GESTÃO LABORATORIAL – DESAFIOS E POSSÍVEIS ESTRATÉGIAS

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10427999


Jhonn Lennon Alves Moreira Teixeira1
Diego José Fernandes 2


RESUMO:

A gestão laboratorial é essencial para o bom andamento do laboratório clínico, nesse sentido, diversos desafios e estratégias emergem para aumentar a qualidade dos serviços prestados. Nesse sentido, o objetivo deste artigo os desafios da gestão laboratorial e estratégias que auxiliem no controle de qualidade. O presente artigo trata-se de uma revisão de literatura, em que as bases de dados Google acadêmico e Scielo foram utilizadas para a busca de artigos relacionados a temática. A busca textual foi realizada os seguintes descritores e operadores booleanos: Descritores: “gestão laboratorial”, “biomedicina”, “desafios”, “estratégias” e os operadores Booleanos: e ou. Foram considerados como critérios de inclusão estudos publicados nos últimos 5 anos, 2019-2023, e que artigos que abordassem especificamente os desafios e estratégias na gestão laboratorial. Muitos dos desafios para a gestão e controle de qualidade laboratorial, estão presentes nas fases pré, analítica, e pós-analítica, evidenciando a necessidade da implementação de um controle de qualidade interno e externo, bem como a adoção de ferramentas de controle de qualidade já empregadas nas indústrias e que podem ser utilizadas no laboratório clínico. Portanto, conclui-se que a eficácia da gestão laboratorial depende da aplicação de melhores práticas, do investimento em recursos adequados e da adaptação às mudanças tecnológicas e regulatórias e do reconhecimento dos gestores da importância destes processos.

Palavras-chave: Gestão laboratorial; Desafios; Estratégias.

ABSTRACT: Laboratory management is essential for the smooth running of the clinical laboratory, in this sense, several challenges and strategies emerge to increase the quality of services provided. In this sense, the objective of this article is the challenges of laboratory management and strategies that assist in quality control. This article is a literature review, in which the Google Scholar and Scielo databases were used to search for articles related to the topic. The textual search was carried out using the following Boolean descriptors and operators: Descriptors: “laboratory management”, “biomedicine”, “challenges”, “strategies” and Boolean operators: and or. Studies published in the last 5 years, 2019-2023, and articles that specifically addressed challenges and strategies in laboratory management were considered as inclusion criteria. Many of the challenges for laboratory quality management and control are present in the pre-, analytical, and post-analytical phases, highlighting the need to implement internal and external quality control, as well as the adoption of quality control tools already in place. used in industries and can be used in the clinical laboratory. Therefore, it is concluded that the effectiveness of laboratory management depends on the application of best practices, investment in adequate resources and adaptation to technological and regulatory changes and managers’ recognition of the importance of these processes.

Keywords: Laboratory management; Challenges; Strategies.

  1. INTRODUÇÃO

A gestão laboratorial emerge como um componente vital no cenário científico e de saúde, desempenhando um papel central na garantia da eficiência, qualidade e segurança das operações laboratoriais. Seja no âmbito da pesquisa, clínico, industrial ou acadêmico, as práticas e processos de gestão laboratorial se estendem pela ampla gama de atividades, abrangendo desde a administração de recursos humanos, materiais e equipamentos até o desenvolvimento de estratégias voltadas para a otimização da produtividade e aprimoramento da precisão dos resultados.

Ao refletirmos sobre a magnitude das análises clínicas no contexto das decisões diagnósticas e diretrizes terapêuticas, torna-se patente a premente necessidade de zelar pela integridade sanitária nas instalações clínicas e implementar mecanismos que perpetuem e fomentem a qualidade em todos os estágios do processo laboratorial (Trevisan, 2017).

Similarmente a outros setores da economia, a integração de rigorosos controles de qualidade nos serviços laboratoriais se consubstancia como um imperativo incontestável. No âmbito empresarial, a qualidade é interpretada como a capacidade de satisfazer as necessidades e expectativas do cliente (Garrido & Araújo, 2014). No âmbito da prestação de serviços de saúde, a qualidade do controle se consagra como um componente imprescindível para atender às expectativas e à satisfação dos clientes, constituindo-se como uma pedra angular na produção e oferta de serviços médicos (Castelo Branco et al., 2014).

   Quando abordamos a qualidade dos resultados e as diversas etapas intrínsecas ao laboratório clínico, a necessidade premente consiste em instituir padrões e procedimentos que previnam e detectem os eventuais desvios que podem ocorrer desde o pedido inicial até a emissão do laudo conclusivo. A identificação destas discrepâncias desempenha um papel crucial na adoção de medidas corretivas e preventivas, integralizando-as como elementos fundamentais no controle de qualidade (Silva & Steckert, 2019).

A gestão laboratorial desempenha um papel fundamental na área da saúde, contribuindo para o diagnóstico, monitoramento e tratamento de doenças. Portanto, melhorar a gestão laboratorial pode ter um impacto direto na qualidade da assistência médica e na saúde pública. Nesse contexto, o objetivo geral deste artigo é explorar os desafios da gestão laboratorial e estratégias que auxiliem no controle de qualidade.

  • METODOLOGIA

Este estudo trata-se de uma revisão narrativa, em que se tem como pergunta norteadora: “Quais são os desafios enfrentados na gestão laboratorial em Biomedicina e quais estratégias podem ser empregadas para superá-los?”. Para responder a esta questão, fora utilizadas as bases de dados Scielo e Google acadêmico para a busca de artigos que atendessem a temática.

A busca textual foi realizada os seguintes descritores e operadores booleanos: Descritores: “gestão laboratorial”, “biomedicina”, “desafios”, “estratégias” e os operadores Booleanos: e ou. Foram considerados como critérios de inclusão estudos publicados nos últimos 5 anos, 2019-2023, e que artigos que abordassem especificamente os desafios e estratégias na gestão laboratorial.

Como critérios de exclusão, foram excluídos do estudo, artigos que divergissem da temática estudada e estudo que não tinham como foco estratégias para superar desafios na gestão de laboratórios. Após, a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, os artigos selecionados foram selecionados após a análise prévia dos títulos e resumos, para avaliar a relevância do estudo. Posteriormente, os estudos selecionados foram lidos na integra dos artigos incluídos.

  • RESULTADOS E DISCUSSÃO

A gestão laboratorial é dos desafios comumente enfrentado nas análises clínicas. Nesse sentido, a identificação dos principais desafios enfrentados na gestão laboratorial e de estratégias que possam ser utilizadas para superar tais desafios, se torna essencial.

Os estabelecimentos especializados em análises clínicas se delineiam como uma instância voltada para a minuciosa inspeção de amostras provenientes de pacientes, com o fito de proporcionar suporte para os processos diagnósticos e terapêuticos. Este serviço engloba série de abordagens completas, abarcando as etapas precursoras, a fase de análise propriamente dita, e os estágios posteriores ao procedimento (Santos & Junior, 2015).

O escopo destes laboratórios transcende fronteiras geográficas, exercendo um papel fundamental na identificação, monitoramento e prevenção de enfermidades em escala global. Os serviços por eles prestados se erigem como uma barreira essencial contra a disseminação de doenças e a detecção de novos agentes patogênicos. Não obstante, tais resultados estão intrinsecamente correlacionados com a proficiência técnica dos laboratórios clínicos e, sobretudo, com a excelência de seus serviços (Oliveira & Melo, 2020; Silva & Steckert, 2019).

A execução de exames laboratoriais se desdobra em três fases distintas: a pré-analítica, englobando o preparo do paciente, a identificação, a coleta, a manipulação e o armazenamento das amostras biológicas, ou seja, todas as atividades anteriores às análises laboratoriais em si; a fase analítica, composta pela realização dos testes e a interpretação dos resultados, na qual os métodos utilizados são meticulosamente avaliados quanto à adequação à natureza da amostra, duração do ensaio, precisão, exatidão, sensibilidade, especificidade, linearidade e estabilidade dos reagentes, em um esforço constante para assegurar a confiabilidade das conclusões; e, por fim, a etapa pós-analítica, que tem início com a obtenção de resultados quantitativos e/ou qualitativos após a análise e culmina na entrega do laudo ao paciente (Barbosa & Mansour, 2019; Manso & Seabra, 2020).

A implementação de um rigoroso controle de qualidade nos laboratórios clínicos desempenha um papel crucial, uma vez que a emissão de laudos contendo informações imprecisas pode resultar em um aumento exponencial das consultas médicas e exames. De acordo com a RDC 786/2023 o controle de qualidade, consiste em monitorar e acompanhar os resultados por meio de amostras controle a precisão e exatidão do processo analítico, por meio dos controles interno e externo de qualidade (ANVISA, 2023).

O controle de qualidade se refere ao processo de detecção de erros analíticos dentro do laboratório para garantir a confiabilidade e a precisão dos resultados do teste, a fim de fornecer o melhor atendimento possível ao paciente. O desempenho não confiável pode resultar em diagnósticos incorretos, atrasos no tratamento e aumento de custos devido a novos testes, portanto, é de grande importância garantir que todos os resultados fornecidos sejam precisos e confiáveis (AUTOLAC, 2023).

Com a incessante procura por qualidade nos processos laboratoriais, foram criados os programas de acreditação brasileiros, como o Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos (PALC) da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML, 2021), e o Departamento de Inspeção e Credenciamento da Qualidade (DICQ) da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC) (Santos & Trevisan,2021). Além disso, surgiram, no Brasil, nas décadas de 1970-80, os programas de controle da qualidade em laboratório clínico, como o Proficiência em Ensaios Laboratoriais (PELM) e o Programa Nacional de Controle de Qualidade (PNCQ). Esses sistemas são utilizados para atender às necessidades de ampla e melhor avaliação dos laboratórios clínicos (Chaves, 2010; Dias et al.; 2017)).

Neste incessante caminho rumo à excelência, surge o Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos (PALC), sob o apoio da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial – SBPC/ML. O programa estipula uma série de exigências destinadas a salvaguardar a qualidade dos laboratórios, por meio da implementação de práticas e padrões que intensifiquem o desempenho. A norma é segmentada em 17 categorias que delineiam requisitos específicos de qualidade aplicáveis a todas as áreas de um laboratório de análises clínicas (Pasquini, 2018).

O PALC emerge como a norma por excelência para os laboratórios de análises clínicas que se concentram na assistência ao paciente, devido à sua ênfase nos critérios eminentemente técnicos em detrimento dos aspectos meramente processuais, como a coleta e a preservação das amostras, o atendimento ao cliente, a qualidade das análises, o cumprimento dos prazos e a diligência no tratamento dos resultados. O programa impõe a revisão e otimização dos processos, tornando-os mais confiáveis e seguros, com vistas à otimização do desempenho do laboratório e ao aumento da confiança nos resultados por parte dos clientes (Barbosa & Mansour, 2019).

O PALC prioriza a organização global do laboratório, a documentação essencial para o registro dos procedimentos realizados, o atendimento ao cliente desde o processo de cadastro até a identificação da amostra, bem como a garantia da validade dos métodos, reagentes e equipamentos empregados na condução dos exames. Adicionalmente, esta norma enfatiza o aperfeiçoamento dos processos analíticos, baseados em controles de qualidade internos e externos, com o propósito de fornecer resultados confiáveis e verídicos, salvaguardando, assim, a qualidade e a confiabilidade dos laudos emitidos. Em resumo, a PALC constitui-se como uma norma abrangente e específica, que abarca as áreas críticas do laboratório clínico, abrangendo as fases pré-analítica, analítica e pós-analítica (SBPC/ML, 2021).

A magnitude da gestão laboratorial revela-se notável em diversos setores, desde a medicina, onde os exames clínicos desempenham papel crucial no diagnóstico preciso de doenças, até a indústria, onde a qualidade do produto está intrinsecamente ligada a testes rigorosos de controle de qualidade (Santos & Trevisan, 2021).

Adicionalmente, nas instituições de ensino, a gestão laboratorial desempenha um papel vital no respaldo à pesquisa científica, catalisando descobertas e inovações. A gestão de laboratórios é uma tarefa complexa e essencial em diversos setores, incluindo a medicina, a pesquisa científica e a indústria. Os gestores de laboratórios frequentemente enfrentam uma série de desafios que demandam habilidades de gestão eficazes e estratégias bem planejadas. Alguns dos desafios mais comuns incluem a escassez de recursos, regulações rigorosas, avanços tecnológicos constantes e a gestão de pessoal qualificado.

  A complexidade das operações laboratoriais é evidente, uma vez que envolve a manipulação de substâncias sensíveis, equipamentos sofisticados e a geração de dados altamente precisos. A necessidade de garantir alta precisão e qualidade nos resultados é uma pressão constante sobre os gestores, pois qualquer erro ou imprecisão pode ter consequências significativas, tanto do ponto de vista financeiro quanto de saúde pública (Santos et al., 2020).

Porém, diante de tamanhas dificuldades e adversidades, há possíveis estratégias que possam ser trazidas à tona na intenção de gerar estratégias válidas o suficiente para combater tamanhos desafios e tornar o cenário de Gestão Laboratorial um tanto quanto mais ‘‘formidável’’ para o vínculo médico, hospitalar e laboratorial. Assim sendo, é possível abranger que práticas de gestão possam ser colocadas de forma efetiva, trazendo a contribuição necessária ao trabalho em questão e o facilitando.

Sendo assim, para lidar com a escassez de recursos, os gestores de laboratórios devem adotar uma abordagem de alocação eficiente de recursos financeiros e materiais. Isso inclui o monitoramento cuidadoso dos custos operacionais, a otimização do uso de equipamentos e reagentes e a busca por fontes alternativas de financiamento, tendo como exemplo; possíveis parcerias e subsídios.

   A conformidade regulatória, na intenção de atender às regulações rigorosas, se ver ser fundamental, implementando sistemas de qualidade e conformidade aos quais estejam alinhados com os requisitos normativos. A adoção de normas de boas práticas de laboratório (BPL) e a manutenção de registros detalhados são práticas essenciais para garantir a conformidade essencial para o âmbito em questão (Silva et al.; 2021).

Outra expoente essencial para tal superação de desafios, é a adoção tecnologia e automação, pois, os avanços tecnológicos estão em constante evolução, e os laboratórios precisam acompanhar tamanha tendência. Investir em equipamentos de ponta e sistemas de automação podem aumentar a eficiência das operações e reduzir a margem de erro humana, contribuindo para resultados mais precisos e fornecendo ao homem conhecimentos mais amplos em vários destes cenários. A gestão de pessoal também é crucial para o sucesso do laboratório (Ricelli & Amaral, 2019).

Diante de tais fatos, a melhoria contínua traz a adoção de práticas de melhoria contínua, como o Lean Six Sigma, pode ajudar os laboratórios a identificar e eliminar ineficiências, reduzir custos e melhorar a qualidade dos resultados (Carvalho & Oliveira, 2021). A análise de processos e a implementação de medidas corretivas são passos essenciais nesse sentido.

Outras ferramentas promissoras segundo Steckert & Silva (2019) consistem na técnica de análise de modos de falha e análise de efeitos (FMEA), que avalia falhas durante o processo e a propostas de ações de melhoria, e no método de análise e solução de problemas (MASP), que consiste na elaboração de relatórios que permitem apontar problemas e traçar soluções.

Também constituem ferramentas de gestão o ciclo PDCA (do inglês, plan, do, check, act), que possibilita padronizar processo por meio de quatro fases, que permitem a identificação de falhas, o planejamento de soluções, propor ações, verificar e padronizar (Ricelli & Amaral, 2019; Gaudencio, 2023). Outros métodos do meio corporativo que podem ser adotados para a melhoria do laboratório clínico constituem, o método 5S o método de planejamento “5W2H” (De Oliveira & Melo, 202).

Os gestores em questão também devem concentrar seus esforços no recrutamento, treinamento e desenvolvimento de equipes cada vez mais qualificadas, capacitadas e motivadas. Trazendo o incentivo para o aprendizado contínuo e oferecendo oportunidades de crescimento profissional para uma possível carreira na área de interesse em questão, respeitando o profissional (Dias et al., 2017).

  • CONSIDERAÇÕES FINAIS

A gestão laboratorial desempenha um papel crítico na garantia da eficiência, qualidade e segurança das operações laboratoriais em diversos contextos, incluindo medicina, pesquisa acadêmica e indústria. Este artigo explorou os princípios fundamentais dessa gestão e os desafios específicos enfrentados pelos gestores laboratoriais. Além disso, destacamos como a gestão laboratorial contribui para o avanço do conhecimento científico e tecnológico, desempenhando um papel vital na nossa sociedade moderna.

   A eficácia da gestão laboratorial depende da aplicação de melhores práticas, do investimento em recursos adequados e da adaptação às mudanças tecnológicas e regulatórias. Portanto, é fundamental que os gestores laboratoriais e as organizações reconheçam sua importância e trabalhem continuamente para aprimorar suas operações. Somente assim poderemos continuar a beneficiar-nos das descobertas científicas, diagnósticos precisos e produtos de alta qualidade que dependem da gestão laboratorial eficaz.

  • REFERÊNCIAS

ANVISA –AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução RDC nº 786, de 05 de maio de 2023. Dispõe sobre os requisitos técnico sanitários para o funcionamento de Laboratórios Clínicos, de Laboratórios de Anatomia Patológica e de outros Serviços que executam as atividades relacionadas aos Exames de Análises Clínicas (EAC) e dá outras providências. Publicada no DOU nº 88, de 10 de maio de 2023.  Disponível em:  https://antigo.anvisa.gov.br/documents/10181/5919009/RDC_786_2023_.pdf/d803afbc-59c1-4dc2-9bb1-32f5131eca59. Acessado em 12/2023.

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Jhonn Lennon Alves Moreira Teixeira – Centro Universitário UNA, Bom Despacho, Minas Gerais, Brasil.1
Diego José Fernandes – entro Universitário UNA, Bom Despacho, Minas Gerais, Brasil.2