HOSPITAL PHYSIOTHERAPEUTIC ASSESSMENT: LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10525352
Aretusa Lopes Cavalheiro1; Carine Laura de Andrade2; Juliana Araújo Brandão3; Keyse Rafaela Nascimento dos Santos4; Lilian Cristina Silva Santos Magri5; Matheus Oliveira Nery de Freitas6; Reisla Délis Silva de Almeida7; Roberto Oliveira Guimarães8; Samara Karine Carvalho Sena9; Adriele Lins Silva10; Ana Letícia Santos do Nascimento11.
Resumo
A atuação do fisioterapeuta é extensa e se faz cada vez mais presente no ambiente hospitalar, participando nos vários segmentos do cuidado, desde ao atendimento a pacientes críticos à assistência durante a recuperação pós-cirúrgica ou internação clínica nas enfermarias. Dessa forma, uma avaliação fisioterapêutica bem estrutura pode contribuir para a orientação e sistematização da prática clínica, propiciar um tratamento adequado, bem como gerar indicadores de qualidade assistencial. Este estudo revisou as técnicas, métodos e instrumentos utilizados pelos fisioterapeutas na avaliação do paciente adulto hospitalar. Realizou-se uma revisão sistemática de literatura com as palavras chaves “avaliação”, “fisioterapia” e hospital” nas bases de dados PUBMED, LILACS e SCIELO. O conector AND foi utilizado para combinação entre os termos. Foram encontrados 241 artigos (Pubmed 6; Lilacs 209; Scielo 26), mas somente 19 artigos foram elegíveis para análise. Como resultado obteve-se diversos instrumentos de avaliação da funcionalidade/mobilidade (PFIT, FSS, IMS, Indice de Mobilidade de Morton, PERME, PaciFIC, CPAX, MIF, PGI, “6 cliques” – AM-PAC), testes que avaliam a capacidade física (teste do degrau de 6 minutos, teste de caminhada de 6 minutos e o teste de sentar e levantar). Outro ponto citado é a avaliação dos sinais vitais, do alerta/nível de consciência, da força muscular, da dor e da dispneia. Pode-se concluir que a avaliação fisioterapêutica do paciente adulto no ambiente hospitalar deve conter os dados vitais, a inspeção estática e dinâmica da respiração, a presença e a quantificação da dor e dispneia e o alerta/nível de consciência do paciente, pois são esses dados que indicarão se o paciente estará apto ou não para realizar a fisioterapia. E como forma de triar e estratificar os pacientes em risco de declínio funcional, deve-se utilizar instrumentos que avaliem a funcionalidade e mobilidade do paciente para assim traçar objetivos e planos terapêuticos de forma segura, assertiva e eficaz.
Palavras-chave: Avaliação. Fisioterapia. Hospitalar.
1 INTRODUÇÃO
O ambiente hospitalar deve ser lembrado como um ambiente formado por diferentes profissionais da área da saúde que prestam uma vigilância/cuidado de forma integrada para os pacientes que necessitam de uma atenção à saúde de maior complexidade (DIAS & ANDRADE).
A atuação do fisioterapeuta é extensa e se faz cada vez mais presente no ambiente hospitalar, sendo parte da equipe multidisciplinar do hospital. A fisioterapia participa nos vários segmentos do tratamento hospitalar, desde ao atendimento a pacientes críticos com ou sem suporte ventilatório nas unidades de internação intensiva à assistência durante a recuperação pós-cirúrgica ou internação clínica nas enfermarias (JERRE et al, 2007; ALVES, 2012).
Dessa forma, uma avaliação fisioterapêutica bem estrutura pode contribuir para a orientação e sistematização da prática clínica do fisioterapeuta, propiciar um tratamento adequado, bem como gerar indicadores de qualidade assistencial (GAVIM et al, 2013).
Este estudo tem como intuito revisar as técnicas, métodos e instrumentos utilizados pelos fisioterapeutas na avaliação do paciente adulto hospitalar, e enfatizar a importância da avaliação fisioterapêutica no ambiente hospitalar para detectar o estado funcional do paciente e então traçar objetivos e plano terapêutico seguros, assertivos e eficazes.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 – Internação Hospitalar
Estudos vem demonstrando que períodos prolongados de hospitalização predispõem a incidência de complicações oriundas da imobilidade, do uso de medicamentos, dispositivos e sondas necessários ao cuidado do paciente crítico. Essa combinação de fatores (medicações, dispositivos, comorbidades prévias a internação e repouso no leito) possui um grande efeito deletério nas capacidades físicas e funcionais do paciente, causando rápida redução da massa muscular e densidade óssea, descondicionamento cardiorrespiratório, diminuição dos volumes pulmonares, úlceras de pressão e rupturas de pele. Essas complicações já podem ser notadas nas primeiras semanas de internação, o que gera um declínio funcional e uma diminuição da qualidade de vida após a alta hospitalar (FURTADO et al 2020; MATTISON et al, 2021; MIKKELSEN et al 2023; MORRIS & HERRIDGE, 2007; STILLER, 2007; WINKELMAN, 2007).
Corroborando com isso, estudos demostram que a fraqueza muscular generalizada é uma complicação que acomete de 30 a 60% dos pacientes internados nas unidades de terapia intensiva, podendo perdurar de seis meses a dois anos após a alta hospitalar. Todavia, esses efeitos deletérios da internação prolongada podem ser revertidos ou amenizados pela atuação da fisioterapia (FURTADO et al 2020; MATTISON et al, 2021; MIKKELSEN et al 2023; MORRIS & HERRIDGE, 2007; STILLER, 2007).
2.2 – Fisioterapia Hospitalar
O tratamento fisioterapêutico no ambiente hospitalar é reconhecido desde a década de 70 fundamentalmente com a fisioterapia respiratória (suporte ventilatório invasivo e não invasivo) e a partir daí vem aumentando gradualmente nas últimas décadas, dessa vez, não somente no quesito respiratório, mas também para minimizar ou prevenir os efeitos deletérios da internação prolongada (ALVES, 2012; FURTADO et al 2020).
Com base nas evidências científicas atuais, ações destinadas a incentivar a atividade e a mobilização precoce na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) podem reduzir a duração da ventilação mecânica (VM), o tempo de permanência na UTI e hospitalar e, também, aprimorar a função física, mantendo ou melhorando a força muscular (FURTADO et al 2020; MATTISON et al, 2021; MIKKELSEN et al 2023; MORRIS & HERRIDGE, 2007; STILLER, 2007; PEREIRA et al 2019).
A fisioterapia foi regulamentada como profissão pelo decreto de lei nº938, de 13 outubro de 1969, sendo sua atividade privativa executar métodos e técnicas fisioterápicas com a finalidade de restaurar, desenvolver e conservar a capacidade física do cliente/paciente. É importante ressaltar que para se ter resultados eficientes no tratamento fisioterapêutico, uma avalição criteriosa das condições clínicas de cada paciente deve ser realizada, para assim traçar um tratamento seguro, adequado e efetivo (FURTADO et al 2020).
2.3 – Avaliação Fisioterapêutica
A avaliação faz parte dos elementos do atendimento fisioterapêutico que levam a resultados ideais. É um processo dinâmico, no qual o profissional faz julgamentos clínicos com base nos dados coletados e identifica possíveis problemas e define estratégias de intervenção mais apropriada para cada caso. A reavaliação contínua possibilita a quantificação do progresso bem como, modificação das intervenções para melhor eficácia do tratamento (O’SULLIVAN & SCHMITZ &FULK, 2018).
Exames de rastreamento breve podem ser utilizados para determinar áreas de função intacta ou disfunção em cada um dos sistemas corporais (pulmonar, cardiovascular, musculoesquelético, entre outros). Esse rastreamento pode envolver observação, revisão de prontuários, história pregressa e atual da moléstia, exame físico, testes de funcionalidade e mobilidade, entre outros (O’SULLIVAN & SCHMITZ &FULK, 2018).
Testes, medidas e escalas são utilizados para fornecer dados objetivos, quantificáveis, a fim de determinar com precisão o grau de função ou disfunção. A avaliação inicia pelo nível de disfunção (redução de força muscular ou diminuição da amplitude de movimento) ou através da análise de uma atividade funcional (sentar, levantar, alcançar) observando as diferenças entre o realizado pelo paciente e o desempenho “típico”, esperado para essa atividade. Testes como teste manual de força muscular, goniometria, teste de caminhada de 6minutos, timed up and go, escalas de mobilidade, entre outros, podem ser utilizados, observando o nível de independência para realizar cada tarefa e a necessidade de assistência externa para sua realização (O’SULLIVAN & SCHMITZ &FULK, 2018).
Os dados coletados na avaliação inicial (sinais, sintomas, histórico médico, resultados de exames laboratoriais, físicos e de testes e escalas funcionais) devem então ser organizados e analisados criticamente para descrever a condição de saúde do paciente e guiar na escolha de estratégias de intervenção assertiva, segura e eficaz para cada paciente (O’SULLIVAN & SCHMITZ &FULK, 2018).
3 METODOLOGIA
Para realização desse estudo, uma revisão sistemática de literatura foi efetuada, onde buscou-se artigos científicos que contemplassem a temática de avaliação fisioterapêutica de pacientes adultos em ambiente hospitalar nas bases de dados PUBMED, LILACS e SCIELO. O último acesso ocorreu em 24 de novembro de 2023. Os descritores utilizados foram “avaliação”, “fisioterapia” e “hospital”. O conector AND foi utilizado para combinação entre os termos.
Os critérios de inclusão utilizados foram: trabalhos publicados nos últimos 5 anos (2019 a 2023), com população alvo de pacientes adultos e internados no hospital, disponibilizados em língua portuguesa e/ou língua inglesa. Por sua vez, os critérios de exclusão foram: estudos não disponibilizados integralmente, artigos repetidos e não se ater, especificamente na avaliação fisioterapêutica hospitalar.
Com esses termos foram encontrados 241 artigos (Pubmed 6; Lilacs 209; Scielo 26), 17 repetidos, 205 excluídos por não atender aos critérios de inclusão ou por atender algum critério de exclusão. Um artigo, apesar de não ser realizado em ambiente hospitalar, foi incluído por se tratar de instrumentos de avaliação que podem ser utilizados no ambiente hospitalar, restando então 19 artigos para análise.
Os artigos selecionados foram primeiramente organizados nas seguintes categorias: a) autores, b) ano de publicação c) tipo e estudo d) ideia central e e) método de avaliação utilizado; com o objetivo de organizar os dados e identificar a predominância da temática e a quantidade de artigos em cada uma delas. Por fim, foi realizado a leitura crítica e minuciosa de cada artigo científico e uma análise qualitativa deles.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Diante dos critérios de inclusão e exclusão, 19 artigos foram selecionados e o quadro 01 relaciona os principais achados da pesquisa.
Quadro 01 – Trabalhos selecionados para o estudo
Autor | Ano | Tipo e estudo | Foco central da discussão | Método de avaliação utilizado |
Chomem et al. | 2023 | Construção e validação de instrumento | Construção e validação de instrumento de avaliação fisioterapêutica e de classificação funcional para pacientes com HIV hospitalizados. | Selecionaram Códigos da CIF (core set) mas não apresentaram instrumentos para avaliá-los. |
Quintal & Valduga & Su zuki | 2023 | Transversal, observacional e descritivo | Avaliação de pacientes queimados segundo a CIF na alta hospitalar. | MRC, FSS-ICU, goniometria e relacionaram aos códigos da CIF. |
Kovalski et al. | 2022 | Prospectivo e intervencionista | Avaliação da capacidade física em pacientes com COVID hospitaliza dos . | Teste do degrau de 6 minutos, escala de funcionalidade Permeescore, sinais vitais (PA, FC, SpO2), escala de borg. |
Dornelas et al. | 2022 | Descritivo | Vinculação da ficha de avaliação fisioterapêutica com as categorias da CIF em mulheres com câncer de mama e comparação com o core set específico para câncer de mama. | Dados sociodemográficos, dados vitais, da dos sobre a mama e cirurgia, questionário DASH, questionários de qualidade de vida QLQ-30 e QLQ-BR-23, Escala de Autoestima de Rosenberg (EAR), Biofotogrametria e Perimetria. |
Warren et al. | 2021 | Coorte retrospectivo | Utilização do 6-cliques de mobilidade básica e atividade diária como ferramenta clínica para tomada de decisão para determinar o destino da alta, se casa ou serviços de saúde. | Mobilidade básica e/ou atividade diária de “6 cliques” – AM PAC. |
Sarmento & Luz & Oliveira | 2021 | Descritivo e transversal | Descrer o perfil sociodemográfico e físico-funcional do amputado de Membro inferior no pós-operató rio imediato. | Sinais vitais, Escala de Dispneia de Borg, Perimetria, escala analógica de dor, inspeção cardiorrespiratória (cianose, dor torácica, tipo de tórax, edema, desconforto respiratório,tosse, tipo respira tório), equilíbrio está tico sentado e em ortostatismo unipodal. |
Cardoso et al. | 2020 | Tradução e validação de questionário | Tradução para a língua portuguesa e análise das propriedades psicométricas do instrumento Patient Generated Index para pacientes com DPOC. | PGI – Patient Genera ted Index. |
Lima et al. | 2020 | Longitudinal, prospectivo e quantitativo | Verificar a relação entre mobilidade funcional e desfecho clínico de pacientes admitidos na UTI. | Escore Perme e APA CHE II. |
Klirathinam & Guruchandran & Subramani | 2020 | Revisão narra tiva | Tratamento fisioterapêutico no paciente com COVID-19. | Sinais vitais (FC, Spo2, temperatura, SpO2/FiO2, tosse, dispneia, FR), MRC, teste de caminhada de 6min. |
Perry et al. | 2020 | Estudo de coorte prospectivo multicêntrico | Examinar a propriedade clinimétrica do teste de função física de UTI e Índice de mobilidade de Morton e transformar em uma única medida para uso em todo setor de cuidado UTI e pós-UTI (PaciFIC). | Teste de função física em UTI (PFIT), Índice de Mobilidade de Morton e PaciFIC- função física em cuidados críticos. |
Tymkew et al. | 2020 | Estudo retrospectivo | Estabelecer valores de corte de exames físicos padronizados para fazer recomendações para alta domiciliar | FSS-UTI, IMS-UTI, 6 cliques. |
Zanini et al. | 2019 | Observacional transversal | Associação entre consumo de oxigênio de pico e teste de caminhada de 6 minutos em pacientes submetidos a cirurgia de revascularização do miocárdio. | Teste de caminhada de 6 minutos e Teste cardiopulmonar de exercício com análise dos gases (VO2 pico). |
Correa et al. | 2019 | Consenso de especialistas | Avaliação, objetivos e condutas fisioterapêuticas intra-hospitalar para pacientes com isquemia crítica de membro inferior. | Avaliação de sintomas, função cognitiva, musculoesquelética e cardiorrespiratória, mobilidade funcional. |
Melo et al. | 2019 | Estudo transversal | Estabelecer a segurança da aplicação do teste de sentar-levantar na alta da UTI de pacientes idosos e determinar confiabilidade do teste, reteste e entre avaliadores. | Teste de sentar-levantar 5 vezes, sinais vitais e escala de borg. |
Pereira et al. | 2019 | Estudo observacional prospectivo | Avaliar a pontuação da escala Perme de mobilidade como preditor de funcionalidade e complicações no pós-operatório de pacientes submetidos ao transplante hepático. | Escala Perme, percepção de dor (EVA), grau de dispneia (Borg dispneia), força muscular periférica (MRC). |
Paschoal et al. | 2019 | Consenso – técnica Delphi | Identificação de categorias da CIF que descrevem os problemas mais comuns e relevantes dos pacientes atendidos pelos fisioterapeutas no ambiente hospitalar. | Selecionaram Códigos da CIF mas não apresentaram instrumentos para avaliá-los. |
Alves & Marti nez & Lunardi | 2019 | Avaliação das propriedades de medidas (consistência interna, confiabilidade intra e entre avaliadores e efeito teto ou de chão) | Comparar as propriedades de me dição da Escala de Estado Funcional para UTI e da Medida de Independência Funcional em pacientes críticos na UTI. | Escala de Estado Funcional para UTI (FSS ICU) e Medida de In dependência Funcional (MIF). |
Hartley et al. | 2019 | Estudo observacional retrospectivo | Estudar as associações entre fisioterapia precoce e tempo de internação hospitalar, resultados funcionais e necessidades de cuidados na alta. | Escala de mobilidade do idoso, velocidade de caminhada, escala de fragilidade clínica, pontuação de alerta precoce (ED-MEWS). |
Conforme podemos perceber no quadro 01, vários estudos identificaram os principais códigos e categorias da CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade e Incapacidade em Saúde, para prática fisioterapêutica hospitalar para diferentes patologias (CHOMEM et al. 2023; QUINTAL& VALGUA & SUZUKI, 2023; DORNELAS et al., 2022; PASCHOAL et al., 2019). Essas listas resumidas (core set), agrupam as principais categorias relacionadas com a condição de saúde do paciente hospitalar e promove o reconhecimento do modelo biopsicossocial necessário para uma avaliação e uma assistência integral.
Segundo os artigos (CHOMEM et al. 2023; QUINTAL& VALGUA & SUZUKI, 2023; DORNELAS et al., 2022; PASCHOAL et al., 2019), os componentes e domínios da CIF que são alvos de avaliação e intervenção fisioterapêutica estão relacionados com o movimento, que são os componentes da função e atividades do corpo e participação da CIF (PASCHOAL et al., 2019). O que é de se esperar, já que a fisioterapia é uma ciência voltada para prevenção e o tratamento de comprometimentos cinéticos-funcionais (FURTADO et al 2020).
Contudo, a CIF não é um instrumento de avaliação e sim uma ferramenta que propõe a padronização da linguagem para classificar a funcionalidade dos pacientes em diferentes cenários. Outros métodos de avaliação devem ser empregados para depois as informações serem codificados conforme a CIF.
Outro ponto em comum nos diversos artigos apresentado (KOVALSKI et al., 2022; DORNELAS et al., 2022; SARMENTO & LUZ & OLIVEIRA, 2021; KLIRATHINAM & GURUCHANDRAN & SUBRAMANI, 2020; MELO et al., 2019; CORRÊA et al., 2019; HARTLEY et al. 2019) é a avaliação dos sinais vitais. Os sinais vitais refletem objetivamente a situação do estado de saúde físico e funcional do paciente e sua estabilidade ou instabilidade que determinará se o paciente é elegível para realizar a fisioterapia motora ou até mesmo para interromper o programa de exercício devido a não tolerância ao mesmo (SARMENTO & LUZ & OLIVEIRA, 2021; KLIRATHINAM & GURUCHANDRAN & SUBRAMANI, 2020; MELO et al., 2019; CORRÊA et al., 2019).
Sendo assim, alteração da pressão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória, saturação de oxigênio, sinal de desconforto respiratório (uso de musculatura acessória, batimento de asa de nariz, tiragens intercostais) devem ser monitorados continuamente, e são esses dados que indicarão se o paciente possui reserva cardiorrespiratória para realizar a mobilização de forma segura (STILLER, 2007).
A avaliação da funcionalidade/mobilidade também esteve presente em diversos estudos (QUINTAL & VALDUGA & SUZUKI, 2023; KOVALSKI et al., 2022; WARREN et al., 2021; CARDOSO et al., 2020; LIMA et al., 2020; PERRY et al., 2020; TYMKEW et al., 2020; HARTLEY et al. 2019; ALVES & MARTINEZ & LUNARDI, 2019; PEREIRA et al., 2019; CORREA et al., 2019). O uso de instrumentos confiáveis permite uma investigação mais precisa da condição do indivíduo, mesura possíveis mudanças, avalia a eficiência das intervenções e prevê indivíduos com maior risco de incapacidade (LIMA et al., 2020; PERRY et al., 2020).
Conforme a revisão da literatura, várias ferramentas foram validadas (PFIT, FSS, IMS, Indice de Mobilidade de Morton, PERME, PaciFIC, CPAX, MIF, PGI, “6 cliques” – AM PAC), e a escolha da ferramenta dependerá do propósito específico de avaliação.
O teste de função física, PFIT, avalia resistência, força e mobilidade. A ferramenta CPAx – cuidados críticos de Chelsea, é um instrumento de avaliação física, que avalia 3 domínios: respiratório, força e mobilidade (PERRY et al. 2020). A FSS, pontuação de status funcional é um instrumento de avaliação no ambiente de UTI, consiste de 5 tarefas funcionais pontuadas de 1(assistência total) a 7 (independência completa), que avalia a mobilidade, assim como a escala IMS – escala de mobilidade em UTI, que documenta o nível mais alto de mobilidade do paciente onde 0 representa nenhum grau de mobilidade e 10 andando de forma independente (PERRY et al. 2020; TYMKEW et al.,2020).
Já o Indice de Mobilidade de Morton (DEMMI) foi desenvolvido para o ambiente hospitalar e fornece avaliação de tarefas do nível superior em equilíbrio dinâmico e caminhada. A PaciFIC, função física em cuidados críticos, é uma ferramenta que combina a PFIT com a DEMMI com a proposta de ser capaz de avaliar a função física durante todo o cuidado hospitalar, desde a UTI como nas enfermarias, apresentando o efeito piso/teto mínimos em qualquer ambiente hospitalar (PERRY et al. 2020).
A escala PERME é um instrumento que mensura a condição de mobilidade do paciente, quanto maior o escore (32), menor a necessidade de assistência. Avalia 15 itens agrupados em 7 categorias (estado mental, potenciais barreiras a mobilidade, força funcional, mobilidade no leito, transferência, marcha e resistência) (PEREIRA et al., 2019).
O instrumento PGI – Patient Generated Index (índice gerado pelo paciente), avalia a influência dos sintomas sobre a qualidade de vida relacionada à saúde. O paciente define as áreas mais importantes de sua vida que são afetadas pela doença, relata o grau de importância para cada uma e classifica conforme o grau de importância. Problemas de saúde afetam cada indivíduo de forma diferente, sendo esse instrumento que melhor individualiza cada quesito, conseguindo capturar áreas importantes para cada pessoa, possibilitando uma intervenção mais assertiva e individualizada (CARDOSO et al., 2020).
Por sua vez, o instrumento “6 cliques” – AM-PAC, medidas de atividades para cuidados pós-agudos, inclui dois domínios (mobilidade básica e atividades diárias) e enfatiza a dificuldade que o paciente possui em realizar 6 tarefas funcionais. Cada item é pontuado de 1 a 4, sendo a pontuação mais baixa equivalente a maior limitação funcional (WARREN et al. 2021).
A MIF-medida de independência funcional, foi uma das primeiras escalas para avaliação funcional na UTI. Sua adaptação para o ambiente de UTI, reduziu a escala de 18 itens em apenas 2 (domínio motor), com ênfase nas tarefas mais relevantes no ambiente da UTI. Por possuir 2 itens, é de fácil e rápida aplicação, sendo capaz de triar os pacientes com maior risco funcional e direcionar a fisioterapia (ALVES & MARTINEZ & LUNARDI, 2019).
Testes para avaliação da capacidade física também são de grande importância, o teste do degrau de 6 minutos (KOVALSKI et al., 2022), o teste de caminhada de 6 minutos (KLIRATHINAM & GURUCHANDRAN & SUBRAMANI, 2020; ZANINI et al., 2019; JONSSON et al., 2019), a velocidade de caminhada (HARTLEY et al., 2019) e o teste de sentar e levantar (MELO et al., 2019) se mostram úteis, seguros e de fácil aplicação para o gerenciamento do declínio funcional em pacientes hospitalizados.
Outro instrumento de avaliação citado em um artigo (HARTLLEY, et al., 2019), que também é de suma importância, é o instrumento ED-MEWS, pontuação de alerta precoce modificada do departamento de emergência, considerado como medida da gravidade da doença. Pontua de 0 a 3 a frequência cardíaca, frequência respiratória, pressão sistólica, o estado de alerta e Glasgow. A pontuação mínima é 0 e a máxima 15pontos, pacientes com pontuação igual ou acima de 4 pontos deve ser avaliado imediatamente pelo médico. Esse instrumento demonstrou ser um preditor independente de tempo de sobrevivência (HARTLLEY, et al., 2019).
Em se falando de alerta/nível de consciência do paciente, Spiteri et al. (2021), demonstrou que presença de agitação, fadiga, dor e comprometimento cognitivo impedem a participação do paciente na fisioterapia. No estudo em questão, os pacientes possuíam amnésia pós-traumática contudo, podemos inferir que a participação na fisioterapia de pacientes com outras patologias também estará afetada com a presença de agitação, fadiga, dor e comprometimento cognitivo, já que para uma fisioterapia mais efetiva, necessitamos da colaboração e do entendimento das instruções por parte do paciente.
Dessa maneira, escalas que avaliem o nível de consciência e/ou alerta do paciente como escala de coma de Glasgow, escala de sedação de RASS ou RAMSAY, escala analógica de dor para avaliação da dor são de grande importância e devem constar na ficha de avaliação fisioterapêutica hospitalar.
E para finalizar, mas não menos importante, duas escalas comumente citada nos artigos (QUINTAL & VALDUGA & SUZUKI, 2023; KOVALSKI et al., 2022; SARMENTO & LUZ & OLIVEIRA, 2021; KLIRATHINAM & GURUCHANDRAN & SUBRAMANI, 2020; MELO et al., 2019; PEREIRA et al., 2019; JONSSON et al.,2019) foram a escala de força MRC e a escala de dispneia de Borg. A MRC (Medical Research Council) avalia a força muscular pela graduação manual de força (0 a 5) em movimentos funcionais (6 de cada lada do corpo), totalizando pontuação máxima de 60pontos. Pontuações menores que 48 indicam fraqueza muscular adquirida na UTI. E a escala de dispneia modificada de Borg que avalia a percepção subjetiva de esforço, com pontuação de 0 (nenhuma dispneia) a 10 (máxima gravidade de dispneia) (PEREIRA et al., 2019).
5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo teve como intuito revisar as técnicas, métodos e instrumentos utilizados pelos fisioterapeutas na avaliação do paciente adulto hospitalar, e enfatizar a importância da avaliação fisioterapêutica no ambiente hospitalar para detectar o estado funcional do paciente e então traçar objetivos e plano terapêutico seguros, assertivos e eficazes.
Conforme os dados apresentados, pode-se concluir que a avaliação fisioterapêutica do paciente adulto no ambiente hospitalar deve conter os dados vitais (PA, FC, FR, SpO2, temperatura), a inspeção estática e dinâmica da respiração (musculatura acessória, cianose, batimento de asa do nariz, padrão respiratório), a presença e a quantificação da dor e dispneia e o alerta e nível de consciência do paciente, pois são esses dados que indicarão se o paciente estará apto ou não para realizar a fisioterapia.
E como forma de triar e estratificar os pacientes em risco de declínio funcional, e assim direcionar estratégias para atender as necessidades específicas de cada paciente, deve-se utilizar instrumentos que avaliem a funcionalidade e mobilidade do paciente. Ressalta-se que o instrumento PaciFIC se mostrou ser uma ferramenta de avaliação da funcionalidade aplicável em todo ambiente hospitalar (seja UTI ou enfermaria) garantindo a continuidade do cuidado.
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1 Fisioterapeuta do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, pela Empresa Brasileira de Ser viços Hospitalares – EBSERH, e-mail: aretusalc@hotmail.com
2 Fisioterapeuta do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, pela Empresa Brasileira de Ser viços Hospitalares – EBSERH, e-mail: cariine.andrade@hotmail.com
3 Fisioterapeuta do Hospital de Clínicas de Universidade Federal de Uberlândia, pela Empresa Brasileira de Ser viços Hospitalares – EBSERH, e-mail: juliana.abrandao@hotmail.com
4 Fisioterapeuta do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, pela Empresa Brasileira de Ser viços Hospitalares – EBSERH. e-mail: rafaeladrk@gmail.com
5 Fisioterapeuta do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, pela Empresa Brasileira de Ser viços Hospitalares – EBSERH, e-mail: lilian_magri@hotmail.com
6 Fisioterapeuta do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, pela Empresa Brasileira de Ser viços Hospitalares – EBSERH, e-mail: matheusnery_6@hotmail.com
7 Fisioterapeuta da Universidade Federal de Uberlândia, e-mail: reisladelis@gmail.com
8 Fisioterapeuta do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, pela Empresa Brasileira de Ser viços Hospitalares – EBSERH, e-mail: roberto_rog@hotmail.com
9 Fisioterapeuta do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará, pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH, e-mail: samarakarinecs@yahoo.com.br
10 Fisioterapeuta do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, pela Empresa Brasileira de Ser viços Hospitalares – EBSERH, e-mail: adri.linsh@gmail.com
11 Fisioterapeuta do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, pela Empresa Brasileira de Ser viços Hospitalares – EBSERH, e-mail: leticiasantosphb@hotmail.com