PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES COM DIABETES GESTACIONAL ATENDIDAS EM PRÉ NATAL DE ALTO RISCO EM MANAUS-AM.

EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF PATIENTS WITH GESTATIONAL DIABETES ATTENDED IN HIGH-RISK PRENATAL CARE IN MANAUS-AM.

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES CON DIABETES GESTACIONAL ATENDIDAS EN ATENCIÓN PRENATAL DE ALTO RIESGO EN MANAUS-AM.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10572049


Dalet Zaine Araújo Muniz¹; Marisa Nunes Guedes¹; Stephany Caroline Menezes da Silva¹; Rayson Albert de Souza Feijó¹; José Fernandes de Souza Viana2.


RESUMO

Objetivo: Verificar a prevalência e o perfil epidemiológico de Diabetes Gestacional (DG) em gestantes atendidas em uma maternidade referência em pré-natal de alto risco em Manaus-AM. Métodos: Estudo quantitativo, de caráter descritivo-observacional realizado de maneira retrospectiva. Resultados: Os  resultados  encontrados foram levantados por meio dos critérios de inclusão cujas Gestantes atendidas tivessem sido diagnosticadas com DG no período de janeiro de 2021 a janeiro de 2023. Considerações finais: Identificar o estado de saúde das gestantes com diabetes ajuda a identificar pontos fortes e fracos relacionados à doença facilitando a criação de propostas que levem a uma melhor adesão ao tratamento, melhora dos níveis de açúcar no sangue e redução de resultados desfavoráveis para a saúde tanto da mãe quanto do binômio mãe e bebê. Diante das amostras analisadas totalizando 1112 obtendo 173 confirmações da doença é possível concluir que os índices relativamente baixo de diagnóstico de DMG. Vale ressaltar que alguns prontuários não apresentavam todas as informações o que pode ser um fator de diminuição dos casos. Diante dos resultados, sugere-se aumento de investimento em ações de planejamento familiar, orientação nutricional e capacitação dos profissionais de saúde para a orientação das gestantes.

Palavras-chave: Diabetes Gestacional, Pré-natal, Riscos

ABSTRACT

Objective: To verify the prevalence and epidemiological profile of Gestational Diabetes (GD) in pregnant women treated at a high-risk prenatal referral maternity hospital in Manaus-AM. Methods: This was a quantitative, descriptive-observational study conducted retrospectively. Results: The results found were surveyed through the inclusion criteria whose pregnant women had been diagnosed with GD in the period from January 2021 to January 2023. Final considerations: Identifying the health status of pregnant women with diabetes helps to identify strengths and weaknesses related to the disease, facilitating the creation of proposals that lead to better adherence to treatment, improvement of blood sugar levels and reduction of unfavorable health outcomes for both the mother and the mother-baby binomial. In view of the samples analyzed, totaling 1112, obtaining 173 confirmations of the disease, it is possible to conclude that the relatively low rates of diagnosis of GDM.It is noteworthy that some medical records did not present all the information, which may be a factor in the decrease in cases. In view of the results, it is suggested that there should be an increase in investment in family planning actions, nutritional guidance and training of health professionals to guide pregnant women

Key words:. Gestational Diabetes, Prenatal, Risks

RESUMEN

Objetivo: Verificar la prevalencia y el perfil epidemiológico de la Diabetes Gestacional (DG) en gestantes atendidas en una maternidad de referencia prenatal de alto riesgo en Manaus-AM. Métodos: Estudio cuantitativo, descriptivo-observacional, realizado retrospectivamente. Resultados: Los resultados encontrados se plantearon a través de los criterios de inclusión cuyas gestantes habían sido diagnosticadas de DG en el período comprendido entre enero de 2021 y enero de 2023. Consideraciones finales: Identificar el estado de salud de las gestantes con diabetes ayuda a identificar fortalezas y debilidades relacionadas con la enfermedad, facilitando la creación de propuestas que conduzcan a una mejor adherencia al tratamiento, mejora de los niveles de glucemia y reducción de resultados de salud desfavorables tanto para la madre como para el binomio madre-bebé. A la vista de las muestras analizadas, que totalizaron 1112, obteniendo 173 confirmaciones de la enfermedad, es posible concluir que las tasas relativamente bajas de diagnóstico de DMG. Cabe destacar que algunas historias clínicas no presentaron toda la información, lo que puede ser un factor en la disminución de casos. A la vista de los resultados, se sugiere que se incremente la inversión en acciones de planificación familiar, orientación nutricional y capacitación de profesionales de la salud para orientar a las gestantes.

Palabras clave: Diabetes Gestacional, Prenatal, Riesgos

INTRODUÇÃO

O Ministério da Saúde (MS) define o Diabetes Gestacional (DG) como uma intolerância aos carboidratos de graus e intensidades variados e diagnosticado pela primeira vez em algum momento da gestação, podendo ou não se estender no período pós-parto (BATISTA MHJ, et al, 2021). O diabetes gestacional (DG) é considerado como um problema de saúde pública, sendo a desordem metabólica mais comum da gestação. Estudos populacionais realizados nas últimas décadas apontam que a prevalência de DG varia de 1 a 37,7% com uma média mundial de 16,2%, isto dependendo do grupo étnico, da população estudada e do critério para diagnóstico utilizado (FEBRASCO, 2019).

As complicações decorrentes da DG são diversas e alarmantes, podem acometer tanto a mãe quanto o bebê, isto a curto e longo prazo. Nesse aspecto, dentre as possíveis repercussões maternas, Junqueira et al, 2021 apontam as complicações de síndromes hipertensivas, que são 25% dos casos, polidrâmnio, em 25 a 30% dos casos, além de infecções urinarias, pielonefrite, parto prematuro, necessidade de parto cesária, hipoglicemia, cetoacidose, risco de desenvolvimento de diabetes mellitus após a gestação, além de lesões vasculares nos rins e na retina. Em relação ao recém-nascido, a DG pode gerar malformações fetais, macrossomias fetais, tocotraumatismo, síndrome da angústia respiratória, hipoglicemia e hipocalcemia neonatal, icterícia, além de predispor esses conceptos à obesidade, síndrome metabólica e doença cardiovascular (SILVA JR, et al., 2016).

Aproximadamente 7% das gestações apresentam alguma complicação devido a DG, resultando assim em mais de 200 mil casos por ano (BATISTA MHJ, et al., 2021). O antecedente obstétrico de DG representa o principal fator de risco, sobre as mulheres, para o desenvolvimento de DM tipo 2 e de síndrome metabólica tanto que Silva et al, 2016 ressaltam que 15% a 50% das mulheres com DG apresentam risco de desenvolverem diabetes ou intolerância à glicose após a gestação.

Segundo a International Diabetes Federation (2015), o Brasil é o quarto país do mundo com maiores taxas de DM na população adulta, com cerca de 14,3 milhões de 6 pessoas de 20 a 79 anos com DM, o que levaria ao gasto anual de pelo menos US$ 21,8 bilhões. Diversos estudos sustentam que a hiperglicemia na vida intrauterina predispõe os conceptos à obesidade, síndrome metabólica, doença cardiovascular e alguns tipos de câncer na vida adulta. Esse forte relação pode ajudar a explicar a epidemia de doenças metabólicas que atinge os países desenvolvidos e em desenvolvimento, deixando, assim o Brasil entre os primeiros países com maiores índices de portadores DM (SILVA JR, et al, 2016).

É notório, assim, a grande prevalência DG na população mundial. Isso ocasiona elevação dos níveis de morbidade e mortalidade materna e perinatal, pois a DG expõe o binômio mãe-filho a diversas complicações, inclusive o óbito. Diante disso, aponta-se, também, o impacto a longo prazo, com o desenvolvimento de doenças crônicas, visto que a DG está intimamente relacionada ao desenvolvimento de síndromes metabólicas, como o DM tipo 2. Com o presente estudo tornar-se-á possível analisar a prevalência de DG em gestantes atendidas no município de Manaus, com o intuito de abranger seus perfis sociais e clínico-epidemiológico. Os dados levantados poderão auxiliar em medidas de promoção e prevenção de saúde, contribuindo para reverter essa grave e crescente doença, visto que ainda existem poucos estudos, realizados na região Norte, sobre tal problemática.

REVISÃO DE LITERATURA

O diabetes caracteriza-se como um conjunto de distúrbios metabólicos que apresentam hiperglicemia, isto devido à insulina reduzida. Esta redução ocorre por produção pancreática diminuída, liberação inadequada ou resistência periférica a esse hormônio (OPAN, 2017).

O Diabetes mellitus (DM) é dividida, principalmente, em DM tipo 1, DM tipo 2 e Diabetes gestacional. A DM tipo 1 é uma condição autoimune, em que ocorre a destruição das células beta-pancreáticas, resultando na deficiência geral de insulina. O DM tipo 2: possui etiologia multifatorial, está relacionada a resistência periférica à insulina. Essa  condição está relacionada a diversos fatores de risco, como sobrepeso, aumento de circunferência abdominal, raça, dentre outros. O DG é definido como intolerância aos carboidratos que ocorre em qualquer período da gravidez, ou seja, pode se iniciar no começo da gestação, ou ser detectada no decorrer dela (NAVARRO AM, et al., 2021); (FRANCO MD; PEREIRA MN;SILVA VRA, 2021).

É importante diferenciar O DG do DM diagnosticado durante a gestação, nesse aspecto a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) (2017) definem: Diabetes Gestacional (DG): mulher com hiperglicemia detectada pela primeira vez durante a gravidez, com níveis glicêmicos sanguíneos que não atingem os critérios diagnósticos para DM. Diabetes Mellitus diagnosticado na gestação (Overt Diabetes): mulher sem diagnóstico prévio de DM, com hiperglicemia detectada na gravidez e com níveis glicêmicos sanguíneos que atingem os critérios da OMS para a DM na ausência de gestação. O período gestacional é caracterizado como um estado de resistência aumentada à insulina, que é importante para manter o fornecimento de glicose ao feto. Logo, a hipoglicemia no jejum, devido a captação de glicose pela placenta (não insulino-dependente), a hiperglicemia pós-prandial e a intolerância aos carboidratos são condições esperadas (MARTINS-COSTA SH, et al., 2017). Ademais, essa resistência à insulina tende a ser ainda maior durante o 2º trimestre gestacional e tende a se estabilizar no 3º trimestre. Essas alterações são mediadas por hormônios como lactogênio placentário humano, estrogênio e progesterona. No entanto, a DG representa uma tolerância anormal à glicose durante a gestação, sendo um efeito exagerado das alterações fisiológicas induzidas pela gravidez no metabolismo dos carboidratos (PAPADAKIS MA; MCPHEE SJ; RABOW MW, 2014).

De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde – OMS (2017) condições como idade materna avançada (acima dos 35 anos), história familiar de DM em parentes de primeiro grau, antecedentes obstétricos desfavoráveis, como duas ou mais perdas gestacionais prévias, DG prévio, polidrâmnio, macrossomia (feto maior ou igual a 4000g), óbito fetal sem causa determinada e presença de malformações fetais estão relacionadas a maior incidência de DG.

O sobrepeso e a obesidade são fatores de risco consideráveis para o desenvolvimento de DG. Isto se torna mais alarmante devido ao aumento da epidemia de obesidade, sendo cada vez mais frequente em mulheres em idade fértil, ao ponto que estudos epidemiológicos e de cirurgia bariátrica sugerem que a redução considerável do peso corporal previamente a gestação reduz a chance de desenvolver diabetes gestacional (FERREIRA PCF, et al, 2021; FRANCO MD; PEREIRA MN; SILVA VRA, 2021).

O DMG é uma das adversidades médicas mais prevalentes durante a gravidez. Estudos recentes mostram que cerca de 90% das gestantes possuem um ou mais fatores de risco para o desenvolvimento da DMG (BOZATSKI BL; PINTO MF; LAVADO MM, 2019).

A DG representa um problema de saúde pública global. Sendo o distúrbio metabólica mais prevalente na gestação. Esta atinge entre 3 e 25% das gestantes, dependendo do grupo étnico, da população e do critério diagnóstico, visto que em meio a diversos ecossistemas os padrões e incidências de patologias são distintos entre os países, pois possuem relação direta com padrões sociais e econômicos  (BOZATSKI BL; PINTO MF; LAVADO MM, 2019).

Segundo estudos populacionais realizados nas últimas décadas, a prevalência de DMG varia de 1% a 37,7%, com uma média mundial de 16,2%. Recentemente, estima-se que um em cada seis nascimentos ocorra em mulheres com alguma forma de hiperglicemia durante a gestação, sendo que 84% desses casos seriam decorrentes do DG (BRASIL, 2021).

 É necessário pontuar a existência de um consenso nacional para o diagnóstico de DMG. Neste aspecto, considera-se a viabilidade financeira e disponibilidade técnica do teste proposto: o método de diagnóstico utilizado deve ser o melhor possível dentro da capacidade da região. Logo, há a proposição de duas estratégias de diagnóstico de DMG para nossa população, na dependência da viabilidade financeira e disponibilidade técnica de cada região (FEBRASCO, 2019).

Situação de viabilidade financeira e disponibilidade técnica total: deve-se realizar a glicemia de jejum (até 20 semanas de idade gestacional) para diagnóstico de DG e de DM diagnosticado na gestação. Caso a glicemia de jejum apresente valores inferiores a 92 mg/dL, deve-se realizar o TOTG com 75 g de glicose entre a 24 a 28 semanas. Se o início do pré-natal for tardio, a partir da 28 semanas, deve-se realizar o TOTG para obter o diagnóstico com a maior brevidade possível. Em situações de viabilidade financeira e/ou disponibilidade técnica parcial: pode-se realizar a glicemia de jejum no início do pré-natal para diagnóstico de DG e de DM diagnosticado na gestação e, caso o resultado do exame apresente valores inferiores a 92 mg/dL, antes de 24 semanas de idade gestacional, deve-se repetir a glicemia de jejum de 24 a 28 semanas.

O estudo observacional Hyperglycemia and Adverse Pregnancy Outcome (HAPO, 2002), proporcionou dados relevantes sobre a DG, levando a Associação Internacional de Diabetes e Gestação (IADPSG) a estipular os seguintes valores: Será confirmado DG quando a glicemia de jejum for maior ou igual a 92 mg/dL e menor ou igual 125 mg/dL, ou pelo menos um dos valores do TOTG com 75 g, realizado entre 24 e 28 semanas de idade gestacional, for menor e igual a 92 mg/dL no jejum, e menor ou igual a 180 mg/dL na primeira hora e menor ou igual a 153 mg/dL na segunda hora (SILVA et al, 2016). Vale ressaltar que Se o resultado for maior ou igual a 92 mg/dL, considera-se DMG, e para valores menor ou igual a 126  será considerada DM.

As complicações da DMG são diversas e podem estar presentes desde a concepção e se estender até o período pós-gestacional, tornando essa condição precipitadora de uma elevada morbimortalidade (ROSSETT et al, 2020). Durante a gestação, as mulheres com DG apresentam riscos elevados de distúrbios hipertensivos, com uma incidência de 33 a 55%, presença polidrâmnio e a necessidade de realização de primeira cesárea (FRANCO MD; PEREIRA MN;SILVA VRA).

Durante o parto existem os riscos de parto prematuro e o aumento da necessidade de partos por cesária, que apresentam mais riscos devido a cirurgia, tais como hemorragias e infecções puerperais (OLIVEIRA, MELO, PEREIRA, 2016). A longo prazo as mulheres com DG possuem maior risco de apresentarem essa condição em uma próxima gestação. Este risco torna-se maior entre as obesas ou as que precisam de insulinoterapia durante a gestação (OPAS/OMS, 2019). Ademais, estas mulheres possuem maior chance de desenvolvimento de DM tipo 2.

Segundo Franco MD; Pereira MN; Silva VRA, (2021) esse quadro pode ocorrer em até 50% das gestantes com histórico de DG. Em relação ao feto, as complicações mais recorrentes são o nascimento de bebês com macrossomia. Isto, devido a relação hiperglicemia-hiperinsulinemia, em que o excesso de insulina estimula o crescimento e acúmulo de gordura no feto, com o aumento de deposição no tórax e abdome, levando ao maior risco de distorcia de ombro durante o parto (OPAS/OMS, 2019). Além disso, no primeiro trimestre de gestação o DG pode provocar disfunções no desenvolvimento dos órgãos, malformações e abortos (ROSSETT et al, 2020).

MÉTODOS

O estudo quantitativo, de caráter descritivo-observacional realizado de maneira retrospectiva, buscou Verificar a prevalência e o perfil epidemiológico de Diabetes Gestacional (DG) em gestantes atendidas em uma maternidade referência em pré-natal de alto risco em Manaus-AM. Envolveu todos os casos das Gestantes atendidas e diagnosticadas com DG no período de janeiro de 2021 a janeiro de 2023 e possuíam prontuário cadastrado na instituição

Foram excluídas da pesquisa Gestantes que não possuíam critérios diagnósticos para diabetes Diabetes Gestacional, e os prontuários ilegíveis.

O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da e aprovado 20, sob o parecer CAAE: 66444722.5.0000.5016

O início da coleta de dados e análise de prontuários se deu somente após o aceite do Comitê de Ética em Pesquisa e os dados obtidos foram utilizados somente para fins dessa pesquisa. Assegurou-se a inexistência de conflitos de interesse entre as pesquisadoras e os sujeitos da pesquisa.

Os dados foram obtido através dos prontuários eletrônicos e cartão de pré-natal das gestantes atendidas na unidade, que constam no sistema local da maternidade.

As variáveis analisadas foram Identificação – idade, escolaridade, etnia; História patológica pregressa de HAS e obesidade; História obstétrica – abortos, pré-eclâmpsia ou eclâmpsia, DG prévio, multiparidade; Pré-natal – IMC inicial e final, Idade gestacional de diagnóstico da DG, idade gestacional inicial do pré-natal; Antecedentes familiares – Presença de diabetes mellitus tipo 2, Hipertensão arterial sistêmica (HAS), Diabetes Gestacional.

A partir da amostra de todos os registros de gestantes atendidas na instituição referência em pré-natal de alto risco no Município de Manaus-AM nesse período, onde os dados coletados dos prontuários constituíram-se devidamente dispostos em tabelas e gráficos construídos no programa Microsoft Excel® 2016, contribuindo  assim para o acompanhamento da discussão analítico-descritiva.

RESULTADOS

Após analisar os prontuários das 1.112 pacientes avaliadas, 173 (15,5%) apresentaram ter Diabetes Gestacional DMG, enquanto 1.039 prontuários não apresentaram nenhum diagnóstico previsto pelo tema.

Com base nos dados expostos, é possível estabelecer que o perfil sociodemográficos das pacientes analisadas é de mulheres relativamente jovens (maioria com menos de 35 anos), que  podem  ser  verificados  na Tabela I, das 173 pacientes, foi encontrado maior prevalência de DMG nas pacientes com idade entre 30 e 40 anos 89 pacientes (51,5%), seguida da faixa etária de 20 e 29 anos 70 pacientes (40,5%), e 10 pacientes (5,7%) diagnóstico em idade superior a 40 anos, enquanto para a idade inferior de vinte anos foi para 4 pacientes (2,3%).

Já quando observado os maiores índices de DG de acordo com a escolaridade, a maior prevalência constatada foi para pacientes que tinha o Ensino Médio totalizando assim 119 pacientes (68,8%), seguida por pacientes que tinha o Ensino Superior 26 pacientes (15%), e 25 (14,5%) apresentaram ter o ensino fundamental.

Quanto a cor e raça das pacientes a maior confirmação de DG, foi para a cor/raça parda totalizando assim 142 pacientes (82%), dos casos do estudo. O que difere dos achados no trabalho de BOZATSKI BL; PINTO MF; LAVADO MM, et al (2019), no que diz respeito aos dados sociodemográficos, acerca da etnia, a proporção de brancas na população estudada foi de 30 pacientes (55,55%), das 54 pacientes do estudo. A literatura mundial afirma que a incidência é maior em mulheres de etnia hispânica, africana, latino-americana, asiática e de ilhas do Pacífico (LANDON MB, GABBE SG, et al., 2011).

Tabela  1. Frequência das  Gestantes  com DMG atendidas  em uma maternidade referência em pré-natal de alto risco em Manaus-AM, em relação a idade, escolaridade, cor e raça no período de janeiro de 2021 a janeiro de 2023.

IDADEfi%
< 2042,3
20-297040,5
30-408951,5
>40105,7
ESCOLARIDADE  
Ens. Fundamental2514,5
Ens. Médio11968,8
Ens. Superior2615
Dado Ausente31,73
COR/RAÇA  
Branca52,8%
Parda14282%
Preta63,5%
Dado Ausente2011,7%
TOTAL173 
fi: Frequência simples absoluta;
Fonte: Autor (2023).

A história obstétrica classificou as gestantes de acordo com o número de abortos prévios, Doença Hipertensiva Específica da Gestação (DHEG), DG Prévio, que foram descrito na tabela 2,  e assim conseguir verificar os dados das 173 pacientes. Foi verificado a maior prevalência para abortos sendo 50 pacientes (29%) seguido por diagnóstico de DHEG em 36 pacientes (20,8%), enquanto 6 pacientes (3,4%), foram diagnosticada com DG prévio. Das pacientes atendidas 42 pacientes (24,3%) não apresentaram dados para o estudo e 39 pacientes (22,5%) negaram ter alguma informação de história obstétrica. Índice menor foi observado no estudo de BOZATSKI BL; PINTO MF; LAVADO MM, et al (2019), onde confirmou a prevalência de DHEG em 13 pacientes (24,07%), e assim verificado valor semelhante a encontrado  no estudo de D’Ávila et al. com 33,33%( REICHELT AJ, WEINERT LS, MASTELLA LS, et al., 2017). Essa discordância possivelmente se caracteriza pela diferença das características de base das populações estudadas.

Tabela 2. Frequência  da História obstétricas das  Gestantes com DMG  atendidas  em uma maternidade referência em pré-natal de alto risco em Manaus-AM, em relação a idade, escolaridade, cor e raça no período de janeiro de 2021 a janeiro de 2023.

HISTÓRIA OBSTÉTRICAfi%
Abortos prévios5029
DHEG3620,8
DG Prévio63,4
Dados Ausentes4224,3
Nega3922,5
Total173 
DHGE :Doença Hipertensiva Específica da Gestação. DG: Diabete Gestacional Prévio.
Fonte: Autor (2023)

Os distúrbios hipertensivos são uma das principais causas de resultados adversos na gravidez e podem levar a uma série de complicações que representam riscos para a mãe e o feto. Eles podem causar insuficiência cardíaca, hemorragias retinianas, comprometimento da função renal, coagulopatia e encefalopatia hipertensiva. Além disso, o feto também corre risco, com possibilidade de descolamento prematuro da placenta, morte intrauterina, sofrimento fetal, baixo peso ao nascer e parto prematuro (VETTORE MV, DIAS M, DOMINGUES RMSM, et al., 2011)

No Brasil, embora poucos se conheça sobre a prevalência de síndromes hipertensivas em gestantes,  sabe-se que entre 5% e 17% das mortes maternas são devidas a DG e é uma das causas mais importantes de internação unidade de Tratamento Intensivo (UTI) (OLIVEIRA ACM, SANTOS AA, BEZERRA AR, et al., 2016).

No trabalho de Costa, et al., (2022) os achados evidenciados para  as intercorrências durante a gestação atual, teve-se destaque para obesidade 112 pacientes ( 51,9%), o  tipo de DM mais prevalente foi a DMG em 196 pacientes  (90,7%) e 160 pacientes (74,1% ) dessas gestantes não tiveram DHEG (COSTA LD, BAGGIO, NA; ROLL JS, et al., 2022)

Com a crescente prevalência da obesidade e do diabetes, o DMG e as complicações associadas à doença estão se tornando mais comuns, e historicamente definida como uma intolerância a carboidratos diagnosticada pela primeira vez durante a gravidez e que pode ou não se desenvolver após o término da gravidez (DIRETRIZES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2014)

Do ponto de vista clínico, essa distinção é importante porque pacientes com diabetes mellitus (DM) pré-gestacional apresentam fatores hiperglicêmicos que interferem na organogênese, o que pode levar a malformações congênitas (como síndrome de regressão caudal) e aborto espontâneo. O principal objetivo do tratamento do DMG é reduzir a incidência de complicações maternas e fetais, especialmente a ocorrência de macrossomia, pré-eclâmpsia, cesariana e obesidade neonatal (HAPO STUDY COOPERATIVE RESEARCH GROUP, 2008).

A OMS classifica a obesidade pelo índice de massa corporal (IMC), que é calculado pela razão entre o peso corporal (em quilogramas – kg) e o quadrado da altura (em metros – m). Dessa forma, o IMC entre 25 e 29,9 kg/m2 define a condição de sobrepeso e aquele acima de 30 kg/m2 , a de obesidade, sendo esta subdividida em classe 1 (IMC 30-34,9 kg/m2 ), classe 2 (IMC 35- 39,9 kg/m2 ) e classe 3 (IMC maior ou igual a 40 kg/m2 ) (BRASIL, 2021)

A obesidade é um fator de risco para muitas outras doenças, incluindo diabetes e hipertensão, e pode estar associada à dislipidemia. Em termos de gravidez, a obesidade está associada ao maior risco de aborto espontâneo, DMG, pré-eclâmpsia, parto instrumental, cesariana, hemorragia pós-parto, infecção puerperal, complicações anestésicas, tromboembolismo, morte materna, malformação fetal, macrossomia e risco de óbito fetal (BRASIL, 2021).

Foram coletados os índices de massa corporal (IMC) registrados nos prontuários no início e no final do pré-natal, os quais estão dispostos na Tabela 3. Assim, quanto maior o IMC inicial da gestante e quanto maior o ganho de peso, maior o risco de desenvolver DMG. No presente estudo constatou os índices de IMC do início do pré natal das pacientes, que a maior predominância foi para pacientes que apresentaram  o maior percentual  de obesidade sendo totalizando 72 pacientes (41,6%), seguido por IMC sobrepeso 47 pacientes (27,1%), adequado com 34 pacientes (19,6%),  para o baixo peso 14 pacientes (8%) e  por fim para os dados ausentes foram contabilizados 6 pacientes (3,4%) que não apresentaram informações concretas.

Já quando verificado o IMC ao final do pré-natal os índices de obesidade apresentaram aumento totalizando 76 pacientes (44%), para o peso sobrepeso 44 pacientes (25,4%), já para adequado 30 pacientes (17,4%), 15 pacientes (8,6%) e por fim baixo peso 8 pacientes (4,6%). O mesmo valor pode ser observado no gráfico 1.

Tabela  3. Frequência dos índices de IMC do início do pré-natal e do fim do pré-natal das  Gestantes  com DMG atendidas em uma maternidade referência em pré-natal de alto risco em Manaus- AM, em relação a idade, escolaridade, cor e raça no período de janeiro de 2021 a janeiro de 2023.

IMC INÍCIO DO PRÉ NATALIMC AO FINAL DO PRÉ NATAL
 fi%fi%
Baixo peso14884,6
Adequado3419,63017,4
Sobrepeso4727,14425,4
Obesidade7241,67644
Dado ausente63,4158,6
TOTAL173   
Fonte: Autor (2023).

Gráfico1. Distribuição  por  idade  das  Gestantes  atendidas  em uma maternidade referência em pré-natal de alto risco em Manaus-AM, no período de janeiro de 2021 a janeiro de 2023.

Fonte: Autor (2023)

A história de antecedentes familiares buscou avaliar se havia a presença de DM2, HAS, DG em outras pessoas. E de acordo com as informações das 173 pacientes (100%), 91 pacientes (52,6%) não informaram dados sobre os antecedents  familiar, 31 pacientes (18%) apresentaram diagndiagnóstico de DM2. Já os dados em relação a HAS foram diagnosticados em 29 pacientes (16,7%), e outro valor que foi levantado foram os de pacientes que negam Histórico familiar foram 22 pacientes (12,7%).

Tabela  4. Frequência  dos atencedentes familiares das Gestantes com DMG atendidas  em uma maternidade referência em pré-natal de alto risco em Manaus-AM, em relação a idade, escolaridade, cor e raça no período de janeiro de 2021 a janeiro de 2023.

ANTECEDENTES FAMILIARES (HFAM)fi%
DM23118
HAS2916,7
DG0
Paciente nega HFAM2212,7
Dado Ausente9152,6
TOTAL173 
DM2: Diabetes Mellitus tipo 2, HAS: Hipertensão Arterial Sistêmica, DG: diabetes gestacional

O DMG representa uma “janela de oportunidade” para prever o risco futuro de diabetes tipo 2 (DM2), obesidade e doenças cardiovasculares na mãe e no filho (ARABIN B, BASCHAT AA, 2017). Neste contexto, o tratamento de todas as mulheres grávidas diagnosticadas com DMG deve fazer parte de uma estratégia de atenção à saúde da população.

Os graves impactos maternos e perinatais levam à necessidade de otimizar o tratamento do DMG e a prevenção futura de doenças metabólicas graves, garantir a saúde materna e infantil e reduzir a epidemia global de DM2 e obesidade (OPAS, 2019).

É bem conhecido que complicações obstétricas e fetais, como a macrossomia, ocorrem em taxas mais elevadas se o tratamento não for seguido (LANGER O; YOGEV Y; MOST O, XENAKIS EM, et al., 2005). Cerca de 15% das mulheres grávidas com diabetes gestacional não conseguem manter uma taxa normal de açúcar no sangue apenas com dieta e necessitam de intervenção medicamentosa, como insulina ou medicamentos hipoglicêmicos (ASHWAL E, HOD M, 2015)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Identificar o estado de saúde das gestantes com diabetes ajuda a identificar pontos fortes e fracos relacionados à doença facilitando a criação de propostas que levem a uma melhor adesão ao tratamento, melhora dos níveis de açúcar no sangue e redução de resultados desfavoráveis para a saúde tanto da mãe quanto do binômio mãe e bebê. Diante das amostras analisadas totalizando 1112 obtendo 173 confirmações da doença é possível concluir que os índices relativamente baixo de diagnóstico de DMG. Vale ressaltar que alguns prontuários não apresentavam todas as informações o que pode ser um fator de diminuição dos casos. Diante dos resultados, sugere-se aumento de investimento em ações de planejamento familiar, orientação nutricional e capacitação dos profissionais de saúde para a orientação das gestantes.

REFERÊNCIAS

  1. ARABIN B, BASCHAT AA. Pregnancy: an underutilized window of opportunity to improve long-term maternal and infant health-an appeal for continuous family care and interdisciplinary communication. Front Pediatr. 2017;5:69
  2. ASHWAL E; HOD M. Gestational diabetes mellitus: Where are we now? Clin Chim Acta. 2015 Dec;451(Pt A):14-20.
  3. BATISTA, MHJ. et al. Diabetes Gestacional: Origem, Prevenção e Riscos. Rev.Brazilian Journal of Development. v.7, n.1, 2021
  4. BOZATSKI , BL., PINTO, MF., Lavado, M.M. Perfil Epidemiológico de gestantes diabéticas em Itajaí, SC. Arq. Catarin Med., v.48, n.2, abr.-jun. 2019.
  5. BOZATSKI BL.; PINTO, MF.; LAVADO, MM. PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE GESTANTES DIABÉTICAS NO MUNICÍPIO DE ITAJAÍ, SC.Arq. Catarin Med. 2019 abr-jun; 48(2):34-55.
  6. BRASIL. Ministério da Saúde. Diabetes Mellitus na Gestação. Rio de Janeiro. 2020.
  7. BRASIL. Ministério da Saúde. ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE. FEDERAÇÃO BRASILEIRA DAS ASSOCIAÇÕES DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Cuidados obstétricos em diabetes mellitus gestacional no Brasil. Brasília, DF: MS, 2021. 103 p
  8. COSTA LD.; BAGGIO NA.; ROLL, JS.; CARNEIRO, PA.; LAZARIN, TP.; PAULA M. de. O. Diabetes Mellitus Gestacional: perfil epidemiológico de maternidade de alto risco. Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR. Umuarama. v. 26, n. 3, p. 587-603, set./dez. 2022.
  9. Cuidados obstétricos em diabetes mellitus gestacional no Brasil. – Organização Pan-Americana de Saúde/Organização Mundial de Saúde – Brasil (OPAS/OMS)/ Ministério da Saúde (MS-Brasil)/ Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO)/ Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Brasília: Organização Pan-Americana de Saúde, 2021.
  10. Diabetes mellitus gestacional: diagnostico, tratamento e acompanhamento pos-gestacao. DIRETRIZES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES: 2014-2015;192-7
  11. FEBRASCO. Rastreamento e diagnóstico de diabetes mellitus gestacional no Brasil. FEMINA, v.47, n.11, 2019.
  12. FERREIRA, PCF. et al. Gestational diabetes: literature review. Brazilian Journal of Development. v.7, n.12, dec., 2021.
  13. FRANCO, MD., PEREIRA, MN., SILVA, VRA. Diabetes gestacional: Abordagem e tratamento. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel). Faculdade Uma, Pouso Alegre, 2021.
  14. HAPO Study Cooperative Research Group, Metzer BE, Lowe LP, et al. Hyperglycemia and adverse pregnancy outcomes. N Engl J Med. 2008 May 8;358(19):1991-2002.
  15. INTERNATIONAL ASSOCIATION OF DIABETES AND PREGNANCY STUDY GROUP. Recommendations on diagnosis and classification of hyperglycemia in pregnancy. Diabetes Care. 2010 Mar; 33(3): 676-682
  16. LANDON MB, GABBE SG. Gestational diabetes mellitus. Obstet Gynecol. 2011 Dec;118(6):1379-93.
  17. Langer O, Yogev Y, Most O, Xenakis EM. Gestational diabetes: the consequences of not treating. Am J Obstet Gynecol. 2005 Apr;192(4):989-97.
  18. MARTINS-COSTA, S.H. et al. Rotinas em Obstetrícia. 7 ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
  19. NAVARRO AM., et al. Perfil clínico-epidemiológico das gestantes diabéticas da 20ª regional de saúde do Paraná. Rev. Varia Scientia – Ciências da Saúde, v. 7,n.2. jul. 2021.
  20. OLIVEIRA ACM, Santos AA, Bezerra AR, et al. Maternal factors and adverse perinatal outcomes in women with Preeclampsia in Maceió, Alagoas. Arquivos. Brasileiros de Cardiologia. 2016 Fev; 106(2): 113-120.
  21. OLIVEIRA EC, MELO, SMB., PEREIRA, SE. Diabetes Melitus Gestacional: Uma revisão da literatura. Rev. Cient. FacMais. v.5, n.1, 2016.
  22. OPAN. Organização Pan-Americana da Saúde. Ministério da Saúde. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Sociedade Brasileira de Diabetes. Rastreamento e diagnóstico de Diabetes mellitus gestacional no Brasil. – Brasília. 2017.
  23. ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Ministério da Saúde. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Sociedade Brasileira de Diabetes Tratamento do diabetes mellitus gestacional no Brasil. Brasília, DF: OPAS, 2019.
  24. PAPADAKIS, MA., MCPHEE, SJ., RABOW, MW. CURRENT. MEDICINA DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO. 53 ed. McGraw Hill Artmed, Elsevier, 2014.
  25. REICHELT AJ, WEINERT LS, MASTELLA LS, GNIELKA V, CAMPOS MA, HIRAKATA VN et. al. Clinical characteristics of women with gestational diabetes — comparison of two cohorts enrolled 20 years apart in southern Brazil. São Paulo Med J. Jul-Aug; 135(4):376-82, 2017.
  26. SILVA, JR. et al. Diabetes Mellitus Gestacional: importância da produção de conhecimento. Rev. Bras. Saúde Mater. Infant., v. 16, n.2, abril.-jun, 2016.
  27. VETTORE MV, DIAS M, DOMINGUES RMSM, et al. Cuidados pré-natais e avaliação do manejo da hipertensão arterial em gestantes do SUS no município do Rio de Janeiro, Brasil. Cadernos de saúde pública. 2011 Mai; 27(5): 1021-1034.

¹Universidade Estadual do Amazonas (UEA), Cidade Manaus- AM. *E-mail daletmuniz@gmail.com