticas. Esses estudos avaliam o impacto dos medicamentos na redução da dor neuropática, melhoria dos sintomas sensoriais e motores, e na qualidade de vida dos pacientes.

Por exemplo, ensaios clínicos randomizados, como o estudo conduzido por Smith et al. (2010), investigaram a eficácia de antidepressivos tricíclicos, anticonvulsivantes e opioides no alívio da dor neuropática em pacientes com neuropatia diabética. Eles demonstraram que esses medicamentos podem ser eficazes para reduzir a intensidade da dor e melhorar a função nervosa em alguns pacientes. No entanto, é importante considerar os potenciais efeitos colaterais e a tolerabilidade individual a esses medicamentos.

Além disso, revisões sistemáticas, como a realizada por Gomez-Olivan et al. (2017), examinaram a evidência disponível sobre diversas terapias não farmacológicas, como fisioterapia, exercícios físicos e acupuntura, no tratamento da neuropatia diabética. Essas revisões destacaram a eficácia dessas terapias na redução da dor neuropática e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes.

Embora essas evidências forneçam percepções necessárias sobre as opções de tratamento para neuropatia diabética, é importante reconhecer que a resposta ao tratamento pode variar entre os indivíduos. Portanto, a escolha do medicamento ou terapia não farmacológica deve ser individualizada com base nos sintomas do paciente, comorbidades, preferências pessoais e tolerabilidade aos tratamentos. Ademais, é essencial monitorar de perto os pacientes em tratamento para avaliar a eficácia e segurança a longo prazo.

5.2. Terapias Não Farmacológicas:

Além do tratamento medicamentoso, várias terapias não farmacológicas têm sido utilizadas no manejo da neuropatia diabética. Isso inclui técnicas de controle da glicemia, como a manutenção de níveis adequados de açúcar no sangue, que podem ajudar a prevenir ou retardar a progressão da neuropatia. 

Estudos como o de Gomez-Olivan et al. (2017) examinaram múltiplos estudos que avaliaram o impacto dessas terapias não farmacológicas na neuropatia diabética. Esses estudos demonstraram consistentemente que a fisioterapia e os exercícios físicos podem ajudar a melhorar a função nervosa, reduzir a intensidade da dor neuropática e aumentar a qualidade de vida dos pacientes. A fisioterapia pode incluir técnicas como alongamento, fortalecimento muscular e exercícios de equilíbrio, que podem ajudar a aliviar a dor e melhorar a função física.

Além disso, a acupuntura tem sido investigada como uma opção de tratamento complementar para a neuropatia diabética. Estudos sugerem que a acupuntura pode ajudar a reduzir a dor neuropática e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, possivelmente através da liberação de endorfinas e modulação da atividade neuronal (GOMEZ-OLIVAN et al. 2017).

A estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) é outra terapia não farmacológica que tem sido estudada para o tratamento da neuropatia diabética. A TENS envolve a aplicação de correntes elétricas de baixa intensidade na pele sobre os nervos afetados, o que pode ajudar a diminuir a percepção da dor (GOMEZ-OLIVAN et al. 2017).

Embora essas terapias não farmacológicas possam oferecer benefícios significativos no alívio da dor neuropática e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes com neuropatia diabética, é importante reconhecer que a resposta ao tratamento pode variar de pessoa para pessoa. Portanto, é essencial que o tratamento seja individualizado e supervisionado por profissionais de saúde qualificados.

5.3. Gestão dos Fatores de Risco e Comorbidades:

Alguns estudos destacaram a importância do controle adequado dos fatores de risco e comorbidades associadas à neuropatia diabética, como hipertensão, dislipidemia e obesidade, para prevenir ou retardar sua progressão e reduzir o risco de complicações adicionais da diabetes.

Stratton et al. (2000), mostraram que o controle rigoroso da glicemia é fundamental para reduzir o risco de desenvolvimento e progressão da neuropatia diabética. Um controle glicêmico adequado pode ajudar a minimizar o dano aos nervos periféricos e reduzir a incidência e gravidade dos sintomas neuropáticos.

Além disso, intervenções para controlar a hipertensão têm sido associadas a benefícios na prevenção e tratamento da neuropatia diabética, onde demonstraram que o controle da pressão arterial pode reduzir o risco de complicações neuropáticas e melhorar a função nervosa em pacientes com diabetes (ADAMS et al. (2016).

Da mesma forma, o manejo da dislipidemia, com o uso de estatinas e outras terapias lipidêmicas, tem sido associado a uma redução no risco de neuropatia diabética e outras complicações microvasculares. Colhoun et al. (2004), encontraram uma associação entre níveis elevados de colesterol e triglicerídeos e um maior risco de desenvolvimento de neuropatia em pacientes com diabetes.

A obesidade também é um fator de risco importante para o desenvolvimento e progressão da neuropatia diabética. Gallagher et al. (2015), mostraram que a perda de peso por meio de dieta e exercícios pode melhorar a sensibilidade à insulina, reduzir a inflamação e melhorar os sintomas neuropáticos em pacientes com diabetes.

Em resumo, o tratamento e gerenciamento da neuropatia diabética envolvem uma abordagem multifacetada que combina opções farmacológicas e não farmacológicas. A individualização do tratamento com base nos sintomas e na tolerabilidade do paciente é fundamental para otimizar os resultados clínicos e melhorar a qualidade de vida dos pacientes afetados por essa condição crônica e debilitante.

6. CONCLUSÃO

O diagnóstico e tratamento da neuropatia diabética representam desafios clínicos significativos, exigindo uma abordagem multidisciplinar e individualizada. Por meio de uma avaliação abrangente, que inclui exames clínicos, testes eletrofisiológicos e de imagem, os profissionais de saúde podem identificar precocemente a presença e gravidade da neuropatia diabética, permitindo um manejo adequado da condição.

A utilização de terapias farmacológicas e não farmacológicas, como analgésicos, antidepressivos, fisioterapia e controle glicêmico, desempenha um papel crucial no alívio dos sintomas, na melhoria da função nervosa e na qualidade de vida dos pacientes. Além disso, o gerenciamento dos fatores de risco e comorbidades associadas, como hipertensão, dislipidemia e obesidade, é fundamental para prevenir complicações adicionais e retardar a progressão da doença.

Por fim, é essencial ressaltar a importância da educação do paciente e do acompanhamento regular para garantir o sucesso do tratamento a longo prazo. Com uma abordagem integrada e colaborativa, é possível proporcionar uma melhor qualidade de vida aos pacientes com neuropatia diabética, reduzindo o impacto dessa condição crônica e suas complicações associadas.

Ao unir os avanços na compreensão da fisiopatologia da neuropatia diabética com uma prática clínica baseada em evidências, podemos otimizar os resultados clínicos e promover o bem-estar dos pacientes afetados por essa condição debilitante.

REFERÊNCIAS 

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1Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil;
2Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil;
3Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil;
4Graduando em Medicina pela Universidade Brasil;
5Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil;
6Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil;
7Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil;
8Graduando em Medicina pela Universidade Brasil;
9Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil;
10Graduando em Medicina pela Universidade Brasil