“PERSPECTIVAS ATUAIS SOBRE A RELAÇÃO ENTRE PÍLULAS ANTICONCEPCIONAIS E TROMBOEMBOLISMO VENOSO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA”

“CURRENT PERSPECTIVES ON THE RELATIONSHIP BETWEEN CONTRACEPTIVE PILLS AND VENOUS THROMBOEMBOLISM: AN INTEGRATIVE REVIEW”

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10612202


Franciane Soares Mendes de Castro; Dayanna das Neves Gomes de Souza; Anne Jacob de Souza Araújo; Ana Valéria Ambrosio Coelho; Marcony Vilharins Soares Silva; Walisson Rodrigo dos Santos Souza ; Aparecida Josilete Jericó Pereira; Sinderlandia Domingas dos Santos; Antônio Marcos de Carvalho Alencar; Adrielle dos Santos Silva


RESUMO: A grande difusão do uso de métodos contraceptivos, especialmente aqueles de via oral, buscam prioritariamente impedir a concepção, mas podem também ser recomendados para casos específicos em que a regulação do ciclo menstrual ou a prevenção de doenças pontuais. A eficácia dos anticoncepcionais orais tem garantido seu uso preferencial diante do público alvo, mas é necessária prudência quando a recomendação é feita a usuários que apresentem fatores de risco, sejam congênitos ou adquiridos. O uso de anticoncepcionais hormonais está atrelado à ocorrência de tromboembolismo venoso, acometendo majoritariamente membros inferiores a partir da coagulação sanguínea anormal. Neste trabalho, aborda-se a trombose venosa profunda, identificando-se a ocorrência e os fatores atrelados a esta doença através do estudo de casos de utilização de anticoncepcionais orais, destacando ainda alterações funcionais observadas e fenômenos associados. Foram sistematicamente estudados 13 artigos para realização do levantamento bibliográfico de casos relatando o uso da pílula anticoncepcional e a ocorrência de tromboembolismo venoso. O trabalho apontou uma modificação da hemostase causada, sobretudo, pela presença do hormônio estrogênio e a evidência de uma relação significativa entre a ocorrência dos eventos trombóticos, a dose utilizada e o tempo de uso da medicação. 

Palavras-chave: tromboembolismo, contraceptivo oral, estrogênio, hemostase.

ABSTRACT: The widespread use of contraceptive methods, especially those taken orally, primarily seek to prevent conception, but they can also be recommended for specific cases in which the regulation of the menstrual cycle is sought or, for example, the prevention of specific diseases. The effectiveness of oral contraceptives has ensured its preferential use among the target audience, but prudence is required when recommended to users in risk factors groups, whether congenital or acquired. The use of hormonal contraceptives is linked to the occurrence of venous thromboembolism, affecting mostly lower limbs due to abnormal blood clotting. In this work, deep vein thrombosis is addressed with the identification of the occurrence and the factors linked to this disease through the study of cases of use of oral contraceptives, also highlighting observed functional alterations and associated phenomena. In total, 13 articles were systematically studied to carry out a bibliographic survey of cases where the use of contraceptive pills and the occurrence of venous thromboembolism were reported. The study showed a change in hemostasis caused, above all, by the presence of the hormone estrogen, and an evidence of a significant relation between the occurrence of thrombotic events, the dose used and the duration of the medication`s usage.

Keywords: thromboembolism, oral contraceptive, estrogen, hemostasis.

1 INTRODUÇÃO

Garantir o acesso à contracepção é fundamental para os direitos humanos e contribui para uma melhoria nas condições de saúde do indivíduo, afirmam pesquisas de Cavallaro et al. (2020). Os anticoncepcionais orais (ACOs) são um dos métodos contraceptivos constituídos por estrogênios compostos e vêm sendo utilizados para o planejamento familiar desde a década de 60 (LUZ; BARROS; BRANCO, 2021).

No Brasil, estima-se que aproximadamente 80% das mulheres em idade reprodutiva utilizam algum método contraceptivo, incluindo o uso de ACO. A expectativa é que, com o uso adequado e contínuo de anticoncepcionais orais, a mulher alcance um controle efetivo e seguro da sua fecundidade (CORRÊA et al., 2017). Gupta, Prabhakar e Wairkar (2022) atribuem o fato desse método ser atualmente o mais popular à grande eficácia atrelada ao medicamento. Quando usado corretamente, a taxa de falha, ou seja, a ocorrência de gravidez indesejada, é inferior a uma por 100 mulheres por ano, afirmam Roach et al. (2015).

Em geral, os métodos contraceptivos podem ser divididos como reversíveis ou definitivos, sendo os reversíveis aqueles identificados como comportamental, de barreira, hormonal, DIU e dispositivo de emergência. Já os métodos contraceptivos definitivos ou irreversíveis têm como exemplos a cirurgia, seja a laqueadura tubária ou vasectomia, e cujo uso tem reduzido significativamente (MIRANDA et al., 2016; SILVA; SÁ; TOLEDO, 2019).

Em suma, a composição dos contraceptivos orais é essencialmente uma combinação dos hormônios estrógeno e progestógeno, mas existem ainda as chamadas “minipílulas”, que contêm somente o progestógeno (SIQUEIRA; SATO; SANTIAGO, 2017).

Apesar de haver vantagens como a regulação do ciclo menstrual e a prevenção de alguns tipos de câncer, em uso prolongado os ACOs estão associados, dentre outros, a um risco aumentado de distúrbios, como acidente vascular cerebral, enxaqueca, câncer de mama, câncer cervical e lesão hepática (IODICE et al., 2010; PIETRZAK et al., 2007). Por conseguinte, com a finalidade de se evitar eventos adversos, o uso desses medicamentos possui contraindicações, como quando há evidências de hipertensão arterial, diabetes mellitus com doença vascular, tabagismo em mulheres com 35 anos ou mais, doenças cardiovasculares, tromboembolismo, enxaqueca com aura, dentre outros (CORRÊA et al., 2017).

Desde o seu lançamento, a formulação do ACO demonstrou evoluir com redução da dose hormonal a fim de minimizar o risco de hipertensão e trombose às usuárias, bem como a morbidade devido ao seu uso ao longo da vida, sobretudo em condições relacionadas ao tabagismo, hipertensão arterial, obesidade e dislipidemia (LUZ; BARROS; BRANCO, 2021; PETITTI; M.D.; M.P.H., 2012).

A trombose venosa, incluindo trombose venosa profunda (TVP), embolia pulmonar ou trombose venosa central, é o efeito colateral grave mais comum da contracepção hormonal (KEENAN et al., 2018). No Brasil, 113.817 pessoas foram internadas por trombose em 2015, enquanto 122.096 em 2014. Quando a avaliação é feita apenas para a faixa etária de 20 a 40 anos, a incidência é maior em mulheres, justamente pela maior exposição a fatores de risco, como anticoncepcional e gravidez (CHARLO; HERGET; MORAES, 2020).

Pode-se descrever a trombose venosa profunda como sendo um processo patológico no qual o lúmen de um vaso sanguíneo é bloqueado por um excesso de estrutura fibrina e plaquetas. Essa doença afeta as veias mais profundas e é desencadeada por três fatores: estase venosa, lesão da parede do vaso e estado de hipercoagulabilidade, processo conhecido como tríade de Virchow. Os eventos tromboembólicos acometem sobretudo os membros inferiores, sendo 90% dos casos ocorridos nessa região descritos como TVP (SIQUEIRA; SATO; SANTIAGO, 2017).

Duarte (2017) explica que os anticoncepcionais orais, por possuírem estrógeno e progesterona, podem afetar a coagulação sanguínea devido ao método de atuação dos hormônios citados. Os estrogênios presentes nos anticoncepcionais orais podem promover a coagulação por meio de efeitos pró-coagulantes, e os progestagênios também podem afetar de forma independente e variável os fatores hemostáticos e o risco trombótico nas vias anticoagulante e fibrinolítica.

Nesse sentido, este artigo tem por objetivo esclarecer a relação entre o uso de anticoncepcionais orais e o risco de trombose venosa profunda em mulheres em idade reprodutiva. Busca-se, ainda, abordar questões acerca da fisiopatologia e epidemiologia do uso desses hormônios exógenos.

2 Metodologia  

O trabalho trata-se de uma revisão integrativa realizada a partir de levantamento bibliográfico publicado sobre o uso da pílula anticoncepcional e a ocorrência de tromboembolismo venoso. 

A revisão integrativa permite a determinação do que se conhece atualmente sobre um assunto, especificamente, consistindo na análise de subsídios literários de forma ampla sobre uma mesma temática, o que contribui na divulgação de tais estudos produzidos por outros autores (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010).

Na elaboração desse tipo de estudo, existem etapas a serem cumpridas, quais sejam: a identificação da temática, a determinação das bases de dados para uma busca ampla e diversa, o estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão, a análise crítica dos estudos incluídos, a interpretação e discussão dos resultados, e apresentação da revisão integrativa (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010). Sendo assim, definiu-se a seguinte pergunta norteadora: Qual a relação entre o uso da pílula anticoncepcional e a ocorrência de tromboembolismo venoso? 

Para operacionalizar este estudo de revisão foi realizada, inicialmente, uma consulta aos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), utilizando-se na pesquisa junto às bases de dados PubMed e BVS, os descritores controlados “trombose venosa”, “anticoncepcionais hormonais, “coagulação” e “hemostasia”. 

Como critérios de inclusão, foi definido que os artigos deveriam estar na língua portuguesa ou inglesa, e eletronicamente disponíveis, com resultados que abordassem a formação de trombos após o primeiro ano de utilização do anticoncepcional em mulheres no período fértil, tendo divulgação entre os anos de 2017 e 2022.

 Definidos tais critérios, foram estabelecidos os critérios de exclusão. Desse modo, foram excluídos artigos cujos resumos não respondiam à pergunta norteadora definida para a realização deste estudo. Ademais, foram excluídos artigos que passaram pela seleção de incluídos, mas se encontravam repetidos entre as bases de dados.

 Na realização da coleta de dados, inicialmente, foi encontrado nas bases de dados o quantitativo de: PubMed, 47; BVS, 30; totalizando 77 artigos. Após a identificação dos artigos e prévia leitura dos títulos, foram selecionados 40 artigos. Notou-se, porém, que alguns deles se encontravam preenchendo critérios de exclusão e, portanto, foram retirados deste estudo. Posteriormente a tal leitura, selecionaram-se 25 artigos que se enquadraram entre os critérios inicialmente propostos e que foram lidos na íntegra. Após essa etapa, verificou-se que, destes, 13 artigos atendiam aos critérios para serem utilizados nesta revisão integrativa. A Figura 1 representa de forma esquemática a seleção dos artigos avaliados, enquanto a Tabela 1 sintetiza os principais resultados apontados pelos artigos.

Figura 1 – Fluxograma dos artigos elencados, avaliados para elegibilidade, incluídos e excluídos

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

Tabela 1 – Síntese dos principais artigos selecionados para a pesquisa
AutorTituloObjetivoResultados 
 1 – Gialeraki et. al. 2018Contraceptivos orais e TRH Risco de tromboseResumir o conhecimento atual sobre o estado pró-trombótico induzido por contraceptivos orais (CO) e terapia de reposição hormonal (TRH) em mulheres, o risco de trombose associado.O risco de trombose atribuído ao uso de COs é o dobro em mulheres que recebem pílulas contendo doses mais altas de estrogênios. Não há associação significativa entre o uso de anticoncepcionais à base de progestagênio e TEV. O risco de desenvolvimento de TEV em mulheres com trombofilia que recebem TRH é aumentado em até 4,8 vezes. A TRH deve ser evitada em mulheres assintomáticas, a triagem para trombofilia só está indicada para mulheres com histórico familiar de trombose.
2 – Soares et al, 2022Tromboembolismo pulmonar associado ao uso do contraceptivo de emergênciaAnalisar artigos de revisão bibliográfica que relacionam o desenvolvimento do tromboembolismo aliado ao uso da contracepção de emergência. Existe a associação entre o desenvolvimento do trombo com o uso da contracepção, sendo ela pílula oral combinada, ou pílula de emergência.  Para redução dos riscos de tromboembolismo associado ao uso da contracepção de emergência, faz-se necessário a avaliação médica.
3 – Silva et al (2021).

Risco de trombose venosa associado ao uso de anticoncepcionais orais: Revisão de literatura Associar as alterações homeostáticas com o uso contínuo dos anticoncepcionais orais e o desenvolvimento da trombose.Há uma relação entre a pílula anticoncepcional e a trombose profunda.  A prevalência aumenta com o aumento da idade. Com o passar dos anos houve diversas modificações nos componentes dos anticoncepcionais e atualmente as pílulas de segunda e terceira geração são as mais utilizadas por conterem doses menores de hormônios se comparadas às de primeira geração
 4- Williams et al, 2020Influência dos contraceptivos hormonais na função e estrutura vascular periférica em mulheres na pré-menorpausa    O objetivo desta revisão é resumir a literatura examinando o impacto de diferentes contraceptivos hormonais na função e estrutura vascular, incluindo a consideração de diferenças básicas dentro de um ciclo contraceptivo e propor futuras direções para pesquisas.Os contraceptivos hormonais parecem não afetar a função do músculo liso na macrovasculatura ou microvasculatura, rigidez arterial ou estrutura vascular. São discutidos mecanismos subjacentes para impactos observados e áreas de pesquisa futura 
5 – Monica V. Dragoman et al 2018Revisão sistemática e metanálise do risco de trombose venosa entre usuárias de contracepção oral combinadaAvaliar os riscos comparativos de TEV associados ao uso de COCs de baixa dose (menos de 50 μg de etinilestradiol) contendo diferentes progestagênios.Análise de 22 artigos.  O uso de COCs contendo acetato de ciproterona, desogestrel, drospirenona ou gestodeno foi associado a um risco significativamente maior de TEV em comparação com o uso de COCs contendo levonorgestrel (razões de risco combinadas 1,5–2,0). A análise restrita a formulações monofásicas de COC com 30 μg de etinilestradiol produziu achados semelhantes. Comparado com o uso de COCs contendo levonorgestrel, o uso de COCs contendo outros progestagênios pode estar associado a um pequeno aumento no risco de TEV.
6 – Rocha et. al 2021Trombose venosa cerebral e o uso de anticoncepcionais orais: Uma revisão integrativaInvestigar a relação entre os anticoncepcionais orais e a trombose venosa cerebral?”12 artigos estudados O risco dos eventos trombóticos venosos, em usuárias de anticoncepcionais orais combinados, está aumentado.  É importante enfatizar o uso racional desses medicamentos, assim como a compreensão para o diagnóstico precoce da trombose venosa cerebral
7 – Sampaio et. al 2019O uso de contraceptivos orais combinados e o risco de trombose venosa profunda em mulheres em idade reprodutivaAvaliar o risco de trombose venosa profunda em mulheres O uso de hormônios sexuais como contraceptivos orais combinados aumenta consideravelmente o risco de tromboembolismo venoso, especialmente em pacientes com risco intrínseco aumentado para complicações tromboembólicas. O aumento do risco relativo associado aos hormônios sexuais depende do tipo e dosagem dos hormônios, a via de aplicação, sendo oral, vaginal e transdérmica, e a combinação específica de componentes estrogênicos e gestagênicos.
8 – Gondim A. C. S. et al 2021Influência do anticoncepcional hormonal oral no surgimento da trombose venosa profundaDescrever a ação dos anticoncepcionais orais no organismo feminino, relatando os fatores que desencadeiam a trombose venosa profunda. Os anticoncepcionais orais possuem ligação com a ocorrência de eventos trombóticos. Eles são compostos por um combinado de hormônios que influenciam diretamente no surgimento da trombose venosa profunda.
9 – LaVasseur M. D. C. et al. 2022Terapias hormonais e trombose venosa: Considerações para prevenção e manejoRevisar e discutir as diferenças no risco de trombose das muitas preparações hormonais disponíveis, bem como sua interação com fatores específicos do paciente.O risco de trombose com compostos contendo estrogênio aumenta com o aumento da dose sistêmica de estrogênio. Embora os produtos contendo apenas progesterona não estejam associados à trombose, quando combinados com estrogênio em contraceptivos orais combinados, a formulação de progesterona afeta o risco. Para pacientes que desenvolvem trombose em tratamento hormonal, a anticoagulação protege contra trombose futura.  O manejo ideal da terapia hormonal para indivíduos diagnosticados com doenças pró-trombóticas, como o COVID-19, permanece incerto.
10 – Hanke MG et AL 2022











Risco de recorrência em mulheres com tromboembolismo venoso relacionado a contraceptivos contendo estrogênio: revisão sistemática e metanáliseEstimar a taxa de incidência de TEV recorrente após a descontinuação do tratamento anticoagulante em mulheres com um primeiro episódio de TEV relacionado a contraceptivos contendo estrogênio.14 estudos analisados.  A taxa de recorrência combinada foi de 1,57 (IC 95%: 1,10–2,23; I2= 82%) por 100 pacientes-ano.  As taxas de recorrência por 100 pacientes-ano foram de 2,73 para estudos com ≤1 ano de acompanhamento 1,35 para estudos com 1-5 anos de acompanhamento 1,42 para estudos >5 anos de seguimento.
11 – Argyri Gialeraki A. et al 2018Contraceptivos orais e TRH Risco de TromboseResumir o conhecimento atual sobre a fisiopatologia do estado pró-trombótico induzido por contraceptivos orais (CO) e terapia de reposição hormonal (TRH) em mulheres, o risco de trombose associado à administração de vários COs e TRH comercialmente disponíveisEstudos de custo-efetividade recomendam que a triagem para TRH ocorra apenas em mulheres com histórico familiar de trombofiliar É necessário, para o futuro, que haja uma  maior elucidação da fisiopatologia do TEV hormonal, assim como  o desenvolvimento de novos produtos e o aprimoramento das técnicas que estratificam o risco individual.
12 – Fruzzetti F. et al. 2021 Estetrol: uma nova escolha para a contracepçãoResumir o conhecimento atual sobre o E4, focando a atenção em sua nova aplicação para contracepção hormonal.Doses baixas (15 mg) de E4 com DRSP (3 mg) mostraram resultados promissores em termos de padrão de sangramento e controle do ciclo, também quando comparado a outros COCs contendo estrogênios sintéticos. A associação de efeitos são limitados sobre os lipídios séricos, fígado, níveis de SHBG e metabolismo de carboidratos, o que pode levar a um risco menor de TEV  do que os COCs contendo nos EE.
13 – Keenan L.  et al. 2018 Revisão Sistemática de Contracepção Hormonal e Risco de Trombose VenosaFornecer uma visão abrangente atual do risco de TV confirmada objetivamente com HC em mulheres saudáveis em comparação com não-usuárias15 publicações analisadas.  CO com levonorgesterol aumentaram o risco de TV em uma faixa de 2,79 a 4,07, enquanto outras preparações hormonais orais aumentaram o risco de 4,0 a 48,6.  Dispositivos intrauterinos com levonorgestrel não aumentaram o risco.  Os anéis vaginais de etonogestrel/etinilestradiol aumentaram o risco de TV em 6,5.  Os adesivos de norelgestromina/etinilestradiol aumentaram o risco de TV em 7,9.  Implantes subcutâneos de etonogestrel por 1,4 e medroxiprogesterona de depósito por 3,6.  O risco de TV fatal foi aumentado em mulheres de quinze a vinte e quatro anos em 18,8 vezes.

Fonte: Elaborado pelos autores (2022).



3 DISCUSSÃO

A análise dos estudos literários que compuseram esta pesquisa revelaram três categorias temáticas a saber 1. Os contraceptivos orais e a modificação da estrutura vascular, 2. A trombose secundária à utilização do Anticoncepcional, 3. Terapia hormonal e o risco de trombose

3.1 Os contraceptivos orais e a modificação da estrutura vascular

A trombose venosa consiste em uma patologia causada pela obstrução de um vaso sanguíneo devido ao excesso de estruturas compostas por fibrinas e plaquetas. Ela pode ocorrer em todo organismo, sendo que em 90% dos casos os membros inferiores são os mais acometidos(GONDIM; ALMEIDA; PASSOS, 2022).

A TVP é causada em veias profundas, e pode ser desencadeada por vários fatores.  Os fatores de riscos da TVP são classificados como hereditários ou idiopáticos e, adquiridos ou provocados. Os fatores hereditários apresentam como riscos a resistência à proteína C, hiperhomocisteinemia, aumento do fribrinogênio, dentre outros. São exemplos de fatores adquiridos obesidade, doenças mieloproliferativas, traumas e terapia estrogênica (GONDIM; ALMEIDA; PASSOS, 2022).

Rezendeet al.(2017) verificaram que o uso de anticoncepcionais orais aumenta em cerca de três vezes o risco de Trombopatias. No caso de pacientes com mutações na protrombina e no fator V de Leiden, com aumento nas proteínas C-reativas em fatores de coagulação e na redução de anticoagulantes, tal risco se eleva.

Os contraceptivos hormonais modulam a função endotelial macrovascular, dependendo do tipo de progestina, da dose de EE para a progestina e da via de administração do contraceptivo (WILLIAMS, MACDONALD;2021, GIALERAKI;et al., 2018). Segundo Morais, Santos e Carvalho(2019), vários componentes das fórmulas dessas medicações podem aumentar a cascata de coagulação (VI, VII, VIII, IX, X, XII, XIII), além de reduzir os anticoagulantes naturais (Proteína C e S), e alteram a viscosidade do sangue e da parede vascular pelo aumento da produção fibrinogênio e trombina. Assim, a função endotelial parece estar prejudicada principalmente na fase ativa em usuárias de ACO de segunda geração, sendo esse efeito reduzido, ou podendo até ter uma melhora física na função endotelial com usuárias de ACO de terceira e quarta geração (WILLIAMS, MACDONALD; 2021, MORAIS, SANTOS, CARVALHO; 2019,  DRAGOMAN et al., 2018).

 

3.2 A trombose secundária à utilização do anticoncepcional oral

Há uma frequente relação estabelecida entre casos de trombose venosa profunda e mulheres que fazem uso de pílula anticoncepcional. Destaca-se que a prevalência deste evento maior em 4 situações: o aumento da idade, anticoncepcionais de terceira geração, primeiro ano de uso e a falta de informação, todos esses fatores juntos levam a uma chance muito grande do desenvolvimento de efeitos trombóticos (SILVA et al., 2021; GONDIM et al., 2021).

Segundo Gialeraki et al. (2018), os medicamentos contendo estrogênio, prescritos para contracepção em mulheres em idade reprodutiva ou para prevenção de eventos cardiovasculares e osteoporose, bem como para alívio de sintomas relacionados à menopausa, estão associados a alterações no equilíbrio hemostático e contribuem para o aumento do risco de desenvolvimento de doenças venosas e complicações tromboembólicas. Este risco depende da dose e da medicação, aumenta com a idade, predisposição congênita e/ou adquirida à trombose e modo de administração.

O uso de hormônios sexuais como pílula anticoncepcional combinada aumenta significativamente o risco de trombose venosa profunda, sobretudo em pacientes com risco aumentado de complicações tromboembólicas. O risco relativo aumentado associado aos hormônios sexuais depende do tipo e da dose do hormônio, da via de administração (oral, vaginal e transdérmica), bem como de combinações específicas de componentes de estrogênio e progestina (SAMPAIO et al., 2019).

Resultados semelhantes foram encontrados em um estudo realizado por Rocha et al. (2021), em que o risco de tromboembolismo venoso era maior em consumidores de contraceptivos orais combinados. Por esse motivo, é importante informar às pacientes em uso de COCs sobre a trombose venosa, especialmente em idosos, obesos ou no período pós-parto. Portanto, além da importância do uso racional dos anticoncepcionais orais combinados e da vigilância de eventos tromboembólicos, os médicos também precisam compreender a importância do diagnóstico precoce, avaliação correta e tratamento padronizado da trombose venosa cerebral. No entanto, sabe-se que tal cenário permanece e é um desafio na área médica dos dias hodiernos (ROCHA, et al., 2021).

Esse achado é ratificado pelos estudos de Dragoman e seus colaboradores (2018) onde os foi identificado que o uso dos contraceptivos orais combinados (COCs) contendo vários progestagênios pode estar associado a riscos de tromboembolismo venoso. Para os autores a utilização de COCs contendo acetato de ciproterona, desogestrel, dienogest, drospirenona, ou gestodeno foi associada a um risco aumentado de tromboembolismo venoso em comparação com o uso de COCs contendo levonorgestrel, pois o componente progestagênio pode ter um papel na formação do coágulo aumentando assim os números de TEV entre usuárias desse tipo de contracepção oral combinada.

Segundo Gondim et al. (2022), a maioria dos estudos atuais indicam que o surgimento da TVP está ligado às alterações que esses medicamentos provocam no equilíbrio hemostático somado a fatores como o uso contínuo de anticoncepcionais orais compostos por estrógeno, idade, peso e em mulheres com predisposição ao desenvolvimento de fenômenos tromboembólicos hereditários. Pesquisas mostraram que até os 15 anos de idade quase metade das mulheres entrevistadas já haviam iniciado a vida sexual. Devido a isso, faz-se necessária a escolha de um método contraceptivo, bem como o início do planejamento familiar.

Para Gialeraki et al. (2018), está bem estabelecido que o uso de ACO confere uma série de alterações nas pro-coagulantes, anticoagulantes e fibrinolíticas. Além disso, está associado ao aumento dos níveis de fatores pro-coagulantes (circulantes no plasma, como fibrinogênio (Fl), protrombina (FIl), fatores VII, VIII e X, bem como à diminuição moderada do fator V pro coagulante (PV), com aumento do risco de trombose. Os estudos apontam que mulheres com mais 40 anos que usaram anticoncepcionais orais, apresentam maior risco em comparação com mulheres mais jovens.

            Nesse sentido, Keenan et al. (2018), por meio de uma revisão sistemática constataram que os contraceptivos hormonais utilizados na atualidade predispõem as pacientes a um risco de três a nove vezes maior de desenvolver trombose venosa em comparação com as que não utilizam. Os riscos diferem de acordo com o método utilizado, haja vista contraceptivos de terceira geração que têm cerca de duas vezes o risco das outras gerações (DRAGOMAN et al., 2018; SILVA et al., 2021; KEEMAN et al., 2018, HANG et al. 2022).

Outro dado relevante diz respeito ao fato de a obesidade ter se mostrado como fator que pode dobrar o risco de desenvolvimento do tromboembolismo venoso em comparação com pacientes de peso normal. Esse risco é potencializado quando o uso é feito durante o primeiro ano, particularmente em mulheres com menos de trinta anos, em que o risco aumenta treze vezes (Keenan et al., 2018).  Soares, Santana e Marques (2022), corroboram com os estudos de Keenan e apontam, também entre os fatores de risco relacionados para o desenvolvimento do tromboembolismo a adiposidade, repouso estático, faixa etária, fibrilação arterial, tabagismo e Diabetes Mellitus tipo 2.

3.3 Terapia hormonal e o risco de trombose

Os achados deste estudo apontaram também a cerca da utilização do Estetrol (E4), um  esteroide estrogênico fetal natural o qual vem sendo utilizado como Anticoncepcional (GRANDI, et al., 2020). 

            Em uma análise realizada por Fruzzetti et al. (2021) podem ser identificadas informações relevantes acerca do uso do estrogênio natural humano, o Estetrol (E4), e que suas propriedades o tornam uma molécula útil para terapias hormonais e contracepção. Foi demonstrado um bom efeito contraceptivo e controle do ciclo, com efeito metabólico neutro. No entanto, ainda muito pouco se sabe sobre os efeitos dessa nova combinação na mama, nos ossos e sistema cardiovascular. Também não são apresentados relatos a respeito da relação e de desenvolvimento de trombose pós utilização do E4 como contracepção. Segundo os autores, estudos pós comercialização ainda são necessários para consolidar os dados disponíveis e explorar todos os possíveis efeitos colaterais e riscos do uso a longo prazo. Tais achados corroboram com a literatura no que diz respeito ao efeito metabólico neutro do Estetrol diante da utilização do mesmo como contraceptivo e, sua boa eficácia o que, pode uma alternativa de utilização em mulheres com risco baixo de desenvolvimento de tromboembolismo associado à terapêutica (GRANDI, et al., 2020,  MENDES, 2022).

4. CONCLUSÃO 

O estudo analisou o impacto dos anticoncepcionais orais na hemostasia, observando aumento nos fatores de coagulação e redução nos anticoagulantes naturais devido à presença de estrogênio. Além disso, identificou uma relação entre eventos trombóticos, a dose e a duração do uso desses medicamentos. Destacou-se também a importância da progesterona nesse contexto, evidenciando que desequilíbrios hemostáticos não dependem apenas da concentração de estrogênio, mas também da combinação com a progesterona.

Dado o amplo uso global dos contraceptivos orais, enfatizou-se a necessidade de discussões mais abrangentes com as mulheres, alertando sobre os potenciais riscos trombóticos, que podem ser fatais. Salientou-se que esses medicamentos não são adequados para todas as mulheres, sendo essencial o acompanhamento médico para avaliar benefícios e riscos. Também foi destacada a subnotificação de eventos adversos relacionados ao desconhecimento da população sobre os riscos, enfatizando a importância da disseminação de informações para garantir uma aplicação mais segura e eficaz desses contraceptivos.

5. REFERÊNCIAS

CAVALLARO, F. L. et al. A systematic review of the effectiveness of counselling strategies for modern contraceptive methods: what works and what doesn’t? BMJ Sexual and Reproductive Health, v. 46, n. 4, p. 254–269, 2020.

CHARLO, P. B.; HERGET, A. R.; MORAES, A. O. Relação entre trombose venosa profunda e seus fatores de risco na população feminina. Global Academic Nursing Journal, v. 1, n. 1, p. e10, 2020.

CORRÊA, D. A. S. et al. Fatores associados ao uso contraindicado de contraceptivos orais no Brasil. Revista de Saúde Publica, v. 51, n. 1, p. 1–10, 2017.

DRAGOMAN, M. V. et al. A systematic review and meta‐analysis of venous thrombosis risk among users of combined oral contraception. International Journal of Gynecology & Obstetrics, v. 141, n. 3, p. 287–294, 22 jun. 2018.

DUARTE, A. J. V. G. Os anticoncepcionais orais como fatores de risco para a trombose venosa profunda. [s.l.] Centro Universitário de Brasília, 2017.

FRUZZETTI, F. et al. Estetrol: A New Choice for Contraception. Journal of Clinical Medicine, v. 10, n. 23, p. 5625, 29 nov. 2021.

GRANDI, G; SAVIO, MCD; SILVA-FILHO, A.L.; FACCHINETI, F. Estetrol (E4): the new estrogenic component of combined oral contraceptives. Expert Review of Clinical Pharmacology, 2020, 13.4: 327-330.

GIALERAKI, A. et al. Oral Contraceptives and HRT Risk of Thrombosis. Clinical and Applied Thrombosis/Hemostasis, v. 24, n. 2, p. 217–225, 2018.

GONDIM, A. C. S.; ALMEIDA, C. S. A. DE; PASSOS, M. A. N. Influência do anticoncepcional hormonal oral no surgimento da trombose venosa profunda. Revisa, v. 11, n. 2, p. 120–126, 2022.

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Médica, especialista em Medicina de Família e Comunidade – UFPI
https://orcid.org/0009-0002-2164-2961

Enfermeira, EBSERH – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares/HU UNIVASF
https://orcid.org/0009-0006-1929-8726

Enfermeira, EBSERH – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares/HU UNIVASF
https://orcid.org/0000-0002-1895-1782

Enfermeira, EBSERH – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares/HU UFMA
https://orcid.org/0009-0007-0966-9332

Enfermeiro, EBSERH – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares/HU UNIVASF
https://orcid.org/0009-0003-6203-1873

Enfermeiro, Universidade Federal do Vale do São Francisco/UNIVASF
https://orcid.org/0000-0002-3490-8100

Enfermeira, EBSERH – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares/HU UNIVASF
https://orcid.org/0009-0009-6469-1545

Enfermeira, EBSERH – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares/HU UNIVASF
https://orcid.org/0000-0002-6326-8827

Enfermeiro, EBSERH – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares/HU UNIVASF
https://orcid.org/0009-0009-7279-7622

Enfermeira, EBSERH – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares/HU UNIVASF
https://orcid.org/0009-0001-8870-519X