A CULTURA DE SEGURANÇA DO PACIENTE EM UMA UNIDADE DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA DE UMA CIDADE DO INTERIOR DE MINAS GERAIS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10569167


Barbosa, Carlos Cesar1
Ribeiro, Luciana Brito2


RESUMO

Objetivo: Identificar as atitudes dos profissionais da Estratégia saúde da família (ESF) se evidenciam a cultura da segurança do paciente.Métodos: Trata-se de uma pesquisa quantitativa, do tipo descritivo.Foi aplicado questionário adaptado para Avaliação da cultura de segurança do paciente em uma unidade da ESF, a coleta de dados foi realizada com 42 profissionais em junho e Agosto de 2018.Resultados: No geral, a cultura de segurança do paciente foi considerada satisfatória, (57,14%) funcionários classificaram como (Bom),devidos,as atitudes referentes à classificação dos sistemas e processos clínicos que este serviço utiliza para prevenir, identificar e corrigir problemas que tenham o potencial de afetar pacientes.Conclusões: As Instituições de Saúde precisam rever suas estratégias, ressaltar ainda que a implantação de uma cultura da segurança percorre várias instâncias de uma instituição e precisa do envolvimento e compromisso desde a administração central até os serviços de apoio. Sugerem-se novos estudos conhecendo, em diferentes contextos brasileiros, as expectativas da cultura de segurança do paciente nas unidades de atenção básica para balizar as políticas públicas locais no desenvolvimento de abordagens inovadoras de incentivo à cultura de segurança do paciente, como pressuposto despertando para importância da segurança do paciente e do bom desenvolvimento e qualidade de vida dos pacientes oriundos do sistema de único de saúde.

Palavras- Chave:Cultura da Segurança do Paciente. Estratégia saúde da família. Eventos adversos.

INTRODUÇÃO

A importância sobre o tema segurança do paciente no âmbito dos serviços de saúde, tem se tornado uma questão central de muitos países. No sentido de estabelecer uma cultura de segurança nas instituições de saúde que vise promover uma abordagem do sistema para prevenir e reduzir danos aos clientes. O foco na segurança do paciente se caracteriza com a preocupação de ocorrência de eventos adversos (EA), lesões ou danos ao paciente, podendo implicar em danos irreversíveis aos pacientes e seus familiares. (1)

Com a grande preocupação com a segurança do paciente, a Organização mundial da saúde(OMS) criou um programa THE WORD ALLIANCE FOR PATIENT SAFETY em 2004, com o objetivo de desenvolver políticas mundiais para melhorar o cuidado aos pacientes nos serviços de saúde, com proposito de definir e identificar prioridades na área da segurança do paciente em vários países, e contribuir para pesquisa no campo. Patient Safety Program , busca definir questões prioritárias para a pesquisa na área de segurança do paciente que sejam de alta relevância para países em todos os níveis de desenvolvimento. (2)A segurança do paciente passa a ser internacionalmente reconhecida como uma dimensão fundamental da qualidade em saúde.(3)

A cultura de segurança é definida como produto de valores, atitudes, competência e padrões de comportamento individuais e de grupo, os quais determinam o compromisso, o estilo, conhecimento e a capacidade de gerenciar uma organização segura. (4) Organizações com uma cultura de segurança são determinadas pela comunicação fundamentada na confiança recíproca, pela percepção comum da importância da segurança e de medidas preventivas. (5)

Em 2013, com a criação do Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), que tem como objetivo contribuir para a qualificação do cuidado em saúde em todos os estabelecimentos de saúde do território nacional.A Portaria MS/GM nº 529/201317, definiu como objetivos específicos do PNSP: Promover e apoiar iniciativas voltadas à segurança do paciente, por meio dos Núcleos de Segurança do Paciente nos estabelecimentos de Saúde; envolver os pacientes e os familiares nesse processo; ampliar o acesso da sociedade às informações relativas à segurança do paciente; produzir, sistematizar e difundir conhecimentos sobre segurança do paciente; fomentar a inclusão do tema segurança do paciente no ensino técnico e de graduação e na pós-graduação na área da Saúde. O PNSP conta quatro eixos: o estímulo a uma prática assistencial segura, o envolvimento do cidadão na sua segurança, a inclusão do tema no ensino e o incremento de pesquisa sobre o tema. Sendo assim, a cultura de segurança do paciente é elemento que percorre por todos esses eixos. (6)

Observou-se que a maioria dos erros e falhas na saúde estavarelacionada ao processo de comunicação e no trabalho em equipe, sendo necessário fortalecer esses cuidados. (7)Com isso foi possível sensibilizar os profissionais para novos arranjos na equipe e estimular a capacidade de analisar o seu trabalho, provocando uma mudança na cultura de segurança do paciente. (8)

Com a implantação da ESF, houve uma ampliação do acesso aos serviços, aumentando a demanda de pacientes correspondente por uma parcela expressiva dos cuidados ofertados pelo (SUS), este modelo procura adotar práticas de uma atenção mais integradora, multiprofissional e humanizada, onde a comunicação entre os cuidadores é fator essencial. (9)Pelo exposto, traçou-se como objetivo deste estudo, aplicar e adaptar o instrumento de pesquisa Medical Office Survery on Patient Safety Culture (MOSPSC) para avaliar a cultura de segurança do paciente na ESF no interior de Minas Gerais. (10) Este projeto faz parte de uma investigação de variáveis que poderão interferir na Saúde Pública do país.

O cenário atual verifica-se que a cultura da Segurança do paciente, está intimamente ligada a área hospitalar deixando aquém a Saúde Pública, sendo que a Atenção Básica em Saúde é a porta de entrada de todos os pacientes e torna-se importante a capacitação dos profissionais, nesta vertente necessária para Saúde Baseada em Evidências. (9)

A capacidade de uma instituição em obter resultados da segurança do paciente pode sermelhorada quando se cria e se estabelece a cultura da segurança entre os seus profissionais(11)O maior desafio em um movimento para um sistema de saúde seguro é, muitas vezes, cultural. Uma cultura de culpa, em que os erros são vistos apenas como fracassos pessoais, deveria ser substituída por uma cultura em que os erros sejam encarados como oportunidades de melhorar o sistema.(4-6)

 Verificou-se a importância desse estudo com a finalidade de identificar fatores organizacionais que impedem a formação da cultura de segurança do paciente através de questionários quantitativos.Neste aspecto, traçou-se como pergunta da pesquisa: Os funcionáriospensam e identificam as atitudes que evidenciam a cultura da segurança do paciente? E por objetivo geral: Demonstrar a visão dos funcionários sobre a cultura da segurança do paciente.

Portanto, o presente estudo visa ampliar os conhecimentos sobre os processos de implantação da segurança ao paciente na Atenção Básica. (6-12)Espera-se que os resultados a serem obtidos com esta investigação tenham impacto positivo na comunidade despertando para a importância da Segurança do Paciente e do bom desenvolvimento e qualidade de vida dos pacientes oriundos do sistema de Saúde Pública.

MÉTODOS

Trata-se de uma pesquisa quantitativa,do tipo descritivo. Para coletas de dados, o instrumento utilizado na avaliação foi adaptado, instrumento de pesquisa Medical Office Survery on Patient Safety Culture (MOSPSC), desenvolvido em 2007 pela AGency for Health Care Research and Quality (AHRQ).Como forma de investigação científica  esse instrumento  e ferramenta útil e aplicável para avaliar a cultura de segurança do paciente em unidades de Atenção Primária , sendo utilizada na Atenção Primária na Espanha e em outros países.(10)

Trata-se de uma pesquisa de opinião com a equipe de saúde, sendoaplicadas em unidades da ESF de 4 bairros da zona urbana, na cidade de Andradas, MG. Optando-se pela participação ou não, sem necessidade de identificação, a pesquisa se enquadra nos termos da Resolução CNS 466/2012.

A amostra foi calculada levando em consideração os profissionais que atuam na ESF. Cada equipe é composta por:médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, agentes comunitários de saúde, dentistas, auxiliares de saúde bucal e outros, totalizando 46 profissionais cadastrados no CNES do município de Andradas, MG.

Foi considerando como critério de Inclusão: ser cadastrados no CNS do município,estar presente no local de trabalho no momento da pesquisa. Exclusão:profissionais não cadastrados no CNS do município por motivo de: licença-saúde, férias e os que não quiseram participar.Para realização da coleta foi entregue o termo de consentimento livre e esclarecido, cada participante registrou de forma anônima e confidencial o questionário MOSPSC.

A coleta de dados foi realizada com 42 profissionais em Junho e Agosto de 2018.  Assim, foram convidados aparticipar da pesquisa 46 profissionais, sendo 42 responderam ao questionário, 4 não responderam por: motivo de férias e ausência na unidade. A abordagem dos profissionais ocorreu na unidade da saúde da família, mediante seu aceite para participar do projeto de pesquisa. Cada funcionário recebeu um questionário eum termo de consentimento livre e esclarecido.

O instrumento de coletaconsta com5Seções,de A à E: (Seção A): Acesso ao cuidado- lista de questões sobre segurança do paciente, qualidade e troca de informações com outras instituições;(Seção B):Com que frequência os fatos a seguir ocorre neste serviço? Comunicação e acompanhamento neste serviço de saúde.(Seção C): Com que frequência os fatos a seguir ocorre neste serviço? Seu serviço de saúde; (Seção D): Avaliação global da qualidade em segurança do paciente; Avaliação Global; (Seção E) Questões sobre a Prática Profissional.

Para tanto, foi utilizado uma amostra com 95% de nível de confiança e 5% de erro amostral. Para descrever o perfil da amostra, foi elaboradas tabelas de frequência das variáveis categóricas: Seção A (Diariamente, pelo menos uma vez por semana, pelo menos uma vez por mês, várias vezes nos últimos 12 meses, não se aplicam); Seção B e C (nunca, raramente, às vezes, quase sempre, sempre, não se aplica ou não sei); Seção D (ruim, razoável, bom, muito bom, excelente); Seção E (Há quanto tempo trabalha neste serviço? Tempo de serviço? Qual é o cargo neste serviço?).

O estudo foi aprovado pelo comitê de ética e pesquisa(CEP)

RESULTADOS

O estudo contou com a participação de 42(100%) profissionais que responderam ao questionário, 3Médicos, 4 Enfermeiros,7 Técnicos de enfermagem, 20 Agentes comunitários de saúde,7 profissionais clínicos e 1 auxiliar da higienização. Dos42,86% dos entrevistados, atuammais de 4 anos neste serviço ,(85,71%) com carga horária de 25 à 40 horas semanais.

Ao estabelecer que os profissionais da estratégia da saúde da família, no que tange à cultura da segurança do paciente como investigativo, foi possível apreender as seguintes categorias: Questões sobre segurança do paciente, qualidade e troca de informações com outras instituições (Acesso ao cuidado); Frequência dos fatos no serviço; Avaliação global da qualidade em segurança do paciente.

Seção A. Frequência das respostas quanto às questões sobre segurança do paciente, qualidade e troca de informações com outras instituições (acesso ao cuidado). Durante os últimos 12 meses. Andradas, 2018(n=42).

Acesso ao cuidadoDiariamentePelo menos 1 vez por semanaPelo menos uma vez por mêsVárias vezes nos últimos 12 mesesNão aconteceu nos últimos 12 mesesNão se aplica ou não seiTotal
No atendimento de um paciente foi utilizado um prontuário/registro de outro paciente.0%0%2,38%7,14%69,05%21,43%100%
O prontuário/registro de um paciente não estava disponível quando necessário.0%2,38%16,67%14,29%50,00%16,67%100%
O paciente retornou a unidade de saúde para esclarecer ou corrigir uma prescrição.0%4,76%23,81%35,71%28,57%7,14%100%

Fonte: Dados do estudo, 2018.

Os achados nesta pesquisa (69,05%) dos entrevistados revelaram que noatendimento ao paciente não foi utilizado um prontuário/registro de outro paciente. Constatou-se a tendência de 50% dos funcionários o relato que o prontuário/registro de um paciente não estava disponível quando necessário. Sendo que a tendência indica de acordo comoutros estudos (3) asfalhas na gestão como falhas em prontuários, falhas na recepção dos pacientes, falhas na planta física da unidade e tarefas excessivas no cuidados, proporcionado o erro na troca de prontuários e registro do mesmo.As falhas no cuidado foram diversas: falhas no tratamento medicamentoso principalmente erro na prescrição; falha e demora na realização do diagnóstico; demora na obtenção de informações e interpretação dos achados laboratoriais; falhas em reconhecer a urgência da doença ou suas complicações; déficit de conhecimento profissional.(9)

Observou-se entre (35,71%) dos entrevistados o relato que os usuários retornaram a unidade de saúde para esclarecer ou corrigir uma prescrição. Encontrou-se associação entre outros trabalhos rastreadores de eventos ou circunstâncias, que significam riscos que podem levar a um incidente. O estudo (3) procurou demonstrar a conveniência de se ter rastreadores em prontuário eletrônico para identificar riscos, potenciais incidentesna prescrição médica que possam levar a eventos adversos na atenção primária à saúde.

Outros estudos segundo a revisão sistemática evidenciaram a ocorrência de erros relacionados a medicamentos, a incerteza no diagnóstico dos pacientes, erros nos 22 registros/prontuários dos pacientes e as pressões sobre os profissionais para diminuir o tempo de trabalho. (13)

Constatou-se a frequência 33,33% (quase sempre) e 28,57% (sempre) dos participantes se sentiram apresados ao atender o paciente, mostram também associação de acordo com estudo (3) que estas foram questões comuns sobre os fatores contribuintes que levaram ao erro no cuidado que contribuíram ao incidente inadequado, em relatados, os profissionais pressionados para serem mais produtivos em menos tempo. O método de grupo focal para analisar a ocorrência de incidentes no cuidado na APS, houve uma considerável variação nas respostas sobre a importância dos erros, devido à composição dos grupos: a falha na comunicação, a pressão para diminuir o tempo do atendimento e o sistema de informação inadequado. (13)

Seção B. Frequência das respostas quanto à comunicação e acompanhamento neste serviço de saúde (os fatos que ocorre neste serviço). Andradas, 2018 (n=42).

Com que frequência os fatos a seguir ocorre neste serviço?NuncaRaramenteÁs vezesQuase sempreSempreNão se aplica ou não seiTotal
Quando alguém neste serviço está muito ocupado, outros colegas ajudam?0%7,14%23,81%14,29%50,00%4,76%100%
Frequentemente nós sentimos apresados ao atender o paciente4,76%16,67%14,29%33,33%28,57%2,38%100%
Este serviço treina equipe sempre que novos processos são implantados.2,38%4,76%21,43%26,19%45,24%0%100%
Neste serviço a desorganização é maior que o aceitável.30,95%    28,57% 16,67%7,14%0%16,67%100%
Há procedimentos para verificar se o trabalho foi realizado corretamente.0%9,52%4,76%19,05%66,67%0%100%
Os profissionais que trabalham neste serviço são solicitados tarefas para as quais não foram treinados.7,14%4,76%52,38%7,14%28,57%0%100%
A quantidade de profissionais da equipe é suficiente para atender o número de pacientes.42,86%28,57%11,90%7,14%9,52%0%100%
A equipe é incentivada a expressar outros pontos de vista.2,38%2,38%16,67%28,57%50,00%0%100%
A equipe fala abertamente sobre os problemas neste serviço.0%4,76%23,81%16,67%54,76%0%100%
Os funcionários estão dispostos a relatar erros que observam neste serviço.0%0%21,43%26,19%52,38%0%100%

Fonte: Dados do estudo, 2018.

As análises dos resultados mostrou estaticamente que 50%dos profissionais (sempre) ajudam outros colegas quando alguém neste serviço está muito ocupado e 23,81% (às vezes). Entretanto verificou-se um estudo de meta-análise que avaliou o desempenho do trabalho em equipe versus o desempenho individual concluiu que o trabalho em equipe resulta em maior produtividade, que aqueles que trabalham em equipe possuem melhor autoestima, bem-estar psicológico e apoio social. Dessa forma, o trabalho em equipe de alta qualidade conduziria a mudanças para a melhoria da segurança do paciente e resultado nos pacientes, devendo ser fortalecido como um núcleo básico, uma vez que nele, possivelmente, reside um potencial decisivo para a eficácia do modelo atual de saúde da Atenção Básica. (4-10)

Ressalta-se que o trabalho em equipe deve ser compreendido de modo que todos os envolvidos no processo de cuidar em saúde pautem suas ações em uma cultura de segurança, entendidas como o produto de valores, atitudes, competências e padrões de comportamento individuais e de grupo, os quais determinam o compromisso, o estilo e a proficiência da gestão de uma organização saudável e segura. (14)

As análises de informações possibilita compreenderque os ACS, fazem parte da equipe da ESF e contribui para o trabalho da equipe como membro dela mediante as atividades que desempenha. Trabalhar em equipe é trabalhar com diferentes pessoas, com diferentes habilidades e conhecimentos para a gestão de um problema em comum. (4)

Verificou-se neste estudo, que 45,24% (sempre) e 26,19% (quase sempre)que esse serviço treina a equipe sempre que novos processos são implantados. De acordo com estudo (10)as instituições devem refletir criticamente sobre o papel que os gestores devem desempenhar, uma vez que suas decisões estratégicas incluem a gestão de pessoas, sendo necessários o incentivo e a capacitação de profissionais para prevenção, notificação e manejo efetivos desses riscos durante a realização e a avaliação da assistência prestada, o planejamento das instalações, a elaboração dos procedimentos operacionais, a escolha dos equipamentos, bem como todas as outras decisões que definem a estrutura do sistema.

         Estudos realçam,para a prestação de um cuidado seguro, é de suma importância que a cultura de segurança do paciente seja desenvolvida preliminarmente e nos cursos de ensino médio, nível técnico e nas universidades. Inúmeros recursos tecnológicos são utilizados para facilitar o ensino-aprendizagem sobre segurança do paciente nas instituições de ensino, dentre eles, enfatiza-se a aplicação de recursos audiovisuais, como vídeos disponíveis na Internet.(14)

Achados neste estudo constam que 30,95% (nunca) e 28,57% (raramente) relatam que a desorganização é maior que o aceitável na unidade de saúde. Sendo que a tendência indica em outro estudo (13) que os fatores organizacionais também são apontados como contribuintes para a ocorrência de incidentes.

Mostram também associação em outro estudo (9)fatores que contribuíram com os incidentes foram sendo eles: falhas no cuidado (n = 44, 34%), falhas na gestão (n = 16,13%) e falhas na comunicação (n = 65, 53%). Essas últimas eram classificadas em falhas de comunicação com paciente (n = 30, 24%), na rede de atenção (n = 23, 19%) e na comunicação interprofissional (n = 12, 10%).(9)

Quanto se há procedimento para verificar se o trabalho foi realizado corretamente na ABS, os respondentes relatam 66,67% (sempre) e 19,05 (quase sempre) é verificada. Sendo que a tendência indica através de uma avaliação nacional (PMAQ) sobre as condições de atendimento nas ESF.Evidênciaque a qualidade do serviço ofertado foi classificada como regular em cerca de 40% das unidades. As avaliações apontaram que 62% dos profissionais de saúde não utilizavam os protocolos recomendados para a avaliação clínica inicial e apenas 38% dos profissionais de saúde que trabalhavam nas unidades informaram utilizar protocolos clínicos em situações de urgência. (9)

Entretanto, verificou-se que 52,38% (ás vezes) e 28,57% (sempre) dos funcionários deste serviçosão solicitados a tarefas para quais não foram treinados. Em contra partida com outroestudorealizado na APS da região noroeste de Goiânia foi analisado o perfil de formação e qualificação dos profissionais da Estratégia Saúde da Família (ESF) e os fatoresassociados com a qualidade dos serviços, a maioria dos profissionais que participou de capacitações afirmou que estas contribuíram tanto para o aperfeiçoamento profissional (96,2%), quanto para mudanças na prática profissional e/ou na qualidade do serviço (88,5%). (15)

Também quanto às respostas dos entrevistadossobre a quantidade de profissionais da equipe é suficiente para atender o número de pacientes, os participantes revelam 42,86% (nunca) e 28,57% (raramente) são suficientes para atendimento. Em outro estudo (4) foi possível avaliar as condições de trabalho quando relacionadas com a sobrecarga de trabalho, o número subdimensionado de pessoas para o atendimento da demandanos Centros de Saúde e a falta de recursos de materiais, insumos e suprimentos são fatores que comprometem a qualidade da assistência.

Na questão sobre se a equipe é incentivada a expressar outros pontos de vista,os respondentes relatam 50%(sempre) e 28,57% (quase sempre). Mostra também associação entre os resultados obtidos neste estudo, se a equipe fala abertamente sobre os problemas neste serviço, sendo que 54,76% (sempre) e 23,57% (ás vezes) falam abertamente. Realça ainda que 52,19% (sempre) e 26,19% (quase sempre) estão dispostos a relatar erros que observam no serviço.

No intuito de melhorar a comunicação entre os profissionais, deve-se promover uma comunicação aberta, onde elesse sintam livres para conversar sobre os erros que podem afetar o paciente, e ao mesmo tempo, à vontade para questionar os profissionais hierarquicamente superiores sobre questões relacionadas à segurança do paciente, fortalecendo o trabalho em equipe, com capacidade compartilhada de mudanças e motivação para agir em prol da segurança. (9)

Os relatórios de eventos adversos revelam que na Alemanha 15% de todos os eventos foram relacionados diretamente aos problemas de comunicação entre os cuidadores e pacientes ou dentro da equipe, e que em mais de 50% a comunicação foi um fator contribuinte. Na Austrália, os problemas de comunicação foram uma das quatro categorias principais associadas a eventos adversos. (4)As dificuldades dos profissionais em estabelecer vínculos pessoais e de ter escutamqualificadas com os pacientes e o não compartilhamento de informações foram relacionados com a baixa adesão ao tratamento. (9)

Uma pesquisa aponta neste sentido que apenas 2 a 3% dos grandes erros são relatados por meio de sistemas de informações e que os profissionais de saúde, muitas vezes, relatam apenas o que eles não podem esconder.  (4)Dentre outros estudos (9) é possível observar que o grupo identifica o erro como uma atitude menos relevantes para a cultura da segurança do paciente abordam ainda que o erro está muito associado à culpa, a um ambiente de trabalho punitivo e a uma cultura de pensar que os erros provocados pelo prestador de cuidado em saúde é resultado de descuido.

Entretanto, pode-se inferir que trabalhar nas equipes sobre o erro e a culpa pode ser uma possibilidade para modificare transformar o erro em oportunidade de discutir e desenvolver o pensamento crítico sobre as ações de cuidado e as atitudes, percebê-lo o erro como oportunidade de aprendizado para impedir novos eventos. (9)

Seção C.Frequência das respostas quanto ao serviço de saúde (os fatos que ocorre neste serviço). Andradas, 2018 (n=42).

Com que frequência os fatos a seguir ocorrem neste serviço?NuncaRaramenteÁs vezesQuase sempreSempreNão se aplica, não sei.Total
Quando há um problema em nosso serviço avaliamos se é necessário mudar a maneira de como fazemos as coisas.0%4,76%19,05%19,05%57,14%0%100%
Nossos processos de trabalho são adaptados para prevenir erros que poderiam afetar os pacientes.2,38%0%16,67%26,19%45,24%9,52%100%
Nesse serviço acontecem erros com mais frequência do que devia.11,90%50,00%23,81%7,14%4,76%2,38%100%
A quantidade de atividades realizada é mais importante que a qualidade do cuidado prestado.28,57%4,76%19,05%9,52%35,71%2,38%100%
Este serviço é eficiente em modificar processo de trabalho para prevenir que problemas se repitam.0%4,76%19,05%30,95%45,24%0%100%

Fonte: Dados do estudo, 2018.

O estudo constou que 57,14% dosfuncionários relatam (sempre), quando há um problema no serviço é avaliado se é necessário mudar a maneira de como fazem as coisas.Desse modo, as experiências que orientam o comportamento de um grupo, incluem o compromisso para discutir e aprender com os erros, o reconhecimento da inevitabilidade do erro, identificação antecipatória das ameaças e incorporação de um sistema não punitivo para o relato e análise dos eventos adversos. (3)

Nos processos de trabalho 45,24% (sempre) e 26,19% (quase sempre) são adaptados para prevenir erros que poderiam afetar os pacientes. Em outrasituação específica no estudo brasileiro foi relatado à falta de compromisso do profissional com o paciente, que foi descrita em nove casos. A comunicação foi citada como o fator contribuinte mais comum para ocorrência de incidente na ABS (53%),as falhas na comunicação interprofissional contribuíram em 10% para a ocorrência do incidente e os profissionais apresentaram como dificuldades para o bom relacionamento da equipe, as diferenças de opinião, de visão profissional, de formação acadêmica, de cultura de segurança do paciente, de comportamento, de escolaridade, de hierarquização profissional, e de responsabilização com o paciente. (9)

Estudo realizado na Espanha objetivou avaliar o efeito dos EA nos profissionais de saúde, concluiu que os profissionais se configuravam como segunda vítima, apresentando como respostas emocionais mais comuns: sentimento de culpa (521 – 58,8%), ansiedade (426 – 49,6%), reviver o evento (360 – 42,2%) e sensação de desorientação, confusão e dificuldade de concentração no trabalho (260 – 29,9%). Tal estudo concluiu que esse panorama poderia estar relacionado ao fato de que os profissionais de saúde espanhóis raramente recebem qualquer treinamento sobre estratégias de enfrentamento para esse fenômeno. (14)

De acordo com os entrevistados 50% (raramente) e 23,81% (ás vezes), relatam que no serviço acontecem erros com mais frequência do que devia. No estudo brasileiro o erro no atendimento administrativo (26%) foi o erro mais frequente seguido por erros de comunicação (22%).(9)

Quando se aborda o tema, os incidentes de segurança do paciente são considerados fontes de aprendizado para todos os envolvidos. Entretanto, já existem várias evidências pontuando as principais causas e fatores contribuintes relacionados aos eventos adversos, os quais podem servir de subsídios para o processo de ensino/ aprendizagem dos futuros profissionais e servir de exemplos práticos para os docentes na formulação de problemas para as atividades de ensino. (8). É fundamental introduzir a prevenção dos EA e o gerenciamento de risco na formação e na supervisão dos profissionais da saúde em programas de aperfeiçoamento.

Os achados constatouque35,71% (sempre) e 28,57% (nunca), dos funcionários relatam que a quantidade de atividades realizada é mais importanteque a qualidade do cuidado prestado ao paciente. A associação entre o tempo de trabalho na equipe e a percepção das capacitações com a qualidade da APS demonstra a importância das estratégias de vinculação e da qualificação dos profissionais, para a obtenção de melhores desfechos na avaliação de seus atributos e, consequentemente, reflexos positivos na qualidade dos serviços prestados à população. (15) Satisfação e insatisfação no trabalho em saúde têm implicações na saúde dos profissionais e naassistência prestada. Indivíduos mais satisfeitos apresentam melhor qualidade de vida e menores índices de adoecimento físico e mental, influenciam o comportamento do trabalhador, com implicações no processo de adoecimento, nos acidentes de trabalho, nas faltas ao trabalho e nos erros, comprometendo, entre outros aspectos, a segurança aos pacientes. (16)

Como parte das recentes diretrizes do Ministério da Saúde para a AB, foi criada o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB). O Programa, instituído pela Portaria nº 1.654 GM/MS, de 19 de julho de 2011, tem como objetivo incentivar os gestores e as equipes locais do Sistema Único de Saúde a melhorarem o padrão de qualidade da assistência oferecida aos usuários do SUS nas ESF, mediante um processo de autoavaliação, desenvolvimento de melhorias e certificação externa. (17) O PMAQ-AB é a principal estratégia indutora de mudanças nas condições e modos de funcionamento da AB, almejando a permanente e progressiva ampliação do acesso e da qualidade das práticas de gestão, cuidado e participação da população aos serviços de saúde. (18)

Em outro estudo(15) indicam que as capacitações têm contribuído significativamente para o aperfeiçoamento profissional e que isto se refletiu na prática profissional ou em uma melhor qualidade do serviço, na percepção dos profissionais.

No entanto, é fundamental investir no cuidado e na valorização do trabalhador do SUS, investindo em melhores salários, na implantação de planos de cargos e salários, na qualificação profissional, no fortalecimento do trabalho coletivo multiprofissional na perspectiva interdisciplinar e na atuação Inter setorial visando auxiliar e corrigir os problemas na rede assistencial e amenizar a insatisfação de profissionais e usuários.(18)

Também se considera de acordo com os resultados que, 45,24% (sempre) e 30,95% (quase sempre) o serviço é eficiente em modificar processo de trabalho para prevenir que problemas se repitam. Entretanto, verificou-se que para alcançar a segurança, uma cultura informada depende de como os líderes em todosos níveis de uma organização obtêm, usam e disseminam a informação. As organizações devem avaliar a cultura da segurança em nível de cada departamento, nível organizacional, para: identificar as áreas de cultura com necessidade de melhorar e aumentar a consciência dos conceitos de segurança do paciente; avaliar a efetividade das intervenções de segurança do paciente progressiva e continuamente; e estabelecer metas internas e externas. (4)

À medida que todos os profissionais da saúde aprimorarem essa ideia de responsabilidade coletiva será possívelavançar em direção a uma cultura de segurança do paciente.

Seção D. Frequência das respostas quanto à avaliação global da qualidade em segurança do paciente. Andradas, 2018 (n=42).

Avaliação global da qualidade em segurança do pacienteRuimRazoávelBomMuito bomExcelenteTotal
É baseado no conhecimento cientifico?0%9,52%38,10%35,71%16,67%100%
Fornece a mesma qualidade de cuidado de cuidados a todos os indivíduos, independente de sexo, etnia, status socioeconômico, etc.0%2,38%23,81%33,33%40,48%100%

Fonte: Dados do estudo, 2018.

A análise de informação possibilitou evidenciar a avaliação global da qualidade em segurança do paciente baseado no conhecimento

No geral, como você classificaria os sistemas e processos clínicos que este serviço utiliza para prevenir, identificar e corrigir problemas que tenham o potencial de afetar pacientes?0%7,14%57,14%21,43%14,29%100%

científico 38,10%(considera Bom) e 35,71% considera (muito bom).Outros estudos evidenciam que os conhecimentos adquiridos pelos profissionais da saúde hoje se concentram em evidências científicas, experimentalmente comprovadas, raramente testadas clinicamente, o que culmina em afastamento do paciente e da sua família.As transformações na formação dos profissionais da saúde devem ser produzidas em conjunto para qualificar o diálogo entre as instituições de saúde e de educação, proporcionando o envolvimento do paciente e sociedade para discussão do tema segurança do paciente, estimular o desenvolvimento das potencialidades de cada realidade, implementar a aprendizagem significativa e a capacidade crítica, de forma efetiva e criativa . (8)

 Dos entrevistados 40,48% declaram o serviço (excelente) e 33,33%(muito bom).Mostra também associação com estudo realizado na Holanda ao explorar percepções da cultura de segurança do paciente em nove profissões de atenção primária, descobrindo que todas as profissões e cultura de segurança percebida é bastante positiva e sua prática como muito bom.  (19)

No geral, 57,14% declaram (BOM) o serviço e 21,43% responderam (MUITO BOM), quanto à classificação, os sistemas e processos clínicos que este serviço utiliza para prevenir, identificar e corrigir problemas que tenham o potencial de afetar pacientes.

DISCUSSÃO

A partir dessa pesquisa, tem-se acesso ás informações se os funcionáriospensam e identificam as atitudes que evidenciam a cultura da segurança do paciente. Demonstra a visão dos mesmos sobre a cultura da segurança do paciente. Para se estabelecer uma cultura de segurança em uma organização de saúde, o primeiro passo é avaliar a cultura corrente. A partir dessa avaliação, tem-se acesso às informações dos funcionários a respeito de suas percepções e comportamentos relacionados à segurança, permitindo identificar as áreas mais problemáticas para que se possa implementar intervenções. (5)

Os estudos revelaram (35,71%) dos entrevistados o relato que os usuários retornaram a unidade de saúde para esclarecer ou corrigir uma prescrição. Encontrou-se associação e com outros trabalhos rastreadores de eventos ou circunstâncias, que significam riscos que podem levar a um incidente.A capacidade de uma instituição em obter resultados da segurança do paciente pode ser melhorada quando se cria e se estabelece a cultura da segurança entre os seus profissionais. O maior desafio em um movimento para um sistema de saúde seguro é, muitas vezes, cultural. Uma cultura de culpa, em que os erros são vistos apenas como fracassos pessoais, deveria ser substituída por uma cultura em que os erros sejam encarados como oportunidades de melhorar o sistema.  (4)

Alguns trabalhos procuraram avaliar a cultura de segurança na atenção primária à saúde utilizando questionário, entrevista e/ou grupo focal, devido à abordagem aos profissionais ser direta e mais simples, valorizando a subjetividade do informante, permitindo exploração de temas sensíveis aos profissionais de saúde. Alguns estudos descreveram que a discussão em torno da cultura de segurança nas unidades de atenção primária à saúde vem sendo ampliada para facilitar a comunicação, que é o fator contribuinte mais frequente dos erros. (20)

Os profissionais enfatizam de acordo com a análise que 50% (sempre) dos profissionais ajudam outros colegas quando alguém neste serviço está muito ocupado,verificando um envolvimento e desempenho do trabalho em equipe. Cabe destacar, que o trabalho em equipe resulta em maior produtividade, também que aqueles que trabalham em equipe possuem melhor autoestima, bem-estar psicológico e apoio social. Dessa forma, o trabalho em equipe de alta qualidade conduziria a mudanças para a melhoria da segurança do paciente e resultado nos pacientes, devendo ser fortalecido como um núcleo básico, uma vez que nele, possivelmente, reside um potencial decisivo para a eficácia do modelo atual de saúde da Atenção Básica. (4-10)

Ressalta ainda, a frequência 33,33% (quase sempre)dos participantes se sentiram apresados ao atender o paciente, mostram também associação de acordo com outros estudos, questões comuns sobre os fatores contribuintes que levaram ao erro no cuidado que contribuíram ao incidente inadequado,os profissionais se sentem pressionados para serem mais produtivos em menos tempo.

Encontra-se associação com a tendência de que a quantidade de atividades realizada 35,71% (sempre) é mais importante que a qualidade do cuidado prestado ao paciente. Mostram também que (40,48%) declaram o serviço é (excelente), 33,33%é (muito bom).

Verificou-se também que (52,38% ás vezes) e (28,57% sempre) dos funcionários deste serviço são solicitados a tarefas para quais não foram treinados. Quando se aborda o tema, estudos revelam que cursos e treinamentos em serviço por meio de palestras, aulas teóricas são possibilidades educativas sugeridas pelos pesquisados para apresentar a temática da segurança do paciente. O treinamento é um método de qualificação profissional e de revisão de conteúdo, podendo ser também uma maneira de preparação do acompanhante/cuidador para compartilhar os cuidados com a equipe de saúde.

A educação permanente em saúde e rodas de conversas é uma proposta de estratégia que vem sendo implementada nas instituições, possibilitando, do ponto de vista teórico-prático, o redesenho dos fundamentos e das noções dos profissionais da saúde focados na cultura de segurança do paciente. Os participantes expõem que compartilhar as experiências relacionadas ao erro de maneira coletiva pode ser produtivo para a expansão de uma cultura de segurança entre os profissionais da saúde. A educação permanente em saúde incentiva a diversificação de estratégias para compartilhar conhecimentos e experiências do mundo do trabalho. O profissional da saúde que discute e aceita a possibilidade da ocorrência de eventos adversos está progredindo para uma cultura de segurança do paciente. (8)

Os profissionais enfatizam na questão sobre se a equipe é incentivada a expressar outros pontos de vista, os respondentes relatam (50% sempre) e (28,57% quase sempre). Mostra também associação entre os resultados obtidos no estudo, se a equipe fala abertamente sobre os problemas neste serviço, sendo que (54,76% sempre) e (23,57% ás vezes) fala abertamente. Ressaltam-se ainda, os entrevistados abordaram em (52,19% sempre) e (26,19% quase sempre) se estão dispostos a relatar erros que observam no serviço. Os achados revelaram que para melhorar a comunicação entre os profissionais, deve-se promover uma comunicação aberta, onde eles se sintam livres para conversar sobre os erros que podem afetar o paciente.

Entretanto, verificou-se a maioria dos erros e falhas na saúde estavam relacionadas ao processo de comunicação e trabalho em equipe, sendo necessário fortalecer esses importantes pilares do cuidado. A partir disso, foi possível sensibilizar os profissionais para novos arranjos na equipe e estimular a capacidade de analisar o seu trabalho, o que pode provocar uma mudança na cultura de segurança do paciente. (8)

Os resultados da aplicação do questionário adaptado à realidade brasileira produziraminformações específicas sobre este campo doconhecimento, de modo á fortalecer iniciativasnacionais para a melhoria da segurança do paciente,como o Programa Nacional de Segurança do Paciente. (6-21)

Por envolver questões culturais, a segurança do paciente não é uma problemática individual, tão pouco de uma única categoria profissional. No entanto, corresponde a um processo de transformação em nível institucional, com seus gestores e também com o sistema de saúde brasileiro.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As limitações do presente estudo estiveram relacionadas à falta de informações a respeito à cultura de segurança do Paciente na ESF. No entanto, seus resultados permitiram constatar que …………… Na atualidade, não basta, apenas, disponibilizar o mínimo necessário para um serviço de saúde funcionar; são inúmeras as exigências que rodeiam os serviços, sejam essas exigências advindas dos gestores, dos profissionais, ou dos próprios usuários.

Nesse sentido, fazem urgentes ações de políticas públicas de saúde que viabilizem a orientação, suporte para processos de implantação da segurança do paciente, aprofundar a capacitação e formação de profissionais da saúde, disseminando-a em todos os contextos, especialmente os enfermeiros e psicólogos, para coordenação dessas ações. Ressalta ainda que a cultura da segurança do paciente deveria ser incorporada nas instituições de saúde de forma mais enraizada e sistêmica, garantindo a segurança dos pacientes e o desenvolvimento das melhores práticas em saúde. Espera-se que a incorporação da cultura da segurança, desde o início do processo de formação, no qual o discente reconheça os erros, aprenda com eles e informe as instâncias competências sobre a sua ocorrência de maneira transparente.

Ressaltar ainda e reconhecer que erros e falhas são possíveis são aspectos fundamentais compreendidos na educação para cultura de segurança do paciente, essas atitudes podem contribuir para a identificação precoce do erro e a tomada de decisão, prevenindo a ocultação e a negação das equipes, bem como estabelecendo estratégias de prevenção e recorrências das falhas identificadas e documentadas.

Um dos pressupostos para o desenvolvimento da cultura da segurança do paciente é o trabalho em equipe e, para tanto, será necessário que profissionais de saúde incorporem e aprimorem a ideia da responsabilidade coletiva e compartilhada. Para tanto, são necessários a motivação, a criatividade, o entusiasmo, a participação, o envolvimento e o comprometimento da equipe, a fim de que a qualidade do serviço seja alcançada .(7)

 As Instituições de Saúde precisam rever suas estratégias, ressaltar que a implantação de uma cultura da segurança perpassa várias instâncias de uma instituição e precisa do envolvimento e compromisso desde a administração central até os serviços de apoio. O amadurecimento dessa visão sistêmica e processual é um dos desafios impostos para a construção dessa cultura nos cenários de cuidado à saúde.

Sugerem-se novos estudos conhecendo, em diferentes contextos brasileiros, as expectativas da cultura de segurança do paciente nas unidades de ESF para balizar as políticas públicas locais no desenvolvimento de abordagens inovadoras de incentivo à cultura de segurança do paciente, como pressuposto despertando para importância da segurança do paciente e do bom desenvolvimento e qualidade de vida dos pacientes oriundos do SUS.

Todavia, é preciso ainda compreender melhor, obter evidências e conhecimentos de maneira coletiva sobre a segurança do paciente, além de divulgar e apoiar o desenvolvimento da temática nos serviços de saúde.O tema abordado contribuiu para o conhecimento da cultura de segurança do paciente, sobretudo diante da constatação de que investigações sobre esse tema são inovadores e escassas no País.

REFERÊNCIAS

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6. Ministério da Saúde (BR). Portaria nº 529, de 1 de abril de 2013. Institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP). Brasilía; 2013. [Online]. [cited 2018 julho 02. Available from:  HYPERLINK “http://www.saude.mt.gov.br/upload/controle-infeccoes/pasta2/portaria-msgm-n-529-de-01-04-2013.pdf” http://www.saude.mt.gov.br/upload/controle-infeccoes/pasta2/portaria-msgm-n-529-de-01-04-2013.pdf .

7. Duarte ML , BoecK JN. O Trabalho em equipe na enfermagem e os limites e possibilidades da estratégia saúde da família. Trab educ saúde. 2015; 13(3): 709-720.

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9. Marchon SG , Junior WVM , Pavão ALB. Características dos eventos adversos na atenção primária à saúde no Brasil. Caderno saúde Pública. 2015; 31(11): 2313-2330.

10. Timm M , Rodrigues MCS. Adaptação transcultural de instrumento de cultura de segurança para a Atenção Primária. ACTA Paulista de Enferm. 2016; 29(1): 26-37.

11.Mendes CMF , Barroso FFM. Promover uma cultura de segurança em cuidados de saúde primários. Rev Port Saúde Pública. 2014; 32(2): 197-205.

12. Ministério da Saúde (BR), Fundação Oswaldo Cruz, Agência Nacional de Vigilância Sanitária.Documento de referência para o Programa Nacional de Segurança do Paciente. Brasilía, DF: Ministério da Saúde. [Online].; 2014 [cited 2018 Junho 30. Available from:  HYPERLINK “http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/documento_referen¬cia_programa_nacional_seguranca.pdf.” http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/documento_referen¬cia_programa_nacional_seguranca.pdf.

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1Docente do curso de Especialização em Saúde Coletiva com ênfase em Saúde da Família da Faculdade Pitágoras. Campus Poços de Caldas- Minas Gerais

2Discente do curso de Especialização em Saúde Coletiva com ênfase em Saúde da Família da Faculdade Pitágoras. Campus Poços de Caldas- Minas Gerais