A UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS CLASSE A NA RECUPERAÇÃO DE PAVIMENTAÇÃO ASFÁLTICA EM RODOVIAS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10292334


Jonathan de Sousa Ribeiro
Lucas Sousa Santos
Orientadora: Profª. Mª. Acilayne Freitas de Aquino.


RESUMO 

Pavimentação asfáltica é uma estrutura que tem como objetivo melhorar a locomoção de veículos. É notório que em trechos urbanos as pavimentações vêm sofrendo patologias aparentes, um motivo visível é o intenso fluxo de veículos nas mesmas. Diante disso os resíduos classe A são os materiais mais encontrados em demolições e sobras de obras finalizadas, e são bastante utilizados como material para preparação da base, sub-base e revestimento para a pavimentação. Para que a recuperação de uma pavimentação seja realizada, deverá ser de acordo com o tipo de pavimento que está locado, considerando-se os métodos e os processos na construção. O principal objetivo deste estudo é demonstrar, por meio da revisão bibliográfica, que é possível reabilitar pavimentos rodoviários utilizando resíduos Classe A em substituição aos materiais convencionais e ainda demonstrar a redução de entulhos em canteiros de obras. Isso também significa menos poluição ambiental. Impacto e custos de obra. Foram selecionados 2 artigos, para a realização de uma análise de custo, criando o comparativo de gastos entre um pavimento realizado com resíduos classe A, e materiais convencionais. Em ambos os trabalhos é notório o resultado favorável, sendo um dos resultados adquiridos uma redução no custo da compra de materiais para a construção de uma pavimentação asfáltica para rodovias, tendo não só o benefício da redução de custos mais também um aumento na qualidade do novo material. 

Palavras-chave: Pavimentação; Resíduos classe A; Recuperação; Custo. 

ABSTRACT 

Asphalt paving is a structure that aims to improve vehicle movement. It is notable that in urban areas the paving has suffered apparent pathologies, a visible reason is the intense flow of vehicles in them. Therefore, class A waste is the material most found in demolitions and leftovers from completed works, and are widely used as material for preparing the base, subbase and covering for paving. For the restoration of a paving to be carried out, it must be in accordance with the type of paving being rented, considering the methods and processes in construction. The main objective of this study is to demonstrate, through a literature review, that it is possible to rehabilitate road pavements using Class A waste to replace conventional materials and also demonstrate the reduction of debris on construction sites. This also means less environmental pollution. Impact and construction costs. 2 articles were selected to carry out a cost analysis, creating a comparison of expenses between a pavement made with class A waste and conventional materials. In both works, the favorable result is notable, one of the results achieved being a reduction in the cost of purchasing materials for the construction of asphalt paving for highways, having not only the benefit of cost reduction but also an increase in the quality of the material new. 

Keywords: Paving; Class A waste; Recovery; Cost. 

1 INTRODUÇÃO 

É sabido que a pavimentação asfáltica é toda e qualquer estrutura que tem como objetivo melhorar a locomoção de veículos, seja nas ruas, estradas ou rodovias. É notório que a pavimentação em trechos urbanos vem sendo prejudicadas devido a algumas patologias, um motivo visível para este problema é o intenso fluxo de veículos nas mesmas. Com essas patologias aparentes e por serem tráfegos de veículos com cargas acima do comum juntamente com a concentração de veículos de passeios, acabam agredindoo pavimento transitado, assim causando os efeitos visíveis, sendo um deles, ruas esburacadas, também gerando péssimo fluxo para o trânsito (Mean et al., 2011). 

O reaproveitamento de resíduos que ficam nos canteiros de obras está cada vez mais em alta pelo seu papel sustentável e econômico. A sua reutilização é feita justamente para redução dos impactos ambientais, e a recusa de materiais que sobram nos canteiros. Os resíduos classe 

A são os mais acessíveis e tem uma reutilização mais eficaz. Os “entulhos” são usados como material para preparação da base, sub-base e revestimento para a pavimentação (Oliveira, 2018). 

Mediante isso, para que ocorra a recuperação de uma pavimentação, o processo deverá ser de acordo com o tipo de pavimento que a mesma está locada, devendo-se considerar os métodos e os processos na construção. Na recuperação existem diversos métodos, porém especificamente na pavimentação asfáltica é indicada a fresagem com recomposição de base e/ou sub-base. São utilizados nos segmentos que mostram trincas, ondulações e ‘panelas’. As reparações são realizadas nos trechos onde apresentam problemas de base e funções estruturais (Santos, 2019). 

As principais deformações que ocorrem no pavimento são a deformação por fadiga e a deformação permanente. A deformação por fadiga é o processo de degradação que ocorre quando o material é repetidamente tensionado e deformado. A deformação permanente é caracterizada por depressões ao longo dos trilhos das rodas. As condições do pavimento asfáltico podem ser desenvolvidas devido a um projeto inadequado, técnicas de construção inadequadas ou falta de manutenção. Sua durabilidade está diretamente relacionada ao manuseio cuidadoso do pavimento durante todas as fases de projeto, construção e manutenção (Litaiff et al., 2022). 

O tema “reutilização de resíduos da construção civil em obras de pavimentação rodoviária” justifica-se pela importância da reciclagem de resíduos para a engenharia civil, em todos os espaços a nível global, local e regional. O reaproveitamento de matérias-primas traz vantagens econômicas e ambientais, pois reduz o nível iminente de poluição do ar devido à extração, beneficiamento e transporte (Lima et al, 2022). 

O objetivo principal da pesquisa é demonstrar por meio de Revisão Bibliográfica que é possível restaurar pavimentação em rodovias utilizando resíduos classe A como material substituto ao convencional, e, consequentemente, evidenciar uma redução de entulhos nos canteiros, cujo implicam também na redução dos impactos ambientais e no custo de obra. Visto que em canteiros de obras existe tanta recusa de resíduos, e é de suma importância falar sobre como pode ser reutilizado esses entulhos em algumas obras na engenharia civil, especificamente na pavimentação, visando chamar a atenção dos engenheiros para uma melhoria no trabalho e, consequentemente, ajudar na prevenção do meio ambiente por meio dessa reciclagem (Paiva; Ribeiro, 2011). 

Um dos fatores mais importante da reciclagem na engenharia é a preservação de recursos naturais, como a matéria-prima, energia e a água, reduzir os entulhos nos canteiros e diminuir a acumulação de lixos nos aterros que o recomendado seria ser jogado no lixo. Esse feito acaba gerando um progresso na relação do meio ambiente com empresas e otimiza a eficiência dos recursos utilizados (Matos; Lima, 2016). 

No Brasil, atualmente o principal modo de transporte de cargas são através de rodovias, diante disso alguma via com má viabilidade acaba impactando a economia negativamente. Em consequência, esses transportes acabam afetados quanto ao custo de combustível, manutenção ou boa locomoção da sociedade de um destino a outro, assim afetando diretamente na economia. a recuperação tem como objetivo atender a sociedade por meio de melhor conforto e economicamente (Bartholomeu; Caixeta Filho, 2008). 

Diante do que foi comentado, essa pesquisa parte da seguinte problemática: Como a utilização de resíduos classe A podem contribuir na recuperação de pavimentos asfálticos nas rodovias e na redução de custo e impactos ambientais? 

2 METODOLOGIA  

O presente trabalho trata-se de uma revisão bibliográfica, sobre o tema “A Utilização de Resíduos Classe A na Recuperação de pavimentação asfáltica nas Rodovias”. As buscas sobre o tema foram realizadas na plataforma do Google Acadêmico. Teve-se como recorte temporal o período compreendido entre 1998 e 2022. Justifica-se o extenso período, devido à dificuldade de encontrar trabalhos realizados ao tema proposto. As palavras chave utilizadas foram: “resíduos classe A”,  “Pavimentos convencionais”, “reutilização de resíduos na pavimentação” e “recuperação de pavimentos por meio de reciclagem”.  

A presente pesquisa possui uma abordagem tanto qualitativa, quanto quantitativa, considerando tratar-se de uma revisão bibliográfica, em que serão tratados os resultados numéricos de experimentos realizados por outros autores. 

De acordo com os dados coletados foram encontrados 89.700 resultados.  Após leitura genérica foi notado que alguns deles se repetiam, e a maioria não atendeu aos critérios deste estudo. Foram selecionados 32 artigos para leitura do resumo e excluído os que não se enquadravam com o objetivo desse estudo. Após a leitura dos resumos, foram selecionados 12 artigos que foram lidos por completo. Também foram selecionados 6 livros e por meio de exclusão, com os mesmos critérios para os artigos, foram selecionados 4 livros disponibilizados pela biblioteca da instituição UNIFSA, conforme o Quadro 1. Ao final, foram escolhidos apenas os que mais agregavam ao objetivo do estudo. Os Quadros 2 e 3 são os resultados dos artigos e livros selecionados. 

Quadro 1 – Resultados da busca nas bases de dados e seleção de artigos pertinente 

Fonte: Elaborado pelos autores (2023). 

Quadro 2 – Lista de Artigos selecionados 

Fonte: Elaborado pelos autores (2023). 

Quadro 3 – lista dos livros selecionados 

Fonte: Elaborado pelos autores (2023). 

Foram selecionados 2 artigos, dos 12 aceitos, para a realização de uma análise de custo, criando o comparativo de gastos entre um pavimento realizado com resíduos classe A, e materiais convencionais. Os artigos selecionados serão tratados nos itens subsequentes.  

3 ARTIGO 1 (AVALIAÇÃO DO CUSTO DE CONSTRUÇÃO DE UMA ESTRUTURA DE PAVIMENTO EMPREGANDO AGREGADO RECICLADO DE RCD ) 

Este estudo apresenta uma análise de custos de estruturas de pavimentos com o objetivo de avaliar os benefícios da utilização de agregados reciclados na construção de vias urbanas pavimentadas em camadas. Para tanto, foi realizado um estudo comparativo sobre o custo de construção de 1 km de vias urbanas pavimentadas na cidade de Joinville – SC.  

Na análise de custos foi utilizada uma planilha de componentes de custos elaborada pelo Ministro de Infraestrutura Urbana de Joinville – SC (SEINFRA). A planilha refere-se à discriminação de custos de uma via urbana pavimentada com camada base de brita graduada e camada inferior de brita seca, com plataforma de 8m de comprimento. Para os componentes de custo foram considerados os preços de mercado da brita selecionada, brita seca e agregado reciclado puro, que foram de R$ 43,00, R$ 35,50 e R$ 23,00 respectivamente 

Para solos utilizados para pavimentação, o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre) limita o CBR de energia intermediária de compactação a um mínimo de 20% para a sub-base e um mínimo de 60% para a base; um máximo de 1% para expansão da sub-base e um máximo de 0,5% para expansão da base; O índice de grupo (GI) é igual a 0; o limite de liquidez (LL) é de até 25% e o índice de plasticidade (IP) é de até 6%. 

Alguns testes são determinados com base nas propriedades físicas do agregado, como a composição do agregado e o conteúdo de algumas propriedades físicas mínimas. O agregado reciclado deve atender à NBR 15115 (ABNT, 2004) antes de poder ser utilizado na construção de camadas do pavimento. 

Com base nos valores obtidos, pode-se constatar que as maiores concentrações são encontradas em materiais como argamassa e concreto (41,69%), Brita (53,68%). De acordo com a NBR 15115 (ABNT, 2004), o agregado reciclado é denominado agregado cimentício quando sua fração grossa contém mais de 90% em massa de material cimentício e fragmentos de rocha. Conforme Tabela 1, as características físicas devem seguir as recomendações da NBR 15115. 

Tabela 1 –  Referências para uso de agregados reciclados na pavimentação – BBR 1515 

Fonte: NBR 15115 (ABNT, 2004). 

Com base nos valores obtidos, pode-se constatar que as maiores concentrações são encontradas em materiais como argamassa e concreto (41,69%), Brita (53,68%). De acordo com a NBR 15115 (ABNT, 2004), o agregado reciclado é denominado agregado cimentício quando sua fração grossa contém mais de 90% em massa de material cimentício e fragmentos de rocha. Conforme a Tabela 1, as propriedades físicas devem seguir as recomendações da NBR 15115. 

A segunda mistura é dosada o mais próximo possível da faixa granulométrica do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre), com base na curva granulométrica do material. Na Mistura 2, os percentuais de agregado reciclado e solo foram de 83% e 17% respectivamente. 

A resistência mecânica das misturas foi avaliada através do Índice de Suporte da Califórnia (CBR). Os ensaios CBR foram realizados de acordo com o disposto na norma NBR 9895 (ABNT, 1987). 

Mistura 1 (44% solo e 56% agregado reciclado) 

Do ensaio de compactação, na energia intermediária, obteve‐ se que a massa específica aparente seca da MISTURA 1 é igual a 1,69 g/cm3 e a porcentagem de umidade ótima é de 20,63%, valor de 32,37% para o CBR da MISTURA 1. O valor da expansão ótima é de ‐  0,02%, ocasionando retração. A mistura 1 apresentou um valor de CBR menor que o apresentado pelo agregado reciclado puro.  Tal fator já era esperado, visto que a mistura apresenta 44% de solo em sua composição, o qual apresenta um valor de CBR muito baixo. A Figura 2 apresenta as curvas de CBR e expansão da mistura 1. 

Mistura 2 (17% solo e 83% agregado reciclado) 

Através do ensaio de compactação constatou-se que a massa seca aparente da mistura 2 é igual a 1,70 g/cm3, o teor de umidade ótimo é igual a 19,18%, sendo obtidos o CBR e a curva de expansão da mistura 2. O valor CBR da mistura 2, sob umidade ótima, é de 45,65% e o valor de expansão é de 0,06%. A Figura 3 mostra as curvas CBR e de expansão da Mistura 2. A mistura 2 apresentou melhor desempenho em termos de resistência à penetração por apresentar maior percentual de reciclado na composição da mistura. A mistura 1 (56% resíduo e 44% solo) tem valor de R$ 17,00 por metro cúbico de material.  

Gráfico 1 – Curvas de CBR e expansão da MISTURA 1 

Fonte: Gráfico de pesquisa realizada por Santos et al. (2015). 

Gráfico 2 – Curvas de CBR e expansão da MISTURA 2 

Fonte: Gráfico de pesquisa realizada por Santos et al. (2015). 

Para a sub-base em pavimentação, o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre) determina que o material tenha CBR ≥ 20% e índice de inchamento ≤ 1%. Dada esta determinação, qualquer uma das duas misturas testadas neste estudo poderia ser utilizada. A mistura 1 tem um valor CBR de 32,37% e uma taxa de expansão de 0,02%. O valor CBR da mistura 2 é igual a 45,65% e a taxa de expansão é igual a 0,06%. 

Para a camada base, o CBR dos materiais constituintes deve ser ≥ 80% (N ≥ 5 x 106 e taxa de expansão ≤ 2%). Como os valores de CBR de ambas as misturas não atenderam aos requisitos, foi estipulado que deveria ser utilizado agregado reciclado puro para a camada de base, com valor de CBR de 101,45%. 

Com base nisso, foi analisado o custo de construção da estrutura do pavimento projetado. Comparação dos custos de construção de 1 km de duas estradas pavimentadas com diferentes materiais de base e sub-base. De acordo com a discriminação de custos fornecida pela SEINFRA, o custo de construção de uma estrutura de pavimento utilizando brita graduada como base e brita seca como sub-base foi de R$ 802.222,93. 

A substituição da sub-base de brita graduada por agregado puro reciclado e a substituição da sub-base de brita seca por mistura de agregado de solo reciclado resultou em redução de custo de 8,8%, pois o custo de construção da estrutura foi de R$ 731. 595, 43. Esta análise é válida considerando que os custos de aplicação de revestimento e padronização do subleito são os mesmos em ambos os casos. A Figura 4 demonstra um gráfico comparativo dos custos de construção dos pavimentos analisados. 

Gráfico 3 – Comparação dos custos de construção dos pavimentos analisados 

Fonte: Gráfico de pesquisa realizada por Santos et al. (2015). 

3.1 RESULTADOS ALCANÇADOS PELOS AUTORES DO ARTIGO 1 

Observa-se que o solo não se mostrou adequado ao uso em pavimentação, segundo as normas do DNIT, porque seus limites de consistência são muito elevados, e o valor de CBR é inferior ao mínimo necessário para que possa ser utilizado na área rodoviária. Entretanto, após a sua estabilização com o agregado reciclado o valor do CBR aumentou, considerando, respectivamente, as MISTURAS 1 e 2.  Incrementando e possibilitando o uso do material como sub‐base de pavimentos em rodovias. 

Considerando os valores de CBR dos materiais estudados concluiu‐se que o solo poderia ser utilizado somente como subleito e que tanto a MISTURA 1 quanto a MISTURA 2 poderiam ser utilizadas como camada de sub‐base.    

O agregado reciclado puro, devido à elevada resistência à penetração, poderia ser utilizado como camada de base de pavimento, portanto o dimensionamento estabeleceu que a camada de sub‐base fosse executada com 44% de solo e 56% de resíduo (MISTURA 1).        

Fez‐se uma análise de custos de execução de 1 km de uma via urbana da cidade de Joinville‐SC. A partir dos resultados da análise constatou‐se que a estrutura de pavimento proposta geraria uma redução de 8,8% nos custos de construção. Os resultados alcançados demonstram que a utilização do agregado reciclado na construção de camadas estruturais de pavimentos tem qualidade para ser utilizadas, demonstra que o agregado reciclado pode ser uma alternativa econômica e viável para a área rodoviária, pois o dimensionamento mostrou que o agregado reciclado pode ser utilizado para compor as camadas nobres de um pavimento.  

4 ARTIGO 2 (USO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NA PAVIMENTAÇÃO DE VIAS PÚBLICAS NO MUNICÍPIO DE CARIACICA – ES) 

O objetivo principal deste trabalho é determinar a frequência com que resíduos de construção civil categoria A são utilizados pelas empresas que constroem estradas em Cariacica/ES. 

A busca por empresas colaboradoras com materiais de pesquisa resultou na seleção de 3 empresas sediadas em Cariacica/ES. Portanto, foi realizada uma pesquisa por questionário para obter informações específicas que auxiliassem na realização deste trabalho. 

Foi estudada uma análise de custos para poder compreender verdadeiramente quanta poupança poderia ser alcançada ao mudar de materiais convencionais para RCD. Os preços dos materiais convencionais são cotados pela empresa Ribetti e os preços do RCD reciclado são cotados pela empresa Urserra, ambas as empresas estão localizadas na cidade de Serra/ES.  

Os preços apresentados incluem despesas de transporte para entrega dos materiais em Cariásica/E.S. Cidade. Para simular um projeto de pavimentação e entender e comparar o valor gasto, tomou-se como exemplo uma área de pavimentação de 5000 m². De acordo com as normas  DNIT 139/2010-ES e 141/2010-ES, que determinam que  a espessura da camada de compressão da base e subcamadas não deve ser superior a 10 cm e não ultrapassar 20 cm, optou se pela utilização : A camada de 15 cm para o sítio e as camadas para os subsítios do exemplo também são iguais (BRASIL, 2010b, 2010c). 

4.1 CUSTOS COM MATERIAL CONVENCIONAL 

Base de Brita corrida com espessura de 15 cm  

Área de 5.000 m² x 0,15 m = 750 m³  

Custo: 135,00 R$/m³  

Custo para a base material convencional: 750,00 x 135,00 = R$ 101.250,00 

Sub-base de pó pedra com espessura de 15 cm  

Área de 5.000 m² x 0,15 m = 750 m³  

Custo do agregado: 110,00 R$/m³  

Custo para a sub-base material convencional: 750 x 110 = R$ 82.500,00 seria gasto a quantia de R$ 183.750,00 em apenas materiais de base e sub-base, para então ser executada a obra de pavimentação utilizando apenas resíduos convencionais. 

a. Custos com Material de RCD Reciclado 

Base de Brita corrida com espessura de 15 cm  

Área de 5.000 m² x 0,15 m = 750 m³  

Custo do agregado: 65,60 R$/m³  

Custo para a base material de RCD: 750 x 65,60 = R$ 49.200,00 

Sub-base de pó pedra com espessura de 15 cm  

Área de 5.000 m² x 0,15 m = 750 m³  

Custo do agregado: 58,50 R$/m³  

Custo para a sub-base material de RCD: 750 x 58,50= R$ 43.875,00 

A Tabela 1 mostra o valor de R$ 93.075,00 em materiais de base e sub-base, para ser executado a obra de pavimentação utilizando os resíduos de construção civil reciclados 

Tabela 2 – Quadro demonstrativo dos valores de materiais para base e sub-base 

Fonte: Tabela de pesquisa realizada por Fraga et al. (2019). 

b. Resultados alcançados pelos autores do Artigo 2 

Ao analisar os resultados obtidos, os autores concluíram que a utilização do método estudado é economicamente viável. Havendo uma diferença de 49,35% do agregado reciclado em relação ao convencional, a obra do exemplo conseguiria economizar uma quantia de R$ 90.675,00 em seu orçamento. 

Verificou-se ainda, que os resultados dos resíduos da construção civil após reciclados apresentam alto desempenho. Portanto, podem ser substituídos pelos materiais convencionais sem apresentar uma baixa qualidade e durabilidade da estrutura de pavimentação, consequentemente evitando assim o descarte deste material em locais inapropriados e até mesmo o acúmulo em locais regularizados nos meios urbanos.  

Neste estudo também foi possível notar que este método além de ser tecnicamente eficiente, traz benefícios como: econômico, social e sustentável. Uma vez que os agregados reciclados custam bem menos que os convencionais, fato que traz uma economia enorme no orçamento da obra. É importante pontuar que a mobilidade urbana do município seria melhor com mais ruas pavimentadas, melhorando a qualidade de vida no local, avançando no quesito sustentabilidade e gerando novos postos de emprego para a população que ali reside.  

Sendo Cariacica/ES um município que ainda boa parte das rodovias vicinais ainda não tem acesso a pavimentação, é de grande importância que tenha um incentivo na utilização deste método, pois seu uso em geral ainda é muito difundido. Com isso, é notório a importância da elaboração de um projeto em trabalhos futuros, como proposto no tópico anterior, com a intenção de implantar este método é estabelecer requisitos pela prefeitura municipal para as empresas participantes de licitações. 

5 ANÁLISE CRÍTICA DOS RESULTADOS DOS ARTIGOS 1 E 2 

Em ambos os trabalhos é notório o resultado favorável, sendo um dos resultados adquiridos uma redução nos custos das compras de matérias para a construção de uma pavimentação asfáltica para rodovias, tendo não só o benefício da redução de custo mas também um aumento na qualidade do material novo. 

O Artigo 1 demonstra seus resultados por meio de ensaio em laboratório. Foi coletado  solo e os resíduos para a realização desses ensaios, a partir dos ensaios granulométrico, compactação e pela curva do CBR, todos os ensaios foram realizados com as recomendações e limites das NBR de cada ensaio, logo depois de finalizar,  foi possível obter  resultados e uma avaliação do material que seria utilizado, em seguida, foi utilizado uma planilha de composição de custos disposta  pela Secretaria de Infraestrutura Urbana de Joinville ‐ SC (SEINFRA), a partir dessa e dos resultados e quantidade dos materiais que seriam utilizados na pavimentação de 1 km da cidade de Joinville‐SC, foi simulado o custo dessa obra com materiais convencionais e materiais RCD. Com materiais convencionais teve o custo de R$ 802.222,93, e com o uso dos materiais reciclados foi de R$ 731.595,43, resultando em uma economia de 8,8% de custo. 

No Artigo 2, foram selecionadas 03 (três) empresas, dentre várias que trabalhavam com o material de estudo, no município de Cariacica – ES. As empresas selecionadas trabalham com execução de obras de pavimentação, utilizando matérias recicladas. A partir das respostas fornecidas através de pesquisas, realizaram uma simulação do custo de uma construção de pavimentação, custo que já somava a compra de material e a entrega, logo foi simulada junto a gastos com agregados convencionais e os reciclados. Na simulação foi feita uma estrada de 5000 m3, e obtiveram como resultado uma diferença de 49,35% do agregado reciclado em relação ao convencional, de acordo com a obra simulada conseguiria economizar R$ 90.675,00 em seu orçamento. 

Apesar de um dos estudos, o artigo 2, apresentar uma economia maior que o outro, não deixa de ser importante as duas formas de abordagem. Utilizar o agregado reciclado é uma forma totalmente sustentável, consegue obter uma resistência igual ao convencional ou caso for utilizado de forma que misture o solo com o agregado, podendo apresentar até uma resistência maior. 

A distinção de porcentagem de lucro entre os dois trabalhos ocorre pela forma que optaram por reutilizar os agregados reciclados, no artigo 1, nos ensaios utilizaram misturas dos materiais, ou seja, não foi simulada uma obra de um pavimento com uso de resíduos classe A no todo da estrutura, de acordo com os ensaios feitos em laboratório, os autores do artigo 1 optaram por realizar uma mistura, de solo e resíduos classe A, por isso uma economia de 8,8%, Já no artigo 2, foi simulada uma estrutura feita totalmente usando os materiais reciclados substituindo o convencional, assim gerando um custo de economia bem maior em relação aquele que usou misturas. 

Diante dos artigos selecionados para essa análise, é notório a redução no custo de obras de pavimentação asfáltica. De acordo com o dimensionamento, os agregados reciclados podem ser utilizados para compor as camadas nobres de um pavimento, proporcionando em obras de engenharia, a utilização dos resíduos de construções e demolições, assim contribuindo para um aumento significativo de construções sustentáveis no Brasil. 

6 CONCLUSÃO  

De acordo com os resultados obtidos pela análise de custo na problemática de quanto a substituição do material convencional para o agregado reciclado poderia contribuir em uma economia no custo de obra de pavimentação asfáltica e na redução de impactos ambientais, visto que com base na análise dos artigos, que apresentaram uma porcentagem significativa no custo de uma obra de pavimentação, foi evidenciado a economia que uma construtora poderia receber em uma execução da mesma. 

Quanto a abordagem das simulações feita por cada pesquisa, foi de grande “soma científica”, dado que uma abordou ensaios em laboratório e, com base nos resultados, foi relacionado com uma planilha de custo para simular uma possível economia em uma obra, como foi simulado com 1km de pavimento. Já o outro artigo abordou a forma explorativa, com um auxílio de um questionário e empresas que trabalham com pavimentação e utilizam agregado reciclado, obtiveram resultados e realizaram uma simulação que também demonstrou queda no custo de materiais. Diante disso, é visto que a utilização de resíduo classe A contribui na recuperação de pavimentos, principalmente, no que diz respeito à economia dos custos de obras, com gastos chegando a mais de 20% de economia em relação ao uso do material convencional. 

A reutilização de resíduos classe A desempenha um papel muito importante no quesito construções, promovendo vários benefícios que apresentam grandes passos para a sociedade, como: a redução de “entulhos” pelo fato da construção ser uma das maiores fontes de resíduos; também beneficia na economia de energia, o consumo de energia aumenta quando uma obra é realizada a partir de matéria-prima virgem; inovação por promover uma ideia de economia circular e na redução de gastos, a reutilização reduz a quantidade de material comprado, em síntese promove uma forma sustentável. 

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