TENDÊNCIAS E DESAFIOS DO CÂNCER COLORRETAL: PREVENÇÃO, DETECÇÃO PRECOCE E TRATAMENTO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10464886


Nícolas Oliveira Camargos1
Bianca Zanardi Melo2
Luana Souza de Oliveira3
Édson Freire Fonseca4


Resumo:

Introdução: O câncer colorretal, resultado do crescimento anormal de células, representa um desafio global significativo, sendo a terceira neoplasia mais comum em homens no Brasil. Com uma estimativa de mais de 40 mil novos casos anuais, é fundamental abordar estratégias de prevenção, detecção precoce e tratamento, especialmente considerando os impactos físicos e psicológicos. Apesar da suscetibilidade ao tratamento, a patologia impõe consequências complexas na vida dos pacientes, incluindo impactos sociais e ambientais, destacando a necessidade de uma abordagem integrada para enfrentar esse cenário desafiador. Metodologia: revisão narrativa descritiva que analisou as tendências e desafios do câncer colorretal, abrangendo prevenção, detecção precoce e tratamento. Utilizando as bases de dados Google Scholar e National Library of Medicine (PubMed MEDLINE) em agosto de 2023, a estratégia PICO foi empregada com descritores em inglês, resultando na seleção de 46 artigos de mais de 7 países. Os critérios de inclusão consideraram artigos originais até agosto de 2023, enquanto os de exclusão eliminaram obras não relacionadas ao câncer colorretal e seus desafios, além de textos não disponíveis integralmente online. Resultados e discussão: A pesquisa sobre câncer colorretal destaca a associação entre tabagismo e aumento do risco, evidenciada por estudos na China em 2022. Medidas preventivas incluem dieta saudável, peso corporal adequado, amamentação e vacinação contra o HPV. A detecção precoce é vital, com rastreios como colonoscopia e FIT, preferindo o qFIT. Modalidades de visualização, como colonoscopia, são cruciais, mas a adesão é desafiada por desconforto e preparo intestinal. No tratamento, a cirurgia, quimioterapia e radioterapia evoluíram, com escolha entre técnicas abertas e laparoscópicas e integração de anticorpos monoclonais como bevacizumabe e cetuximabe. Conclusão: O artigo explora as tendências e desafios na abordagem clínica e políticas de saúde do câncer colorretal, analisando como estratégias de prevenção, como a abstenção do tabagismo e dieta saudável, impactam pacientes. Destaca-se a importância da detecção precoce, com a colonoscopia como padrão-ouro, reduzindo a incidência em até 69%. Quanto ao tratamento, cirurgia, quimioterapia, radioterapia e anticorpos monoclonais são fundamentais no combate ao câncer colorretal.

Palavras-chave: fatores de risco; câncer de cólon; câncer de intestino; câncer retal; anticorpos monoclonais; radioterapia; quimioterapia; neoplasias colorretais.

Abstract:

Introduction: Colorectal cancer, resulting from abnormal cell growth, poses a significant global challenge, ranking as the third most common neoplasm in men in Brazil. With an estimated 40,000 new cases annually, addressing prevention, early detection, and treatment strategies is crucial, considering the physical and psychological impacts. Despite treatment susceptibility, the pathology imposes complex consequences on patients’ lives, including social and environmental impacts, emphasizing the need for an integrated approach to tackle this challenging scenario. Methodology: A descriptive narrative review analyzed trends and challenges of colorectal cancer, covering prevention, early detection, and treatment. Using Google Scholar and the National Library of Medicine (PubMed MEDLINE) databases in August 2023, the PICO strategy was employed with English descriptors, resulting in the selection of 46 articles from over 7 countries. Inclusion criteria considered original articles up to August 2023, while exclusion criteria eliminated works unrelated to colorectal cancer and its challenges, as well as texts not fully available online. Results and Discussion: Colorectal cancer research highlights the association between smoking and increased risk, as evidenced by studies in China in 2022. Preventive measures include a healthy diet, proper body weight, breastfeeding, and vaccination against HPV. Early detection is vital, with screenings like colonoscopy and FIT, preferring qFIT. Visualization modalities, such as colonoscopy, are crucial, but adherence is challenged by discomfort and bowel preparation. In treatment, surgery, chemotherapy, and radiotherapy have evolved, with a choice between open and laparoscopic techniques and the integration of monoclonal antibodies like bevacizumab and cetuximab. Conclusion: The article explores trends and challenges in the clinical approach and health policies of colorectal cancer, analyzing how prevention strategies, such as smoking cessation and a healthy diet, impact patients. The importance of early detection is highlighted, with colonoscopy as the gold standard, reducing the incidence by up to 69%. Regarding treatment, surgery, chemotherapy, radiotherapy, and monoclonal antibodies are fundamental in combating colorectal cancer.

Keywords: risk factors; colon cancer; bowel cancer; rectal cancer; monoclonal antibodies; radiotherapy; chemotherapy; colorectal neoplasms.

1. Introdução:

O câncer é o resultado de um crescimento anormal de células de determinado tecido, com capacidade de realizar metástases, usualmente, as células do corpo realizam o processo de apoptose, que é a morte programada da célula, com o objetivo de manter o equilíbrio corporal e a vitalidade dos órgãos, mas as células cancerígenas multiplicam-se de maneira exagerada e ganham características de perpetuação de vida, como consequência de alterações no DNA das células tumorais (MALUF et al., 2022). 

São classificados como câncer colorretal ou câncer de intestino os tumores que se originam no cólon e reto. Este distúrbio apresenta um processo de crescimento gradual, tendo seu surgimento em lesões benignas, como os pólipos. Com o passar do tempo, essas lesões acumulam modificações no material genético, resultando, eventualmente, no surgimento das células cancerígenas (MALUF et al., 2022). É importante abordar esse assunto, já que essa doença tem se tornado muito comum no país e há diversos desafios relacionados à sua prevenção, detecção e tratamento. No Brasil, o câncer colorretal (CCR) ocupa a terceira posição na lista dos tipos de câncer mais comuns em homens e o segundo lugar entre as mulheres. Globalmente, é importante ressaltar que esse tipo de câncer é responsável pelo maior número de óbitos relacionados a câncer (ARAÚJO et al., 2021). 

No cenário da saúde global, o câncer colorretal (CCR) emerge como um desafio significativo que afeta milhões de pessoas a cada ano. Apesar da incidência desta patologia ser mais comum na faixa dos 50 anos de idade, alguns estudos sugerem que o rastreamento do CCR deve ter início na faixa dos 40 anos, tendo em vista que, a probabilidade cumulativa de desenvolvimento do câncer colorretal ao longo da vida é estimada em 5%, e essa probabilidade tende a aumentar progressivamente com o envelhecimento. Além disso, observa-se que mais de 90% dos diagnósticos desse tipo de câncer ocorrem em indivíduos com idade superior a 50 anos (CAMPOS et al., 2017). Esses tumores constituem aproximadamente 10% de todos os tumores identificados anualmente em homens e mulheres. No contexto brasileiro, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estimou, para o ano de 2020, a ocorrência de mais de 40 mil novos casos. Esses números se distribuíram de maneira equitativa entre os gêneros, com cerca da metade dos casos diagnosticados em homens e a outra metade em mulheres.

Felizmente, apesar da incidência significativa, a maioria dos tumores no intestino grosso é suscetível a tratamento radical. Essa característica implica que tais tumores são potencialmente curáveis, especialmente quando detectados em estágios iniciais, nos quais não há disseminação para outros órgãos (MALUF et al., 2022). Apesar das diversas possibilidades de cura, os métodos de tratamento desencadeiam muitas consequências na vida dos pacientes e seus familiares, dentre eles estão os impactos físicos, psicológicos, relacionados a relações sociais e relacionados ao meio ambiente (CHAVES et al. 2011). A respeito da mortalidade, no contexto brasileiro, no período de 2008 a 2019, foram oficialmente registrados 54.696 casos fatais decorrentes de neoplasias malignas no cólon, reto e ânus, tendo ocorrido entre indivíduos com idades compreendidas entre 20 e 59 anos (PELEGRINI et al., 2023). Após analisarmos a abrangência e impacto do câncer colorretal em diferentes faixas etárias e gêneros, é fundamental explorar as complexas nuances associadas à prevenção, detecção precoce e tratamento dessa patologia. Esta revisão bibliográfica se propõe a lançar luz sobre as tendências e desafios envolvidos nesses três pilares essenciais da abordagem do câncer colorretal. Ao examinar as últimas pesquisas e avanços na área, nosso objetivo é traçar um panorama abrangente das estratégias emergentes que estão moldando a abordagem clínica e as políticas de saúde relacionadas a essa doença. Além disso, buscaremos compreender de que forma essas tendências podem impactar os pacientes e suas famílias, assim como identificar os obstáculos que podem limitar a eficácia dessas abordagens inovadoras.

Na seção seguinte, os resultados e discussão apresentarão as últimas pesquisas sobre prevenção, detecção precoce e tratamento do câncer colorretal. Posteriormente, a seção de metodologia detalha a abordagem utilizada na pesquisa. Finalmente, a conclusão resumirá as principais conclusões e discutirá a importância contínua desse campo.

Dessa forma, ficará claro quais as perspectivas futuras a respeito das maneiras de prevenção, estratégias de detecção precoce, e as diversas formas de tratamento. Como por exemplo, respectivamente, por meios nutricionais, por realização de exames em idade menos avançada e por meio de quimioterapia, radioterapia, métodos cirúrgicos ou anticorpos monoclonais. 

2. Metodologia

Trata-se de uma pesquisa descritiva do tipo revisão narrativa da literatura, a qual buscou analisar e responder quais as tendências e desafios do câncer colorretal, incluindo a prevenção, a detecção precoce e o tratamento acerca da patologia. A pesquisa foi realizada através do acesso online às bases de dados Google Scholar e National Library of Medicine (PubMed MEDLINE), no mês de agosto de 2023. Para a busca das obras científicas foi utilizado a estratégia PICO, selecionando os descritores em inglês da seguinte maneira: “colorectal cancer”; “colon cancer”; “bowel cancer”; “rectal cancer”; “risk factors”; “surgical methodos”;  “monoclonal antibodies”; “radiotherapy”; “chemotherapy”; “colorectal neoplasms”; “colonoscopy”.

Como critérios de inclusão, foram considerados artigos originais publicados até agosto de 2023 que abordassem o tema pesquisado e permitissem acesso integral ao conteúdo do estudo, não havendo restrições de idiomas ou localização. Como critérios de exclusão, eliminaram-se obras que não estavam relacionadas à temática do câncer colorretal e seus desafios, além de textos que não estavam disponíveis na íntegra de forma online. 

A estratégia de seleção dos artigos seguiu as seguintes etapas: busca nas bases de dados selecionadas; leitura dos títulos de todos os artigos encontrados e exclusão daqueles que não abordavam o assunto, além da leitura crítica dos resumos das obras. Assim, totalizaram-se 46 artigos científicos de mais de 7 países diferentes para a revisão integrativa da literatura, contando com 13 artigos do Google Scholar e 33 do National Library of Medicine (PubMed MEDLINE) levando em consideração os descritores em inglês supracitados.

3. Resultados e discussão

No contexto da evolução da pesquisa sobre câncer colorretal, emerge uma abordagem abrangente que analisa tanto as terapias de tratamento quanto as estratégias de prevenção. Os avanços no campo da oncologia têm lançado luz sobre a complexidade desta patologia, abrindo caminho para uma compreensão mais aprofundada das opções terapêuticas disponíveis e das intervenções preventivas eficazes. Nesta seção, serão explorados os resultados de pesquisas que delinearam os benefícios e desafios de estratégias de tratamento e estratégias de prevenção do CCR.

De acordo com o INCA (2022), foram delineadas medidas que a população pode adotar com o intuito de prevenir o desenvolvimento de câncer de forma abrangente. Essas estratégias incluem a abstenção do tabagismo, a adoção de uma dieta saudável, a manutenção de um peso corporal adequado,  a promoção da amamentação, a restrição de consumo de carne processada, a evitação do consumo de bebidas alcoólicas, e a aderência à vacinação contra o HPV (papilomavírus humano), bem como a prevenção da exposição a agentes cancerígenos no ambiente ocupacional. 

3.1 Prevenção

3.1.1 Abstenção do tabagismo

Existe uma percepção amplamente difundida de que os danos causados pelo tabagismo se limitam à saúde oral e pulmonar. Contudo, evidências substanciais indicam que o fumo tem o potencial de agravar o risco de câncer em órgãos que não estão diretamente expostos aos resíduos do cigarro. Entre eles, destacam-se o cólon, o reto, o pâncreas e os rins. Resultados de estudos conduzidos na China e publicados no ano de 2022 corroboram essa associação, demonstrando uma relação estatisticamente significativa entre o tabagismo e o aumento tanto na incidência quanto na mortalidade do câncer colorretal em seres humanos. Além disso, esses estudos também constataram um aumento no risco de desenvolvimento de câncer colorretal em modelos animais expostos ao fumo. Ainda assim, os mecanismos pelos quais o tabagismo instiga o início e a progressão do câncer colorretal permanecem em grande parte desconhecidos. (BAI et al., 2022).

3.1.2 Adoção de uma dieta saudável

Uma alimentação equilibrada também se estabelece como uma estratégia de grande valia para a prevenção do câncer colorretal (CCR), pois o estado nutricional desempenha um papel intrínseco na evolução dessa condição. De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o sobrepeso e a obesidade emergem como fatores de risco substanciais no desenvolvimento do CCR. É recomendado evitar dietas ricas em teor de gordura, dado que elevados níveis de gordura corporal associam-se diretamente a níveis elevados de insulina. Consequentemente, isso estimula o crescimento celular e inibe processos apoptóticos. Além disso, essa situação propicia a instauração de um estado de inflamação crônica no organismo, que por sua vez incita o processo de carcinogênese nas células intestinais. Portanto, a manutenção dos índices apropriados de gordura corporal desempenha um papel protetor contra o CCR (INCA, 2022).

Além disso, uma abordagem dietética saudável baseada na ingestão de micronutrientes, como cálcio e fibras alimentares, pode exercer um efeito preventivo substancial em relação ao CCR. Estudos mostram que o risco de ocorrência do CCR é reduzido em indivíduos que consomem quantidades adequadas de cálcio. O cálcio desempenha um papel na modulação da ativação das células T, uma componente crucial da resposta imunológica contra o câncer. Da mesma forma, uma dieta enriquecida em frutas e vegetais ricos em fibras está associada à prevenção do câncer de cólon.

A implementação de um regime alimentar complementado por altas doses de vitamina E, ácido fólico e compostos vegetais se apresenta como uma abordagem adicional para fortalecer a saúde e, consequentemente, reduzir o risco de CCR. Esses suplementos têm demonstrado capacidade de atenuar o risco de câncer de cólon. É importante ressaltar que muitos agentes quimioterápicos empregados no tratamento do câncer foram descobertos por meio do estudo de compostos derivados de plantas, animais e micro-organismos, bem como substâncias encontradas em ambientes aquáticos. Adicionalmente, extratos de plantas têm demonstrado a habilidade de conter o crescimento do CCR por indução de apoptose ou autofagia, interrupção do ciclo celular em várias fases e ativação de várias vias de sinalização (ISLAM et al., 2022).

3.1.3 Manutenção de um peso corporal adequado

A obesidade se posiciona como uma das principais enfermidades de caráter global, sendo oficialmente reconhecida como uma epidemia mundial pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Nesse contexto, emerge uma correlação substancial entre a obesidade e o risco ampliado de desenvolvimento do câncer colorretal (CCR). Constatou-se que fatores como os níveis de leptina, bem como a sinalização e a variação genética, possuem conexões intrincadas tanto com a obesidade quanto com o CCR. Um destaque notável é a possível interferência da obesidade, potencialmente vinculada ao subtipo molecular do tumor, na sobrevida relacionada ao CCR. Nesse cenário, a leptina ganha destaque como um candidato promissor para a identificação e caracterização de marcadores prognósticos.

Adicionalmente, a obesidade emerge como um fator de risco significativo para a instauração do CCR, influenciando processos inflamatórios, metabólicos e endócrinos. Essa interação complexa é mediada pelas vias de sinalização de citocinas, que estão intrinsecamente ligadas ao papel central desempenhado pela leptina. Esses componentes entrelaçados podem ter um impacto direto nas taxas de recorrência da doença e nas perspectivas de sobrevida. Essa compreensão multifacetada traz implicações substanciais para as fases de rastreio, prevenção e tratamento do CCR, delineando uma trajetória de pesquisa e abordagens mais individualizadas e eficazes (SOCOL et al., 2022).

3.1.4 Promoção da amamentação

A prática da amamentação é de extrema importância e deve ser recomendada às mães pelos profissionais de saúde. É essencial que esses profissionais incluam em seu aconselhamento a relevância do leite materno na prevenção do câncer colorretal (CCR), devido à sua rica variedade de nutrientes. Entre esses nutrientes, o cálcio se destaca, pois estudos demonstraram que uma ingestão elevada de cálcio está associada à promoção da diferenciação e apoptose das células epiteliais colorretais, reduzindo assim o risco de CCR. Além disso, o cálcio também desempenha um papel preventivo em relação a outros tipos de câncer, como o de próstata. Acredita-se que o cálcio seja o componente principal responsável pelos efeitos benéficos da ingestão de laticínios na redução do risco de CCR. Isso ocorre porque o cálcio presente no trato intestinal liga-se e neutraliza substâncias carcinogênicas, como ácidos biliares secundários e ácidos graxos ionizados, enquanto o cálcio intracelular promove a diferenciação e a apoptose das células epiteliais colorretais, contribuindo para a prevenção eficaz desse tipo de câncer (GIL et al., 2022)

3.1.5 Restrição do consumo de carne processada

A carne processada é obtida a partir de carne suína ou bovina, que é preservada usando métodos diferentes do congelamento e submetida a tratamentos para melhorar sua qualidade, prolongar a conservação e alterar o sabor.

Diversas hipóteses foram formuladas para explicar como a carne processada pode aumentar o risco de câncer colorretal, e estudos experimentais têm investigado essas teorias. As principais hipóteses testadas incluem:

i. Dietas ricas em gordura ou proteínas podem promover a carcinogênese.

ii. O cozimento da carne em altas temperaturas pode gerar aminas heterocíclicas (HCAs) mutagênicas e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAHs), que são substâncias cancerígenas.

iii. Compostos potencialmente cancerígenos, chamados compostos N-nitrosos (NOCs), podem ser formados nos alimentos ou internamente por meio da nitrosação de aminas e amidas.

iv. O ferro heme presente na carne vermelha pode promover a carcinogênese, aumentando a proliferação celular na mucosa do cólon, possivelmente por meio da lipoperoxidação e/ou citotoxicidade da água fecal.

A categoria de produtos cárneos processados é diversificada e inclui produtos como bacon, presunto (cru, defumado ou cozido), salsichas cozidas, salsichas cruas (como salame), mortadela, patê de fígado e outros patês. O processo de fabricação envolve etapas como cura (adição de sal e outros aditivos), secagem, defumação, cozimento e embalagem.

A defumação, uma etapa específica no processo de preparação de carnes processadas, pode apresentar potenciais riscos, uma vez que a fumaça contém fenóis, aldeídos, ácido acético e outros ácidos carboxílicos. Além disso, a pirólise da madeira durante a defumação pode gerar hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAHs) conhecidos por serem cancerígenos, e esse processo é desafiador de controlar (SANTARELLI et al., 2008).

3.1.6 Diminuição do consumo de bebidas alcoólicas

O consumo de bebidas alcoólicas está correlacionado com um aumento nas chances de desenvolver câncer colorretal (CCR). A Organização Mundial da Saúde (OMS) define o consumo abusivo como a ingestão semanal de 60 g ou mais de etanol. Para referência, um copo de cerveja (285 ml), uma taça de vinho (120 ml) ou uma dose de bebida destilada (30 ml) contêm cerca de 10 g de álcool. Além do CCR, o consumo de álcool está associado a diversas outras condições de saúde, como neuropatias, gastrite, depressão, transtornos mentais, hipertensão, acidente vascular cerebral hemorrágico, cirrose, pancreatite aguda e crônica. Adicionalmente, o uso de álcool durante a gravidez pode resultar em efeitos adversos para o feto.

O consumo de álcool tem aumentado significativamente. De acordo com a Vigitel, um órgão que monitora fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis em todo o Brasil, em 2021, 18,4% da população brasileira apresentou um padrão de consumo considerado abusivo. Esse percentual é ainda mais alto entre os homens, atingindo 25,6%, embora em 2010 tenha sido de 27%. Notavelmente, o consumo de álcool entre as mulheres aumentou durante esse período.

O álcool é uma causa significativa de câncer em humanos, ficando atrás apenas do tabagismo e de agentes infecciosos responsáveis por infecções crônicas. Além do CCR, órgãos que entram em contato direto com o álcool não metabolizado, como a cavidade bucal, faringe, laringe e esôfago, apresentam riscos elevados de desenvolver câncer. No caso do CCR, há evidências suficientes de carcinogenicidade relacionada ao álcool, embora o risco seja de magnitude moderada e complexa de explicar. Estudos epidemiológicos indicaram que os consumidores regulares de cerca de 50 g de álcool por dia enfrentam um risco aproximado de 40% de desenvolver câncer colorretal.

Esse risco pode ser explicado considerando que o etanol pode atuar como um solvente, facilitando a penetração de agentes cancerígenos, como os encontrados no tabaco. Além disso, o álcool pode causar inflamação crônica no trato gastrointestinal, aumentando, assim, o risco de CCR, pois a inflamação crônica é um fator associado ao desenvolvimento de tumores. Além disso, durante o processo de metabolização do álcool pelo corpo, são produzidos compostos tóxicos, como o acetaldeído, que podem danificar as células do revestimento intestinal, tornando-as mais suscetíveis ao câncer (Wünsch Filho, V. 2013).

3.1.7 Aderência à vacinação contra o hpv (papilomavírus humano)

Juntamente com os fatores de risco tradicionais, é crucial considerar um componente virológico ao avaliar o risco de desenvolvimento de câncer de cólon e reto: o papilomavírus humano (HPV). O HPV é conhecido por desempenhar um papel significativo no surgimento e desenvolvimento de vários tipos de câncer, como o câncer cervical e tumores de cabeça e pescoço. Quando se trata da relação entre o HPV e o câncer colorretal, diversos estudos investigaram essa conexão. Os principais tipos de HPV encontrados nesse contexto são o HPV 16, HPV 18 e HPV 33. Embora o sistema imunológico humano seja capaz de eliminar o vírus em algumas situações, as infecções por HPV podem evoluir para tumores malignos (Ibragimova et al., 2018). 

Felizmente, medidas de prevenção contra o HPV estão disponíveis, incluindo o uso de preservativos e, mais importante, a vacina contra o HPV. O Ministério da Saúde oferece essa vacina gratuitamente em postos de saúde para meninas e meninos com idades entre 9 e 14 anos, administrando duas doses, sendo a segunda dose aplicada seis meses após a primeira (MALUF et al., 2022).

No entanto, é importante notar que há um estigma em torno da vacinação contra o HPV, especialmente entre os homens. Isso ocorre porque a maioria das campanhas de vacinação se concentra na relação entre o HPV e a prevenção primária do câncer cervical, o que tende a associar o HPV predominantemente às mulheres. Isso pode levar à ideia errônea de que o HPV não afeta os homens, o que não é aconselhado pelos profissionais de saúde, especialmente para adolescentes do sexo masculino (LANA et al., 2022).

3.2 DETECÇÃO PRECOCE

A diminuição da mortalidade por CCR nos países desenvolvidos é atribuída em grande parte aos programas eficazes de rastreio do CCR. Muitos pesquisadores relataram que o rastreio do CCR pode diminuir a mortalidade por CCR.

Duas ferramentas de triagem são amplamente utilizadas, ou seja, um exame colonoscópico e um exame de fezes (LI et al., 2019).

Se o rastreamento de tumores no intestino for realizado através da pesquisa de sangue oculto nas fezes, é importante repetir o exame anualmente (MALUF et al., 2022), no caso de exames de DNA fecal, devem ser repetidos a cada 3 anos (CARETHERS M. Jhon, 2020). Se o resultado for negativo, o rastreamento deve continuar, com a repetição do exame após o mesmo período. No entanto, se o sangue oculto nas fezes for detectado, isso deve ser considerado um sinal de alerta, e o paciente deve prosseguir com uma investigação adicional. Isso envolve a realização de uma colonoscopia ou retossigmoidoscopia, procedimentos que permitem uma visualização mais detalhada do intestino. Isso é feito para identificar possíveis lesões pré-cancerígenas e cânceres no intestino e realizar um diagnóstico diferencial adequado. (MALUF et al., 2022).

3.2.1 EXAME DE SANGUE OCULTO NAS FEZES

3.2.1.1 gFBOT 

O teste de sangue oculto nas fezes baseado em guaiaco (gFOBT), que é uma versão inicial do FOBT (Fecal Occult Blood Test) atualmente disponível, é um método de triagem simples com benefícios bem estabelecidos na detecção precoce do câncer colorretal (CCR). O gFOBT foi pioneiro como teste fecal na triagem de CCR, e estudos anteriores confirmaram sua eficácia na redução da incidência de CCR quando realizado anualmente.

O princípio do gFOBT envolve a detecção de heme, uma molécula que contém ferro no centro, nas fezes. Esse heme reage quimicamente com um reagente revelador à base de peróxido de hidrogênio, levando à oxidação do guaiaco e à mudança de cor para azul, logo, é um teste somente qualitativo. No entanto, para que ocorra uma mudança de cor visível, é necessário que haja uma concentração moderada de heme nas fezes, o que resulta em uma sensibilidade relativamente baixa do teste.

Uma desvantagem adicional do gFOBT é sua suscetibilidade à influência de peroxidases presentes em alimentos. Por exemplo, alimentos como carne vermelha, que contém mioglobina, e plantas com peroxidases podem levar a resultados falsos positivos. Por outro lado, a ingestão de antioxidantes, como a vitamina C, pode levar a resultados falsos negativos.

Devido a essas limitações, a preparação alimentar antes do gFOBT é necessária, o que pode afetar a motivação das pessoas para se submeterem ao teste. Além disso, o gFOBT apresenta desvantagens técnicas, incluindo a falta de instrumentação automatizada para quantificar os resultados, tornando-o inadequado para programas de triagem em larga escala. Portanto, não é compatível com programas de triagem de alto rendimento (LI et al., 2019)

3.2.1.2 FIT

O FIT (Fecal Immunochemical Test) utiliza técnicas de imunoturbidimetria, imunocromatografia e ensaios imunoenzimáticos para identificar especificamente a presença de hemoglobina humana nas fezes. Isso é alcançado através da detecção da formação de complexos entre anticorpos monoclonais ou policlonais e a hemoglobina. O FIT é considerado um teste de natureza qualitativa, ou seja, ele relata se há ou não hemoglobina detectada nas fezes.

O FIT possui uma sensibilidade superior para detectar concentrações mais baixas de hemoglobina em comparação com o gFOBT, uma característica que foi vista como uma limitação do gFOBT. Além disso, uma vantagem significativa do FIT é que ele não é afetado por outros componentes fecais, como medicamentos ou produtos dietéticos, o que pode levar a resultados falsos. Essa característica elimina a necessidade de que os indivíduos sigam restrições alimentares ou interrompam medicamentos antes de realizar o teste, tornando-o mais conveniente e aumentando a aceitação dos pacientes para a realização do exame.

Devido às diferenças mencionadas e à maior sensibilidade do FIT para detectar sangramento gastrointestinal, o Grupo de Trabalho de Especialistas da Organização Mundial de Endoscopia recomendou, em 2012, que o FIT seja a tecnologia preferida para a triagem de CCR em vez do gFOBT. Essa recomendação destaca a eficácia e a conveniência do FIT na detecção precoce do câncer colorretal e ressalta suas vantagens em relação ao gFOBT (LI et al., 2019)

3.2.1.3 qFIT

O qFIT (Quantitative Fecal Immunochemical Test) representa uma evolução do FIT qualitativo, compartilhando características semelhantes. A principal distinção do qFIT é a capacidade de não apenas identificar a presença de hemoglobina nas fezes, mas também medir quantitativamente a quantidade dessa hemoglobina.

No qFIT, análises imunoturbidimétricas são empregadas para mensurar as concentrações de hemoglobina nas fezes usando um dispositivo de amostragem específico, que captura a hemoglobina em uma solução tampão.

É importante notar que o valor de corte do qFIT pode ser ajustado de acordo com as necessidades clínicas. Um valor de corte mais elevado pode reduzir a sensibilidade na detecção do CCR, enquanto um valor mais baixo pode resultar em mais falsos positivos e, consequentemente, aumentar a demanda por colonoscopias.

Além disso, o qFIT pode fornecer informações adicionais sobre o tamanho e a localização de lesões, como o CCR ou adenomas avançados. Por exemplo, as concentrações de hemoglobina podem variar entre adenomas localizados no cólon direito e aqueles no cólon esquerdo, e o tamanho dos adenomas pode estar correlacionado com essas concentrações (LI et al., 2019).

Em vista disso, a triagem com o FIT quantitativo tem vantagens na detecção de neoplasias colorretais avançadas, tornando-o uma escolha preferencial em relação aos FITs qualitativos. O FIT quantitativo, quando utilizado na triagem de CCR, apresenta uma taxa de detecção mais elevada de neoplasias avançadas e alivia a carga de trabalho dos colonoscopistas, uma vez que direciona para a colonoscopia apenas os casos com maior probabilidade de CCR, devido à sua capacidade de fornecer informações detalhadas. No entanto, é fundamental enfatizar a importância de estabelecer um valor de corte confiável ao optar pelo teste quantitativo (WANG et al., 2022).

3.2.1.4 TESTE DE GENE DE FEZES

Os testes de DNA fecal são métodos que avaliam o material genético presente nas fezes, principalmente do cólon. Lesões colônicas, como pólipos adenomatosos, pólipos serrilhados e cânceres, liberam células com alterações genéticas neoplásicas que podem ser identificadas por meio de ensaios sensíveis. Esses ensaios se concentram em biomarcadores genéticos e epigenéticos específicos, permitindo a distinção entre lesões neoplásicas e tecidos saudáveis não neoplásicos.

Os testes de DNA fecal são atualmente considerados uma abordagem de triagem secundária para o câncer colorretal (CCR). Isso se deve à sua sensibilidade na detecção de pólipos adenomatosos e aos custos envolvidos, especialmente quando comparados aos benefícios e riscos da colonoscopia e do FIT. Com o avanço das gerações de testes, é possível que a sensibilidade aumente e/ou que haja redução nos custos, o que pode levar a recomendações futuras para sua utilização como método de triagem primária. Apesar de não ser amplamente adotado e apresentar desafios, os testes de DNA fecal oferecem vantagens, como a detecção de múltiplos casos de câncer, a ausência da necessidade de preparo intestinal, segurança e a não invasividade.

O pioneiro entre os testes de triagem de DNA nas fezes aprovadas para detecção do câncer colorretal (CCR) foi o “Cologuard”. Ele foi aprovado pela Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) em agosto de 2014. Até 2019, esse teste já havia sido utilizado em mais de 2 milhões de ocasiões nos EUA, com prescrições de diversas especialidades médicas, como medicina familiar, medicina geral, gastroenterologia, cirurgia geral, obstetrícia/ginecologia e outras.

Ao contrário dos FITs e do FOBT, que exigem testes anuais, os testes de DNA fecal podem ser realizados a cada três anos (CARETHERS M. Jhon, 2020)

3.2.2 MODALIDADES DE TRIAGEM DE VISUALIZAÇÃO DIRETA

3.2.2.1 COLONOGRFIA TOMOGRÁFICA COMPUTADORIZADA (CTC)

A colonografia topográfica computadorizada (CTC), também conhecida como colonografia virtual ou colonoscopia virtual, utiliza uma técnica que envolve um scanner de tomografia computadorizada (TC) e métodos de reconstrução computacional para avaliar visualmente o cólon e o reto, com o propósito de identificar pólipos e cânceres colorretais (JAIN et al., 2022). Esse método gera imagens em 2 e 3 dimensões (2D, 3D) do intestino, que é insuflado com gás, e não requer o uso de sedação ou analgesia. A CTC foi inicialmente introduzida em 1994 como um teste diagnóstico para câncer colorretal e pólipos, e desde então sua utilização tem crescido substancialmente, com destaque para países europeus, como o Reino Unido, onde ocorrem cerca de 100.000 CTCs a cada ano (OBARO et al., 2018). Para a triagem do câncer colorretal, o intervalo de testes recomendado é de 5 anos, e os indivíduos com resultados anormais geralmente são encaminhados para uma colonoscopia tradicional (JAIN et al., 2022). A CTC apresenta uma sensibilidade média diagnóstica de cerca de 90% para adenomas com 10 mm de tamanho, porém, sua sensibilidade é menor para lesões menores (aproximadamente 76% para adenomas de 6–9 mm). Estudos mais recentes indicam que a CTC também pode ser útil na detecção de adenomas serrilhados. Além de avaliar a mucosa colônica, a CTC permite a avaliação de órgãos extra-colônicos e do apêndice (OBARO et al., 2018). Além disso, ela tem a capacidade de detectar malignidade invasiva e metástases, e pode ser utilizada para rastrear outras condições, como baixa densidade mineral óssea, calcificação aórtica e esteatose hepática.

A CTC oferece diversas vantagens, incluindo seu caráter menos invasivo em comparação com a colonoscopia tradicional, a ausência da necessidade de sedação ou anestesia, uma baixa taxa de complicações e sua aplicabilidade a indivíduos com condições médicas que contraindicam a colonoscopia tradicional. Além disso, frequentemente permite a realização de uma avaliação endoscópica no mesmo dia, se necessário.

No entanto, a CTC também apresenta potenciais desvantagens, como a exposição cumulativa à radiação em caso de exames repetidos e a detecção de achados incidentes que podem exigir investigação adicional (JAIN et al., 2022).

O sucesso do rastreio do câncer colorretal depende da adesão adequada da população, uma vez que isso afeta a eficácia global do programa de detecção. Um teste com alta sensibilidade que é recusado pela maioria dos pacientes pode ter um desempenho inferior a um teste com sensibilidade mais baixa, mas que seja amplamente aceito pela população. Infelizmente, a CTC é rejeitada por parte das pessoas, principalmente por aquelas que não apresentam sintomas. O desconforto associado ao procedimento e, especialmente, a preparação intestinal laxante são frequentemente citados como razões para a recusa (OBARO et al., 2018).

3.2.2.2 COLONOSCOPIA 

A maioria dos CCRs tem um crescimento lento, o que possibilita o diagnóstico precoce e o tratamento eficaz por meio de exames como a colonoscopia. Esse procedimento tem como foco principal a avaliação da parede interna do intestino grosso (mucosa) e suas condições de saúde, além de permitir tratamentos quando necessário. A colonoscopia é realizada em clínicas especializadas ou hospitais e normalmente dura de 30 a 60 minutos (MALUF et al., 2022).

A colonoscopia é considerada o padrão-ouro para rastreamento, oferecendo alta sensibilidade e especificidade aceitável. Além de avaliar o cólon e o reto com um endoscópio flexível, esse procedimento também possibilita a remoção de pólipos durante a sua realização (MELO et al., 2019). Nos Estados Unidos, a colonoscopia frequentemente é realizada com sedação. A sensibilidade para detecção de adenomas ≥1 cm e câncer colorretal é estimada em 95%.

A realização da colonoscopia, em comparação com a não realização, pode reduzir a incidência de câncer colorretal em aproximadamente 46 a 69% (GUPTA Samir, 2022). Além disso, a redução geral na incidência e mortalidade relacionada ao câncer colorretal é maior com a colonoscopia do que com a sigmoidoscopia flexível (JAIN et al., 2022).

Para obter uma visualização adequada das paredes do intestino grosso durante a colonoscopia, é fundamental realizar um preparo intestinal eficaz, garantindo uma limpeza adequada (MALUF et al., 2022). Preparações intestinais insuficientes ainda ocorrem em 10-25% dos casos de colonoscopia, o que pode aumentar a duração do procedimento, diminuir as taxas de intubação cecal e reduzir o intervalo entre as colonoscopias. A qualidade do preparo intestinal é crucial para uma avaliação completa da mucosa do cólon e para a detecção de lesões pré-cancerosas. Preparações inadequadas estão associadas a procedimentos mais demorados, colonoscopias incompletas, risco de não detectar patologias, aumento de custos (devido à necessidade de repetir o exame em intervalos mais curtos) e potencial aumento de complicações. Aproximadamente 25% dos pacientes apresentam preparo intestinal inadequado. Vários fatores, como o sabor das formulações de preparo, o volume necessário, características individuais dos pacientes e a falta de um sistema padronizado de educação durante o processo de preparo intestinal, estão relacionados com a inadequação do preparo (MILLIEN et al., 2020).

A colonoscopia oferece benefícios adicionais, como ser uma opção de triagem definitiva realizada a cada 10 anos (se o resultado for normal) e a capacidade de diagnosticar outras condições ou infecções. No entanto, ela também apresenta desvantagens, incluindo a necessidade de preparo intestinal, o uso de sedação e o risco de sangramento. Infelizmente, esses fatores aumentam a resistência de algumas pessoas em relação a esse procedimento (JAIN et al., 2022).

3.2.2.2 SIGMOIDOSCOPIA 

A sigmoidoscopia é um exame que consiste na introdução de um tubo (pode ser flexível ou rígido), com uma câmera na ponta, pelo ânus, permitindo a avaliação de lesões, pólipos, focos de sangramento ou tumores presentes nos 30 cm terminais do intestino. Avalia bem o reto e o cólon sigmóide, mas, como desvantagem, não avalia as outras porções do intestino grosso (cólon descendente, cólon transverso, cólon ascendente e ceco) (MALUF et al., 2022).

Geralmente, durante esse procedimento não há a utilização de qualquer sedação ou analgesia, diferentemente da colonoscopia, permitindo que o paciente retome suas atividades normais após o exame, como dirigir (RANDEL et al., 2021).

A sigmoidoscopia é frequentemente utilizada como um primeiro passo no rastreamento do câncer colorretal. Também pode ser realizada como um procedimento de acompanhamento quando resultados positivos são obtidos em testes de fezes ocultas, por exemplo. Estudos demonstraram que o rastreamento por sigmoidoscopia, seguido de colonoscopia se forem encontradas anormalidades, pode reduzir a mortalidade relacionada ao câncer colorretal em até 31% e a incidência em até 26%, em comparação com a ausência de triagem (COX et al., 2020).

3.3 TRATAMENTO

O CCR tem grande incidência e afeta milhares de pessoas, e felizmente possui boas taxas de tratamento e até mesmo cura, porém nem sempre foi assim, no século passado era difícil mensurar os pacientes com esse tipo de patologia, já que não havia recursos e dados para efetuar um correto diagnóstico, contudo o avanço tecnológico permitiu a identificação dessa condição, mas ainda não havia uma conduta efetiva para tratar esses pacientes, que, em geral, eram submetidos a um tratamento cirúrgico com um prognóstico ruim. Todavia, a tecnologia avançou mais ainda e isso permitiu o surgimento de novos tratamentos para o câncer colo retal (BATALHA et al., 2022)

O CCR possui três tratamentos padrão, que são a cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia. Elas geralmente são usadas em combinação para tratar pacientes. Além das formas padrões, os anticorpos monoclonais também podem ser utilizados (JOHDI et al., 2020).

3.3.1 CIRURGIAS

A cirurgia oncológica é um dos recursos centrais no tratamento do câncer. Em uma cirurgia oncológica, o objetivo principal deve ser o foco na retirada total do tumor, bem como dos tecidos adjacentes (margens livres), e com a adequada retirada dos tecidos que fazem a drenagem do tumor e que podem ser o primeiro ponto de disseminação (linfonodos). Para que a cirurgia oncológica ocorra adequadamente, devem ser respeitados os princípios centrais de uma ressecção oncológica: retirada completa do tumor; entendimento da biologia da doença e seus mecanismos de desenvolvimento/ disseminação; ato cirúrgico cuidadoso, evitando a disseminação durante a cirurgia; e ressecção das drenagens e dos sítios potencialmente acometidos. 

As cirurgias oncológicas podem ser divididas em dois grupos principais: curativas e paliativas. As cirurgias curativas são realizadas, normalmente, diante de tumores localizados ou localmente avançados e são baseadas na ressecção completa do tumor e sua drenagem. As cirurgias paliativas são realizadas diante de tumores mais avançados, e seu princípio é o alívio dos sintomas decorrentes da doença (obstrução intestinal, compressões nervosas e sanguíneas, dor oncológica, etc.) ou a prevenção das complicações (MALUF et al., 2022).

3.3.1.1 CIRÚRGIAS ONCOLÓGICAS PARA INTESTINO

Para pacientes com tumores localizados ou localmente avançados no cólon ou reto, geralmente é recomendada uma cirurgia conhecida como colectomia. Esse procedimento cirúrgico envolve a remoção de parte ou de todo o intestino grosso, além da retirada dos tecidos que drenam a área intestinal afetada, chamados de linfonodos. A extensão da colectomia pode variar, sendo parcial (removendo apenas uma parte específica do intestino) ou total (removendo todo o intestino grosso). A decisão sobre qual tipo de colectomia realizar depende das características do tumor e da condição do paciente.

A colectomia total é geralmente reservada para casos especiais, como pacientes com síndromes genéticas que desenvolvem múltiplos pólipos intestinais, doença inflamatória intestinal crônica ou múltiplos tumores malignos no intestino grosso no momento do diagnóstico.

Essa cirurgia pode ser realizada de diferentes maneiras: através de uma incisão na parede abdominal (cirurgia aberta), por meio de técnicas laparoscópicas minimamente invasivas ou até mesmo com auxílio de cirurgia robótica. O principal objetivo é remover o segmento do intestino grosso afetado pelo tumor, garantindo que as margens ao redor estejam livres de células cancerosas.

Após a remoção do segmento intestinal comprometido, é necessário restabelecer o trânsito intestinal. Isso pode ser feito de duas maneiras principais: a primeira é por meio da ligação das duas extremidades do intestino ressecado, chamada de anastomose primária, permitindo que o trânsito intestinal retorne durante a própria cirurgia. A segunda opção é a criação de uma bolsa coletora externa, conhecida como colostomia ou ileostomia, que é uma abertura na parede abdominal pela qual os resíduos intestinais são eliminados, quando não é possível realizar a anastomose primária. (MALUF et al., 2022).

A ressecção cirúrgica também é uma alternativa viável para o tratamento. Nesse contexto, o procedimento pode ser realizado por meio de cirurgia aberta no local do tumor primário ou por cirurgia laparoscópica, uma técnica minimamente invasiva. A abordagem laparoscópica oferece algumas vantagens, como um período de internação hospitalar mais curto, geralmente reduzindo em cerca de um dia, e uma necessidade menor de analgésicos pós-operatórios. No entanto, é importante notar que existe um risco de complicações durante a cirurgia laparoscópica, o que pode levar à conversão para uma cirurgia aberta. Isso ocorre, em média, em cerca de 1 a cada 5 casos submetidos a esse tipo de procedimento.

No que diz respeito à eficácia terapêutica, ambos os métodos cirúrgicos apresentam resultados semelhantes. A escolha entre eles depende da avaliação individual feita pelo cirurgião e sua equipe, em conjunto com o paciente, para determinar a abordagem mais adequada em cada situação específica (BATALHA et al., 2022), e na maioria das vezes o processo cirúrgico é acompanhado de outras formas de tratamento como quimioterapia ou radioterapia, cerca de 66 e 61% dos pacientes de cólon e reto em estágio II e III são submetidos a tratamentos adicionais com quimioterapia e/ou radioterapia, respectivamente (JOHDI et al., 2020).

Acerca de método cirúrgico a laparoscopia é o procedimento dominante, com custos significativamente mais baixos e menor infecção do sítio cirúrgico do que a cirurgia aberta. A cirurgia robótica está em pauta e têm aumentado cada vez mais, porém não tem benefícios claros sobre a laparoscopia quando se fala em cirurgias no intestino (SHINJI et al., 2022).

3.3.1.2 CIRÚRGIAS ONCOLÓGICAS PARA O RETO

Na cirurgia do câncer retal, enfrenta-se um cenário complexo devido à anatomia desafiadora da pelve (SHINJI et al., 2022). Esta cirurgia é particularmente difícil, uma vez que deve ser conduzida com extrema precisão para evitar danos às estruturas circundantes, como órgãos ginecológicos, urológicos, plexo nervoso sacral e vasos sacrais medianos e ilíacos. Essa operação ocorre em um espaço estreito chamado espaço ósseo (BAEK et al., 2021).

A abordagem padrão para o tratamento do câncer retal é a excisão total do mesorreto, que compreende a remoção completa do reto, incluindo seus tecidos adjacentes, dentro da membrana que os envolve, mantendo as margens livres de qualquer neoplasia. Isso é crucial para garantir resultados ótimos para os pacientes, uma vez que esta abordagem demonstrou altas taxas de sobrevivência e baixa recorrência local em comparação com procedimentos menos abrangentes (MALUF et al., 2022).

No entanto, a cirurgia retal também pode impactar a função urogenital dos pacientes, frequentemente resultando em sintomas temporários, como disfunção miccional e sexual. Esses problemas estão relacionados a lesões nos plexos nervosos hipogástricos superior e inferior durante o procedimento cirúrgico, bem como outros fatores como radioterapia, presença de estoma e aspectos emocionais do paciente. Portanto, é imperativo conduzir mais pesquisas para uma avaliação precisa desse parâmetro (BAEK et al., 2021).

Quanto às técnicas cirúrgicas, a abordagem robótica tem se destacado como eficaz para procedimentos retais. A cirurgia robótica oferece maior manobrabilidade e mobilização mais eficiente da flexura esplênica, permitindo tração controlada com excelente visualização anatômica. Além disso, é associada a menores perdas sanguíneas, especialmente em pacientes obesos, o que reduz a necessidade de transfusões. No entanto, a cirurgia robótica é frequentemente mais dispendiosa em comparação com a laparoscopia, o que pode ser um obstáculo para alguns pacientes. Os custos variam entre países e instituições, mas geralmente, a cirurgia robótica é de 1,3 a 2,5 vezes mais cara do que a laparoscopia. Além disso, o lucro para o hospital é relativamente baixo, o que pode aumentar o custo social global em comparação com a laparoscopia. No entanto, relatórios indicam que a cirurgia robótica pode reduzir os custos hospitalares, pois a taxa de conversão para cirurgia aberta é baixa, o que, por sua vez, diminui a morbidade e o tempo de internação (BAEK et al., 2021).

3.3.1.3 CIRÚRGIAS ONCOLÓGICAS PARA A REGIÃO ANAL

O tratamento definitivo dos tumores de canal anal geralmente envolve um esquema combinado de quimiorradioterapia, sendo a cirurgia reservada principalmente para os casos de resgate. Isso é especialmente aplicável aos pacientes cuja doença localizada no canal anal não foi completamente curada após o tratamento com quimiorradioterapia. Felizmente, a resposta ao tratamento não cirúrgico, como a quimiorradioterapia, tende a ser muito eficaz, uma vez que esses tumores são altamente sensíveis a essa combinação terapêutica. Portanto, a necessidade de tratamento cirúrgico para esses pacientes é relativamente rara (MALUF et al., 2022).

No entanto, é importante observar que a quimiorradioterapia pode resultar em efeitos colaterais tardios, como aumento da frequência e urgência de defecação, dermatite perineal crônica, dispareunia e impotência. Em casos mais graves, complicações tardias da radioterapia, como úlceras anais, estenose e necrose, podem surgir, requerendo procedimentos cirúrgicos que podem incluir a criação de uma colostomia (BENSON et al., 2022). No entanto, é importante destacar que a resposta ao tratamento não cirúrgico costuma ser eficaz, tornando a necessidade de cirurgia relativamente rara (MALUF et al., 2022).

Apenas em situações em que a doença localmente progressiva foi confirmada por meio de biópsia é que a cirurgia radical com APR (Ressecção Abdominoperineal) e a criação de uma colostomia são consideradas como opções de tratamento (BENSON et al., 2018). 

3.3.2 QUIMIOTERAPIA

A quimioterapia é um conjunto de medicamentos, chamados quimioterápicos, utilizados no tratamento de tumores malignos. Essa abordagem é categorizada em três tipos: adjuvante, neoadjuvante e paliativa, sendo a escolha dependente do momento e do estágio do tumor em cada paciente. A administração dos agentes quimioterápicos ocorre em ambiente especializado, sob supervisão de profissionais de saúde qualificados, como enfermeiros e auxiliares de enfermagem, e pode ser realizada por diferentes vias, incluindo oral ou endovenosa (MALUF et al., 2022).

3.3.2.1 TIPOS DE QUIMIOTERAPIA

Existem três tipos principais de quimioterapia, cada um com seus objetivos específicos e momento de aplicação:

  • Quimioterapia Adjuvante: Esta modalidade de tratamento tem como objetivo reduzir a probabilidade de recorrência do câncer colorretal ou de disseminação para órgãos distantes. Geralmente, é administrada após uma intervenção cirúrgica para eliminar o tumor primário.
  • Quimioterapia Neoadjuvante: A quimioterapia neoadjuvante é aplicada antes do tratamento cirúrgico. Ela permite avaliar a resposta do tumor à medicação e, em alguns casos, pode levar à redução do tamanho do tumor primário ou das metástases, tornando a cirurgia mais eficaz (MALUF et al., 2022).
  • Quimioterapia Paliativa: A quimioterapia paliativa é uma abordagem terapêutica direcionada para pacientes com câncer colorretal metastático. Seu principal objetivo é melhorar a qualidade de vida do paciente, aliviar sintomas e desconfortos, mesmo quando não há perspectiva de cura completa. Ela visa prolongar a vida livre de progressão e a sobrevida, priorizando o bem-estar do paciente (ROCHA L.S.S., 2023).

3.3.2.2 QUIMIOTERÁPICOS UTILIZADOS

As vias de administração mais comuns para a quimioterapia incluem a via oral, em que o paciente toma os medicamentos por via oral em casa, e a via intravenosa, na qual os medicamentos são administrados diretamente na veia ou por meio de cateter, seja por injeção ou diluídos em soro.

Os quimioterápicos frequentemente usados para o tratamento de câncer colorretal, tanto na forma endovenosa quanto oral, incluem o 5-fluoracil, oxaliplatina, irinotecano, capecitabina, regorafenibe e tas-102. Para câncer anal, os quimioterápicos endovenosos incluem o 5-fluoracil, cisplatina, mitomicina e paclitaxel, enquanto a capecitabina é uma opção oral.

Esses medicamentos podem causar diversos efeitos colaterais, como náuseas, vômitos, diarreia, constipação, infecções, perda de apetite, fadiga, mucosite, alopecia e anemia.

Com o avanço da pesquisa, vários medicamentos foram desenvolvidos para combater as células cancerígenas. Eles podem ser utilizados isoladamente, em monoquimioterapia, ou combinados em poliquimioterapia (MALUF et al., 2022).

3.3.3 RADIOTERAPIA 

A radioterapia é um método terapêutico que emprega radiações ionizantes, uma forma de energia direcionada, para combater as células tumorais. Essa modalidade de tratamento é caracterizada por ser invisível a olho nu e não causar desconforto durante a aplicação. Em determinados casos selecionados, o tratamento de radioterapia pode proporcionar controle tumoral e, em alguns casos, resultar na completa remissão do tumor. A radioterapia pode ser administrada de forma isolada, utilizando somente essa abordagem, ou em combinação com a quimioterapia, que utiliza medicamentos para sensibilizar o tumor à ação das radiações ionizantes (MALUF et al., 2022).

No contexto do câncer colorretal (CCR), a radioterapia desempenha um papel significativo no tratamento. Existem dois tipos de radioterapia frequentemente empregados para o CCR: a radioterapia de intensidade modulada (IMRT) e a radioterapia conformada tridimensional (3DCRT), cada um com suas aplicações específicas (TALI et al., 2023).

Além disso, é importante destacar que a radioterapia tem se mostrado eficaz no tratamento das metástases hepáticas originadas do câncer colorretal, especialmente em casos de oligometástases (RE et al., 2018).

3.3.3.1 TIPOS DE RADIOTERAPIA (USADOS NO TRATAMENTO DE CCR)

3.3.3.1.1 RADIOTERAPIA DE INTENSIDADE MODULADA

A técnica de radioterapia de intensidade modulada (IMRT) é um procedimento altamente complexo e minucioso que viabiliza a aplicação precisa de radiação na área-alvo, ao mesmo tempo em que minimiza a exposição dos órgãos e tecidos circundantes a radiações prejudiciais. Essa abordagem utiliza múltiplos feixes de radiação com diferentes formas e intensidades para direcionar com precisão a dose de radiação para o tumor, resultando em distribuições de dose mais conformes em comparação com técnicas convencionais, como a radioterapia conformada 2D ou 3D (TEOH et al., 2016).

Na terapia do CCR, a IMRT apresenta potencial para reduzir a toxicidade e facilitar o aumento da dose de radiação. Ela permite a preservação máxima dos órgãos adjacentes, como a bexiga e o intestino delgado, além de possibilitar a delimitação precisa de grupos nodais específicos. A IMRT também viabiliza o aumento da dose por meio da aplicação de hipofracionamento e um período total de tratamento mais curto em casos de tumores localmente avançados. Contudo, é importante adotar precauções ao empregar doses elevadas de radiação, sendo necessário realizar estudos adicionais para estabelecer os parâmetros de seleção adequados para os pacientes (SPATOLA et al., 2016).

3.3.3.1.2 RADIOTERAPIA CONFORMADA TRIDIMENSIONAL

 A radioterapia conformada tridimensional (3DCRT) é uma técnica de tratamento usada para vários tipos de câncer, incluindo o CCR. Envolve a administração de radiação ao tumor usando vários feixes moldados para corresponder ao tamanho e formato do tumor. Esta técnica ajuda a minimizar a exposição à radiação nos tecidos e órgãos saudáveis circundantes. Ao ser comparada com a IMRT, a 3DCRT leva desvantagem (TALI et al., 2023), pois a  IMRT fornece cobertura alvo superior, homogeneidade de dose e menor toxicidade para órgãos saudáveis ​​em comparação com 3DCRT (RAINA et al., 2022). 

A 3DCRT ainda pode fornecer cobertura adequada para pacientes com CCR após mastectomia, com doses relativamente baixas para órgãos críticos, como coração, pulmões, esôfago e medula espinhal. No geral, o 3DCRT é uma opção de tratamento valiosa para o CCR, proporcionando um direcionamento eficaz do tumor e minimizando a exposição à radiação dos órgãos circundantes. Herwiningsih et al., 2023).

3.3.4 ANTICORPOS MONOCLONAIS 

Os anticorpos monoclonais (MABS) representam uma tecnologia inovadora e promissora para o tratamento de determinados tipos de câncer, incluindo o câncer de cólon e reto, devido à sua notável especificidade de ação (BATALHA et al., 2022). Esses anticorpos são estruturas endogenamente produzidas pelo organismo e destinam-se a uma proteína específica, que pode estar presente no corpo ou nas células tumorais. A proteína alvo do anticorpo é denominada antígeno. Circulando pelo sistema sanguíneo, os anticorpos, ao encontrar o antígeno correspondente, estabelecem uma ligação, desencadeando um sinal que pode contribuir para o controle do câncer. Os anticorpos monoclonais, por sua vez, são fabricados em ambientes laboratoriais com um alvo (antígeno) previamente definido (MALUF et al., 2022).

Em síntese, os MABS são produzidos para interagir com antígenos específicos encontrados em determinados tipos celulares, o que resulta em uma maior capacidade de preservar as células saudáveis em comparação com as terapias citotóxicas convencionais. Uma vez que não afetam as células saudáveis, os MABS tendem a causar menos efeitos colaterais (BATALHA et al., 2022). 

3.3.4.1 TIPOS DE ANTICOPOS MONOCLONAIS

Diversas classes de anticorpos monoclonais têm surgido nos últimos anos. Os principais medicamentos dessa classe são: os bloqueadores da formação dos vasos sanguíneos (inibidores do VEGF) e os os bloqueadores do EGFR (receptor do fator de crescimento epidérmico: molécula que estimula o crescimento e o desenvolvimento da célula tumoral) 

  • Principais inibidores do VEGF: bevacizumabe e ramucirumabe.
  • Principais bloqueadores do EGFR: cetuximabe e panitumumabe.

3.3.4.1.1 ANTICORPOS MONOCLONAIS INIBIDORES DE VEGF

3.3.4.1.1.1 BEVACIZUMABE

Bevacizumab é um anticorpo monoclonal amplamente empregado no tratamento do câncer colorretal, notadamente reconhecido por sua capacidade de inibir a angiogênese tumoral, atuando de maneira direta sobre o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF-A) (KANG et al., 2023). A utilização do bevacizumabe é recomendada tanto no contexto do câncer colorretal metastático (CCRm) como em diversos outros tipos de câncer (SONG M., 2023).

Sua aplicação mais comum ocorre em conjunto com outras terapias, tais como a quimioterapia e as terapias direcionadas, visando aprimorar a eficácia dos tratamentos (ANDREI et al., 2020), o que resulta em benefícios substanciais na sobrevida global e na sobrevida livre de progressão para pacientes acometidos pelo CCR metastático (PAPACHRISTOS et al., 2022).

Não obstante, é importante ressaltar a existência de potenciais efeitos adversos associados ao tratamento com bevacizumab, notadamente envolvendo toxicidades cardiovasculares e cutâneas. Convém salientar que a relação entre os benefícios do bevacizumab no tratamento do CCR e os possíveis danos deve ser criteriosamente avaliada, sendo a decisão de empregar esse anticorpo monoclonal uma escolha a ser feita de forma individualizada para cada paciente (SONG M., 2023).

3.3.4.1.1.2 RAMUCIRUMABE

Ramucirumab, um anticorpo monoclonal amplamente avaliado quanto à eficácia clínica e perfil de segurança favorável em diversos contextos oncológicos, incluindo o câncer colorretal (ABDELGHAFFAR et al., 2021), recebeu aprovação da Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos para sua utilização em associação com outras modalidades terapêuticas (TURKES et al., 2019). 

Entretanto, é crucial atentar para o padrão de degradação do Ramucirumab, uma vez que este fenômeno pode impactar diretamente sua eficácia e segurança (NOGUERIDO et al., 2018). O Ramucirumab é suscetível a processos de degradação sob variadas condições de estresse, incluindo agitação mecânica, ciclos repetidos de congelamento e descongelamento, bem como variações de pH e temperatura (JANOUSEK et al., 2019). Tais processos de degradação podem culminar na formação de agregados e fragmentos peptídicos de baixo peso molecular. Adicionalmente, a radiomarcação do Ramucirumab pode provocar alterações estruturais, reduzindo sua afinidade pelo receptor alvo. Como resultado, embora o Ramucirumab tenha demonstrado promissora aplicabilidade no tratamento do câncer colorretal, é de suma importância considerar com cautela os processos de degradação e radiomarcação para garantir a eficácia e segurança ideais (YAN et al., 2017).

3.3.4.1.2 ANTICORPOS MONOCLONAIS BLOQUEADORES DO EGFR

3.3.4.1.2.1 CETUXIMABE

Cetuximabe é um anticorpo monoclonal amplamente empregado no tratamento do câncer colorretal (CCR), funcionando como uma terapia direcionada que atua na inibição do receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR) (KANG et al., 2023). Os resultados indicam que o cetuximabe tem demonstrado eficácia notável na melhoria dos desfechos clínicos dos pacientes, especialmente quando utilizado em conjunto com outras modalidades terapêuticas (SONG M. 2023).

Entretanto, é importante observar que a eficácia do cetuximabe se limita a uma parcela reduzida dos pacientes, o que reforça a necessidade premente de identificar biomarcadores preditivos que possam orientar a seleção de pacientes para essa terapia (DELORD et al., 2020). Além disso, a resistência ao cetuximabe tem sido associada à desregulação da sinalização do fator inibitório da migração de macrófagos (MIF), sugerindo a viabilidade de abordagens terapêuticas personalizadas que visem o eixo MIF. É imperativo destacar que pesquisas adicionais são essenciais para aprimorar a identificação dos biomarcadores preditivos e, por conseguinte, a eficácia do tratamento com cetuximabe (SAKTHIANANDESWAREN et al., 2018).

3.3.4.1.2.2 PANITUMUMABE

Panitumumab é um anticorpo monoclonal humanizado direcionado contra o receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR), que é usado no tratamento do CCR metastático (MCGREGOR et al., 2018), se ligando ao EGFR, prevenindo a sua ativação, o que, resumidamente, impede a proliferação e a diferenciação de células. Age tanto desligando o receptor quanto estimulando a resposta imune antitumoral (MALUF. et al., 2022). Foi demonstrado que proporciona benefícios significativos em pacientes sem uma mutação RAS estendida, em múltiplas linhas de terapia. Entretanto, seu uso em pacientes com mutações RAS não é benéfico e pode até ser prejudicial (MCGREGOR et al., 2018).

4. Conclusão

Neste artigo, são discutidas as tendências e desafios na abordagem clínica e nas políticas de saúde relacionadas ao câncer colorretal. Ao examinar as últimas pesquisas e avanços na área, o objetivo é compreender de que forma essas tendências podem impactar os pacientes e suas famílias. Mais especificamente, são explorados os benefícios e desafios das estratégias de prevenção e tratamento do CCR. De acordo com o INCA (2022), foram delineadas estratégias que a população pode adotar com o intuito de prevenir o desenvolvimento do câncer. Essas estratégias incluem a abstenção do tabagismo, a adoção de uma dieta saudável, a manutenção de um peso corporal adequado, a promoção da amamentação, a restrição do consumo de carne processada, a evitação do consumo de bebidas alcoólicas e a aderência à vacinação contra o HPV, bem como a prevenção da exposição a agentes cancerígenos no ambiente ocupacional.

Além disso, aborda-se como a identificação da doença no estágio inicial é primordial para a redução das taxas de morbidade e mortalidade causadas pelo câncer colorretal. Assim, duas ferramentas de triagem são amplamente utilizadas, ou seja, um exame colonoscópico e um exame de fezes (LI et al., 2019). Dessa forma, conclui-se que a colonoscopia é considerada o padrão-ouro para o rastreamento, oferecendo alta sensibilidade e especificidade. A realização desse método, em comparação com a não realização, pode reduzir a incidência de câncer colorretal em aproximadamente 46 a 69% (GUPTA Samir, 2022). Ademais, como também foi explorado em relação ao tratamento, o CCR possui três tratamentos padrão, que são a cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia. Além das formas padrões, os anticorpos monoclonais também podem ser utilizados (JOHDI et al., 2020).

5. Referências: 

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  2. BAI, Xiaowu et al. Cigarette smoke promotes colorectal cancer through modulation of gut microbiota and related metabolites. Gut, v. 71, n. 12, p. 2439-2450, 2022.
  3. BAEK, Se-Jin; PIOZZI, Guglielmo Niccolo; KIM, Seon-Hahn. Optimizing outcomes of colorectal cancer surgery with robotic platforms. Surgical Oncology, v. 37, p. 101559, 2021.
  4. BATALHA, Ádrea Rodrigues et al. AVANÇOS TECNOLÓGICOS NO TRATAMENTO DE CÂNCER COLORRETAL: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. RECISATEC-REVISTA CIENTÍFICA SAÚDE E TECNOLOGIA-ISSN 2763-8405, v. 2, n. 10, p. e210204-e210204, 2022.
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1Discente do curso de medicina do Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM
2Discente do curso de medicina do Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM
3Discente do curso de medicina do Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM
4Doscente do curso de medicina do Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM