REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10410707
Gabriela Luna Moura Lobo
Monique Leticia Barbosa Pond
Prof. Orientador Roniery C. G. Galindo
RESUMO
A Leishmaniose visceral é uma antropozoonose que acomete vísceras e pode ser fatal. O principal reservatório doméstico é o cão, sendo mais próximo do ser humano, o que destaca as Leishmanioses como uma das seis endemias mais importantes do mundo. O agente etiológico encontrado no Continente Americano é a Leishmania chagasi e seu vetor é um inseto da espécie Lutzomia longipalpis. A transmissão ocorre por meio da picada do mosquito palha, porém, já foram notificados casos de transmissão por transfusão de sangue e contato pessoa a pessoa. Na década de 80 foi registrada a primeira epidemia de LV no Brasil, em Teresina, e se espalhou em outras regiões. Na região Norte, no ano de 2017, foram notificados 765 casos, entre o Estado do Acre, Tocantins e Roraima. Este trabalho teve como objetivo apresentar uma revisão de literatura, demonstrando a importância da Leishmaniose Visceral como uma antropozoonose em progresso no Brasil. Os sinais clínicos característicos da doença são a onicogrifose, linfoadenopatia, úlceras de pele e paresia de membros posteriores, na fase final da enfermidade. O diagnóstico por testes sorológicos, o de triagem é feito o Ensaio imunoenzimático (ELISA), e depois o confirmatório com a Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI); no parasitológico corre o risco de apresentar um falso negativo pela pouca quantidade de parasitos contidos nas amostras de cães assintomáticos, por isso não é indicado. O tratamento é feito através de fármacos, como a Miltefosina, Alopurinol e Domperidona. A eutanásia não deixa de ser uma opção, o médico veterinário deve considerar a condição clínica e laboratorial do paciente e a participação consciente do proprietário, os quais irão determinar os critérios de tratamento e sua viabilidade. A prevenção é através do controle do vetor, com uso de inseticidas e coleiras repelentes.
Palavras-chaves: Leishmaniose, antropozoonose, cão, endemia, agente etiológico.
ABSTRACT
Visceral Leishmaniasis is an anthropozoonosis that affects the viscera and can be fatal. The main domestic reservoir is the dog, being closest to humans, which highlights Leishmaniasis as one of the six most important endemics in the world. The etiological agent found on the American Continent is Leishmania chagasi and its vector is an insect of the species Lutzomia longipalpis. Transmission occurs through straw mosquito bites, however, cases of transmission through blood transfusion and personto-person contact have been reported. In the 1980s, the first VL epidemic was recorded in Brazil, in Teresina, and it spread to other regions. In the North region, in 2017, 765 cases were reported, between the States of Acre, Tocantins and Roraima. This work aims to present a literature review, demonstrating the importance of Visceral Leishmaniasis as an anthropozoonosis in progress in Brazil. The characteristic clinical signs of the disease are onychogryphosis, lymphadenopathy, skin ulcers and paresis of the hind limbs, in the final stage of the disease. Diagnosis by serological tests, screening is carried out using the Enzyme Immunosorbent Assay (ELISA), and then confirmatory testing using the Indirect Immunofluorescence Reaction (IFAT); In parasitological testing, there is a risk of presenting a false negative due to the small number of parasites contained in samples from asymptomatic dogs, which is why it is not recommended. Treatment involves drugs such as miltefosine, allopurinol and domperidone. Euthanasia is still an option, the veterinarian must consider the patient’s clinical and laboratory condition and the conscious participation of the owner, which will determine the treatment criteria and its feasibility. Prevention is through vector control, using insecticides and repellent collars.
Keywords: Leishmaniasis, anthropozoonosis, dog, endemic, etiological agent.
1. INTRODUÇAO
A leishmaniose visceral (LV) é uma antropozoonose, primariamente, de canídeos silvestres e domésticos, causada por parasitas do gênero Leishmania (REY, 2001; DIETZE e CARVALHO, 2003; MICHALICK e GENARO, 2005).
A Leishmania chagasi (syn = Leishmania infantum), é considerado o principal agente etiológico da leishmaniose canina (Solano-Gallego et al., 2011). O parasito tem hábito hematofágico noturno e seus ovos são depositados em locais aglutinados e ricos em matéria orgânica (CIARAMELLA e CORONA, 2003; MADEIRA et al., 2003;FREITAS et al., 2022).
A partir da infecção, o animal acometido apresenta o surgimento de lesões cutâneas descamativas e eczematosas na face, com evolução para sintomatologia sistêmica, com por exemplo, onicogrifose, esplenomegalia, linfoadenopatia, alopecia, dermatites, úlceras de pele, ceratoconjuntivite, coriza, apatia, diarreia, hemorragia intestinal, edema de patas, vômito e hiperqueratose, estando propenso na fase final, a caquexia, inanição e morte (MATTOS JR. et al. 2004; BRASIL, 2006; SILVA & WINCK, 2018).
Conforme relato de Monteiro et al. (2005), essa infecção é cosiderada uma das sete endemias mundiais de prioridade absoluta da Organização Mundial de Saúde (OMS), devido ao seu caráter endêmico em várias regiões do mundo, a Leishmaniose Visceral vem se tornando um importante problema de saúde pública (GONTIJO & MELO, 2004).
Estudos de Silva (2003) comprova que o crescimento desordenado das cidades, ocasionando a destruição do meio ambiente, e o aumento da crise social têm sido apontadas como principais e determinantes promotores das condições adequadas para a ocorrência da Leishmaniose Visceral na área urbana. Além disso, a identificação da doença nos centros urbanos é frequentemente postergada devido à carência de informações.
Nesse sentido, o trabalho objetivou realizar uma revisão de literatura sobre essa insidiosa doença zoonótica, abordando os aspectos etio-epidemiológicos importantes para aplicação de métodos de profilaxia e controle.
Para o cumprimento do objetivo, desenvolveu-se um levantamento bibliográfico empregando alguns dos mecanismos de buscas de trabalhos científicos mais usados no ambiente acadêmico: Google Acadêmico, Scielo, e Portal de periódicos CAPES.
Trata-se de uma revisão bibliográfica qualitativa, com a necessidade de se fazer análises sobre o fenômeno estudado, destacando características que não são observadas em um estudo apenas quantitativo. Análises do tipo: identificar como a Leishmaniose visceral mantem-se endêmica no Brasil. A seleção de informações consistiu em uma leitura mais aprofundada das partes que realmente interessavam para o presente estudo.
2. REVISÃO DE LITERATURA
A Leishmaniose Visceral é uma doença de caráter crônico que acomete mamíferos domésticos, bem como animais de vida livre, como canídeos silvestres, marsupiais e xenartros. Entretanto, o cão é apontado como o principal hospedeiro reservatório da doença, tendo em vista que é um dos animais que apresenta maior proximidade com o ser humano, tornando possível a transmissão zoonótica (SILVA,2007).
2.1 ETIOLOGIA
Os protozoários do gênero Leishmania pertencem à ordem Kinetoplastida, família Trypanosomatidae, e possuem ciclo biológico heteroxênico, necessitando assim de dois hospedeiros, um vertebrado, representado por canídeos silvestres e domésticos, além de roedores e humanos, e de um invertebrado, representado pelo inseto vetor (SCHLEIN, 1993).
Leishmania donovani e L. infantum são exemplos de espécies causadoras da LV na África, Europa e Ásia e L. chagasi é o agente etiológico encontrado nas Américas. A L. donovani é responsável pela infecção em humanos, enquanto que a L. infantum e L. chagasi causam LV tanto em humanos quanto em cães (MICHALICK E GENARO, 2005).
No Brasil, a Leishmania chagasi é o agente etiológico mais comum da LV e seu vetor é um inseto da espécie Lutzomia longipalpis (ALVARENGA et al., 2010).
A forma promastigota é flagelada, mede de 10 a 20 μm e é encontrada na saliva do vetor. Ela perde seu flagelo quando penetra na pele da vítima mamífera, tornandose uma amastigota. As amastigotas possuem cerca de 2 a 3 μm de comprimento, formato ovoide e são encontradas no hospedeiro vertebrado. O núcleo e o cinetoplasto, tem forma de bastão e coloração escura (BROOKS et al., 2014; KASPER; FAUCI, 2015).
A sua estrutura mitocondrial é caracterizada por uma porção considerável de DNA extranuclear. Sua multiplicação ocorre por divisão simples dentro dos macrófagos em seus vacúolos (DUARTE, BADARÓ, 2009).
2.2. EPIDEMIOLOGIA
A Índia, o Sudão, o Sudão do Sul, o Bangladesh, a Etiópia e o Brasil são os países onde a LV é mais prevalente, somando juntos 90% dos casos, sendo a Índia o país mais afetado. (MARCONDES; ROSSI, 2013; KASPER; FAUCI, 2015).
A primeira grande epidemia nacional de LV ocorreu em Teresina, na década de 80. Posteriormente foram registradas epidemias em outras regiões do país. (WERNECK, 2010).
Segundo o Ministério da Saúde (2012), atualmente já foram identificados casos de LV autóctones em humanos em 21 dos 27 estados brasileiros, especialmente nas regiões Nordeste, Norte e Sudeste. Na região Norte, no ano de 2017, foram notificados 765 casos, destes, 512 ocorreram no estado do Acre, 220 em Tocantins e 33 em Roraima. (BRASIL, 2018).
As leishmanioses destacam-se como uma das seis endemias mais importantes no mundo, na atualidade. Primariamente elas são consideradas uma zoonose, que se transformam em antropozoonose quando o homem participa do ciclo de transmissão do parasito (BRASIL, 2014).
O ciclo de vida dos protozoários causadores das leishmanioses é complexo e do tipo heteroxeno, isto é, compreende o desenvolvimento em dois hospedeiros diferentes, um invertebrado e outro vertebrado. As espécies do gênero Leishmania possuem características biológicas que permitem que estas se apresentem essencialmente sob duas formas evolutivas distintas quando presentes em seus diferentes hospedeiros, sob a forma amastigota e promastigota (BADARÓ, 2002).
No trato digestivo dos vetores invertebrados (flebotomíneos) os parasitos se desenvolvem passando por múltiplos estágios até atingirem uma forma flagelada denominada promastigota metacíclica, que migra para a prosbócida do inseto, sendo inoculado nos mamíferos por regurgitação no repasto sanguíneo deles. Nos macrófagos dos mamíferos as formas amastigotas se multiplicam atingindo dezenas de parasitos em uma única célula até destruí-la. Os protozoários livres são, então, novamente fagocitados ou ingeridos pelos flebotomíneos ao sugarem os mamíferos infectados. No tubo digestivo do vetor, o protozoário perde o flagelo e, no epitélio da parede do intestino do inseto, evolui para uma forma flagelar metacíclica que migra até a prosbóscida do inseto, sendo então regurgitado na corrente sanguínea do mamífero no repasto sanguíneo das fêmeas (Neves, 2011).
A leishmaniose, via de regra, é transmitida por meio da picada do mosquito palha, no entanto, já foram notificados casos de transmissão através de transfusão de sangue e contato pessoa a pessoa (ENGELKIRK; DUBEN-ENGELKIRK, 2012).
As fêmeas dos insetos hematófagos denominados flebotomíneos (Diptera: Psychodidae da subfamília Phlebotominae), são os hospedeiros invertebrados transmissores da LV, sendo a espécie Lutzomyia longipalpis o vetor dessa doença no Brasil (JÚNIOR, 2016). Já os hospedeiros vertebrados naturais da maioria das espécies de Leishmania são mamíferos silvestres ou domésticos, sendo o homem um hospedeiro acidental. Roedores e canídeos são os animais mais comumente infectados, constituindo-se como os principais reservatórios do parasito (FERREIRA, 2017).
O período de incubação varia bastante, tanto nos cães como nos seres humanos. No cão pode ser de três meses a vários anos, com média de três a sete meses; em humanos varia de dez dias a vinte e quatro meses, com média de dois a seis meses (SILVA, 2007).
A transmissão por meio do mosquito ocorre quando este inocula as promastigotas no hospedeiro. As promastigotas são fagocitadas por macrófagos, principalmente no baço, no fígado, em linfonodos e na medula óssea e se transformam em amastigotas. As amastigotas multiplicam-se e preenchem o citoplasma da célula até o ponto em que a célula se rompe e os parasitos são liberados, repetindo-se o processo (BROOKS et al., 2014).
2.3 FISIOPATOLOGIA
Há um aumento significativo do fígado, com preservação da arquitetura, congestão e esteatose. O padrão nodular é caracterizado histologicamente pela presença de agregados de células inflamatórias na intimidade dos lóbulos hepáticos e nos espaçosporta. As células de Kupffer revelam discreta ou moderada hipertrofia e hiperplasia, e não mostram formas amastigotas no citoplasma.
Ocasionalmente, em casos de longa duração, desenvolve-se fibrose hepática intralobular difusa, sem fibrose portal, sem nódulos regenerativos, conhecida como “cirrose de Rogers”. O fígado, também, pode exibir aspecto reacional às infecções, principalmente, as septicemias. Também, naqueles casos graves de evolução fatal podem ser observadas áreas de necrose centrolobular, consequentes ao choque 1,20.
É frequente o comprometimento pulmonar na LV, com quadro histopatológico típico de pneumonite intersticial. O exame macroscópico dos pulmões mostra aumento de volume, congestão e uma consistência mais elástica que a habitual. O exame histopatológico demonstra septos interalveolares espessados por infiltrado inflamatório, constituído de macrófagos, linfócitos e plasmócitos, aumento de células intersticiais com vacúolos de gordura, congestão de capilares septais e leve grau de edema1,21.
As anormalidades de função renal encontradas são proteinúria, hematúria macroscópica, aumento de uréia e creatinina e diminuição do clearance de creatinina. O exame macroscópico dos rins revela um aumento de volume e congestão. A análise histológica constata quadro de nefrite intersticial. As alterações do interstício renal são representadas por edema, infitrado de plasmócitos e macrófagos. (DUARTE et al, 2006)
A LV causa grande esplenomegalia, microscopicamente ocorre hipertrofia e hiperplasia do sistema reticuloendotelial, com intenso parasitismo. (LAURENTI, 2010)
Os linfonodos, em geral, não exibem acentuado aumento de volume, mas o exame microscópico revela reatividade dos seios (marginais, intermediários e medulares), com hipertrofia, hiperplasia e parasitismo das células macrofágicas. (DUARTE et al, 2006).
Na medula óssea, ocorre hipercelularidade da série granulocítica e bloqueio de granulócitos na linhagem neutrofílica. A neutropenia seria, então, decorrente de redução da reserva medular, de sequestro esplênico ou de reações de autoimunidade. Há hipercelularidade relativa da série vermelha, com predominância de microeritroblastos. A anemia decorreria de bloqueio da produção medular, sequestro esplênico ou hemólise imune. A série megacariocítica revela-se normo ou hipocelular, mas hipoplaquetopênica. A diminuição da maturação medular e a destruição periférica levariam à plaquetopenia. Os macrófagos estão aumentados em número e volume, muito parasitados por formas amastigotas. É expressiva a plasmocitose, os eosinófilos são escassos ou ausentes. (DUARTE et al, 2006).
2.4 SINAIS CLÍNICOS
A leishmaniose visceral é uma doença espectral, manifestando-se sob três formas clínicas distintas: forma assintomática, forma oligossintomática e forma clássica (BADARO, 1986). Nas áreas endêmicas, a forma oligossintomática é a mais frequente da doença (DUARTE et al, 2006).
As manifestações clínicas dependem da resposta imunológica expressa pelo organismo do animal infectado. Segundo BRASIL (2006), pode ocorrer de três formas: Cães assintomáticos: ausência de sinais clínicos sugestivos da doença; Cães oligossintomáticos: adenopatia linfoide, discreta perda de peso e pelos opacos; Cães sintomáticos: todos ou alguns sinais clínicos sugestivos da doença. Normalmente, as lesões cutâneas envolvem descamação e eczema, principalmente no espelho nasal e orelhas; úlceras rasas nas orelhas, cauda, articulações e no focinho; e pelos opacos (BRASIL, 2006).
Numa fase mais adiantada da doença, ocorre onicogrifose, esplenomegalia, linfoadenopatia, alopecia, dermatites, úlceras de pele, ceratoconjuntivite, coriza, apatia, diarreia, hemorragia intestinal, edema de patas, vômito e hiperqueratose. Na fase final, ocorre paresia de membros posteriores, caquexia, inanição e morte (BRASIL, 2006).
O Calazar clássico em geral é uma doença de evolução prolongada, nos casos agudos pode ter início abrupto com febre alta. A febre é persistente ou intermitente, associando-se, com frequencia, a distúrbios gastrointestinais, adinamia, sonolência, prostação, mal-estar e progressivo emagrecimento. Podem ocorrer manifestações hemorrágicas (petéquias, epistaxes, sagramento gengival). (DUARTE et al, 2006).
2.5 DIAGNÓSTICO
O diagnóstico clínico da LVC é bastante complexo. Apesar da ausência de sinais clínicos patognomônicos, aqueles mais comuns são: alterações cutâneas, linfadenomegalia local ou generalizada, perda de peso, aumento do tamanho do baço e do fígado, onicogrifose e apatia. (MAIA et al, 2008)
No diagnóstico parasitológico, formas amastigotas do parasito podem ser observadas em biópsia de pele; aspirados de linfonodos, medula óssea e baço; e biópsia hepática. O material obtido é corado com corantes de rotina, tais como
Giemsa, Wright e Panótico. (BRASIL, 2006). Os aspirados de medula e linfonodos são os mais usados pelos clínicos veterinários para diagnosticar a LVC. (SILVA SM, 2007). Mas esses métodos podem gerar resultados falso-negativos devido ao baixo número de parasitos contidos nas amostras, especialmente em cães assintomáticos. (GOMES et al, 2008).
Nos testes sorológicos são utilizados na rotina e nos inquéritos caninos o Ensaio Imunoenzimático (ELISA), como método de triagem, e a Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI) como confirmatório (BRASIL, 2011).
No teste RIFI utiliza o parasito íntegro como antígeno, é bastante útil em estudos epidemiológicos. (ALVAR et al, 2004). Entretanto, sua aplicação requer alto nível de habilidade, experiência e também equipamento especializado e de alto custo. Além disso, as diluições seriadas do soro tornam o teste laborioso e inviável para uma triagem com grande número de amostras. Sua sensibilidade varia de 83 a 100% e sua especificidade é de aproximadamente 80% para amostras de soro. (LIRA, 2005) Todavia, esse método pode apresentar reações cruzadas principalmente com leishmaniose tegumentar americana (LTA) e tripanossomíase americana. (GONTIJO et al, 2004). No Brasil, os títulos obtidos na RIFI, sendo iguais ou superiores a 1:40, são considerados positivos. (BRASIL, 2006).
O teste Elisa pode ser aplicada para um grande número de amostras em curto espaço de tempo. Além disso, pode ser adaptada para o uso com diversos antígenos, como antígenos brutos, sintéticos ou recombinantes, comportando assim inesgotáveis possibilidades de variação (MAIA, 2008). Com a sua introdução, testes de maior complexidade técnica, como a reação de fixação do complemento, por exemplo, caíram em desuso para o diagnóstico da LV e muitos esforços foram e estão sendo concentrados na melhoria dos antígenos para ELISA. (GRIMALDI et al, 1993).
O desempenho do teste ELISA no diagnóstico da LVC está relacionado não só com o tipo de antígeno utilizado, mas também com o estado clínico do cão em teste. Carvalho e colaboradores relataram bons resultados utilizando o antígeno recombinante A2 com soros de cães sintomáticos e também registraram que a ocorrência de reação cruzada com outras patologias (rickettsiose, ehrlichiose e tripanossomíase americana) foi insignificante. Mettler e colaboradores demonstraram que o antígeno rK39 apresentou 58% de sensibilidade em cães assintomáticos e 96,7% em sintomáticos, enquanto com o antígeno solúvel de promastigotas não houve diferença entre sintomáticos e assintomáticos (sensibilidades de 100% em ambos os grupos), assim como no teste em que foi utilizado o antígeno solúvel de amastigotas.
Na reação em cadeia da polimerase (PCR), basea-se na amplificação de oligonucleotídeos que formam uma sequência conhecida do parasito. Este teste pode ser realizado em diferentes amostras, tais como aspirados de medula, aspirados de linfonodos, sangue e urina e biópsias de pele. Isso é uma grande vantagem, pois torna o método menos invasivo. (ALVAR et al, 2004).
No cultivo parasitológico, formas amastigotas do parasito inoculadas em meios de cultura especiais contendo agar e sangue de coelho, transformam-se em promastigotas e seu crescimento leva de três a cinco dias. Esses meios de diagnóstico têm baixa sensibilidade, especialmente nos estágios iniciais da doença, nos quais a carga parasitária é pequena (DOTTA et al, 2009). Neste método utiliza-se sangue colhido da medula óssea e resultado pode demorar até 60 dias para ficar pronto(BRASIL, 2003)
Outro teste, muito semelhante ao DAT, é o fast agglutination-screening test, também chamado de teste de aglutinação rápida (FAST), cujo período de incubação é curto (3 horas). O FAST é apenas qualitativo e seu desempenho, associado à facilidade de execução, o torna um bom candidato como teste de triagem da doença(DOTTA et al, 2009).
2.6 TRATAMENTO
A OMS reconhece que a eutanásia dos cães infectados, na maioria dos países, se reserva cada vez mais para casos especiais, pois a maioria dos veterinários preferem administrar um tratamento antileishmaniótico, acompanhando atentamente as recaídas (World Health Organization, 1990).
A opção pelo tratamento de um cão com calazar deve considerar parâmetros ligados à condição clínica do paciente e a participação consciente do proprietário, os quais irão determinar os critérios de tratamento e sua viabilidade (Lamothe, J., 1999).
Primeiramente o paciente deve ser avaliado pelo médico veterinário através de detalhado exame clínico e laboratorial que permitirão ao clínico prognosticar e decidir sobre a indicação do tratamento. O esclarecimento detalhado sobre a doença, sua condição de enfermidade crônica e incurável, a necessidade de medida profilática concomitante ao tratamento e seus custos devem ser relatados (Ribeiro, 2001).
Considerando a expansão territorial da LVC e o acometimento cada vez maior de caninos domiciliados, torna-se necessário o entendimento acerca das opções de tratamento disponíveis no âmbito da medicina veterinária no Brasil. Nesse contexto, sabe-se que, o único tratamento atualmente (2022) legalizado pelo MAPA é o uso da miltefosina em monoterapia para todos os animais soropositivos (MAPA, 2016).
Os principais fármacos mencionados pelo sistema do Brasileish são a miltefosina, o alopurinol, a domperidona e a vacina LeishTec®, a qual pode ser utilizada como medida terapêutica, conduzindo o paciente ao desenvolvimento de uma resposta imune celular mais robusta, ou seja, um padrão de resposta Th1 (BRASILEISH, 2018).
A miltefosina é classificada como um análogo da alquilofosfocolina, a qual foi projetada, originalmente, para atuar contra neoplasias (DORLO et al., 2012; FREITAS et al., 2022). Dessa forma, seu modo de ação está associado à inibição do receptor glicosilfosfatidilinositol, formação da fosfolipase e da proteína C quinase. Todos esses mecanismos ocasionam danos à Leishmania spp., e, por isso, o referido fármaco possui potencial leishmanicida. Outro ponto importante a ser destacado acerca da miltefosina é o fato de que esta promove recrutamento de macrófagos e células T, as quais atuam a favor da desintegração da célula parasitada, através da promoção de uma reação imune celular eficiente (NOGUEIRA et al., 2019; DIAS et al., 2020;).
Com relação ao alopurinol, destaca-se que ainda não está liberado pelo MAPA a prescrição paraos cães com LVC. O fármaco é um análogo da purina, o que pode ser benéfico na terapia em combate à leishmaniose, em virtude da dependência do parasito em relação às purinas do hospedeiro atuando como leishmaniostático. Assim sendo, uma vez dentro do organismo dos animais, a molécula de alopurinol é captada pelo parasito, fazendo com que a síntese de ácido ribonucleico (RNA) seja amplamente prejudicada (VERCAMMEN e DEKEN, 1995; YASUR-LANDAU et al., 2016). Sua utilização está relacionada à ação coadjuvante no tratamento contra LVC, tendo como objetivo retardar ou impedir recorrências (DIAS et al., 2020).
Ressalta-se, porém, que o uso prolongado de alopurinol pode trazer complicações importantes como a xantinúria e possível formação de cálculos urinários, os quais podem necessitar de remoção cirúrgica (JESUS et al., 2022).
Tendo em vista a contínua disseminação da LVC entre a população canina, muitos pesquisadores passaram a desenvolver estudos científicos com o intuito de realizar a testagem e avaliação de outras opções terapêuticas, tais como marbofloxacina, óleos essenciais, beta-glucanas e imunoestimulantes, entre outros (SINGH et al., 2013; SABATÉ et al., 2014; DALONSO et al., 2015; ROUGIER et al., 2018).
2.7 PROFILAXIA E CONTROLE
Assim como todas as doenças transmitidas por vetores, a leishmaniose visceral também possui uma cadeia epidemiológica complexa, cujo desenvolvimento em um determinado ambiente, depende de diversos fatores. O Controle do vetor é recomendado como medida de controle da leishmaniose humana e canina e baseiase em três medidas: Detecção, Controle vetorial com inseticidas e sorologia canina por eliminação de cães soropositivos. A prevenção da leishmaniose visceral é realizada em campanhas de saúde pública, conhecida desde a década de 1950. (SCHIMMINGS et al., 2012).
Diante dos estudos, temos como prevenção: O uso de inseticidas em casas e abrigos de animais (considerado eficaz na redução de flebotomíneos), os testes de coleiras impregnadas com deltametrina (que mostram resultados promissores na proteção de cães e, assim, na quebra do ciclo de transmissão) e a eutanásia de cães soropositivos é uma medida recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mas existem cães de grande valor emocional, esse sentimento faz com que muitos tutores de cães não aceitem essa estratégia. Com o aumento das doenças caninas, a comunidade científica veterinária está realizando experimentos para tratar animais já que a maioria dos veterinários prefere usar terapia com monitoramento rigoroso para surtos (FREITAS et al., 2022).
O tratamento do cão com calazar é uma forma de controle e prevenção e deve levar em consideração parâmetros relacionados ao quadro clínico, que determinam os critérios de tratamento. O veterinário deve avaliar o paciente por meio de um exame clínico e laboratorial detalhado, que permita ao médico fazer um prognóstico e decidir sobre a indicação do tratamento (WERNECK et al., 2002).
Em se tratando da vacina contra leishmaniose, a Leish-Tec®, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) determinou a suspensão da fabricação e venda, após fiscalização realizada em maio do corrente ano por constatar desvio de conformidade do produto que pode ocasionar falta de eficácia da vacina, gerando risco à saúde animal e saúde humana (MAPA, 2023).
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Leishmaniose visceral é uma doença de grande relevância na saúde pública devido à alta incidência e que afeta várias espécies, incluindo ao homem. A LV está cada vez mais comum e seus riscos de surtos com índices elevados mesmo com o aumento do plano de prevenção e controle. O animal, geralmente, se mantém assintomático e atuando como reservatório para proliferação dessa patologia. Os métodos para diagnósticos não são totalmente eficazes, sendo um diferencial para diversas outras doenças.
No entanto, este trabalho buscou ampliar conhecimento e destacar a importância do combate ao inseto transmissor. Ademais, considerando as informações citadas, destaca-se que o estudo acerca das novas opções terapêuticas atuantes contra a LVC torna-se um campo científico importante a ser abordado pelos pesquisadores da área. Com a implantação das medidas de prevenção e controle, assim como medidas de educação em saúde à população, com a intenção de bloquear o ciclo epidemiológico do parasito, com isto garantir o bem-estar animal e saúde pública. (MILLS, 2015; SEVÁ et al., 2016; DANTAS-TORRES et al., 2019)
Este trabalho foi importante para acrescentar em nossa vida profissional, visto que a Leishmaniose é uma das 6 enfermidades em alerta no mundo todo, logo, devemos sempre estar atentos a qualquer caso suspeito na rotina clínica, é uma doença de rápida transmissão, de difícil tratamento e na maioria dos casos, fatal.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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