REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10575523
Dianefer Vizzotto1
Maria Regina Martinez2
RESUMO
Introdução: Tratar os conceitos que abrangem a gestão em saúde é sempre um desafio nos diferentes níveis hierárquicos. Especialmente num cenário global de crise, incertezas futuras, instabilidade políticas e socioeconômicas. Estudos como este, fundamentados na rotina da Gestão dos serviços de saúde trazem importantes contribuições para a aprimoramento técnico-profissional dos diversos agentes que atuaram durante a pandemia e atuam nos casos remanescentes de COVID-19. Objetivos: Demonstrar através da análise de referenciais bibliográficos já publicados, entre o ano de 2019 a 2022, os desafios apresentados aos gestores de saúde e as equipes multidisciplinares durante a Pandemia do Covid-19 e nortear os novos processos advindos de tal realidade. Métodos: Estudo teórico reflexivo acerca do tema, da pandemia do Coronavírus no âmbito nacional e internacional da OMS, Ministério da Saúde, ANVISA e bases PUBMED/MEDLINE, LILACS, SCIELO entre o ano de 2019 e 2022. Resultados: Durante a pandemia da COVID-19, gestores de saúde e equipes multidisciplinares enfrentaram uma série de desafios complexos e dinâmicos. Alguns dos principais desafios incluíram: Sobrecarga do Sistema de Saúde; Gestão de Recursos Limitados; Adaptação Rápida e Flexível das equipes Multidisciplinares; Suporte à Saúde Mental; Comunicação Efetiva; Vacinação em Massa e Equidade no Acesso à Saúde. A gestão bem-sucedida desses desafios durante a pandemia exigiu colaboração, liderança resiliente, inovação e uma abordagem multidisciplinar para enfrentar as complexidades em constante evolução da situação Considerações Finais: A pesquisa efetuada, somada à experiência pessoal das autoras durante a pandemia, permite atestar as diversas dificuldades na gestão hospitalar no contexto da Covid-19: observando que, realização de mudanças estruturais foram necessárias para atender com segurança a todos os pacientes; gerenciamento de recursos humanos, mesmo que muitos medos por parte dos contratados, adequação de colaboradores e realocação em setores, realizando treinamentos e atendimentos para garantir sua segurança e bem estar; o desafio dos afastamentos por adoecimento dos colaboradores, com mudanças sucedendo-se quase diariamente; gestão dos suprimentos.
PALAVRAS-CHAVE: Gestão. Equipes Multidisciplinares. Serviços em Saúde. Pandemia. Covid-19. Desafios.
1 INTRODUÇÃO
Tratar os conceitos que abrangem a gestão em saúde é sempre um desafio nos diferentes níveis hierárquicos. Especialmente num cenário global de crise, incertezas futuras, instabilidade políticas e socioeconômicas.
A Doença pelo Coronavírus constituiu um relevante problema emergente de saúde pública. Em dezembro de 2019 foi identificado pela primeira vez uma nova variante do coronavírus, denominado de SARS-COV-2, em Wuhan na China, que rapidamente se espalhou para outras regiões desse país assim como para diferentes países e territórios, passando a ser considerada uma pandemia pela Organização Mundial de Saúde no dia 11 de março de 2020 (AUGUSTA; PALÁCIO; TAKENAMI, 2020).
As conjunturas nacional e internacional apontam vulnerabilidades não apenas nas estruturas de prestação de serviços de assistência à saúde, mas também no âmbito social, econômico-financeiro, político e educacional. A rapidez com que o novo coronavírus se alastrou mundialmente, carregou consigo desafios para as organizações e sociedade, com potenciais efeitos presentes e futuros (RODRIGUES; JÚNIOR, VIEIRA, MIRANDA, 2020).
Os custos operacionais também sofreram impactos consideráveis. Em especial a elevação de preços na cadeia de suprimentos, sobrecarregando a gestão financeira das instituições de saúde, que buscaram em tempo real o aprimoramento dos processos logísticos e as adaptações em seus quadros de funcionários.
Os medicamentos e equipamentos diretamente relacionados ao tratamento da Covid-19 sofreram um aumento exponencial ocasionado pela demanda abrupta dos mesmos e pela escassez do mercado nacional e internacional.
Estudos realizados pela Federação Nacional de Saúde Suplementar (2021), através da análise das faturas de dois milhões de beneficiários, descrevem que as internações se tornaram mais prolongadas bem como uma disparada dos preços de insumos, o custo da internação de Covid em Unidade de Tratamento Intensivo – UTI também avançou. Em janeiro de 2021, os atendimentos aos pacientes com a doença consumiam em média, R$ 78,8 mil por pessoa internada. Em abril, o custo saltou para R$ 100,6 mil, o que corresponde a um aumento de 27%. O estudo mostra ainda que a Covid-19 puxou fortemente o consumo e os preços de medicamentos do kit intubação usado em pacientes com a doença.
Os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como máscaras, luvas e aventais, fundamentais para a segurança dos profissionais que atuam e atuaram no tratamento dos pacientes com Covid-19, também tiveram seus preços elevados (FENASAÚDE, 2021).
A adoção de parâmetros internacionais, ocasionado pelo início da vigência da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018, acrescentou mais um fator dificultante no trabalho dos gestores que, em um curto período de tempo tiverem que aderir a uma série de normas a fim de que pudessem continuar a comercializar com as empresas e entidades signatárias das mesmas normas.
A LGPD, define como deve ser o tratamento de dados pessoais, por pessoa física ou jurídica, abrangendo também os meios digitais, com o intuito de proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade dos indivíduos, proporcionando maior segurança ao público geral (BRASILIA (DF), 2018).
A definição de dados pessoais veio na própria Lei, que em seu art. 5º e incisos traz o que pode ser definido como dados pessoais e suas várias hipóteses, não só na definição simples de dado pessoal como ainda a definição sobre dado pessoal sensível, e dados anonimizados (BRASILIA (DF), 2018).
Os dados pessoais, segundo a LGPD, são classificados como sensíveis, ou seja, aqueles que por suas características intimas e subjetivas ganha uma maior tutela do Estado, e anonimizados, ou seja, aqueles que não é possível se identificar o seu titular (MACHADO, 2021).
Essa proteção deve ser realizada a fim de garantir que todas as informações coletadas sejam autorizadas pelo usuário e este usuário deve ter ciência de quais informações foram coletadas e para qual finalidade será utilizada (MACHADO, 2021).
A geração atual de profissionais da saúde nunca havia se deparado com uma pandemia de tal magnitude e numa demonstração de resiliência implementou novos Procedimentos Operacional Padrão (POPs) e normas adequados ao cenário pandêmico com resultados variados.
A Organização Panamericana da Saúde (OPAS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiram o ano de 2020 como o ano dos profissionais de enfermagem e obstetrizes. Um ano que começou com muito otimismo por parte dos profissionais de enfermagem, que há tanto tempo lutam por melhorias na profissão e finalmente havia um esforço coletivo e internacional para valorização da mesma.
Os impactos socioeconômicos da Pandemia COVID-19 em toda sociedade foram replicados na Rede Pública e Privada de saúde, ocasionando mudanças profundas na Gestão de Saúde em um curto período de tempo, onde os gestores se viram obrigados a realizar diversas adaptações, como obras, aquisição de equipamentos, contratação emergencial de profissionais das diversas áreas, entre outras. Onde atender as normas reguladoras e acompanhar a legislação foi uma das grandes dificuldades da gestão em saúde.
Esta nova ótica na gestão ampliou as possibilidades de atuação das equipes, implicando em um novo sistema de saúde pós COVID-19, que está sendo desafiador e demandará mudanças no investimento em pesquisa, tecnologia e qualificação dos quadros.
Lideranças que ajudam a lidar com as incertezas e com o novo, tornam-se fundamentais. Neste contexto emergiu o seguinte questionamento: Quais foram os desafios apresentados aos gestores de saúde e as equipes multidisciplinares durante a Pandemia do COVID-19?
Acredita-se que estudos como este, fundamentados na rotina da Gestão dos serviços de saúde trazem importantes contribuições para a aprimoramento técnico-profissional dos diversos agentes que atuaram durante a pandemia e atuam nos casos remanescentes de COVID-19.
Do ponto de vista acadêmico, esta pesquisa trouxe subsídios teóricos e práticos ao ampliar a discussão sobre a pandemia da COVID-19 de forma que, os paradigmas surgidos para favorecer os resultados nas ações desenvolvidas no âmbito da gestão e educação, tragam impactos positivos para toda a sociedade.
Dessa forma, destaca-se a importância da resiliência da Rede Pública e Privada de Saúde que, apesar do quadro desafiador apresentado, demostrou-se eficiente na busca de soluções e adaptações diante do novo cenário.
Diante do exposto, fica evidente a importância da gestão consciente dos recursos financeiros e humanos que estão sendo empregados na atualidade, afim de que sejam alcançados o sucesso no tratamento e prevenção da população, trazendo padrões e normas a serem implementados ao longo dos anos. Essas transformações se refletirão em uma assistência de qualidade e na satisfação do cliente, somando-se ao reconhecimento e cooperação do grupo de trabalho.
O objetivo foi demonstrar através da análise de referenciais bibliográficos já publicados, entre o ano de 2019 a 2022, os desafios apresentados aos gestores de saúde e as equipes multidisciplinares durante a Pandemia do Covid-19 e nortear os novos processos advindos de tal realidade.
Estes estudos teórico reflexivo, aprofundou-se em pesquisa acerca do tema, da pandemia do Coronavírus no âmbito nacional e internacional, como publicações da OMS, Ministério da Saúde, Anvisa e nas bases de dados PUBMED/MEDLINE, LILACS, SCIELO, utilizando a seguinte estratégia de busca: (“gestão em saúde e COVID-19”) AND (“equipe multidisciplinar“) AND (“Manejo COVID-19”) AND (“Assistência na COVID-19”) AND (“Protocolo COVID-19”) AND (“Enfrentamento a pandemia e COVID-19”) AND (“Saúde do trabalhador e COVID-19”) AND (“Gestão em Saúde e COVID-19”) AND (“Atuação na assistente de enfermagem e COVID-19”) AND (“Exercício profissional diante da pandemia do COVID-19”).
Por se tratar de um artigo reflexivo, e não de uma revisão de literatura, não foram estabelecidos critérios específicos para a exclusão ou inclusão de materiais bibliográficos. As autoras optaram por utilizar referências teóricas indicadas por elas mesmas, considerando a relevância desses textos clássicos para a abordagem do tema em questão.
O processo de reflexão iniciou-se com a leitura analítica dos trabalhos selecionados, seguido de leitura comparativa e crítica, discussão de vivências práticas nos cenários de atuação multiprofissional que culminou com este ensaio teórico reflexivo.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 O Contexto Da Pandemia COVID-19 nas Gestões de Saúde
A pandemia de COVID-19 teve um impacto significativo nas gestões de saúde em todo o mundo, desencadeando uma série de desafios e demandas extraordinárias para os sistemas de saúde. O contexto da pandemia trouxe à tona uma complexidade sem precedentes, afetando não apenas a prestação de serviços de saúde, mas também os aspectos estruturais, organizacionais e políticos desses sistemas.
Em 31 de dezembro de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi alertada sobre vários casos de pneumonia na cidade de Wuhan, província de Hubei, na República Popular da China. Tratava-se de uma nova cepa (tipo) de coronavírus que não havia sido identificada antes em seres humanos (OPAS,2020).
Uma semana depois, em 7 de janeiro de 2020, as autoridades chinesas confirmaram que haviam identificado um novo tipo de coronavírus. Os coronavírus estão por toda parte. Eles são a segunda principal causa de resfriado comum (após rinovírus) e, até as últimas décadas, raramente causavam doenças mais graves em humanos do que o resfriado comum (OPAS,2020).
A pandemia causada pelo Coronavírus evidenciou uma crise de Saúde inédita
no mundo, o que tornou ainda mais necessário um bom planejamento por parte de
seus gestores para o enfrentamento dessa situação (SANCHEZ, 2020).
Com os acontecimentos causados pela Covid-19, as instituições hospitalares viram-se forçadas a alterar processos de trabalho e mesmo sua estrutura, de modo a prestar o melhor atendimento possível aos pacientes em situação emergencial. No entanto, essa transformação também exige especificamente de seu administrador uma postura de tomada de decisão e ações objetivas para que a instituição cumpra seu papel sem negligenciar as diferentes demandas que surgem a cada momento (ARAÚJO; BOHOMOL; TEIXEIRA, 2020).
Nesse contexto, a alta administração precisa aliar inteligência emocional à expertise, para realizar uma gestão eficaz e transparente, sem perder o foco no atendimento de excelência aos pacientes e seus acompanhantes, bem como manter sua equipe de colaboradores firme no propósito que é a prestação de serviço de saúde com qualidade.
Na Gestão Hospitalar, um dos maiores desafios e objetivos é manter todos os segmentos do Hospital funcionando simultaneamente, com eficiência e qualidade.
Mas as instituições de saúde, tanto as privadas quanto as públicas, estão sendo
moldadas às novas exigências do mercado, como demonstram LOUZADA, STANG e
CALABREZ (2008), citado por Daniela de Bona (2016, p. 5).
Além da parte assistencial propriamente dita, há diversos setores de apoio, como lavanderia, hotelaria, farmácia, faturamento, nutrição e outros, cada um com suas necessidades específicas na Gestão.
Segundo o que afirma FONSECA et al. (2015 citado por COUTINHO, 2017), no Brasil são poucos os gestores hospitalares que possuem conhecimento em atividades administrativas, e a maioria deles é da área da saúde (médicos e/ou enfermeiros), ou seja, o conhecimento de gestão que possuem é advindo de suas experiências ao lidar dia a dia com organização hospitalar. Mas o mercado de trabalho, atualmente, está em busca de qualidade e excelência nos serviços prestados dentro das instituições de saúde, isso ocorre por conta dos próprios clientes/pacientes estarem mais exigentes.
O empenho de uma gerência formada por Profissionais formados e especializados na dinâmica hospitalar também facilita e otimiza a gestão.
Não se pode esquecer de avaliar a relação custo/benefício, que também é de suma importância na promoção e melhoria da saúde, independentemente de sua complexidade e porte hospitalar.
3 RESULTADOS
Durante a pandemia da COVID-19, gestores de saúde e equipes multidisciplinares enfrentaram uma série de desafios complexos e dinâmicos. Alguns dos principais desafios incluíram: – Sobrecarga do Sistema de Saúde; Gestão de Recursos Limitados; Adaptação Rápida e Flexível das equipes Multidisciplinares; Suporte à Saúde Mental; Comunicação Efetiva; Vacinação em Massa e Equidade no Acesso à Saúde.
A gestão bem-sucedida desses desafios durante a pandemia exigiu colaboração, liderança resiliente, inovação e uma abordagem multidisciplinar para enfrentar as complexidades em constante evolução da situação.
Para nortear os novos processos advindos da COVID-19, é importante adotar uma abordagem que leve em consideração aspectos de saúde, segurança, tecnologia, comunicação e adaptação organizacional.
Avaliar os riscos e impactos causados, identificando as vulnerabilidades e melhorias nos processos existentes integrados a tecnologia e adoção de medidas de saúde segurança nos trará um planejamento e uma orientação mais clara a possíveis enfrentamentos e desafios em evolução.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O legado deixado pela pandemia é inegável para os gestores de saúde bem como para todos os envolvidos. O setor evidenciou a disposição das organizações em protagonizar suas próprias histórias. Atingindo “a fórceps” o padrão de excelência na gestão da cadeia de suprimentos e demais setores das Instituições com a implementação de indicadores e um olhar estratégico para o acesso à saúde de qualidade, impactando a vida de muitas pessoas.
A pesquisa efetuada, somada à experiência pessoal das autoras durante a
pandemia, permite atestar as diversas dificuldades na gestão hospitalar no contexto
da Covid-19: observando que, realização de mudanças estruturais foram necessárias para atender com segurança a todos os pacientes; gerenciamento de recursos humanos, mesmo que muitos medos por parte dos contratados, adequação de colaboradores e realocação em setores, realizando treinamentos e atendimentos para garantir sua segurança e bem estar; o desafio dos afastamentos por adoecimento dos colaboradores, com mudanças sucedendo-se quase diariamente; gestão dos suprimentos.
Neste contexto, o modelo de gestão deve estar pautado em níveis estratégicos de planejamento, operacionalização, logística e administração financeira, para garantir o bom desempenho organizacional mesmo em momentos de crise e incertezas.
5 REFERÊNCIAS
ARAÚJO, P. M. C. G.; BOHOMOL, E.; TEIXEIRA, T. A. B. Gestão da Enfermagem em
Hospital Geral Público acreditado no enfrentamento da Pandemia por Covid-19.
Enfermagem Foco, v. 11, n. 1 esp., p. 192-195, 2020.
AUGUSTA, M.; PALÁCIO, V.; TAKENAMI, I. Em tempos de pandema pela COVID-19: o desafio para educação em saúde. Vigil. Sanit. Debate. v. 8, n. 2, p. 10-15, 2020.
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Resolução nº466, de 12 de dezembro de 2012. Dispõe sobre os aspectos éticos e legais envolvendo pesquisa com seres humanos. Brasília. Publicada no DOU n.12 – quinta feira, 13 de jun de 2013 – Seção 1 – Página.59. Disponível em: https://www.unifal- mg.edu.br/comiteep/files/file/Resolu%C3%A7%C3%A3o%20466%20-%2012- 12-2012%20-%20DOU%2013-06-13.pdf. Acesso em: 20 set. 2022.
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Acesso em 22 set. 2021.
1Enfermeira. Mestranda em Enfermagem. Discente do Programa de Pós-graduação da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Alfenas – MG. dianefer.vizzotto@sou.unifal-mg.edu.br
ORCID: 0009-0005-1164-1107
² Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Programa de Pós-graduação da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Alfenas – MG. maria.martinez@unifal-mg.edu.br
ORCID: 0000-0001-6300-8980
(PPGENF UNIFAL- MG)