ABORDANDO O CÂNCER INFANTIL: REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA

ADDRESSING CHILD CANCER: INTEGRATING LITERATURE REVIEW

ABORDANDO EL CÁNCER INFANTIL: REVISIÓN INTEGRAL DE LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10432678


Valéria Camata Gottardo1
Daiane Mara dos Santos Ragazão2
Ana Carolina Camata Gottardo3
Elisângela Xavier Andrade4
Clenia de Almeida Bonfá5
Janaína Teodosio Travassos6
Eduardo Henrique Bona7


Resumo: O presente estudo objetiva identificar, por meio da literatura científica, o cuidar de enfermagem com o câncer infantil e qual a sua prevalência. Trata-se de uma revisão integrativa na qual foram utilizados artigos indexados nas bases de dados Bireme e SCIELO (Scientific Electronic Library Online). Foram analisadas quatro categorias dos artigos: Título, ano da publicação dos periódicos, autor, periódico e objetivo do artigo. Com base nos critérios de inclusão, 11 artigos atenderam aos requisitos, constituindo-se na amostra de estudo. Conclui-se que os pesquisadores da área de história da enfermagem reforcem a necessidade de pesquisar as atualizações e modernidades para a área de Câncer infantil e as condutas do enfermeiro.

The present study aims to identify, through the scientific literature, nursing care with childhood cancer and its prevalence. It is an integrative review in which articles indexed in the Bireme and SCIELO (Scientific Electronic Library Online) databases were used. Four categories of articles were analyzed: Title, year of publication of journals, author, journal and purpose of article. Based on the inclusion criteria, 11 articles met the requirements, constituting the study sample. It is concluded it is suggested that researchers in the area of nursing history reinforce the need to research the updates and modernities for the area of Childhood Cancer and the nurse’s conduct.

Resumen: El presente estudio objetiva identificar, por medio de la literatura científica, el cuidar de enfermería con el cáncer infantil y cuál es su prevalencia. Se trata de una revisión integrativa en la que se utilizaron artículos indexados en las bases de datos Bireme y SCIELO (Scientific Electronic Library Online). Se analizaron cuatro categorías de los artículos: Título, año de la publicación de los periódicos, autor, periódico y objetivo del artículo. Con base en los criterios de inclusión, 11 artículos atendieron a los requisitos, constituyéndose en la muestra de estudio. Se concluye que que los investigadores del área de historia de la enfermería refuerzan la necesidad de investigar las actualizaciones y modernidades para el área de Cáncer infantil y las conductas del enfermero.

INTRODUÇÃO

O adoecimento infantil pode acarretar inúmeras repercussões ruins tanto para crescimento e desenvolvimento físico, cognitivo, mental e que fragilizam e vulnerabilizam criança e família. E quando esse processo é representado pela sobrecarga e pelo estigma que acompanha o câncer infantil, torna-se ainda mais angustiante. (AMADOR, D. D. et. al. 2003). 

Para Silva e Cabral (2015), 

“durante o tratamento do câncer infantil, a criança é submetida a vários exames, internações hospitalares prolongadas e diversas modalidades terapêuticas, tais como quimioterapia, radioterapia e cirurgia que, por vezes, provocam limitações e incapacidades físicas e psicológicas”

Seguindo sempre com constantes idas ao centro de tratamento para internação, assim como para seguimento ambulatorial, expõem a criança à dor e ao sofrimento, e ainda provocam interrupções na escolarização e a afastam do convívio social e familiar, o que pode interferir na sua capacidade e no desejo de brincar.

“A taxa mediana de incidência de câncer na infância em 14 de seus registros de base populacional é de 154,3/milhão no Brasil,6 representando a quarta e a quinta causas de óbito na faixa etária de um a 18 anos nos sexos feminino e masculino, respectivamente, e a primeira causa de morte por doença a partir dos cinco anos de idade” (GRABOIS; OLIVEIRA; CARVALHO 2013). 

Em sua pesquisa recente Bastos Quintana, Carnevale, (2018) afirma que o enfermeiro é o profissional que pode ser elencado como personagem ativo no processo de angústia no cuidado com o outro. E o câncer infantil existem outras pessoas envolvidas neste processo de paciente/cuidador, como família, amigos professores e etc. “A vivência desse profissional no âmbito hospitalar, onde a morte espreita com maior proximidade, é caracterizada por uma batalha direta entre a vida e a morte dos pacientes.” Como agravante, o enfermeiro é, nesse contexto, o responsável direto pela gestão do cuidado integral de todos os pacientes da unidade. Sua formação é caracterizada por cobranças e postura firme, sendo, frequentemente, quase impedidos de expressar o que realmente sentem sobre o trabalho.

Desse modo, o objetivo deste estudo foi identificar e analisar a produção científica de estudos brasileiros sobre o câncer infantil. 

METODOLOGIA

Para nortear a pesquisa foi usado a revisão integrativa, formulou-se a seguinte questão norteadora: o que se tem escrito em pesquisas sobre câncer infantil no Brasil? Para a busca dos artigos foram utilizados os seguintes descritores: ‘Câncer infantil’ ‘enfermagem’ ‘cura’ ‘perspectivas do câncer infantil’. A busca foi feita nos seguintes bancos de dados: Bireme e google acadêmico. 

Em primeiro momento realizou-se a leitura de todos os títulos, seguida da leitura de todos os resumos para atender aos critérios de inclusão estabelecidos, quais sejam: estarem de acordo com a questão norteadora, sob a forma de artigo completo em periódicos, disponíveis em texto completo por acesso online e serem escritos em português, no período de 2000 a 2018. Este recorte se justifica porque permitiu abarcar todos os artigos com temas relevantes e atualizados a cerca do tema em questão  e que atenderam aos critérios de inclusão. O primeiro artigo encontrado data o ano de 2000 e o último do ano de 2018, sendo que a busca se deu até 2018, ano de realização desta revisão.  A busca inicial realizada resultou em 764 publicações, sendo que várias publicações se repetiam em mais de um banco de dados.

Com base nos critérios de inclusão, 11 artigos atenderam aos requisitos, constituindo-se na amostra de estudo.

Quadro 01. Apresentação dos artigos de acordo com ano, título e autor(es), Rolim de Moura,2023.

AnoTítuloAutor(es)
2000Os efeitos tardios do tratamento do câncer infantilLOPES, LF  et al.
2003Diagnóstico precoce do câncer infantil: Responsabilidade de todosRODRIGUES, K. E.; CAMARGO, B.
2007Câncer infantil: percepções maternas e estratégias de enfrentamento frente ao diagnósticoBELTRÃO, M.R. et al
2010A enfermagem nos cuidados paliativos à criança e adolescente com câncer: revisão integrativa da literatura.Costa TF, Ceolim MF.
2010Incertezas diante do câncer infantil: compreendendo as necessidades da mãeANGELO,M.; MOREIRA, P. L.; RODRIGUES, L. M. A.
2013Repercussões do câncer infantil para o cuidador familiar: revisão integrativaAMADOR, D. D. et. al.
2013Assistência ao câncer entre crianças e adolescentes: mapeamento dos fluxos origem-destino no BrasilGRABOIS, M. F.; OLIVEIRA, E. X.G.; CARVALHO, M. S.
2013Do diagnóstico à sobrevivência do câncer infantil: perspectiva de criançaGOMES, I.P. et. al.
2015O resgate do prazer de brincar da criança com câncer no espaço hospitalarSILVA, L. F. e CABRAL I. E.
2016A vivência dos pais da criança com câncer na condição de impossibilidade terapêuticaALVES K.M.C. ET. AL. 
2018Angústias Psicológicas Vivenciadas por Enfermeiros no Trabalho com Pacientes em Processo de Morte: Estudo Clínico-QualitativoBASTOS, R. A., QUINTANA, A. M., CARNEVALE, F

Para a coleta de dados foi elaborado um instrumento, contemplando as seguintes variáveis: identificação do pesquisador, ano de publicação, volume, número, páginas, descritores, objetivos do estudo, resultados e conclusões. Para a análise e posterior síntese dos artigos utilizou-se um quadro com os seguintes aspectos: ano, autores, título, periódico de publicação, objetivos e conclusões.  

Teve-se como ano de estudo de 2000 até o ano de 2018, totalizando 18 anos. Para tanto, as informações foram divididas em intervalo de 4 anos, a partir de 2000 até 2018.

RESULTADO E DISCUSSÃO

Ao analisar os periódicos é possível afirmar que este tema é de grande valia para a qualidade de vida dos pacientes, tanto em cuidados paliativos quanto para aqueles em que a chance de sobrevida é grande, e avaliação da qualidade dos serviços prestados e é amplamente explorado em meio científico.

Uma vez conhecidos os temas abordados nos artigos estudados, é possível iniciar a análise dos dados encontrados. Em relação ao quantitativo de estudos incluídos, em conformidade com os dados da Tabela 1, tem-se:

Tabela 1: Distribuição dos artigos segundo ano de publicação, Rolim de Moura,2023

AnoNúmero de trabalhos
2000 – 200402
2005 – 200901
2010 – 20145
2015 – 20183
Total11

De acordo com os dados da Tabela 1, podemos ver que a maioria das produções de pesquisas vinculadas ao tema auditoria de câncer infantil foram publicadas no período entre 2012 e 2014, onde cerca de 47% foram publicadas neste tempo . Observa-se um número razoavelmente pequeno de artigos relacionados ao tema, porém é notório que o tema está sendo discutido mais nos últimos anos.

Em relação à quantidade de CA infantil no Brasil as publicações ainda se tornam insuficientes. 

A taxa mediana de incidência de câncer na infância em 14 de seus registros de base populacional é de 154,3/milhão no Brasil, representando a quarta e a quinta causas de óbito na faixa etária de um a 18 anos nos sexos feminino e masculino, respectivamente, e a primeira causa de morte por doença a partir dos cinco anos de idade (GRABOIS, M. F.; OLIVEIRA, E. X.G.; CARVALHO, M. S. 2013)

E por via de regra houve aumento significativo das produções científicas a respeito de um tema comentado e importante para a profissão.

Tabela 02. Temas dos artigos avaliados. Rolim de Moura,2023.

Tema Número de publicações
Diagnóstico2
Cuidadores3
Qualidade de vida6

Pode-se observar com esta tabela que o tema com menor investigação e estudos está vinculado com o diagnóstico, porém este tema é importante estando no mesmo patamar de relevância dos demais.

“A sobrevida de pacientes com câncer depende principalmente da localização do tumor, da histologia, da sua biologia e do estádio da doença ao diagnóstico. Pacientes com doença localizada tem melhor prognóstico que aqueles com doença avançada”. (RODRIGUES, K. E.; CAMARGO, B.2003)

Também é notória a grande quantidade de estudos relacionados a qualidade de vida durante e após o tratamento do Câncer infantil, no qual os pacientes passam por fases relativamente ligeiras da vida, que não pela condição física podem deixar de aproveitar como uma criança totalmente saudável, como um simples fato de brincar de futebol com os amigos ou passear na praça. 

CONCLUSÃO

Pela caracterização das publicações analisadas, consideramos que os artigos sobre CA infantil sofreu numericamente um aumento das produções principalmente durante os anos de 2012 a 2014 e diminuição após este período até 2018.  

Diante de todo o exposto alguns pontos fortes da análise dos artigos podem ser mencionados: estas pesquisas se propuseram a fazer uma análise de conjuntura, no sentido de estabelecer nexos importantes entre os familiares envolvidos, o paciente e a forma de descoberta e tratamento do paciente portador de câncer infantil. 

Todas essas questões são importantes para a criança que se encontra ou que esteve nesta situação de prejuízo à saúde, podendo ser momentâneo ou não. 

Ainda assim, sugere-se que os pesquisadores da área de história da enfermagem reforcem a necessidade de pesquisar as atualizações e modernidades para a área de Câncer infantil e as condutas do enfermeiro.

REFERÊNCIAS

ALVES K.M.C. ET. AL. A vivência dos pais da criança com câncer na condição de impossibilidade terapêutica. Texto Contexto Enferm, 2016; 25(2).

AMADOR, D. D. et. al. Repercussões do câncer infantil para o cuidador familiar: revisão integrativa, Rev Bras Enferm, Brasília 2013 mar-abr; 66(2): 267-70.

ANGELO,M.; MOREIRA, P. L.; RODRIGUES, L. M. A.  Incertezas diante do câncer infantil: compreendendo as necessidades da mãe, Esc Anna Nery Rev Enferm 2010 abr-jun; 14 (2): 301-30.

BASTOS, R. A., QUINTANA, A. M., CARNEVALE, F Angústias Psicológicas Vivenciadas por Enfermeiros no Trabalho com Pacientes em Processo de Morte: Estudo Clínico-Qualitativo Trends Psychol., Ribeirão Preto, vol. 26, nº 2, p. 795-805 – Junho/2018.

BELTRÃO, M.R. et al Câncer infantil: percepções maternas e estratégias de enfrentamento frente ao diagnóstico. Jornal de Pediatria – Vol. 83, Nº 6, 2007

Costa TF, Ceolim MF. A enfermagem nos cuidados paliativos à criança e adolescente com câncer: revisão integrativa da literatura. Rev Gaúcha Enferm., Porto Alegre (RS) 2010 dez;31(4):776-84.

GOMES, I.P. et. al. Do diagnóstico à sobrevivência do câncer infantil: perspectiva de crianças Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2013 Jul-Set; 22(3): 671-9.

GRABOIS, M. F.; OLIVEIRA, E. X.G.; CARVALHO, M. S. Assistência ao câncer entre crianças e adolescentes: mapeamento dos fluxos origem-destino no Brasil. Rev Saúde Pública 2013;47(2):368-78

LOPES, LF  et al. Os efeitos tardios do tratamento do câncer infantil Rev Ass Med Brasil 2000; 46(3): 277-84.

RODRIGUES, K. E.; CAMARGO, B. Diagnóstico precoce do câncer infantil: Responsabilidade de todos Rev Assoc Med Bras 2003; 49(1): 29-34

SILVA, L. F. e CABRAL I. E. O resgate do prazer de brincar da criança com câncer no espaço hospitalar. Rev Bras Enferm. 2015 mai-jun;68(3):391-7.


1Enfermeira pós graduada em saúde mental, auditoria para área da saúde e docência para ensino superior
2Enfermeira Especialista em oncologia multiprofissional e Especialista em Nefrologia
3Enfermeira pós graduada em Gestão em qualidade em serviços de saúde e hospitalar; Enfermagem do trabalho e Enfermagem em dermatologia
4 Enfermeira, Mestre em Conservação em Uso de Recursos Naturais,
área de concentração: Bioprospecção e Uso de Recursos Naturais, Unir/RO
5Bacharel em Enfermagem; Pós graduada em Didática do Ensino Superior e Inovações Curriculares.
6 Enfermeira, mestra em farmácia: produtos naturais e bioéticos.
7 Médico, atuando na atenção primária à saúde