MASTOCITOMA E ADENOCARCINOMA DE GLÂNDULAS SEBÁCEAS EM UM CANINO: RELATO DE CASO

MAST CELLS TUMOR AND ADENOCARCINOMA OF SEBACEOUS GLANDS IN A CANINE: CASE RELATE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10292561


Amanda Ellen Alves da Silva1
Ana Beatriz Santos de Almeida1
Antonia Carmen Bento Leite1
Isabelle Samara dos Santos1
Ellen Beatriz Teixeira de Santana1
Jannine Figueirêdo Xavier1
Viviane Maia Pontes Dantas1
Yasmim Vitória Pereira de Jesus1
Pedro Eduardo Firmino Cavalcanti2
José Ferreira da Silva Neto3


RESUMO

O mastocitoma é uma neoplasia caracterizada pelo crescimento anormal de mastócitos. Na  espécie canina, pode apresentar aspecto clínico semelhante à regiões inflamadas, isso, devido aos mastócitos terem a capacidade de ativar e liberar substâncias inflamatórias. Por sua vez, os adenocarcinomas constituem a classe dos tumores malignos de glândulas. Eles possuem a peculiaridade de poderem surgir em qualquer estrutura do organismo, afinal, a presença de formações glandulares é fisiológica e necessária para a manutenção de diversas funções orgânicas. Essa condição é observada como saliências únicas ou em múltiplos locais, assumindo a forma de cúpulas ou papilomas. A histopatologia é imprescindível para o seu diagnóstico devido a tornar possível identificar alterações estruturais dos tecidos, auxiliando no diagnóstico de neoplasias e anormalidades.  O objetivo deste trabalho, é relatar um caso de mastocitoma e adenocarcinoma de glândulas sebáceas em um canino, macho, da raça Beagle, 7 anos de idade, com ênfase nos achados histopatológicos. 

PALAVRAS-CHAVE: mastócitos. glandulares. histopatologia. neoplasma.

1 INTRODUÇÃO

Neoplasmas são distúrbios do crescimento celular que ocorrem por meio da mutação genética e modificam células de forma irreversível. Tais patologias podem ser malignas, onde se caracterizam pela possibilidade de gerarem metástases, implantes tumorais distantes do tumor primário, ou benignas (ZACHARY, 2018). Ambas se diferenciam por meio de características macroscópicas e histológicas (WERNER, 2011).

Nesse sentido, neoplasmas podem ser divididos, ainda, de acordo com sua origem em diversas categorias; duas delas sendo epiteliais e mesenquimais. O epitélio consiste na camada de tecido que reveste todas as superfícies do corpo, além de desempenhar diversas outras funções, como a produção de glândulas e anexos de modo geral (JONES et al, 2000). Ademais, os tumores mesenquimais se formam a partir das células de mesmo nome, especializadas na formação de tecido conjuntivo, músculos, etc. Morfologicamente, a principal característica das células mesenquimais é seu formato alongado (WERNER, 2011).

Mastocitoma é a nomenclatura utilizada para se referir à neoplasia mesenquimal gerada a partir da alteração no DNA de mastócitos, células imunitárias que atuam, normalmente, em processos alérgicos. (TIZARD, 2019). Esse tipo de crescimento neoplásico é considerado o mais comum em cães, onde se observa uma quantidade considerável de eosinófilos, focos  disseminados de colágeno degenerado, bem como aspectos comuns à neoplasmas malignos (SANTOS e ALESSI, 2016).

Em contrapartida, adenocarcinomas constituem a classe dos tumores malignos de origem glandular e ductal.  Em comparação aos benignos adenomas, são mais hiperplásicos. O adenocarcinoma de glândulas sebáceas, especificamente, se revela de difícil diagnóstico histológico, pois, na maioria dos casos, se diferencia uma célula saudável de uma neoplásica por meio do tamanho (SANTOS e ALESSI, 2016). Porém, sinais clínicos frequentes são alopecia acompanhada de ulceração.

Nesse trabalho, serão relatados os aspectos clínicos e histopatológicos de um mastocitoma e um adenocarcinoma de glândulas sebáceas em um canino. Os objetivos gerais, são evidenciar aspectos microscópicos de neoplasmas comuns na rotina e contribuir com a classe clínica na interpretação do diagnóstico histopatológico para a melhor resolução do quadro do paciente.

2 METODOLOGIA

Chegou à clínica veterinária um paciente da espécie canino, macho, da raça Beagle, com 7 anos de idade. No exame clínico, foi visto que o animal apresentava um nódulo, medindo 1 cm, na região da orelha e outro no saco escrotal. O tutor estava há pouco tempo com o animal, portanto não tinha conhecimento sobre o histórico completo dele. Logo em seguida, foram coletados fragmentos dos nódulos da orelha e do saco escrotal, conservados em formol a 10% e encaminhados para a análise histopatológica. As amostras foram processadas rotineiramente, incluídas em parafina cortados a 5 µm e coradas com hematoxilina e eosina (HE), a fim de encontrar um diagnóstico e assim decidir o tratamento ideal.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

No exame microscópico do escroto, notou-se na derme uma massa não delimitada, não encapsulada, formada por cordões de mastócitos (Figura 1). Observou-se  mastócitos com citoplasma abundante, núcleo grande com cromatina frouxa e até dois nucléolos evidentes com poucos grânulos. Em meio ao nódulo nota-se colagenólise.

Segundo Strefezzi et al. (2003), o fato de o mastocitoma ser uma neoplasia dividida em graus (I, II e III) se confere a variabilidade na apresentação histológica do mesmo. Isso torna a graduação relativa, levando em consideração a opinião do profissional responsável pelo laudo. 

Por outro lado, notou-se no nódulo da orelha uma massa delimitada, não infiltrativa, constituída por uma grande quantidade de células epiteliais pleomórficas, com núcleos grande e nucléolos evidentes (Figura 2). Observam-se também ductos com marcada hiperceratose, algumas células de reserva e poucas glândulas maduras. Nota-se de até 7 (sete) figuras de mitose por campo de maior aumento. 

Santos e Alessi (2016) pontuam a importância de se identificar figuras de mitose e a quantidade das mesmas para determinar a malignidade neoplásica, apesar de não ser o único fator contribuinte para chegar a essa conclusão. Outras características, conforme Rosolem et al. (2013), como pleomorfismo, nucléolos evidentes e cromatina frouxa também devem ser levados em consideração..

De acordo com Prado et al (2012), o exame histopatológico influencia diretamente o protocolo terapêutico e a determinação de margem cirúrgica. Assim sendo, é possível, por meio do estudo de casos semelhantes, estabelecer medidas para resolução clínica e, possivelmente, oferecer auxílio na construção de um prognóstico mais favorável.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que através da análise histopatológica o prognóstico é reservado, levando em consideração a possibilidade de metástases e mesmo o mastocitoma sendo uma neoplasia comum em cães, pode ter um alto potencial para seu agravamento, quando não detectado precocemente e tratado de forma adequada. Em relação ao adenocarcinoma de glândulas sebáceas, o tumor pode se revelar bastante agressivo localmente, mas a incidência de metástases é extremamente rara. Deste modo, a determinação de margem cirúrgica, além do tratamento apropriado e integral torna-se fundamental, uma vez que a retirada de ambos os neoplasmas pode vir a trazer a resolução mais desejada do quadro.

REFERÊNCIAS

JONES, T. C.; HUNT, D. R.; KING, N. W. Patologia Veterinária. 6ª ed. São Paulo: Manole, 2000. 1415 p.

PRADO, A. A. F.; LEÃO, D. A.; FERREIRA, A. O.; MACHADO, C.; LOPES, S. T. A. Mastocitoma em cães: aspectos clínicos, histopatológicos e tratamento. Enciclopédia Biosfera, Goiânia, v. 8, n. 14, 2012. 17 p.

ROSOLEM, M. C. Estudo retrospectivo de exames citológicos realizados em um Hospital Veterinário Escola em um período de cinco anos. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Minas Gerais, v. 65, n. 3, 2013. 735-741 p.

SANTOS, R. L. S.; ALESSI, A. C. Patologia Veterinária. 2ª ed. Rio de Janeiro: Roca, 2016. 856 p.

STREFEZZI, R. F.; XAVIER J. G; CATÃO-DIAS, J. L. Morphometry of canine cutaneous mast cell tumors. Veterinary Pathology, Washington, v. 40, n. 3, 2003. 268-275 p.

TIZARD, I. R. Imunologia Veterinária. 9ª ed. Amsterdã: Elsevier, 2014. 568 p.

WERNER, P. R. Patologia Geral Veterinária Aplicada. 1ª ed. Rio de Janeiro: Roca, 2011. 384 p.

ZACHARY, J. F. Bases da Patologia em Veterinária. 6ª ed. Amsterdã: Elsevier, 2018. 1408 p.


1 Discente do UNIESP – Centro Universitário, Departamento de Medicina Veterinária,nCabedelo-PB, Brasil.
E-mail: 2021111430052@iesp.edu.br , 2021111430002@iesp.edu.br , 2022111430073@iesp.edu.br, 2021111430050@iesp.edu.br ellen.beatriz2210@gmail.com , janninexavier@hotmail.com , 2022111430033@iesp.edu.br , 2022211430013@iesp.edu.br ,
2 Discente do Unipê – Centro Universitário, Departamento de Medicina Veterinária, João Pessoa – PB Brasil. E-mail: pecavalcanti@hotmail.com
3 Docente do UNIESP – Centro Universitário, Departamento de Medicina Veterinária, Cabedelo-PB, Brasil. E-mail: netoferreira513@gmail.com