MATERNAL CONFLICTS AND THE IMPACT ON CHILD DEVELOPMENT
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10440545
Sávia Lorrane Bezerra Da Silva1
Viviane Costa Barbosa Campos2
RESUMO
O objetivo deste artigo é apresentar percepções, opiniões e expectativas sobre os conflitos maternos e o impacto no desenvolvimento infantil, com enfoque na primeira infância. Realizou-se análise descritiva dos documentos e revisão sucinta das literaturas bibliográficas, dando então procedência sob uma questão norteadora: como compreender os conflitos maternos e o impacto no desenvolvimento infantil. A presente pesquisa faz menção em visão psicanalítica e analisa também como a exposição a esses conflitos podem afetar o comportamento, o desempenho escolar, a saúde mental e as relações sociais das crianças. Correlacionando a seguinte problemática com a possibilidade de ações viáveis, que sejam capazes de minimizá-la, e assim destacando a importância da promoção de um ambiente saudável e favorável ao crescimento e desenvolvimento das crianças. Além disso, discutimos as estratégias de intervenção e prevenção que podem ser adotadas para mitigar os efeitos negativos dos conflitos maternos junto às crianças. Isso inclui terapias familiares, programas de apoio psicológico e educação parental.
Palavras-chave: Psicanalítica. Conflitos. Desenvolvimento Infantil. Maternidade. Crianças.
ABSTRACT
The objective of this article is to present perceptions, opinions and expectations about maternal conflicts and the impact on child development, with a focus on early childhood. A descriptive analysis of the documents and a brief review of the bibliographic literature were carried out, proceeding with a guiding question: how to understand maternal conflicts and the impact on child development. This research focuses on a psychoanalytic perspective and also analyzes how exposure to these conflicts can affect children’s behavior, school performance, mental health and social relationships. Correlating the following problem with the possibility of viable actions capable of minimizing it and thus highlighting the importance of promoting a healthy environment favorable to the growth and development of children. Furthermore, we discuss intervention and prevention strategies that can be adopted to mitigate the negative effects of maternal conflicts on children. This includes family therapies, psychological support programs and parental education.
Keywords: Psychoanalytic. Conflicts. Child development. Maternity. Children.
INTRODUÇÃO
Os conflitos maternos emergem como um elemento complexo. O ambiente em que uma criança cresce desempenha um papel fundamental em seu desenvolvimento, influenciando não apenas as habilidades cognitivas, emocionais e sociais, mas também forjando bases de sua saúde mental ao longo da vida. Este trabalho busca explorar os impactos dos conflitos maternos sobre o delicado processo de desenvolvimento infantil.
As divergências maternas são formadas por vários elementos e aspectos, envolvendo confrontos nas esferas emocionais, comunicativas e de convívios. Interpretar e mediar esses conflitos repercute na psique infantil, com a intenção de promover e proporcionar interferências capazes de conceder manuseios preventivos que favorecem ambientes familiares propícios e saudáveis.
Cada cultura encara a experiência de ter filhos de maneira única. Tornar-se mãe influenciará em pontos negativos e positivos na vida de cada mulher. Cada uma vivencia de forma diferente essa experiência, relacionando suas características, sendo elas subjetivas ou até mesmo objetivas, porém utilizando da sua cultura circundada. Variando identidades e invertendo papéis, a mulher não é apenas filha e esposa, mas também mãe.
A maternidade é uma das tarefas mais importantes e provocantes da atualidade, que perpetuam na vida de uma mulher desde o contexto histórico. São mães com deveres a serem cumpridos a todo tempo, fazendo deles fundamentais para o desenvolvimento infantil, responsáveis pela desenvoltura plena daquele ser humano que se faz presente a pouco tempo.
A mãe tem como papel principal, ofertar à criança sua dedicação para contemplar vínculos importantes para o seu desenvolvimento emocional, social e cognitivo. De acordo com o Comitê Científico do Núcleo Ciência pela Infância (2014), a primeira infância compreende a fase dos 0 aos 6 anos e é um período crucial no qual ocorre o desenvolvimento de estruturas e circuitos cerebrais, bem como a aquisição de capacidades fundamentais, que permitirão o aprimoramento de habilidades futuras mais complexas.
Por meio da psicanálise, podemos compreender que é na infância, que ocorre a formação da personalidade de todo indivíduo, sendo correlacionada com suas relações com os pais ou responsáveis. Porém, é de suma importância evidenciar que, a forma como é vivenciada a relação da mãe com o bebê no decorrer dos primeiros meses de vida, contribui profundamente de forma positiva ou negativa no desenvolvimento emocional da criança. Essa correlação mãe-bebê é perpassada como um processo constante de convívio. E a mãe atua como responsável principal, fornecendo cuidado e segurança para o seu filho.
Sob a perspectiva psicanalítica, que busca interpretar o funcionamento da mente por meio dos comportamentos e emoções, a Revista de Psicologia de São Paulo, em seu artigo “Maternidade e Sofrimento Social” de 2017, destaca a importância crucial da maternidade no desenvolvimento infantil. O artigo esclarece que a maternidade exerce um papel fundamental na formação de vínculos emocionais, na construção da autoestima e no desenvolvimento das habilidades sociais das crianças.
Através da observação e análise do inconsciente, a psicanálise visa compreender as motivações que levam o indivíduo a se comportar de determinada forma. No contexto do desenvolvimento infantil, a psicanálise tem um papel fundamental, uma vez que ajuda a compreender a formação da personalidade, dos afetos e das relações sociais das crianças.
2 METODOLOGIA
Este trabalho empregou como metodologia, a análise de documentos, utilizando artigos científicos e revisão de literatura. Inicialmente, foi feita a elaboração da seguinte pergunta norteadora: Como compreender os conflitos maternos e o impacto no desenvolvimento infantil?
Evidencia também, que a presente pesquisa bibliográfica é de natureza qualitativa, pois busca discorrer e interpretar a expectativa, opinião e percepções sobre a problemática relacionada aos conflitos maternos, e os impactos no desenvolvimento infantil. Portanto, envolve a revisão sistemática da literatura existente sobre o tema, analisando e relacionando as informações disponíveis em livros, artigos científicos, teses, entre outros.
Referindo-se a informações provenientes de fontes já publicadas, possibilitando uma compreensão mais aprofundada dos conflitos e de seu impacto.
3. OS IMPACTOS NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
É crucial destacar os impactos que influenciam o desenvolvimento infantil, resultantes de desafios durante as fases iniciais da maternidade ao lidar com a chegada do filho. O ato de cuidar de um recém-nascido envolve uma gama complexa de emoções e experiências, tornando essa realidade profundamente intricada.
Estrear essa vivência produz sentimento de culpa, ao mesmo tempo que os sentimentos afetuosos afloram, é uma balança de equilíbrio. Se de um lado pesar mais, é evidente a compatibilidade para conflitos no que perpassa do processo, sincronizados posteriormente com os impactos no desenvolvimento infantil.
Embora seja um processo intricado que abrange diversas áreas, o desenvolvimento infantil engloba aspectos físicos, sociais e cognitivos. Na perspectiva psicanalítica, esses elementos são considerados forças que influenciam o ser humano, seguindo uma divisão em estágios relacionados a pulsões.
De acordo com Beltrami (2014), o papel da maternidade na formação do desenvolvimento infantil é indiscutível. As interações maternas, juntamente com o cuidado e o afeto, desempenham um papel crucial na moldagem da saúde emocional e cognitiva das crianças desde os primeiros anos de vida.
A riqueza, variabilidade, modulação e timbre destas trocas emocionais, entre o lactente e a mãe lactante, integradas em conjuntos ou gestalt cada vez mais complexos pela maturação paralela das capacidades sensório-motoras e de cognição, pelo acumular das experiências vividas, e ainda pela resposta em eco e muitas vezes antecipada da mãe, isto é, em apelo do crescimento vislumbrado e no pressentimento da necessidade nascente (que a mãe, que investe com autenticidade e equilíbrio o seu filho, descobre para além da percepção consciente e do significado racional da situação que vive) – dão-nos a dimensão e mostram-nos a importância que, para todo o sempre, esta fase evolutiva da relação com o seio vai ter no destino individual.( Matos 1983 p 479).
A maternidade desempenha um papel fundamental em torno desse processo, uma vez que as mães têm a responsabilidade de proporcionar as condições ideais para o pleno desenvolvimento dos filhos. É através das relações maternas que os filhos desenvolvem um liame emocional significativo e necessário para o desenvolvimento emocional.
Os efeitos sobre o desenvolvimento infantil podem se intensificar quando as crianças são submetidas a conflitos persistentes. Essas situações podem impactar negativamente o desenvolvimento cognitivo, gerar estresse emocional, provocar ansiedade e resultar em desafios no aprendizado, bem como dificuldades no desenvolvimento de habilidades sociais.
Ao considerarmos os impactos dos conflitos maternos no desenvolvimento infantil, a perspectiva psicanalítica acrescenta uma camada profunda à compreensão dos processos psicológicos envolvidos. Sob a lente de teóricos como Sigmund Freud e Melanie Klein, torna-se evidente que as experiências na primeira infância moldam não apenas o presente, mas também têm implicações duradouras na psique infantil.
No texto ‘Sobre o Narcisismo’, Freud 1914/2010 (apud Arteiro, 2017) afirma que, a atitude afetuosa dos pais para com os filhos é fruto de uma necessidade narcísica reparatória e proveniente das identificações com a própria história pessoal primitiva. Em outras palavras, os filhos ocupam um lugar de reparação das feridas narcísicas dos pais, porquanto são projetados neles os desejos que não puderam ser realizados pelos genitores.
Ao sistematizar os princípios da teoria e da técnica psicanalítica com crianças, Melanie Klein rompeu definitivamente com a educação. Segundo ela: embora a psicologia e a pedagogia tenham sempre mantido a crença de que uma criança é um ser feliz e sem conflitos e tenham suposto que os sofrimentos dos adultos resultam dos encargos e das durezas da realidade, devemos afirmar que, justamente o oposto é verdadeiro. O que aprendemos sobre a criança e sobre o adulto através da psicanálise é que todos os sofrimentos da vida ulterior são, em sua maior parte, repetições dos sofrimentos infantis, e que toda criança, nos primeiros anos da sua vida, passa por um grau incomensurável de sofrimento. (Klein, 1981, apud Costa, 2010).
Um outro aspecto essencial da maternidade, reside na habilidade materna em orientar o filho na regulação das suas emoções. As mães exercem um papel crucial no desenvolvimento emocional das crianças, auxiliando-as na identificação e compreensão das emoções, além de ensiná-las a lidar com esses sentimentos, de maneira adequada.
Tudo isso é fundamental para que a criança adquira importantes habilidades sociais, como empatia e a capacidade de lidar com diversas situações. Como esclarece Lima et al, 2016 (apud Brasil Escola) em seu estudo, significativa parte de crianças que cresceram sem a presença física da mãe, ou mesmo as que a tiveram fisicamente, tiveram prejuízos no desenvolvimento de sua saúde mental, em contrapartida, outras conseguiram desenvolver através de características pessoais, ou subsídios, a capacidade de lidar com as situações recorrentes da vida, mesmo que criadas em lares comprometidos.
A maternidade possibilita que a mãe forneça um ambiente seguro e acolhedor para a criança. No entanto, quando esse elo é quebrado, ocorre uma fragilização na relação entre mãe e bebê, o que abre caminho para o desenvolvimento de um transtorno extremamente comum e frequente, a depressão pós-parto.
Os cuidados que a criança recebe nos primeiros anos de vida, tem grande importância para a saúde mental futura, e é essencial que essa criança tenha a vivência de uma relação amorosa, íntima e contínua com a mãe; quando a criança não encontra esse tipo de relação ela vivencia a “privação parcial”; quando a mãe convive na mesma casa que a criança e não proporciona os cuidados que a criança precisa, da mesma forma ela vivenciará a privação; quando por qualquer outro motivo essa criança tenha sido afastada dos cuidados de sua mãe. (BOWLBY, 2002, p. 4, apud Brasil Escola).
A teoria psicanalítica sugere que conflitos não resolvidos na relação materna podem se manifestar em sintomas emocionais e comportamentais ao longo da vida. O impacto na formação do superego, na resolução de conflitos edípicos e na internalização de padrões parentais contribui para a complexidade dos desafios enfrentados por crianças expostas a ambientes familiares tumultuados.
Para os autores Coutinho & Rodrigues (2021), a criança se depara com questões sobre si mesma, dúvidas acerca do que sente e como age, pois para ela, não há ambiguidade em relação às características de personalidade, sendo possível apenas, que seja boa ou má; que esteja certa ou errada; alegre ou triste; inteligente ou ignorante. Não havendo meio-termo.
Pesquisas apontam que crianças expostas a conflitos têm maior tendência a desenvolverem problemas emocionais, enfrentarem dificuldades no rendimento acadêmico e se depararem com desafios nas relações sociais. Quando as crianças se sentem protegidas e acarinhadas, elas têm maior capacidade para investigar o universo que as envolve, algo essencial para o crescimento do pensamento.
Adicionalmente, quando a figura materna é constante e solícita, a criança se sente mais segura para pedir auxílio quando necessário, o que é primordial para o desenvolvimento interpessoal.
A psicanálise dá destaque à relevância da relação mãe-filho no processo de desenvolvimento psicológico da criança. Os laços entre a mãe e o bebê, bem como a habilidade materna de acolher e atender às necessidades do filho, são fatores cruciais para o crescimento saudável da criança.
3.1 CONFLITO MATERNO E AS POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Os conflitos maternos têm grande impacto no desenvolvimento da criança A forma como os pais, especialmente as mães, lidam com os conflitos familiares, pode afetar significativamente a saúde emocional, social e psicológica das crianças.
Nesta análise, exploraremos os efeitos destes conflitos nas crianças, abordando questões como estresse, comportamento, relacionamentos e bem-estar em geral. Compreender estes impactos é fundamental para promover um ambiente familiar saudável, e um apoio adequado às crianças no seu caminho de crescimento e desenvolvimento.
CONFLITO PSÍQUICO – Em psicanálise fala-se de conflito quando, no sujeito, opõe-se exigências internas contrárias. O conflito pode ser manifesto (entre um desejo e uma exigência moral, por exemplo, ou entre dois sentimentos contraditórios) ou latente, podendo este exprimir-se de forma deformada no conflito manifesto e traduzir-se, particularmente, pela formação de sintomas, desordens do comportamento, perturbações do caráter, etc. A psicanálise considera o conflito como constitutivo do ser humano, e isto em diversas perspectivas: conflito entre o desejo e a defesa, conflito entre os diferentes sistemas ou instâncias, conflitos entre as pulsões, e por fim, o conflito edipiano, onde não apenas se defrontam desejos contrários, mas onde estes enfrentam a interdição. Santos: Martins (2001)
Os conflitos no ambiente materno fragilizam e fragmentam a atmosfera, gerando tensão e ansiedade para todas as partes envolvidas. Isso, por conseguinte, impacta o bem-estar de maneiras diversas. A exposição constante das crianças a conflitos parentais ou hostilidade materna gera níveis elevados de estresse, prejudicando seu desenvolvimento emocional. É altamente provável que o comportamento infantil seja significativamente influenciado pelos conflitos maternos.
As interações diárias entre indivíduos que compartilham experiências e enfrentam desafios cotidianos têm o poder de deixar suas marcas duradouras (Mendonça; Maia, 2008, p. 131). Essas vivências podem dar origem a comportamentos agressivos e desafiadores, levando alguns a se tornarem retraídos e introvertidos.
Não menos importante citar, os problemas de aprendizagem e estresse causados por conflitos em casa, que podem afetar o desempenho escolar, tornando mais difícil para as crianças se concentrarem e aprenderem. A persistente exposição a conflitos pode ser um precursor para problemas de saúde mental, aumentando o risco de condições como ansiedade e depressão à medida que as crianças se desenvolvem.
Desta forma, a longo prazo as crianças que vivenciam conflitos maternos podem ter dificuldade em estabelecer relacionamentos saudáveis, tendo em vista a ausência de modelos positivos.
Conflitos maternos têm possibilidades de ocorrer também quando se referem a discordâncias e tensões que ocorrem em um relacionamento conjugal. Esses conflitos podem surgir devido a uma variedade de razões, como diferenças de opinião, expectativas não atendidas, problemas de comunicação, finanças, criação dos filhos, entre outros. Causando assim, um possível prejuízo para o bebê.
Situações de discórdia entre o casal, manifestadas na forma de conflito conjugal, podem caracterizar-se por diferentes níveis de intensidade, frequência, conteúdo e resolução, além de serem expressas no cotidiano familiar de forma aberta ou encoberta. Considera-se que todo o sistema familiar envolve certo nível de conflito, sendo inclusive um aspecto positivo no processo de desenvolvimento psicológico infantil a observação de que adultos podem discordar e encontrar, de alguma forma, uma maneira de resolver suas dificuldades. (Benetti, 2006, p. 262).
A forma como os casais lidam com esses conflitos é crucial para a saúde do relacionamento. Resoluções construtivas, empatia, comunicação aberta e o compromisso de trabalharem juntos pode fortalecer o relacionamento.
De acordo com as autoras, a construção de uma família e a experiência da parentalidade serão buscadas repetidas vezes para superar o abandono anterior, o vazio, a ausência de relações de afeto. Algumas adolescentes desejam ter um bebê, e muitos sonhos são formados a partir dessa decisão. São fantasias criadas a partir da necessidade de um sentimento de pertencimento, da necessidade de sentir-se investido de afeto por outra pessoa. Há espaços no mundo interno desses jovens que precisam ser preenchidos, vazios criados pelo mundo adulto e pela sociedade que falha em dar continência às demandas dos indivíduos e às suas necessidades. (Santos & Motta, 2014)
No entanto, conflitos não resolvidos ou relacionamentos caracterizados por hostilidade constante podem ter impactos negativos, não apenas para o casal, mas também para as crianças, se houver, e em seu desenvolvimento, como discutido anteriormente. Portanto, é fundamental abordar os conflitos conjugais de maneira saudável para promover relacionamentos mais equilibrados e apoiar o bem-estar de todos os envolvidos.
Segundo Benetti (2006), a capacidade de regulação emocional é determinante da experiência da criança face ao conflito. Portanto, os efeitos negativos da exposição não resultam diretamente das características menos ou mais intensas do conflito parental, mas sim, da percepção de ameaça à capacidade de manutenção da segurança emocional interna da criança, alterada pelo conflito.
A dinâmica familiar, na perspectiva da psicanálise, revela a importância de explorar não apenas as manifestações superficiais dos conflitos, mas também as raízes inconscientes que podem influenciar o desenvolvimento da criança. A compreensão dessas dinâmicas pode orientar intervenções terapêuticas específicas, destinadas não apenas ao tratamento dos sintomas, mas também à exploração das origens subjacentes do conflito familiar.
Para Winnicott, 2000 (apud Brasil Escola), a ausência materna e a falta de apego geram na criança uma necessidade da busca de um objeto transitório; essa criança pode apresentar comportamentos desajustados, como roubo e insônia, além de comportamentos de regressão, tendência antissocial, carência e até uma propensão à delinquência. Os efeitos emocionais se destacam, evidenciando um aumento na vulnerabilidade a problemas psicológicos.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final desta pesquisa, verifica-se claramente que, os conflitos maternos têm um impacto significante no desenvolvimento infantil, envolvendo múltiplos domínios emocionais, cognitivos e sociais. A revisão da literatura revelou que as crianças expostas a ambientes familiares conflitantes, enfrentam diferentes desafios no crescimento e amadurecimento.
Em termos de implicações práticas, este estudo indica a importância de implementar programas de apoio psicossocial para famílias, com ênfase no fortalecimento dos vínculos familiares. As estratégias de intervenção para os profissionais de saúde no contexto do conflito materno podem proporcionar apoio emocional, facilitar a comunicação aberta e fornecer informações sobre a saúde materno-infantil. Além disso, incentivar a participação dos parceiros nas consultas pode fortalecer o apoio da família.
Consequentemente, é importante que estejam presentes e atentos às necessidades dos filhos proporcionando um ambiente seguro, amoroso e estimulante para que as crianças cresçam saudáveis e felizes.
Portanto, ao abordar os impactos dos conflitos maternos no desenvolvimento infantil, a incorporação da perspectiva psicanalítica destaca a importância de uma abordagem holística que considere não apenas as manifestações externas, mas também os processos internos que moldam a psique infantil.
Este entendimento mais profundo pode informar estratégias terapêuticas e intervenções familiares mais eficazes, proporcionando um alicerce sólido para o crescimento emocional e o bem-estar duradouro das crianças.
Em última análise, o presente trabalho visa contribuir para a compreensão mais profunda do impacto dos conflitos maternos no desenvolvimento infantil, oferecendo insights valiosos para profissionais de saúde, educadores, pais e formuladores de políticas públicas.
Desta forma, ao enfrentar esse desafio complexo de maneira colaborativa, pode-se aspirar a criação de ambientes familiares que nutram o crescimento saudável e o bem-estar duradouro das futuras gerações. O cuidado cotidiano de crianças pequenas é fundamental para que elas cresçam e se desenvolvam, para serem fisicamente saudáveis, emocionalmente seguras e respeitadas como sujeitos sociais.
Assim, no processo de desenvolvimento, a criança necessita de interações positivas e de cuidados adequados, desempenhados por pessoas comprometidas com a sua saúde e bem-estar. (Abuchaim et al, 2016, apud Brasil Escola).
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