DEPRESSÃO PÓS-PARTO: ASPECTOS CLÍNICOS E FORMAS DE TRATAMENTO

POSTPARTUM DEPRESSION: CLINICAL ASPECTS AND FORMS OF TREATMENT

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10452429


Autor: Gabriel Peixoto Nascimento¹;
Orientador: Lucas Lima Costa².


RESUMO 

Objetivo: Aprofundar a compreensão dos aspectos clínicos da depressão pós-parto, explorando os desafios que as mães enfrentam durante esse período e analisando criticamente as formas de tratamento disponíveis. Métodos: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura. Adotou-se como pergunta norteadora: “Qual a importância do diagnóstico precoce da depressão pós-parto e como isso influencia o tratamento?” Para construção da pesquisa, a coleta e análise de dados foi realizada através do Portal da Biblioteca Virtual em Saúde e das bases de dados Medical Literature Analysis and Retrievel System Online via PubMed e Google Acadêmico através dos seguintes Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “Depressão Pós-Parto”, “Saúde Mental” e “Terapêutica” combinados entre si pelo operador booleano AND com seus respectivos correspondentes no Mesh Terms. Resultados e Discussão: Após o cumprimento dos procedimentos metodológicos, 10 artigos disponíveis no Portal da BVS, na base de dados PubMed e no Google Acadêmico foram selecionados, os quais retratam que a depressão pós-parto é um transtorno mental que afeta muitas mulheres após o nascimento de seus filhos. Esse período, pode se tornar desafiador para algumas mães devido a uma combinação de fatores hormonais, emocionais e sociais. Considerações Finais: A depressão pós-parto é uma condição complexa e impactante que afeta significativamente a saúde emocional das mulheres após o parto.

Palavras-Chave: Depressão Pós-Parto; Saúde Mental; Terapêutica. 

ABSTRACT

Objective: To deepen understanding of the clinical aspects of postpartum depression, exploring the challenges mothers face during this period and critically analyzing available forms of treatment. Methods: This is an integrative literature review. The guiding question was adopted: “How important is early diagnosis of postpartum depression and how does this influence treatment?” To construct the research, data collection and analysis was carried out through the Virtual Health Library Portal and the Medical Literature Analysis and Retrieval System Online databases via PubMed and Google Scholar through the following Health Sciences Descriptors (DeCS): “Postpartum Depression”, “Mental Health” and “Therapeutics” combined with each other by the Boolean operator AND with their respective correspondents in Mesh Terms. Results and Discussion: After completing the methodological procedures, 10 articles available on the VHL Portal, in the PubMed database and on Google Scholar were selected, which portray that postpartum depression is a mental disorder that affects many women after birth. birth of their children. This period can become challenging for some mothers due to a combination of hormonal, emotional and social factors. Final Considerations: Postpartum depression is a complex and impactful condition that significantly affects the emotional health of women after giving birth.

Keywords: Depression, Postpartum; Mental Health; Therapeutics. 

1. INTRODUÇÃO

A chegada de um novo membro à família é frequentemente celebrada como um momento de alegria e realização, mas para algumas mulheres, o período pós-parto pode desencadear uma condição séria e desafiadora: a depressão pós-parto (DPP). Este fenômeno, marcado por sintomas depressivos que ocorrem após o parto, apresenta uma complexidade clínica única, influenciada por fatores hormonais, psicológicos, sociais e ambientais. Com uma prevalência que varia globalmente, a DPP impacta não apenas a mãe, mas também a dinâmica familiar e o desenvolvimento do bebê (Moldenhauer, 2022). 

Compreender os aspectos clínicos dessa condição é essencial para melhorar a detecção precoce, o tratamento eficaz e o apoio integral às mães nesse período crítico. Vale salientar que as manifestações clínicas da DPP são multifacetadas, abrangendo desde sintomas emocionais, como tristeza persistente e sentimentos de desespero, até manifestações físicas, como alterações no sono e apetite. Esses sintomas, muitas vezes, coexistem com a exigência de cuidar de um recém-nascido, aumentando a complexidade da experiência para as mães afetadas. A busca por uma compreensão mais profunda desses aspectos clínicos é vital para identificar padrões, permitindo uma intervenção mais precisa e direcionada (Brasil, 2023). 

A influência de fatores de risco na ocorrência da DPP é um componente essencial da análise clínica. A ausência de um planejamento adequado da gestação, condições socioeconômicas desfavoráveis e a falta de suporte social estão entre os elementos que aumentam a vulnerabilidade das mulheres a essa condição. O reconhecimento precoce desses fatores pode proporcionar insights valiosos para estratégias preventivas e para a formulação de intervenções personalizadas que levem em consideração o contexto único de cada paciente (Bang et al., 2021). 

A abordagem terapêutica da DPP é um domínio em constante evolução, com uma gama de opções disponíveis, desde intervenções psicológicas até abordagens farmacológicas. O entendimento dos benefícios e limitações de cada modalidade é crucial para oferecer um tratamento eficaz e adaptado às necessidades específicas de cada mulher. Intervenções psicológicas, como a terapia cognitivo-comportamental e grupos de apoio, emergem como alternativas promissoras, enfocando não apenas a sintomatologia, mas também os fatores psicossociais subjacentes que contribuem para a DPP (Stewart; Vigod, 2019). 

Neste contexto, esta revisão busca aprofundar a compreensão dos aspectos clínicos da depressão pós-parto, explorando os desafios que as mães enfrentam durante esse período e analisando criticamente as formas de tratamento disponíveis. A identificação precoce, a compreensão holística dos fatores de risco e o desenvolvimento contínuo de abordagens terapêuticas inovadoras são aspectos fundamentais para a promoção da saúde mental materna e para a construção de uma rede de apoio eficaz que possa atenuar os impactos adversos dessa condição na vida das mulheres e de suas famílias (Kroska; Stowe, 2020). 

2. METODOLOGIA

Este estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura. Para a execução satisfatória da pesquisa, foi utilizada a estratégia PICo (sigla que designa respectivamente P: população/pacientes; I: intervenção; C: comparação/controle; O: desfecho/outcome) tendo como intuito abordar as especificidades do presente estudo (Santos; Galvão, 2014).  Por meio disto, a pergunta norteadora consistiu em: “Qual a importância do diagnóstico precoce da depressão pós-parto e como isso influencia o tratamento?” Tal perspectiva está demonstrada no Quadro 1.

Quadro 1 Elaboração da pergunta do estudo segundo a estratégia PICo. Goiânia, GO, Brasil, 2023.

AcrônimoDescriçãoTermos
PPopulaçãoPuérperas
IInteresseSaúde mental pós-parto
CoContextoSaúde materna e qualidade de vida pós-parto
Fonte: elaboração dos autores.

Para a fundamentação do questionamento, foram realizadas buscas online de artigos nacionais e internacionais no mês de dezembro de 2023, nas bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE/PUBMED) e Google Acadêmico. Além disso foram levantadas palavras-chave da literatura pertinentes à temática, conforme descrito no Quadro 2.

Quadro 2 Descritores controlados e de acordo com a questão norteadora. Goiânia, GO, Brasil, 2023.

DeCSMesh
Depressão Pós-PartoDepression, Postpartum
Saúde MentalMental Health
TerapêuticaTherapeutics
Fonte: Mesh Terms e DeCS, 2023.

Como critérios de inclusão dos estudos literários definiu-se como delimitação temporal os últimos cinco anos, devido a possibilidade de encontrar um maior número de artigos científicos sobre o tema. Além disso, incluíram-se apenas artigos disponibilizados em português, inglês e espanhol. Como critérios de exclusão, toda e qualquer literatura publicada por meios não oficiais, artigos que ultrapassem o limite temporal estabelecido, que não contemplem o objetivo do estudo e que abordem a temática em outros cenários, não tendo relação direta com o tema proposto. 

Dessa forma, foram encontrados 9. 714 artigos, a estes quando aplicados filtros relacionados ao período de publicação, idioma e tipo de estudo que agregasse relevância à temática proposta, após isso restaram 3.520 artigos. Os estudos foram pré-selecionados a partir da leitura e análise do título e resumo, levando em consideração os critérios de elegibilidade. Por último, os achados foram analisados na íntegra e selecionados a partir da sua adequação à questão de pesquisa e ao objetivo estabelecido. Este processo encontra-se representado no Quadro 3.

Quadro 3 Estratégia utilizada para realização das buscas dos estudos nas bases de dados. Goiânia, GO, Brasil, 2023.

BaseExpressões de buscaEeEsEi
BVS(Depressão Pós-Parto) AND (Saúde Mental) AND (Terapêutica)835474
PUBMED((Depression, Postpartum) AND (Mental Health)) AND (Therapeutics)3591133
GOOGLE ACADÊMICO(Depressão Pós-Parto) AND (Saúde Mental) AND (Terapêutica)8.5203.3603
Legenda: BVS – Biblioteca Virtual em Saúde; Ee – Estudos encontrados; Es – Estudos selecionados; Ei – Estudos incluídos na revisão após leitura crítica
Fonte: elaboração dos autores.

3. RESULTADOS

Após o cumprimento dos procedimentos metodológicos, 10 artigos disponíveis no Portal da BVS, na base de dados PubMed e no Google Acadêmico foram selecionados. O ano de publicação variou entre 2018 e 2023. O Quadro 4 traz as informações detalhadas dos estudos elegidos para a análise.

Quadro 4 Publicações incluídas no estudo segundo autor/ano, título, objetivo e principais resultados. Goiânia, GO, Brasil, 2023. 

Autor/AnoTítuloObjetivoResultados
Coll et al., 2019. Efficacy of Regular Exercise During Pregnancy on the Prevention of Postpartum Depression: The PAMELA Randomized Clinical TrialAvaliar a eficácia do exercício físico regular durante a gestação na prevenção da depressão pós-parto.O estudo não encontrou diferenças significativas nos escores médios de depressão pós-parto ou nas taxas de depressão pós-parto entre o grupo que recebeu a intervenção de exercícios e o grupo controle.
Betcher; Wisner, 2020. Psychotropic Treatment During Pregnancy: Research Synthesis and Clinical Care PrinciplesFornecer farmacoterapia de forma otimizada para mitigar as cargas somáticas e psicossociais dos transtornos psiquiátricos maternos.Não há associação identificada entre os inibidores seletivos da recaptação da serotonina ou medicamentos inibidores da recaptação da serotonina-noradrenalina. O uso desses medicamentos e taxas mais altas de defeitos congênitos ou alterações de longo prazo no desenvolvimento mental, mesmo após ajuste para fatores de confusão associados à doença psiquiátrica subjacente.
Campos, 2020. Efeitos de um Programa de Intervenção Terapêutico Educativo para mães de bebês com indicadores clínicos de saúde emocionalAvaliar os efeitos de um programa de intervenção psicoterapêutica e educativa pós-natal, com foco na saúde emocional materna.Atualmente os estudos sobre as alterações de saúde emocional decorrente do pós-parto, desde a epidemiologia, tratamento e seus efeitos sobre mãe e criança vêm sendo foco de pesquisas.
Gergov et al., 2021.Therapeutic Alliance: A Comparison Study between Adolescent Patients and Their TherapistsExaminar a congruência da aliança terapêutica avaliada por adolescentes e terapeutas e explorar qual classificação ou combinação de classificações prediria o resultado do tratamento ou o término prematuro.Destaca a importância da aliança terapêutica no processo de tratamento.
Machado et al., 2021.Elaboração de Tecnologia Assistencial para Mulheres com Depressão Pós-Parto À Luz da Teoria de PeplauElaborar uma Tecnologia Assistencial para mulher com Depressão Pós-Parto à luz da Teoria do Relacionamento Interpessoal de Peplau.Inclui o desenvolvimento da primeira versão de uma tecnologia impressa voltada para mulheres que enfrentam a Depressão Pós-Parto.
Barrow et al., 2022. Are Pediatric Providers On-Board With Current Recommendations Related to Maternal Mental Health Screening at Well-Child Visits in the State of Georgia?Explorar as barreiras ao rastreamento no ambiente pediátrico, as vantagens relatadas do rastreamento, o conhecimento dos profissionais sobre os suportes de saúde mental na comunidade e os problemas de saúde mental comumente observados (e explicitamente declarados) em novas mães.Entre os profissionais de duas clínicas, aqueles que estavam formalmente realizando o rastreamento para Depressão Pós-Parto  perceberam que essa prática adicionou valor ao seu trabalho.
Cunha et al., 2022.Adesão de mães de bebês prematuros com indicadores clínicos de saúde emocional à grupos psicoeducativosDescrever e comparar a saúde emocional de mães de bebês prematuros que aderiram ou não a grupos psicoeducativos, com indicadores clínicos de ansiedade, estresse e depressão pós-parto e, b) identificar quais variáveis sociodemográficas influenciam a saúde emocional das participantes de cada um dos grupos.Os principais resultados desta pesquisa, que envolveu uma amostra de 42 mães de bebês prematuros, indicam que não foram observadas diferenças significativas entre as variáveis sociodemográficas e os indicadores de saúde emocional entre dois grupos distintos.
Gopalan et al., 2022.Postpartum Depression-Identifying Risk and Access to InterventionReunir estudos recentes sobre risco de depressão perinatal e destaca comorbidades importantes que colocam os indivíduos em maior vulnerabilidade a maus resultados perinatais.A pesquisa destaca a importância de identificar fatores de risco para a depressão perinatal, incluindo diagnósticos históricos de depressão, ansiedade, trauma, uso comórbido de substâncias e violência por parceiro íntimo.
Ladino et al., 2023. Intervenções psicológicas necessárias: a prática como residente no serviço de medicina fetalAnalisar a prática do psicólogo no contexto de gestações que envolvem riscos fetais. Trata-se de um estudo qualitativo sob formato de relato de experiência como psicólogo residente no Serviço de Medicina Fetal da Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro.  Destaca a importância das intervenções psicológicas no contexto do trabalho em equipe em diferentes fases do processo pré-natal.
Bremenkamp et al., 2023. A perspectiva interdisciplinar da Saúde Mental no puerpério sob a ótica da educação à distância – Relato de uma experiênciaRelatar a participação dos alunos do curso de medicina, nutrição, farmácia, educação física durante o plantão de psicologia a fim de demonstrar de forma ética que é possível a integração entre os saberes na modalidade do ensino à distância.Destaca a importância de uma visão holística e colaborativa no cuidado da saúde mental das mulheres durante o período pós-parto.
Fonte: elaboração própria. 

4. DISCUSSÃO

A depressão pós-parto é um transtorno mental que afeta muitas mulheres após o nascimento de seus filhos. Esse período, que deveria ser de alegria e adaptação à nova vida com o bebê, pode se tornar desafiador para algumas mães devido a uma combinação de fatores hormonais, emocionais e sociais. A depressão pós-parto não deve ser subestimada, pois pode ter impactos significativos na saúde da mãe e no desenvolvimento do bebê. Vale salientar que a associação do exercício de intensidade moderada ao longo do período gestacional não garante redução considerável na depressão pós-parto (Coll et al., 2019; Ladino et al., 2023). 

De acordo com Betcher e Wisner (2020) os aspectos clínicos da depressão pós-parto variam de mulher para mulher, mas geralmente incluem sintomas como tristeza persistente, falta de energia, alterações no apetite, dificuldade de concentração e sentimentos de desesperança. É crucial que os profissionais de saúde estejam atentos a esses sinais para diagnosticar e tratar precocemente a condição, evitando complicações a longo prazo. Diante disso, faz-se necessário que haja um monitoramento regular das manifestações clínicas ao longo da gestação e no pós-parto, bem como que sejam realizados ajustes nas doses das medicações para o mantimento da eficácia do mesmo (Bremenkamp et al., 2023). 

O papel dos hormônios, particularmente as flutuações nos níveis de estrogênio e progesterona, é frequentemente destacado como um dos fatores desencadeantes da depressão pós-parto. No entanto, também é importante considerar os aspectos psicossociais, como o apoio social, a pressão para atender às expectativas da maternidade e as mudanças no relacionamento conjugal. Compreender a interação desses fatores é essencial para um tratamento eficaz. Todos esses fatores vêm sendo foco de pesquisas que buscam compreender essas alterações na saúde emocional das mães a fim de minimizá-las ou erradicá-las (Campos, 2020). 

Gergov e seus colaboradores (2021) afirmam que o tratamento da depressão pós-parto pode envolver uma abordagem multifacetada. A psicoterapia, em particular a terapia cognitivo-comportamental, tem se mostrado eficaz no auxílio das mães a lidar com os desafios emocionais. Além disso, a medicação, como os antidepressivos, pode ser prescrita em casos mais graves, sempre considerando os potenciais efeitos sobre a amamentação e o bebê. Nesse sentido, a terapia pode ser utilizada como um importante mecanismo de contribuição para o desenvolvimento de uma ótica positiva. 

A inclusão dos parceiros e familiares no processo de tratamento é fundamental. O suporte emocional e prático pode ajudar a aliviar a carga sobre a mãe e criar um ambiente mais favorável para sua recuperação. A conscientização pública sobre a depressão pós-parto é igualmente importante, reduzindo o estigma associado a essa condição e encorajando as mulheres a procurar ajuda sem medo de julgamento (Machado et al., 2021). Outrossim, afirma-se que os aparatos tecnológicos são capazes de facilitarem o reconhecimento e a compreensão das relações interpessoais, de forma que as manifestações de vínculo, atenção e acolhimento sejam externalizadas. 

No entanto, a disponibilidade e o acesso aos serviços de saúde mental nem sempre são igualmente distribuídos, o que destaca a necessidade de políticas públicas que visem melhorar o acesso aos cuidados de saúde mental para as mães em todos os estratos sociais. É essencial investir em programas de prevenção e intervenção precoce, garantindo que as mulheres tenham acesso a recursos que as apoiem durante a transição para a maternidade. Torna-se essencial, portanto, explorar as barreiras ao rastreamento no que tange a esfera pediátrica também, de modo que o rastreamento, o conhecimento e os problemas de saúde mental sejam comumente observados (Barrow et al., 2022). 

Outro ponto crucial é a importância da autenticidade nas representações da maternidade na mídia e na sociedade em geral. A idealização da maternidade pode contribuir para sentimentos de inadequação e isolamento, exacerbando os sintomas da depressão pós-parto. Promover uma visão realista e inclusiva da maternidade pode ajudar a reduzir a pressão sobre as mães e criar um ambiente mais compreensivo e solidário. Vale salientar que diversos fatores podem interferir gradativamente na saúde emocional materna e dentre eles o nascimento prematuro do bebê (Cunha et al., 2022).

A depressão pós-parto é um desafio significativo que requer uma abordagem integrada, considerando tanto os aspectos clínicos quanto os psicossociais. O diagnóstico precoce, o tratamento adequado e o apoio contínuo são cruciais para garantir o bem-estar tanto da mãe quanto do bebê. À medida que avançamos, é imperativo continuar a pesquisa, promover a conscientização e implementar políticas que garantam que todas as mães recebam o suporte necessário durante esse período crítico de suas vidas. Ressalta-se que o uso de abordagens intergeracionais e o apoio de equipes multidisciplinares que objetivam alcançar mulheres enquadradas como alto risco podem promover mudanças significativas na saúde materna (Gopalan et al., 2022). 

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A depressão pós-parto é uma condição complexa e impactante que afeta significativamente a saúde emocional das mulheres após o parto. Os estudos revisados abordam tanto os aspectos clínicos dessa condição quanto às formas de tratamento, enfatizando a necessidade de uma abordagem integrada e multidisciplinar. As intervenções psicológicas, particularmente aquelas que incluem terapia em grupo e foco na educação e apoio, emergiram como estratégias promissoras para mitigar os sintomas e promover o bem-estar emocional pós-parto. 

Além disso, a identificação precoce de fatores de risco, como a falta de planejamento da gestação e condições socioeconômicas desfavoráveis, pode ser crucial para uma intervenção eficaz. No panorama da saúde materna, o entendimento aprofundado dos aspectos clínicos e a implementação de abordagens terapêuticas inovadoras são essenciais para melhorar o suporte emocional às mães e promover uma transição mais suave para a maternidade.Em face dessas considerações, é imperativo que profissionais de saúde, desde obstetras até psicólogos e enfermeiros, estejam cientes dos sinais da depressão pós-parto e trabalhem em colaboração para oferecer intervenções oportunas e personalizadas. 

O desenvolvimento de tecnologias e programas específicos, como a intervenção psicoterapêutica e educativa, destaca a evolução contínua na compreensão e tratamento dessa condição. No entanto, mais pesquisas e esforços são necessários para fortalecer ainda mais as estratégias de prevenção, diagnóstico e tratamento da depressão pós-parto, garantindo que as mães recebam o suporte necessário para enfrentar os desafios emocionais que podem surgir nesse período tão delicado de suas vidas.

REFERÊNCIAS 

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¹Médico graduado na Universidade Evangélica de Goiás – UniEVANGÉLICA – Av. Universitária, s/n – Cidade Universitária, Anápolis – GO – E-mail: gabrielpeixoton@gmail.com
²Médico Ginecologista e Obstetra pelo Hospital Regional de Taguatinga (HRT) – St. C Norte Área Especial 24 – Taguatinga, Brasília – DF, 72115-902 – E-mail: limaclucaas@gmail.com