CONTRIBUTION OF PSYCHOMOTOR SKILLS IN DYSLEXIC STUDENTS WITH VISUAL-MOTOR DIFFICULTIES
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10543640
Joana Josiane Andriotte Oliveira Lima Nyland 1; Silmara Nilda Rosalen2; Erisnalva Pereira da Silva3; André Luiz de Queiroz Oliveira4; Alex Moura Silva5; Jones Augusto Rosas Villacrez6; Ilca Karita Barbosa Oliveira Naves7; Eliana Amaral de Oliveira8; Gabriel Antonio Ogaya Joerke9; Thays de Fátima Botelho10; Alessandra Correa da Silva Ferreira11 Rejane Bonadimann Minuzzi12; Avaetê de Lunetta e Rodrigues Guerra13
RESUMO: Este trabalho aborda o seguinte tema: Contribuição da psicomotricidade em alunos dislexos, apresentando dificuldades visomotoras. Tem como objetivo, destacar a importância e a melhora na qualidade do ensino no processo de escrita e leitura de alunos dislexos, quando se agrega na metodologia atividades psicomotoras. No decorrer da pesquisa, buscamos apresentar as dificuldades mais relevantes dos dislexos, com ênfase na dificuldade visomotora, conceituando a psicomotricidade, trazendo os principais elementos que a constitui, sustentada por três conhecimentos básicos: movimento, intelecto e o afeto. Por fim, o trabalho apresenta a interação da psicomotricidade na dislexia, destacando então, os benefícios que se pode alcançar com os alunos na aprendizagem, quando se atrela a psicomotricidade nas atividades do cotidiano escolar.
Palavras-Chave: Psicomotricidade. Dislexia. Benefícios psicomotores.
ABSTRACT: This work addresses the following topic: Contribution of psychomotor skills in dyslexic students, presenting visual-motor difficulties. It aims to highlight the importance and improvement in the quality of teaching in the writing and reading process of dyslexic students, when psychomotor activities are added to the methodology. During the research, we sought to present the most relevant difficulties of dyslexics, with an emphasis on visual-motor difficulties, conceptualizing psychomotricity, bringing the main elements that constitute it, supported by three basic knowledge: movement, intellect and affection. Finally, the work presents the interaction of psychomotricity in dyslexia, highlighting the benefits that can be achieved with students in learning, when psychomotricity is linked to everyday school activities.
Keywords: Psychomotricity. Dyslexia. Psychomotor benefits.
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho abordará o seguinte tema: Contribuição da psicomotricidade em alunos dislexos apresentando dificuldades visomotora.
Considerando, que a interação visomotora está associada a uma relação harmônica entre olhos e mãos, sendo o indivíduo capaz de transcender a percepção visual em função motora, torna-se esta habilidade indispensável no processo de aquisição da leitura e da escrita. Levando em consideração que o ser humano, em especial as crianças, vivem em constantes movimentos, transportando, entre uma ação e outra. Aproveitar de forma significativa e qualitativa estas ações de modo que desenvolva, desperte e estimule o aluno em diversas áreas motoras, as quais são fundamentais para o crescimento e desempenho escolar.
Baseando-se nisto, gerou-se uma problematização para este trabalho: Qual a implicância da psicomotricidade para melhorar as dificuldades visomotoras dos dislexos?
Compreender, que o aspecto psicomotor do indivíduo, pode influenciar fortemente o rumo do processo de aprendizagem da criança, como também ser de suma importância que se busque progredir com o aluno em cada fase do seu desenvolvimento, faz-se necessário um trabalho correto por parte dos educadores.
Diante disso, justifica-se com a presente pesquisa o desejo de contribuir com práticas psicomotoras que auxiliem educadores a trabalhar com seus alunos dislexos que apresentem dificuldades visomotoras Tendo em vista, que a ausência de dominância lateral, coordenação global, formação de pensamento abstrato, espaço-temporal, memorização, entre outras habilidades que influenciam diretamente na aquisição do processo de leitura e escrita.
Desta forma, o artigo buscará apresentar as dificuldades mais relevantes dos dislexos. Compartilhar diferentes atividades práticas metodológicas que auxiliem o aluno com dificuldades visomotoras. E apontar os efeitos benéficos das atividades psicomotoras no desenvolvimento do aluno.
Enfim, a pesquisa tem a finalidade de respaldar alunos e educadores trazendo descrição de atividades práticas psicomotoras com ênfase no desenvolvimento visomotor do aluno dislexo. O desenvolvimento do mesmo será baseado em pesquisas bibliográficas, artigos e revistas. Sendo, seu desenvolvimento dividido em três tópicos, o primeiro trazendo uma breve descrição sobre o que vêm a ser dislexia, o segundo abordando as dificuldades visomotoras, o terceiro conceituou a psicomotricidade e o quarto e não menos importante, será a, interação da psicomotricidade na dislexia.
Cada pesquisador pôde contribuir com diferentes partes do artigo, como o resumo, o abstract, o referencial teórico, o percurso metodológico, conclusão, além da busca por artigos com temas correlatos para auxiliar na pesquisa. Dessa forma, foi possível aproveitar o conhecimento e as habilidades de cada um, enriquecendo o trabalho e tornando-o mais completo. Assim, a colaboração se mostra como uma prática essencial no campo da pesquisa científica.
2. O QUE É DISLEXIA?
A palavra dislexia tem origem a língua grega, “dis” (pobre, ruim, dificuldade) e “lexia” (linguagem). De acordo com ABD (Associação Brasileira de Dislexia), a dislexia do desenvolvimento é considerada um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica, caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração. Essas dificuldades normalmente resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem e são inesperadas em relação à idade e outras habilidades cognitivas.
A dislexia caracteriza-se como um distúrbio de aprendizagem, que apresenta suas características nos primeiros anos de vida escolar da criança, por este motivo, devem-se manter atentos os professores e equipe pedagógica da escola para identificar e analisar as primeiras dificuldades aparentes no cotidiano dos alunos. A aprendizagem da leitura de uma criança dislexa, é geralmente lenta e muito laboriosa, atrelada a dificuldades na identificação, na compreensão e a interpretação dos símbolos gráficos.
Segundo Lopes (2001), o conhecimento de algumas destas características da dislexia pode ajudar os pais e professores a detectar precocemente esta problemática, uma vez que quanto mais cedo for identificada, mais rapidamente se poderá intervir e reeducar com sucesso a criança disléxica.
A aquisição da leitura é um processo complexo, pois envolve a linguagem, a psicomotricidade, a percepção auditiva e visual, o comportamento emocional, a cultura, o nível socioeconômico, entre outros. A linguagem escrita, por sua vez, pode ser entendida como a extensão da linguagem oral. Diante disso, para que caminhem juntas estes dois conceitos, torna-se necessário que o sujeito perceba corretamente os sons durante a sua produção.
A dislexia pode ser identificada na pré-escola, podendo perceber uma lentidão ou anormalidade no desenvolvimento da linguagem oral, porém, seus sinais serão mais evidentes e relevantes, no período da alfabetização, onde se exige do aluno a aquisição do processo de leitura e escrita, esta então, pode causar diversos problemas na aprendizagem do aluno. Tais como, atraso na aquisição das primeiras palavras, decodificação, soletração, fala inadequada, dispersão, dificuldades de aprendizagem e consequentemente, dificuldades na memorização, inversões e rotações dos movimentos gráficos, trocas na leitura, erros ortográficos.
Ainda nos dias de hoje, o processo de alfabetização é um desafio posto ao cotidiano escolar. Assim, uma atuação docente de forma comprometida e qualificada com o conhecimento científico, com capacidade de transpô-lo aos desafios do cotidiano tem se constituído em uma urgência necessidade de ser avaliada e de ser aprimorada. Para melhor compreender as diversas facetas do contexto educacional, requer considerá-lo em correlação com os diferentes fatores influenciadores deste processo.
Desta forma, na realização do diagnóstico da dislexia, deve-se iniciar a partir de alguns pontos cruciais, como: apropriar-se de procedimentos que permitem determinar o nível funcional da leitura, seu potencial e capacidade, a extensão de deficiência, as deficiências específicas na capacidade de leitura, a disfunção neuropsicológica, os fatores associados e as estratégias de desenvolvimento e recuperação para a melhoria do processamento neuropsicológico e para a interação das capacidades perceptivo-linguísticas do aluno.
A dislexia implica diferente abordagem mediante as diversificadas estratégias de ensino-aprendizagem. Tendo em vista, que o aluno disléxico, quando visto de perto, acompanhado, estimulado, encorajado, consegue alcançar resultados satisfatórios no seu desempenho escolar.
Conseguinte, no próximo tópico será abordado o seguinte tema: dificuldades visomotoras, tendo este, o objetivo de contribuir para que haja uma melhor compreensão e entendimento dos possíveis sintomas que esta dificuldade pode apresentar nos alunos dislexos.
3 DIFICULDADES VISOMOTORAS
As dificuldades visomotoras são um tema de grande relevância quando se trata do desenvolvimento infantil. Estas dificuldades referem-se à capacidade de integrar informações visuais e coordenar os movimentos do corpo de forma eficiente. Neste artigo, iremos explorar os principais aspectos relacionados a este tema, a importância do diagnóstico precoce e as possíveis intervenções terapêuticas.
As dificuldades visomotoras podem se manifestar de diversas formas, como dificuldades na escrita, no desenho, na coordenação motora fina e grossa, na prática de esportes, entre outras atividades que envolvem a interação entre a visão e os movimentos do corpo. Estas dificuldades podem impactar negativamente o desempenho acadêmico, a autoestima e a participação social das crianças.
É fundamental que as dificuldades visomotoras sejam identificadas precocemente, a fim de que sejam realizadas intervenções adequadas. O diagnóstico é realizado por meio de avaliação clínica, que envolve a observação do comportamento da criança, testes visuais e testes motores. Profissionais como psicólogos, terapeutas ocupacionais e oftalmologistas podem ser envolvidos neste processo de diagnóstico.
Uma vez identificadas as dificuldades visomotoras, é possível iniciar um programa de intervenção terapêutica. Este programa pode envolver atividades específicas para melhorar a coordenação motora, o controle visual e a integração entre estes dois aspectos. Além disso, a terapia pode incluir o uso de instrumentos e materiais adaptados, como lápis especiais e jogos que estimulem a coordenação visomotora.
A intervenção terapêutica para as dificuldades visomotoras deve ser individualizada, considerando as necessidades e habilidades de cada criança. É importante que os profissionais envolvidos no processo de intervenção trabalhem em conjunto, compartilhando informações e ajustando as estratégias de acordo com os avanços e dificuldades apresentados pela criança.
É válido ressaltar que as dificuldades visomotoras não devem ser encaradas como uma limitação permanente, mas sim como um desafio que pode ser superado com o apoio adequado. Com o diagnóstico precoce e a intervenção terapêutica adequada, é possível melhorar significativamente as habilidades visomotoras das crianças, permitindo que elas alcancem todo o seu potencial
Apropriar-se da aquisição do processo da leitura e da escrita, exige-se que ocorra uma harmonia entre diversos fatores.
De acordo com Fonseca (2005), para ler, tem de se ativar funções psíquicas superiores como a atenção e concentração, a análise e síntese de letras e sons, a compreensão do sentido do texto, a rememorização das suas conexões e relações narrativas, a recordação das personagens e dos locais referidos, além dos pormenores e detalhes do texto e desenvolvimento de conclusões.
Corroborando com Ferreira (2008), a quantidade de capacidades que se encontram determinadas pelo funcionamento cognitivo (percepção, memória, atenção) e sabendo que os problemas cognitivos se encontram na base da origem da dislexia, podemos constatar que a dislexia tem inúmeras e distintas características.
A dificuldade visomotora dos dislexos está associada, com a desarmonia em coordenar olhos e mãos durante simples ações do cotidiano escolar, como ao realizar: cópias livros/quadro, dificuldades em manusear mapas e dicionários, a coordenação durante leituras, confusão entre direita e esquerda, desenho geométrico e decorar sequências.
A aprendizagem caracteriza-se como uma função do cérebro, resultante de complexas funções e habilidades neurofisiológicas e neuropsicológicas, que se combinam e organizam, integrando estímulos e respostas, assimilações e acomodações, sendo o mesmo, responsável pela aquisição da aprendizagem como um todo, funcional e estrutural. Algumas habilidades cognitivas tornam-se necessárias e essenciais para que ocorra uma aprendizagem completa, tais como: informações do sentido visual, processos de atenção, memorização, integração, processamento simultâneo e sequencial, compreensão, falar, desenhar, ler, escrever, contar e resolver problemas.
4 CONCEITO SOBRE PSICOMOTRICIDADE
A psicomotricidade de acordo com a Associação Brasileira de Psicomotricidade é definida como a ciência que tem como objetivo de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo e está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. É sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o afeto. A Psicomotricidade dá a confiança para as crianças alcançarem habilidades e estruturas corporais importantes e indispensáveis ao longo da infância e da vida adulta.
A psicomotricidade baseia-se em uma concepção unificada da pessoa, que inclui as interações cognitivas, sensório-motoras e psíquicas na compreensão das capacidades de expressar-se, a partir do movimento, em um contexto psicossocial. Ela se constitui por um conjunto de conhecimentos psicológicos, fisiológicos, antropológicos e relacionais que permitem, utilizando o corpo como mediador, abordar o ato motor humano com o intento de favorecer a interação deste sujeito consigo e com o mundo dos objetos e outros sujeitos. (site ABP)
De Meur e Staes (1984), apresentam quatro etapas de desenvolvimento do esquema corporal:
- O corpo vivido; etapa em que a criança faz diversos exercícios motores apresentados em forma de jogo. O objetivo é levar a criança a dominar seus movimentos e perceber seu corpo globalmente, constituindo um todo. Esses exercícios passam da atividade espontânea da criança para uma atividade integrada, que vai responder a dados verbais (Ande! Corra! Pule!), a sensações (equilíbrio, parada), a uma representação nítida (andar de quatro e de cócoras).
- O conhecimento das partes do corpo; esta se realiza de forma interna, (sentindo cada parte do corpo) e externa (vendo cada segmento em um espelho, em outra criança ou em uma figura). A criança se torna capaz de nomear, apontar, diferenciar, localizar, cada parte de seu corpo;
- Orientação espaço-corporal; a criança passa a desenvolver um trabalho sensorial mais elaborado. É a etapa de associação dos componentes corporais aos diversos objetos da vida cotidiana, a um conhecimento analítico do espaço dos gestos e das diferentes posições que fazemos cada parte do corpo tomar;
- Organização espaço-corporal; É a etapa em que a criança poderá exercitar todas as suas possibilidades corporais, de forma analítica e sintética. De forma analítica: chegarão a um domínio corporal através de movimentos de coordenação, equilíbrio, inibição e destreza. De forma sintética: prevendo e adaptando seus movimentos ao objetivo a ser alcançado e expressando por intermédio de seu corpo uma ação, um sentimento, uma emoção (DE MEUR e STAES, 1984, p.10).
As crianças estão sempre em movimento, se deslocando entre uma ação e outra, em função de sua curiosidade para com o mundo ao seu redor. Para satisfazer a sua curiosidade a criança deve estar em pleno desenvolvimento motor e cognitivo. Esses dois aspectos, sempre estão ligados, porque não podemos separar o corpo da mente, como o próprio significado da palavra psicomotricidade nos remete: PSICO: intelectual (cognitivo), emocional (querer), mental (intenção) e MOTRICIDADE: movimento e gesto.
A psicomotricidade pode ser entendida e utilizada para o desenvolvimento da capacidade motriz, expressivas e criativas a partir do corpo que pode ser estimulado a apropriar-se de novas aprendizagens.
Assim como o desenvolvimento infantil passa por estágios e etapas de estruturação e maturação, também as atividades psicomotoras e lúdicas vão se ajustando com seus elementos, conceitos, suas brincadeiras e jogos que evoluem conforme o processo de desenvolvimento infantil. O tipo de brincadeiras e jogos das crianças aos dois anos de idade, por exemplo, é diferente e menos elaborado do que aos cinco anos, passando dos chocalhos, cavalinho de pau, bichos de pelúcia, cubos de pano, peças de encaixar, brinquedos de atividades na areia ou água, a brinquedos e brincadeiras como: massa de modelar, quebra-cabeça, bicicleta, cabanas e casinhas, fantoches, máscaras, lojas em miniatura dentre outros mais.
Atrelado a isto, a psicomotricidade por sua vez, é composta por alguns elementos que auxiliam para que a mesma seja trabalhada de forma qualificada: tonicidade, estrutura espaço-temporal, equilíbrio, ritmo, coordenação geral e fina, esquema corporal, lateralidade.
O professor deve refletir sobre as solicitações corporais das crianças e sua atitude como educador diante das manifestações da motricidade infantil, compreendendo seu caráter lúdico e expressivo. Além de refletir acerca das possibilidades posturais e motoras oferecidas no conjunto de atividades, é interessante planejar situações de trabalho voltadas para aspectos mais específicos do desenvolvimento corporal e motor (REFERENCIAL NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL, 1998, p. 39).
O desenvolvimento psicomotor é de grande importância na prevenção de problemas da aprendizagem. A educação psicomotora utiliza as funções motoras, perceptivas, afetivas e sócio-motoras, possibilitando a exploração do ambiente, passando por experiências concretas, indispensáveis ao seu desenvolvimento.
5 INTERAÇÃO PSICOMOTRICIDADE X DISLEXIA
A interação da psicomotricidade no desenvolvimento do indivíduo desenvolve um papel imprescindível, por meio de práticas como a brincadeira é possível alcançar qualidade no desempenho escolar de crianças com dificuldades. Através de simples brincadeiras é possível fornecer à criança a possibilidade de construir uma identidade autônoma, cooperativa e criativa. A criança que brinca, adentra no mundo do “faz de conta”, do trabalho, da cultura, através de diferentes experimentações. Brincando, a criança é capaz de construir significados, objetivando a assimilação de papéis sociais, o entendimento das relações afetivas e a construção do conhecimento.
O brincar revela a estrutura do mundo da criança, como se organiza o seu pensamento, às questões que ela se coloca como vê o mundo à sua volta. Na brincadeira, a criança explora as formas de interação humana, aprende a lidar com a espera, a antecipar ações, a tomar decisões, a participar de uma ação coletiva (BRASIL, 2007, p. 9).
O ato de brincar pode ser visto como prática pedagógica que deve está presentes na metodologia dos professores, estes ocupam um papel específico no desenvolvimento infantil. A ludicidade permeia os jogos infantis, as representações teatrais, as atividades recreativas, e a conduta lúdica que se assemelha ao “artístico”, podendo fazer esquecer as preocupações cotidianas, aprimoram sensações e percepções, permitindo uma imersão total no brincar, buscando, fazer a prevenção de possíveis dificuldades escolares, ou amenizar, proporcionando aos alunos com dificuldades, novas estratégias de ensino aprendizagem.
[…] não há movimentos para os homens, mas homens que se movimentam, assim como não há objetos para os homens, mas homens que os utilizam. O movimento é uma significação expressiva e intencional, é uma manifestação vital da pessoa. O movimento não resulta da integração de estímulos isolados, mas unicamente das situações concretas que o determinam. O movimento ocupa grande parte das manifestações da história biológica do indivíduo, dado que como exteriorização significativa não é uma revelação abstrata, mas sim do concreto vivido inerente ao sujeito. […] o movimento põe em jogo toda a personalidade do indivíduo. O movimento é ao mesmo tempo antecipação da ação (projeto da ação). Há em todo o movimento humano uma extensão antropológica que não convém esquecer. Nossa experiência adquirida constitui uma sucessão ininterrupta de atitudes corporais e de movimentos expressivos e representativos (FONSECA, 1996, p.9).
A psicomotricidade pode ser uma forte aliada para ajudar no desenvolvimento de dificuldades visomotoras em alunos dislexos. Partindo do pressuposto, que o uso de jogos pedagógicos e atividades práticas, afetam inteiramente na área da lateralidade, coordenação motora, esquema corporal, imagem corporal, orientação temporal, percepção e relaxamento, conceitos estes, que devem ser explorados no tratamento de dificuldades visomotoras.
É pela motricidade e pela visão que a criança descobre o mundo dos objetos, e é manipulando-os que ela redescobre o mundo; porém, esta descoberta a partir dos objetos só será verdadeiramente frutífera quando a criança for capaz de segurar e de largar, quando ela tiver adquirido a noção de distância entre ela e o objeto que ela manipula, quando o objeto não fizer mais parte de sua simples atividade indiferenciada (AJURIAGUERRA, 1980, p. 210).
Diante disso, pode-se perceber a importância de manter vinculadas às práticas envolvendo as motricidades visão e coordenação, para que se alcance melhores resultados.
A prática psicomotora deve ser entendida como um processo de ajuda que acompanha a criança em seu próprio percurso maturativo, que vai desde a expressividade motora e do movimento até o acesso à capacidade de descentração. Em tal processo, são atendidos os aspectos primordiais que formam parte da globalidade em que as crianças estão imersas nessa etapa, tais como afetividade, a motricidade e o conhecimento, aspectos que irão evoluindo da globalidade à diferenciação, da dependência à autonomia e da impulsividade á reflexão (SÁNCHEZ, MARTINEZ e PEÑALVER, 2003, p.13).
Mediante isso, faz-se necessário que o professor adapte suas práticas pedagógicas, de acordo com as necessidades encontradas em seus alunos. Utilizando práticas como: jogos pedagógicos, atividades lúdicas, entre outras práticas que permitem uma melhor construção e reconstrução do conhecimento com dignidade e competência.
6 CONCLUSÃO
No decorrer deste trabalho buscou-se apresentar a contribuição da psicomotricidade em alunos dislexos com ênfase na dificuldade visomotora. Buscando destacar e refletir sobre a importância de se desenvolver práticas pedagógicas lúdicas baseadas em brincadeiras e jogos, as quais são responsáveis por desenvolver habilidades motoras que educam e reeducam o corpo.
O estudo também permitiu perceber e compreender que, por meio da psicomotricidade é possível prevenir dificuldades escolares. A utilização de atividades psicomotoras no processo de alfabetização em alunos dislexos é um fator muito importante, um elemento que merece atenção e dedicação dos professores.
A pesquisa realizada sobre esse tema demonstrou que a intervenção psicomotora pode trazer benefícios significativos para os alunos dislexos com dificuldades visomotoras. Através de atividades que estimulam o equilíbrio, a lateralidade e a coordenação motora, esses estudantes podem desenvolver habilidades essenciais para o processo de aprendizagem, como a concentração, a atenção e a memória.
Em conclusão, a psicomotricidade tem se mostrado uma abordagem promissora para auxiliar no desenvolvimento de alunos dislexos com dificuldades visomotoras. No entanto, é necessário realizar mais pesquisas para aprofundar o conhecimento sobre essa contribuição e superar as limitações encontradas. Recomenda-se que trabalhos futuros utilizem amostras de participantes, realizem acompanhamentos a longo prazo e investiguem os componentes específicos da psicomotricidade que mais contribuem para o desenvolvimento desses alunos.
REFERÊNCIAS
AJURIAGUERRA, J. de. Manual de psiquiatria infantil. Tradução de Paulo Cesar Geraldes e Sonia R. Pacheco Alves. Rio de Janeiro, Editora Masson do Brasil Ltda., 1980.
DISLEXIA, Associação Brasileira de. Associação Brasileira de Dislexia-: Tudo sobre dislexia. Disponível em: <http://www.dislexia.org.br/>. Acesso em: 05 out. 2019.
BRASIL. Projeto Político Pedagógico. Campo Mourão – PR, 2007
DE MEUR, A. de e STAES, L. Psicomotricidade: Educação e reeducação. São Paulo: Manole, 1984.
FERREIRA, I., (2008). A Dislexia e a sua Avaliação Pedagógica. Porto: Trabalho de Pós-Graduação em Educação Especial. Universidade Portucalense.
Fonseca, V. (2005). Dificuldades de Aprendizagem: Na busca de alguns axiomas. Revista Portuguesa de Pedagogia. Ano 39. nº3. 13-38.
FONSECA, Vitor da. Psicomotricidade. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
LOPES, Mª CELESTE S. L. (2001). Dificuldades Específicas na Leitura e Escrita: a Dislexia, in Sonhar. Braga: APPACDM.
REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL/ Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.
SÁNCHEZ Pilar, MARTINEZ Marta, PEÑALVER Iolanda. A Psicomotricidade na Educação Infantil. Uma prática preventiva e educativa. Porto Alegre, Artmed, 2003.
1 Especialização em Neuropsicopedagogia – Universidade Federal Rio Grande – FURG/RS
2 Mestrando em Educação Especial – UNESP – Presidente Prudente/SP
3 Doutoranda em Movimento Humano e Reabilitação – Universidade Evangélica de Anápolis/GO
4 Especialização em Orientação Educacional, Gestão e Supervisão Escolar – Instituto de Educação e Tecnologias
5 Mestrando em Docência e Gestão Escolar – Universidade Municipal de São Caetano do Sul/SP
6 Especialização em Reabilitação de Lesões Musculoesqueléticas – IBRAP/SP
7 Graduação em Enfermagem – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas/GO
8 Mestra em Educação Inclusiva – Universidade Federal do Tocantins/TO
9 Doutorando em Sociologia (IUPERJ/UCAM)
10 Mestranda em Educação Inclusiva – PROFEI/UNESP Presidente Prudente/SP
11 Mestrado em Letras – Universidade do Estado de Mato Grosso/MT
12 Mestre em Diversidade Cultural e Inclusão social – FEEVALE – Novo Hamburgo/RS
13 Mestrado em Filosofia – Universidade Federal da Paraíba/PB