RELATO DE EXPERIÊNCIA NA RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA: A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES PRÁTICAS DE BIOLOGIA E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10641840


Avany Francisco De Souza1,
Leandra Pereira De Barros Feitosa2,
Luíz Carlos Ferreira3


RESUMO

Este relato de experiência aborda a importância das atividades práticas no ensino-aprendizagem da disciplina de Biologia em uma Escola de Ensino Médio da rede Estadual de Ensino do Município de Januária-MG, e teve como objetivo geral contribuir para o desempenho dos alunos do Ensino Médio, utilizando diferentes atividades práticas para facilitar a compreensão dos conteúdos abordados nas aulas de Biologia. As aulas práticas foram desenvolvidas com os alunos dos 1º e 3º anos do Ensino Médio e demonstrou que a associação de aulas teóricas e práticas facilita o aprendizado, na medida em que torna o conhecimento teórico uma realidade mais próxima do aluno, contribuindo para o desenvolvimento de competências e habilidades cognitivas, trazendo benefícios para sua vida social e acadêmica. Essa experiência se deu com docentes e alunos matriculados na Instituição durante as atividades do Programa de Residência Pedagógica (PRP) em Ciências Biológicas do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais – Campus Januária.

Palavras-chave: Residência; Pedagógica; Atividades; Práticas; Biologia; Ensino-aprendizagem;

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho vem relatar a experiência vivenciada por uma Residente do Programa Residência Pedagógica do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais de Januária, na Escola Estadual Olegário Maciel, com a finalidade de preparar o Residente para a sua atuação em sala de aula. Os licenciandos iniciam-se na prática na segunda metade do curso e aprimoram a sua formação através da inserção no ambiente escolar de ensino básico, após a implementação de um sistema de cooperação entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Estados, Municípios, Escolas e professores da rede pública nos níveis Federal, Estadual e Municipal que foram selecionados para realizar as atividades do Programa.

As aulas práticas são atividades pedagógicas que exigem que os alunos tenham experiência prática no âmbito escolar com materiais que desejam estudar. Conforme aponta Silva et al., (2018) o conteúdo das atividades práticas em disciplinas de Biologia pode ser ministrado através de métodos de ensino tradicionais ou métodos inovadores (também chamados de experimentos). Nos métodos tradicionais, o conteúdo é entregue aos alunos na forma de instruções, enquanto nos métodos inovadores a implementação ocorre em atividades práticas e os alunos participam do processo de ensino. Os métodos tradicionais de ensino apresentam algumas desvantagens em termos de experiência dos professores, sendo a mais óbvia a falta de interesse dos alunos, e o autor acredita que isso pode ser melhorado através de aulas práticas, através das quais os alunos têm a oportunidade de interagir entre si. Seja através da montagem de um instrumento específico, seja em um ambiente mais informal que o de uma sala de aula.

As atividades apresentadas nesse relato de experiência ocorreram na Escola Estadual Olegário Maciel, no Município de Januária-MG e teve como objetivo geral contribuir para melhora do desempenho dos alunos do Ensino Médio, utilizando diferentes atividades práticas para facilitar a compreensão dos conteúdos abordados nas aulas de Biologia.  Para facilitar o alcance do objetivo geral, evidenciou-se como objetivos específicos, desenvolver atividades práticas que podem testar leis científicas, ilustrar ideias e conceitos aprendidos em aulas teóricas, demonstrar a importância do laboratório de Biologia para o processo de ensino-aprendizagem e incentivar o uso da tecnologia durante as aulas práticas de Biologia.

Não se pode deixar de reconhecer algumas vantagens deste tipo de atividade, por exemplo: recomenda-se o trabalho em grupo, o que dá a cada aluno a oportunidade de interagir com montagens e instrumentos específicos, ao mesmo tempo que partilha responsabilidades e ideias sobre o que deve fazer, e como fazê-lo (BORGES, 2002).

2 METODOLOGIA

A educação científica surgiu na década de 1960, com o principal objetivo de formar cientistas e envolver-se diretamente com a educação básica em diversos níveis. Atualmente, as atividades práticas, são utilizadas como método ativo de aprendizagem para complementar as aulas teóricas e proporcionar aos alunos uma compreensão mais abrangente do conteúdo que está sendo estudado.

As atividades práticas abrangem diversas modalidades, desde simples discussões, demonstrações, atividades experimentais até cursos presenciais, que são ajustados pelos professores de acordo com o conteúdo a ser aprendido, tempo e recursos disponíveis, público-alvo, entre outras condições, em que a diversidade de métodos contribua no desenvolvimento cognitivo, tecnológico e social dos estudantes. Do ponto de vista legal, a associação entre teoria e prática é uma das competências presentes na LDBEN 9.394/96, onde a ligação entre teoria e a prática visa criar condições de aprendizagem que proporcionem aos alunos maiores oportunidades de aprender com a experiência de vida e, assim, formar cidadãos cada vez mais envolvidos no seu contexto social (XAVIER; ALMEIDA, 2021).

Nesse sentido, considerando um ensino de qualidade, enfatizamos a necessidade de Políticas Públicas voltadas à formação, aperfeiçoamento e suporte teórico/prático aos profissionais da educação. Por outro lado, exige-se que os professores sejam inovadores e perspicazes, criando condições através de métodos alternativos para envolver e motivar os alunos. Nessa abordagem, ratifica-se a ideia de que os professores de Biologia precisam estar abertos ao diálogo para outros métodos de ensino-aprendizagem, considerando que os principais componentes no ensino são os estudantes. As aulas desenvolvidas sob propostas inovadoras que se distanciam do tradicional, podem favorecer o interesse e solidificar a necessidade de um ensino e aprendizagem investigativos. Esses aspectos certamente contribuirão para a formação de sujeitos críticos, reflexivos e, ao interpretarem a natureza de forma diferenciada, tomarão as decisões mais corretas, tanto no nível individual quanto no coletivo (XAVIER; ALMEIDA, 2021).

As experiências e aprendizados adquiridos durante o Projeto de Residência Pedagógica, contribuem significativamente para a formação profissional do Residente, onde, o mesmo, por meio de uma imersão em situações reais no cotidiano escolar e em sala de aula, torna-se protagonista na construção do seu conhecimento. As práticas de ensino empregam diferentes metodologias e são projetadas para incentivar o envolvimento e a aprendizagem dos alunos.

As práticas de ensino desenvolvidas durante as aulas de Biologia empregaram diferentes metodologias e foram projetadas para incentivar o envolvimento e o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos. As atividades foram realizadas com os estudantes dos 1º e 3º anos do Ensino Médio, com prévia exposição teórica de temas já estudados em sala de aula como, Citologia, Evolução, Grupos Sanguíneos e Fator Rh, Ciclos Biogeoquímicos e acolhimento escolar.

3 DISCUSSÃO

A citologia, também conhecida como biologia celular, é um campo relacionado a quase todos os outros aspectos da ciência e seu conteúdo contribui fundamentalmente para a compreensão da complexidade biológica, pois as células são as unidades básicas que constituem os organismos vivos. Através da citologia, os cientistas descobriram que todas as formas de vida são compostas por células, que variam em tamanho, forma e função.

As células podem ser divididas em duas categorias: células procarióticas e células eucarióticas. No ensino médio, essa área da biologia possui muitos termos e processos abstratos que os alunos devem compreender bem. Para trabalhar essa temática propôs-se nos 1º anos, uma atividade prática com um jogo didático (Tabuleiro: A conquista do núcleo celular) abordando conteúdo de Citologia para os alunos que apresentam dificuldade de aprendizagem de conteúdos relacionados.  O jogo ocorreu com a divisão da turma em quatro grupos nas cores amarelo, azul, verde e vermelho, com cartas de perguntas básicas, perguntas desafio e perguntas final. Durante o jogo as equipes percorriam os círculos do tabuleiro correspondentes a pergunta escolhida e com resposta correta pelo estudante. O Residente conduzia a atividade lendo as perguntas de cada carta em voz alta para os alunos. Assim, a equipe que chegasse primeiro no núcleo celular respondendo o maior número de questões das cartas seria a equipe vencedora, premiada como forma de incentivo.

Nas imagens abaixo estão apresentados alguns resultados da atividade prática de citologia aplicada no 1º ano regular na Escola Estadual Olegário Maciel.

IMAGEM 1 – JOGO DE TABULEIRO A CONQUISTA DO NÚCLEO CELULAR (CITOLOGIA).

A evolução biológica corresponde ao processo pelo qual as espécies mudam e se adaptam ao longo do tempo. Com essa temática foi proposto um jogo de cartas (Jogo da memória) com sessenta cartas numeradas de 01 a 30 para perguntas e o mesmo número para respostas. Dividiu-se a turma em dois grupos, cada equipe escolhia um participante para cada jogada. As cartas foram colocadas viradas para baixo sobre a mesa e cada aluno retirava duas cartas por vez, com o objetivo de formar pares com pergunta e resposta correspondente. Desse modo, quem conseguisse memorizar as cartas correlacionadas com maior número de acertos venceria o jogo. As imagens abaixo nos demonstram a capacidade dos estudantes em memorização das cartas no jogo da memória aplicado no 1º ano regular.

IMAGEM 2 – JOGO DA MEMÓRIA (EVOLUÇÃO).

Para a consolidação das habilidades do tema Grupos Sanguíneos foi desenvolvida uma atividade prática em sala de aula que consistiu em colocar copos transparentes com água e corantes. Cada copo representava um grupo sanguíneo, o grupo O todo transparente sendo doador universal, o AB com a cor roxa sendo receptor universal, o A na cor azul e o B na coloração vermelha. Assim foi apresentado aos estudantes as tipagens sanguíneas e demonstrado a compatibilidade e incompatibilidade entre eles, bem como o fator Rh+ e Rh- e os riscos da doença eritroblastose fetal. Logo após foi aplicado um quiz com perguntas onde eram cronometradas a resposta, quem acertasse o maior número de perguntas em menos tempo vencia o jogo. A imagem 3 vem retratando o interesse dos alunos do 3º ano na aula prática sobre tipagem sanguínea e sua capacidade de aprendizagem ao participar do quiz em sala de aula.

IMAGEM 3 – PRÁTICA TIPAGEM SANGUÍNEA E QUIZ (SISTEMA ABO E FATOR RH).

Os ciclos biogeoquímicos são processos que ocorrem na natureza para garantir a reciclagem dos elementos químicos do meio ambiente. São estes ciclos que permitem aos elementos interagir com o ambiente e os seres vivos, ou seja, garantem o fluxo dos elementos através da atmosfera, hidrosfera, litosfera e biosfera. Os principais ciclos biogeoquímicos encontrados na natureza são os ciclos da água, carbono, oxigênio e nitrogênio.

A proposta para essa temática foi uma atividade prática que consistiu em analisar os conhecimentos e as habilidades dos estudantes em seminários. Neste contexto seria possível que os alunos pudessem disseminar conhecimento sobre determinado assunto, estimular novas ideias para o trabalho, desenvolver novas habilidades, e se manter atualizado sobre certo tema. Dessa forma a professora juntamente com a Residente dividiu a sala em quatro grupos, onde cada equipe apresentou um ciclo biogeoquímico usando assim a sua criatividade. Nesse aspecto os seminários foram apresentados de maneira eficiente em forma de maquetes, slides, vídeo explicativo sobre os devidos temas. As imagens 4 e 5 demonstram as habilidades e criatividade dos alunos dos 3° anos nas apresentações dos seminários abordando os temas dos ciclos biogeoquímicos.

IMAGEM 4 – SEMINÁRIOS 3º ANO 2 (CICLOS BIOGEOQUÍMICOS).

IMAGEM 5 – SEMINÁRIOS 3º ANO 1 (CICLOS BIOGEOQUÍMICOS).

O acolhimento escolar é fundamental para manter um ambiente educacional saudável e seguro para alunos, professores e outros funcionários. Além disso, pode ajudar a reduzir o estresse e a ansiedade, principalmente em estudantes que têm dificuldade de adaptação ao ambiente escolar ou em adolescentes com problemas de relacionamento. Dessa forma o acolhimento escolar é um conjunto de práticas destinadas a criar um ambiente seguro, acolhedor e inclusivo para alunos, professores, funcionários e famílias. As imagens abaixo apresentam os momentos de interação dos estudantes dos 1º anos com professores, funcionários, Residente e estagiários da Escola Estadual Olegário Maciel.

IMAGEM 6 – ACOLHIMENTO ESCOLAR.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quando o professor de biologia proporciona aos seus alunos momentos interessantes, através de aulas práticas, garante o sucesso de suas atividades, garantem o sucesso das atividades, formam cidadãos felizes e compreensivos, capazes de refletir, criticar e mudar o mundo, visto que, estimula a curiosidade e o interesse dos alunos, permitindo que se envolvam em investigações científicas, ampliem a capacidade de resolver problemas, compreender conceitos básicos e desenvolver habilidades. Ao inserir atividades práticas simples no cotidiano escolar, os educadores deixam o modelo convencional de ministrar apenas aulas expositivas e induzem os estudantes a construírem o conhecimento científico, já que a prática os leva a uma compreensão mais aproximada da realidade dos fatos e fenômenos naturais.

Durante as aulas práticas de biologia essa abordagem deve ocorrer regularmente para que não atinja apenas o objetivo de aprender, mas, estabeleça uma interação entre professores e alunos, alunos e alunos, e a curiosidade em relação aos assuntos abordados. Os métodos de aprendizagem utilizados permitem aos alunos compreender o significado e a importância das aulas práticas, promovem a aprendizagem de conteúdos científicos e biológicos, sendo por isso considerados estratégias metodológicas importantes no processo de ensino.

REFERÊNCIAS

BORGES, A. T. Novos rumos para o laboratório escolar de ciências. Caderno Brasileiro de ensino de Física, v. 19, n. 3, p. 291–313, 2002.

SILVA, R. F. et al. A concepção dos alunos do Ensino Médio sobre a importância das aulas práticas de Biologia. Diversitas Journal, v. 3, n. 3, p. 564–568, 2018.

FERREIRA, A. A. DOS S. N.; DOS SANTOS, C. B. A ludicidade no ensino da biologia/The playfulness in the teaching of biology. ID on line. Revista de psicologia, v. 13, n. 45, p. 847–861, 2019.

XAVIER, R. M.; DE ALMEIDA, J. E. Atividades práticas no ensino de Biologia: um estudo sobre a percepção de professores em um município de Rondônia. Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 1, p. 3089–3100, 2021.


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2leandra.barros@educacao.mg.gov.br

3luiz.ferreira@ifnmg.edu.br