AS NUANCES DA PSICANÁLISE

THE NUANCES OF PSYCHOANALYSIS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10600707


Enoque Barbosa De Azeredo


RESUMO

Este artigo fundamenta-se numa reflexão sobre as nuances da psicanálise em sujeitos com os seus problemas que deram origem em seus desejos reprimidos, relegados ao inconsciente.

Palavras-chave: Processos psíquicos do inconsciente; Psicanálise; Nuances.

ABSTRACT

This article is based on a reflection on the nuances of psychoanalysis in subjects with their problems that gave rise to their repressed desires, relegated to the unconscious.

Key words: Psychic processes of the unconscious; Psychoanalysis; Nuances.

1 APRESENTAÇÃO

O objetivo deste estudo foi investigar sobre a Psicanálise focando o olhar de Sigmund Freud, que não pode mais dissociar a figura do mesmo da origem e consolidação do sistema Psicanalítico, ele trouxe uma contribuição essencial à Teoria Psicanalítica.

2 DESENVOLVIMENTO

A Psicanálise é um campo clínico e de investigação teórica desenvolvido por Sigmund Freud.  Ele foi médico, sua especialização foi em Neurologia, era vienense, nascido em 1856.  Propõe-se à compreensão e a análise do homem, compreendido enquanto “sujeito do inconsciente”.  Essencialmente é uma teoria da personalidade e um procedimento de Psicoterapia.

Um dos marcos que o século XX deixará para a posteridade é a Psicanálise e a descoberta do inconsciente como etapa significativa da busca que o sujeito realiza à procura de si mesmo.  

Os primórdios da Psicanálise datam de 1882, quando Freud, médico recémformado, trabalhou na Clínica Psiquiátrica de Theodor Meynert, e mais tarde, em 1885, com o médico francês Charcot, no Hospital Salpêtriere “Paris França”.  Freud era um médico interessado em achar um tratamento efetivo para pacientes com sintomas de neurose ou histeria.  Ao escutar seus pacientes, ele acreditava que seus problemas se originaram da inaceitação cultural, ou seja, seus desejos eram reprimidos, relegados ao inconsciente.  Observou também que muitos desses desejos se tratavam de fantasias de natureza sexual.

O método básico da Psicanálise é o manejo da transferência e da resistência em análise.  O analisado, numa postura relaxada, é solicitado a dizer tudo o que lhe vem à mente, “introspecção e associação livre”.  Suas aspirações, angústias, sonhos e fantasias são de especial interesse na escuta, como também todas as experiências vividas são trabalhadas em análise.  Escutando o analisado, o analista tenta manter uma atitude empática de neutralidade, uma postura de não-julgamento, a fim de criar um ambiente seguro.

As teorias psicanalíticas de Freud, que foram construídas por mais de 50 anos, são os estudos sobre a histeria, escritos com Brener em 1883-1895; A interpretação dos sonhos, 1900; Psicopatologia na vida cotidiana, de 1901; Três ensaios para uma teoria sexual, de 1905; Os três casos clínicos de 1909-1911 (O pequeno Hans; O “homem dos ratos”; O caso Schreber); Os instintos e seus destinos, de 1915; Luto e melancolia, de 1917; Mais além do princípio do prazer, de 1920; O Ego e o Id, de 1923; Inibição, sintoma e angústia, de 1926 (BOWDON, 2012).

3 ENTREVISTAS

Entrevistas feitas com um psicanalista, Dr. Isaias Pinheiro, e com a psicanalista, Drª Maria Helena.

Foram feitas as seguintes perguntas ao Dr. Isaias:

1 – Você acha que o sujeito do século XXI tem paciência de lançar-se sobre um divã e fazer associação livre?

R:  Sim, apesar que algumas abordagens oferecem tratar os sintomas e não ir a causa desses sintomas; a medida que o sujeito inicia o processo analítico passa pelo processo de resistência, mas o bom analista sabe contornar essa situação junto ao cliente.

2 – A Psicanálise de Freud e de seus pacientes o levaram à crença de que neuroses eram desenvolvidas de desejos sexuais reprimidos e que sonhos também eram expressões desses sentimentos reprimidos.  Você concorda com esse olhar de Freud? 

R:  Sim, porque a sexualidade tem uma importância fundamental na Psicanálise, mas não tem um sentido restrito, apenas genital.  Tem um sentido mais amplo, toda e qualquer forma de gratificação ou busca de prazer.  Sendo assim, a sexualidade neste sentido amplo existe desde o nascimento.

3 – O que é mais gratificante na sua profissão?

R: Observar a melhora do cliente, ele chega no consultório trazendo os sintomas que o incomoda, e, paulatinamente ao trazer o seu inconsciente para o consciente apresenta melhora dos sintomas.

Perguntas feitas a Drª Maria Helena:

1 – No seu olhar como profissional, fale sobre a Psicanálise:

R:  A Psicanálise foi fundada em 1900 por Freud, quando ele descobre o inconsciente, antes mesmo dela estar fundada oficialmente, o período prépsicanalítico, a partir daí surgem pessoas que se encantam pela Psicanálise e que são chamados estudiosos da teoria psicanalítica.  Enquanto outras que gostam da teoria, mas também querem clinicar e tornam-se psicanalistas.  Pra ser psicanalista ele precisa ter um tripé e a sua formação ocorre depois disto:  análise pessoal, análise teórica e supervisão clínica.  Ele precisa, além de ser graduado, praticar o estudo teórico permanente.

2 – Qual a função do psicanalista frente ao sujeito?

R:  Na clínica, a Psicanálise funciona através do inconsciente.  O psicanalista opera a partir das formações do inconsciente e elas são:  os sonhos, ato falho, sintoma…  O inconsciente aparece e não está localizado no cérebro, o inconsciente sai através das palavras, dos tropeços das palavras, então é com isso que o psicanalista vai trabalhar, que o inconsciente saia através das palavras e decifrar sonhos.

4 CONCLUSÃO

Antes de Freud já se falava sobre o inconsciente, mas o conceito criado por ele foi inovador para a época em que vivia.  Ele conseguiu decifrar a ligação entre o consciente e o inconsciente por meio de dois mecanismos básicos:  a condensação e o deslocamento.  O mecanismo de deslocamento representa a capacidade que as ideias e pensamentos têm, no inconsciente, de dar valor a outras ideias usando, muitas vezes, uma censura.  A condensação, por outro lado, possibilita que um pequeno detalhe do sonho assuma um significado importante em sua interpretação.  

Tudo o que se encontra no inconsciente é o resultado da percepção do sujeito.  O consciente dá ao sujeito acesso ao sistema motor e controla todas as ações do ser humano.  É de grande valia sinalizar que a realidade que chega ao consciente já passou pelo inconsciente.  Tal situação quer demonstrar que ela já foi analisada, “passou” pela consulta que se baseia em conceitos pessoais, como o que é certo ou errado, o que pode e o que não pode.

Outro ponto a ser levado em conta sobre o inconsciente é que ele introduz na dimensão da consciência uma opacidade.  Isto indica um modelo no qual a consciência aparece, não como instituidora de significatividade, mas sim como receptora de toda significação desde o inconsciente.  Pode-se prever que a mente inconsciente é um outro “eu”, e essa é a grande ideia de que temos no inconsciente uma outra personalidade atuante, em conjuntura com a nossa consciência, mas com liberdade de associação e ação.

Na contemporaneidade, a Psicanálise já não se limita a prática e tem uma amplitude maior de pesquisa, centrada em outros temas e cenários, desenvolvendose como uma ciência psicológica autônoma.  Hoje fica muito difícil afirmar se a Psicanálise é uma disciplina da Psicologia ou uma Psicologia própria.

REFERÊNCIA

BOWDON, Tom Butler.  50 grandes mestres da Psicologia.  São Paulo:  Universo dos Livros, 2012.