O USO CONCOMITANTE DE PARACETAMOL E N-ACETILCISTEÍNA EM TRATAMENTOS RESPIRATÓRIOS: Uma investigação sobre sua farmacocinética

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10284155


BONIN, Stephane Pereira2
VIANA, Cleudson Bruno3
PINTO, Emanuel Vieira4


RESUMO

O presente artigo tem como tema o uso concomitante de paracetamol e N-acetilcisteína (NAC) em tratamentos respiratórios. O problema do estudo é: A associação medicamentosa entre paracetamol e NAC realmente funciona? Tendo como objetivo geral avaliar a implicação da coadministração entre esses fármacos em condições específicas, como nas doenças respiratórias. Nesta perspectiva, os objetivos específicos serão contextualizar os mecanismos de ação do paracetamol e a acetilcisteína, realizar recomendações práticas para o uso adequado e seguro da associação entre essas medicações e discutir como a importância da atenção farmacêutica nos ambientes de saúde pode contribuir para a melhora do tratamento e evitar os PRM – Problemas relacionados aos medicamentos. A pesquisa foi do tipo revisão bibliográfica de cunho descritivo, conduzida pela abordagem qualitativa através da análise de artigos científicos, no banco de dados do SciELO, PubMed, e Google acadêmico. Somado a livros de farmacologia de referência para complemento para embasamento da pesquisa. Os resultados alcançados foram que a coadministração de paracetamol e acetilcisteína é uma prática clínica realmente comum que é benéfica principalmente para prevenir danos hepáticos. No entanto, a eficácia e segurança dessa associação estão intrinsecamente ligadas a uma abordagem diligente e à orientação especializada de profissionais de saúde. Nesse cenário, os farmacêuticos emergem como agentes-chave, desempenhando um papel vital na salvaguarda de uma farmacoterapia segura e eficaz.

Palavras-chave: Paracetamol. Acetilcisteína. Associação. Coadministração.

1  INTRODUÇÃO

O paracetamol e a acetilcisteína são dois fármacos amplamente utilizados na prática clínica para tratar diferentes condições. Embora o paracetamol seja um analgésico antipirético eficaz, a N-acetilcisteína é frequentemente prescrita como um mucolítico para ajudar a soltar o muco e facilitar a expectoração em doenças respiratórias. Ambos são medicamentos isentos de prescrição (MIP), também conhecido como medicamentos de venda livre. São medicamentos que não necessitam de receita médica para serem vendidos. Estes promovem a melhora de sintomas menores, e eles permitem que os consumidores tenham acesso rápido a medicações que atuam alívio de algumas condições como dores leves, febre, resfriado, alergias, desconfortos comuns.

Recentemente, observou-se um aumento na prescrição conjunta desses dois medicamentos, impulsionado pelas propriedades antioxidantes da acetilcisteína em relação ao paracetamol. Contudo, é crucial compreender que a combinação dessas substâncias demanda uma avaliação cuidadosa, uma vez que a N-acetilcisteína é classificada como antagonista do paracetamol. Essa consideração enfatiza a importância da avaliação individualizada e informada ao prescrever ou utilizar combinações medicamentosas.

As interações medicamentosas representam um dos principais riscos associados à combinação de medicamentos, pois têm o potencial de comprometer a farmacoterapia, aumentando a probabilidade de efeitos colaterais e interferindo na eficácia do tratamento. Antagonistas, em geral, exercem efeitos contrários ou competem pelo mesmo receptor, influenciando assim a ação mútua.

Diante desse contexto, a problemática central desta pesquisa indaga: A associação medicamentosa entre paracetamol e NAC realmente funciona? Essa indagação visa explorar a eficácia e a segurança dessa combinação medicamentosa, destacando o farmacêutico como um agente fundamental na gestão dessas interações e na promoção de uma terapia eficaz para o paciente. O objetivo geral será avaliar a implicação da associação entre esses fármacos em condições específicas, como nas doenças respiratórias.

Os objetivos específicos pautados a seguir serão contextualizar os mecanismos de ação do paracetamol e a acetilcisteína. Realizar recomendações práticas para o uso adequado e seguro da associação entre paracetamol e acetilcisteína. Discutir como a importância da atenção farmacêutica pode contribuir para a melhora do tratamento e evitar os Problemas Relacionados aos Medicamentos – PRM.

O paracetamol é um analgésico e antipirético, sua forma oral é absorvida, principalmente do intestino delgado, metabolizado no fígado, ele é uma droga que age no sistema nervoso central para bloquear a produção de substâncias relacionadas à dor e à febre. A acetilcisteína tem ação mucolítica e é um agente protetor hepático, que atua como antioxidante, ou seja, protege as células do organismo contra os danos causados pelos radicais livres, moléculas que estão associadas ao surgimento de diversas doenças, incluindo o câncer.

Ao avaliar o histórico medicamentoso do paciente, é crucial indagar sobre hábitos de automedicação. Fornecer informações precisas sobre a dosagem adequada, alertando para os riscos associados à concentração elevada de paracetamol e acetilcisteína, contribui para o uso seguro desses medicamentos, evitando sobredosagem acidental. Somado a orientação sobre a leitura da bula, interações que alguns medicamentos apresentam quando consumidos com alimentos, alerta sobre a saúde do hepática, conscientizar o paciente sobre os efeitos colaterais e a importância de não exceder a dose diária recomendada é fundamental para garantir uma terapia segura.

A atenção farmacêutica é importantíssima na melhora do tratamento e na prevenção de PRMs. Esta compreende as dificuldades relacionadas ao uso de medicamentos, como efeitos colaterais, interações medicamentosas, o uso incorreto, duplicações terapêuticas. O farmacêutico ao acompanhar o paciente fornece uma orientação e auxilia o paciente a compreender melhor o tratamento. Além disso, irá induzir a aderir corretamente às instruções, poderá observar as respostas a medicação e avaliar resultados da farmacoterapia, realizar ajustes, fornecer informações essenciais sobre o fármaco, incluindo posologia e administração. Isso é importante em casos de terapias complexas ou crônicas, em que a monitorização regular pode prevenir ou identificar precocemente os PRM.

O paracetamol e a acetilcisteína são amplamente comercializados em drogarias e amplamente disponíveis em unidades básicas de saúde. Nesse cenário, é fundamental que o farmacêutico tenha autonomia para realizar a atenção farmacêutica. Essa abordagem, quando realizada em colaboração com o prescritor, possibilita uma conduta mais eficaz e orientação aprimorada sobre a farmacoterapia. A atuação conjunta desses profissionais desempenha um papel significativo na prevenção de falhas e na promoção de uma abordagem terapêutica mais eficiente.

O referencial teórico deste estudo está estruturado em cinco etapas distintas. A primeira fase apresenta a historicidade relacionada ao paracetamol e à N-acetilcisteína (NAC). A segunda etapa aborda os riscos associados às intoxicações medicamentosas, proporcionando uma compreensão mais aprofundada sobre as potenciais ameaças que podem

surgir. Na terceira etapa, são explorados os conceitos fundamentais dos medicamentos, elucidando para quais condições clínicas eles são indicados. A quarta etapa discute as características individuais de como cada um desses fármacos atua no organismo, destacando sua farmacoterapia específica. Finalmente, a quinta etapa oferece uma análise detalhada sobre como a acetilcisteína funciona como antídoto na intoxicação por paracetamol, incluindo medidas preventivas relacionadas ao uso desses medicamentos em questão. Essa estrutura proporciona uma visão abrangente e progressiva, abordando aspectos históricos, riscos, conceitos, características de ação e ações específicas da acetilcisteína no contexto do paracetamol.

Os resultados alcançados é que a acetilcisteína não age como um antagonista do paracetamol no sentido tradicional, mas exerce um papel protetor fornecendo os recursos necessários para neutralizar os efeitos tóxicos do paracetamol no fígado.

2  METODOLOGIA

O presente trabalho apresenta uma abordagem qualitativa. De acordo com RICHARDSON (1999), podemos afirmar que as investigações que se voltam para uma análise qualitativa têm como objeto de estudo situações complexas ou bastante particulares (como é o caso do objeto de estudo deste trabalho). Estudos que empregam a metodologia qualitativa podem descrever melhor a complexidade dos problemas. Diante disso a presente pesquisa vem com o objetivo buscar informações sobre os motivos para o uso concomitante de paracetamol e acetilcisteína, percepções sobre a eficácia do tratamento e barreiras para a adesão com intuito de reunir informações para analisar se é possível o sinergismo entre os fármacos descritos.

A pesquisa teve fundamentação do tipo revisão bibliográfica de cunho descritivo. De acordo com Luna (1997, p.20) “O objetivo da revisão bibliográfica é compreender a situação real da área de pesquisa, conhecer o que se sabe até hoje, quais as falhas já constatadas e quais os principais obstáculos teóricos e/ou metodológicos.”

O cenário deste estudo abrange um contexto nacional, o processo de produção do artigo estendeu-se por quatro meses, tendo início em agosto de 2023 após a apresentação do pré-projeto. Inicialmente, foi conduzido um abrangente levantamento bibliográfico, e após isso realizado a construção da fundamentação teórica, que delineou os pontos cruciais a serem abordados no artigo o que auxiliou na definição dos objetivos específicos e o que também definiu temas a serem explorados na revisão de literatura como dissertar sobre

interações medicamentosas, características, conceito e como é utilizado no tratamento específico de overdose. No qual foram pontos relevantes que classificados como fundamental para estar na pesquisa.

É preciso esclarecer, antes de mais nada, que as chamadas metodologias qualitativas privilegiam, de modo geral, a análise de microprocessos, através do estudo das ações sociais individuais e grupais. Realizando um exame intensivo dos dados, tanto em amplitude quanto em profundidade, os métodos qualitativos tratam as unidades sociais investigadas como totalidades que desafiam o pesquisador. (MARTINS, 2004).

Em seguida, realizou-se a coleta de dados, selecionando todo material necessário para embasar a análise. Após essa etapa, foi iniciada a redação da análise e da conclusão, culminando no encerramento do processo em novembro de 2023. Este cronograma delineado permitiu uma abordagem abrangente e fundamentada ao longo de todas as fases do desenvolvimento do artigo.

As amostras foram extraídas de livros de farmacologia do acervo da biblioteca da FACISA, bulários, manuais e artigos científicos presentes no acervo de dados do SciELO, PubMed, Google Acadêmico. Essa abordagem abrangente visa assegurar uma base sólida de informações provenientes de fontes diversas e confiáveis.

A pesquisa teve início após minha experiência em um estágio, onde me deparei com prescrições que envolviam a combinação de acetilcisteína e paracetamol. Esse cenário despertou uma intriga interna sobre a razão por trás dessa associação, considerando que a acetilcisteína é classificada como um antagonista do paracetamol. Tradicionalmente, entende-se que antagonistas bloqueiam a ação dos agonistas, resultando na atenuação da função do agonista quando ambos são administrados simultaneamente, devido à competição pelos mesmos receptores. Nesse contexto, a pesquisa foi conduzida para investigar se essa dinâmica realmente se manifesta nessa combinação específica de medicamentos.

Seguindo essa lógica, foram examinados dois livros amplamente conhecidos na área de farmacologia no acervo da biblioteca, quatorze artigos, provenientes de revistas científicas conceituadas e de renome, além de consultar três bulários e manuais do profissional, buscando uma compreensão mais profunda da farmacocinética tanto do paracetamol quanto da acetilcisteína. Essa abordagem visava esclarecer a teoria subjacente e, consequentemente, obter resultados mais embasados e esclarecedores.

3    HISTORICIDADE DO PARACETAMOL E ACETILCISTEÍNA.

As primeiras percepções acerca das propriedades analgésicas e antipiréticas do paracetamol remontam ao século passado, uma época em que diversas substâncias alternativas eram testadas para combater febres e tratar infecções. Enquanto a quinina era extraída das folhas da Cinchona e os salicilatos do Willow, a crescente demanda por medicamentos superaram a oferta das fontes naturais, impulsionando a experimentação de novos substitutos sintéticos.

Segundo Bertolini (2006), o paracetamol foi sintetizado em 1878 pelo químico americano Harmon Northrop Morse e o primeiro a usá-lo clinicamente foi o médico alemão Joseph Von Mering em 1887 que descartou o paracetamol em favor da fenacetina, pois verificou que o último composto possui propriedades nefrotóxica. Após a descoberta do paracetamol como metabólito ativo da fenacetina e da acetanilida ele passou a ser o mais utilizado dentro do grupo se tornando mundialmente conhecido para tratamento de dor e febre, sendo o medicamento comumente prescrito para crianças, estando incluída na lista de medicamentos essenciais que vão para as unidades básicas de saúde para distribuição.

Durante muitos anos, o paracetamol foi utilizado como uma alternativa segura aos salicilatos (como a aspirina), especialmente em pessoas sensíveis aos efeitos irritantes do ácido acetilsalicílico para alívio de sintomas. Ganhou grande popularidade devido a sua eficácia e perfil de segurança relativamente bom quando administrado em doses recomendadas.

No brasil, é um medicamento vendido como MIP, ou seja, não precisa de receita para ser vendido, sendo de fácil acesso pela população, diferente de outros países que não está disponível sem prescrição médica apesar de estar na classificado como um antiinflamatório não esteroidal (AINES) ele não pertence a essa classe em específico pois ele não possui propriedades anti inflamatórias como os outros medicamentos dessa classe possuindo apenas efeitos analgésicos e antipiréticos.

Conseguinte, a NAC é um medicamento estabelecido desde 1960. Está na lista entre os 40 medicamentos essenciais da Organização Mundial da Saúde. Ele tem sido usado classicamente na sobredosagem de paracetamol e como mucolítico (receitado geralmente como fluimucil), além de combater a toxicidade de várias substâncias que podem causar a formação de radicais livres como monóxido de carbono e contrastes de raios-x. (MARTINS, 2020).

No âmbito científico, estudos clínicos revelam benefícios do NAC também em esteato-hepatite não alcoólica, hipertensão arterial de etiologia diabética, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), bronquite crônica, distúrbios de abuso de substâncias, perda recorrente inexplicável de gravidez, infertilidade masculina, síndrome dos ovários policísticos, retinopatia diabética, degeneração macular relacionada à idade e síndrome de catarata e olho seco. (MARTINS, 2020).

Ambos os medicamentos, o paracetamol e a acetilcisteína, são seguros e eficazes quando usados corretamente. No entanto, é importante ressaltar que eles não devem ser utilizados sem prescrição médica e sem orientação do farmacêutico. O uso inadequado pode trazer riscos à saúde, como a intoxicação por paracetamol, que pode levar a danos hepáticos.

O paracetamol foi introduzido no mercado brasileiro em 1959, como um analgésico e antitérmico. Alguns anos depois a substância foi incluída na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME). que lista os medicamentos prioritários para o sistema único de saúde. Desde então, o paracetamol se tornou um dos medicamentos mais prescritos no país e é amplamente utilizado para tratar dores de cabeça, dores musculares e outras condições.

Ao longo dos anos, diversas apresentações e dosagens de paracetamol foram comercializados no Brasil, incluindo comprimidos, xaropes etc. Em 2018, o Ministério da Saúde incluiu o paracetamol na lista de medicamentos de dispensação em caráter excepcional no Sistema Único de Saúde (SUS), o que permite que o medicamento seja fornecido gratuitamente em determinadas situações.

Inicialmente sob a marca Tylenol, importado dos Estados Unidos. Em 1976 foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) como um medicamento isento de prescrição médica, tornando-se disponível para venda livre em drogarias. A partir de então, o paracetamol ganhou popularidade como analgésico e antipirético, sendo utilizado para aliviar dores e reduzir febre em várias condições médicas. Ao longo dos anos diversas marcas e formas de apresentação foram sendo desenvolvidas no mercado brasileiro.

A NAC no Brasil foi aprovada em 1965 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), para tratamento de secreções broncopulmonares viscosas e aderentes, mesmo antes da criação do órgão regulatório. Desde então, a acetilcisteína vem sendo amplamente utilizada no país, tanto em hospitais quanto em farmácias, principalmente para o tratamento de infecções respiratórias e doenças crônicas como fibrose cística.

Em 2020, a NAC ganhou destaque como um possível tratamento para reduzir a gravidade e mortalidade da covid-19. Um estudo realizado na Itália mostrou que a

administração da acetilcisteína em pacientes infectados pelo coronavírus reduziu a necessidade de internação na UTI. No entanto, ainda não há um consenso científico se realmente existe eficácia no tratamento utilizando este medicamento para tratar o covid-19. (HECKE e LEE, 2020). A ANVISA alerta para os riscos do uso indiscriminado da NAC que pode causar efeitos colaterais como náuseas, vômitos e diarreia em doses altas.

4  RISCOS DA INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA.

Trata-se de um fenômeno complexo que ocorre quando dois ou mais medicamentos são administrados simultaneamente, apresentando uma série de riscos substanciais para a saúde dos pacientes. Estes riscos resultam das alterações nas respostas fisiológicas e farmacológicas do organismo, podendo comprometer a eficácia do tratamento, aumentar a toxicidade ou desencadear efeitos adversos imprevisíveis.

As respostas decorrentes da interação podem acarretar potencialização do efeito terapêutico, redução da eficácia, aparecimento de reações adversas com distintos graus de gravidade ou ainda, não causar nenhuma modificação no efeito desejado do medicamento. Portanto, a interação entre medicamentos pode ser útil (benéfica), causar respostas desfavoráveis não previstas no regime terapêutico (adversa), ou apresentar pequeno significado clínico. (SECOLI, 2011).

Entre os principais riscos associados às interações medicamentosas, destaca-se o potencial para efeitos aditivos ou sinérgicos, nos quais a combinação de medicamentos intensifica seus efeitos, podendo levar a reações indesejadas ou mesmo a eventos tóxicos.

Os medicamentos podem interagir durante o preparo; no momento da absorção, distribuição, metabolização, eliminação ou na ligação ao receptor farmacológico. Desta forma, os mecanismos envolvidos no processo interativo são classificados de acordo com o tipo predominante de fase farmacológica em que ocorrem, farmacêutica, farmacocinética e farmacodinâmica. (SECOLI, 2011).

Assim entrando como outro risco significativo é a redução da efetividade terapêutica, uma vez que determinadas interações podem diminuir a absorção, a ação ou a concentração de um ou ambos os medicamentos envolvidos. Isso pode comprometer o controle de condições médicas crônicas, como hipertensão arterial, diabetes ou transtornos psiquiátricos. Além disso, a possibilidade de toxicidade aumentada é uma preocupação particular quando se trata de medicamentos com estreita margem terapêutica, onde pequenas variações nas concentrações podem resultar em efeitos colaterais graves.

Problemas gastrointestinais, como irritação gástrica, úlceras ou sangramento, podem ser desencadeados por interações que afetam a mucosa do trato digestivo. Alterações no metabolismo dos medicamentos, especialmente no fígado, podem levar a uma variedade de

complicações, incluindo toxicidade hepática. Ademais, algumas interações medicamentosas têm potencial para afetar o sistema cardiovascular, aumentando o risco de arritmias cardíacas, hipertensão e outros eventos adversos. (MOREIRA, 2016). Os rins, responsáveis pela excreção de muitos medicamentos, também estão sujeitos a complicações decorrentes de interações medicamentosas. Alterações na função renal podem levar ao acúmulo de substâncias tóxicas no organismo. Além disso, há o risco de reações alérgicas exacerbadas quando medicamentos interagem, ampliando a suscetibilidade a eventos adversos imprevisíveis. (KATZUNG, 13ª edição).

As interações medicamentosas é complexa, pois além das inúmeras possibilidades teóricas de interferência entre os medicamentos, fatores relacionados ao indivíduo (idade, constituição genética, estado fisiopatológico, tipo de alimentação) e a administração do medicamento (dose, via, intervalo e seqüência da administração) influenciam na resposta do tratamento. (SECOLI, 2011).

Diante disso, a complexidade e a multiplicidade de fatores envolvidos nas interações medicamentosas reforçam a importância de uma abordagem individualizada e monitoramento constante por parte dos profissionais de saúde, pois existem situações que a coadministração de medicamentos que interagem que podem ser benéficos para tratamento.

As interações benéficas são abordagens terapêuticas fundamentais em diversas patologias. No tratamento da hipertensão arterial severa a combinação de medicamentos com mecanismos de ação diferentes promove a redução mais eficiente da pressão sanguínea; na quimioterapia antineoplásica a associação de antagonistas serotoninérgicos e dopaminérgicos está recomendada para minimizar o quadro de náusea e vômito, na sedação a associação de hipnóticos, analgésicos e bloqueadores neuromusculares é necessária para manutenção do estado anestésico completo. (SECOLI, 2011).

E para verificar se é ou não possível realizar a politerapia é necessário a obtenção de históricos médicos detalhados, a comunicação aberta entre paciente e médico, e o uso de tecnologias de suporte à decisão são ferramentas essenciais para mitigar esses riscos e assegurar tratamentos seguros e eficazes. A consciência e a educação dos profissionais de saúde e dos pacientes sobre os perigos potenciais das interações medicamentosas são fundamentais para uma prática clínica mais segura e eficiente.

5    CONCEITO DO PARACETAMOL E DA ACETILCISTEÍNA.

O paracetamol é o analgésico mais utilizado, devido ao seu baixo custo e disponibilidade sem prescrição médica, é o medicamento mais utilizado para automedicação. Destaca-se como uma opção segura para pacientes com condições gástricas, cardiovasculares ou renais, oferecendo uma alternativa valiosa quando comparado a outros medicamentos. Sua

versatilidade permite o uso isolado ou em combinação com outros fármacos, tornando-o uma escolha comum em diversas condições de saúde. Amplamente prescrito para aliviar sintomas de enxaqueca, gripe, resfriados, cólicas menstruais, dores no corpo, cefaléia tensional e em pacientes com osteoartrite não inflamatória, o paracetamol demonstra eficácia em situações que variam de leves a moderadas

A Organização Mundial da Saúde inclui o paracetamol em sua lista de medicamentos essenciais (“os medicamentos mais eficazes, seguros e custo-efetivos para condições prioritárias”). A ação analgésica do paracetamol tem sido atribuída à sua inibição da via da ciclooxigenase (COX) no sistema nervoso central, reduzindo a produção de prostaglandinas mediadoras da dor, mas também pode aumentar a transmissão endocanabinóide e modular as vias inibitórias serotoninérgicas descendentes. (ABDEL, FERREIRA, MCLACHLAN et al, 2021).

Essa informação sugere uma compreensão mais abrangente dos mecanismos de ação do paracetamol, indo além da tradicional explicação relacionada à inibição da COX. O parágrafo oferece uma visão concisa, mas informativa, sobre o papel do paracetamol na gestão da dor e destaca seu reconhecimento como um medicamento essencial pela OMS.

Além disso, apesar de ser considerado um anti-inflamatório de ação suave, o medicamento oferece resultados notáveis em cenários específicos, como na gestão da inflamação pós-extração dentária. (QUEIROZ, SANTOS et al, 2013). Sua reputação de segurança, combinada com sua acessibilidade financeira, solidifica o paracetamol como uma escolha confiável em uma variedade de contextos clínicos.

A ação do paracetamol ainda não é conhecida, pois há evidências de diferentes mecanismos centrais, temos efeitos na produção de prostaglandinas e na neurotransmissão serotonérgica. O mecanismo de ação do paracetamol se baseia na ativação indireta de receptores CB1 do sistema canabinóide, um sistema de neurotransmissores ligados a alterações emocionais, dor e hipertermia. Pode desenvolver lesão hepática através do metabólito, resultante da biotransformação hepática. (CASTRO, 2014).

Em doses terapêuticas este fármaco não causa danos gástricos nem nefropatias, mas quando utilizado uma grande quantidade deste medicamento, este se torna hepatotóxico, pois ocorre uma saturação nas reações de conjugação com ácido glicurônico e sulfato, consumindo 70% de glutationa circulante no fígado, o que faz reagir com proteínas hepáticas através de ligação covalente levando à necrose hepática. A hepatotoxicidade ainda é aumentada quando há o consumo de álcool e tabaco, a idade nutricional também pode influenciar nesse processo. (VIEIRA e FRANÇA).

Outrossim, em relação a acetilcisteína, ela é considerada segura, eficaz, acessível porém não consta na Relação Nacional dos Medicamentos Essenciais de 2022 (Rename).
Seus efeitos anti-inflamatórios são bastante conhecidos e ainda tem potencial de serem ampliados no futuro.

A acetilcisteína é um medicamento expectorante indicado quando se tem dificuldade para expectorar e há muita secreção densa e viscosa ela ajuda a eliminar as secreções produzidas nos pulmões, facilitando a respiração, tais como bronquite aguda, bronquite crônica, enfisema pulmonar (doença crônica caracterizada pelo comprometimento dos pulmões), pneumonia (inflamação nos pulmões e brônquios), colapso/atelectasias pulmonares (fechamento dos brônquios), mucoviscidose (doença hereditária que produz muco espesso, também conhecida por fibrose cística). Também é indicado para intoxicação acidental ou voluntária por paracetamol. (POMPEU,2020).

É um fármaco que possui propriedades muito interessantes, pois ele modifica as características da secreção respiratória reduzindo sua consistência e elasticidade, tornando-a mais fluida ou mais liquefeita , o que facilita a sua eliminação das vias respiratórias, é notório a versatilidade de seu uso na clínica podendo incluso em diversas farmacoterapias para tratamento de várias doenças respiratórias ou reações alérgicas.

Como previamente dito , também tem ação de antídoto em casos de intoxicação e pode ser utilizado para evitar danos hepáticos provocados pelo uso do paracetamol. Esta regenera os estoques de uma substância vital para a função normal do fígado a glutationa. A NAC é absorvida no trato gastrointestinal e seu início de ação ocorre dentro de uma hora após sua administração, quando alcança concentrações máximas nas secreções brônquicas.

6   CARACTERÍSTICAS DO PARACETAMOLE DA ACETILCISTEÍNA

De forma a compreender e controlar a ação terapêutica dos fármacos no organismo humano, é preciso saber quanto destes fármacos conseguem chegar aos seus locais de ação e quando isso ocorre. A absorção, a distribuição, o metabolismo (biotransformação) e a excreção dos fármacos constituem os processos conhecidos como farmacocinética. O entendimento e a utilização dos princípios farmacocinéticos podem ampliar a probabilidade de sucesso terapêutico e reduzir a ocorrência de efeitos adversos dos fármacos no organismo. (GOODMAN e GUILBERT, 12ª edição, 2018).

O paracetamol opera diminuindo a atividade das prostaglandinas no sistema nervoso central (SNC) e, em menor medida, inibindo a geração do impulso doloroso periférico. Estudos recentes também indicam que o medicamento pode modular a ação da serotonina ao interagir com seus receptores, estabelecendo uma conexão com a via serotoninérgica descendente. Além disso, uma teoria amplamente aceita sobre o mecanismo analgésico do paracetamol sugere que ele pode reduzir a percepção da dor ao induzir a síntese de óxido nítrico (NO sintetase). Esta via molecular desempenha um papel crucial na amplificação da

atividade nociceptiva neuronal, oferecendo uma perspectiva mais abrangente sobre as diversas maneiras pelas quais o paracetamol pode modular a resposta à dor.

Além disso, sua maior utilização é na forma de comprimido revestido, sendo encontrado nas dosagens de 500 a 750mg. A dose diária total recomendada de paracetamol é de 4000 mg. Isso significa 8 comprimidos de Paracetamol 500mg ou 5 comprimidos de Paracetamol 750 mg. Essa administração deve ser feita em doses fracionadas, não excedendo 1000 mg/dose. Isso equivaleria a 2 comprimidos de Paracetamol 500mg ou 1 comprimido de Paracetamol 750 mg, em intervalos de 4 a 6 horas, em um período de 24 horas. (GOODMAN e GUILBERT, 12ª edição, 2018).

A temperatura corporal é controlada pelo hipotálamo, ele faz equilíbrio entre perda e produção de calor, quando ocorre um desequilíbrio termostático no hipotálamo ocorre a febre. Na sua atuação com antipirético o paracetamol age diminuindo a febre, esse efeito é conquistado através de ação no centro hipotalâmico que regula a temperatura.

Os fármacos apresentam propriedades lipofílicas, as quais permitem sua passagem através das membranas biológicas e a sua difusão até o sítio de ação, acaba dificultando sua excreção. Portanto, para que ocorra essa eliminação do organismo e seja concluída sua atividade terapêutica, é necessário que esses fármacos sejam metabolizados em compostos mais hidrofílicos. Segundo Terres, 2015. “É regra geral, as reações de biotransformação geram metabólitos mais polares e inativos que são mais facilmente excretados. Contudo, em alguns casos, geram-se metabolitos ativos, alguns com propriedades tóxicas.’’

Diante do exposto, trazendo para o contexto do paracetamol o subproduto tóxico resultante do seu metabolismo é NAPQI, isso porque no momento está ocorrendo uma saturação das reações de sulfatação e glucuronidação, o que conduz a um excesso de NAPQI formado pela via de metabolismo da CYP450. Este excesso leva ao esgotamento das reservas de GHS, e assim se encontra insuficiente para eliminar uma quantidade elevada de NAPQI. (MOREIRA, 2016). A dose tóxica do paracetamol é estabelecida em 150 mg/kg ou mais em crianças e a partir de 7,5g em adultos. A intoxicação pelo paracetamol pode desencadear gastrenterite em horas após a ingestão, seguida de hepatotoxicidade entre 1 e 3 dias. O protocolo de tratamento envolve o uso de acetilcisteína.

A respeito das características da NAC, ela possui propriedades multifacetadas que exercem suas ações no corpo por meio de mecanismos específicos que abrangem desde o sistema respiratório até o metabolismo hepático e até mesmo o sistema nervoso central. Uma das características mais distintivas da acetilcisteína é sua capacidade mucolítica no trato respiratório. Ao quebrar as ligações dissulfeto presentes no muco, a acetilcisteína torna o

muco menos viscoso, facilitando sua eliminação. Esse efeito é particularmente benéfico em condições respiratórias como bronquite crônica e fibrose cística. (HECKE e LEE, 2020)

Na sua atuação como antídoto, a acetilcisteína fornece cisteína, um aminoácido essencial, que é crucial para a síntese de glutationa, um antioxidante hepático vital. A glutationa neutraliza o metabólito tóxico, prevenindo danos graves ao fígado. Também desempenha um papel como antioxidante, contribuindo para a proteção celular contra os danos causados pelos radicais livres. Essa ação antioxidante é particularmente relevante em situações de estresse oxidativo. (HECKE e LEE, 2020).

Além disso, evidências emergentes sugerem que a acetilcisteína pode ter implicações neuropsiquiátricas. Em estudos preliminares, ela foi investigada em condições como transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e dependência de cocaína, indicando uma possível modulação de neurotransmissores, como o glutamato, no sistema nervoso central. Assim, a acetilcisteína, com suas propriedades versáteis, continua a desempenhar um papel crucial em diversas áreas da medicina, oferecendo benefícios significativos em condições respiratórias, hepatológicas e, potencialmente, neuropsiquiátricas. (MARTINS, 2020)

A dose de acetilcisteína pode variar dependendo da condição clínica específica para a qual está sendo prescrita. É comumente utilizada como um agente mucolítico, administrada por via oral em doses de 600 mg/dia. Em ambiente hospitalar, também é indicada como antídoto para overdose de paracetamol (formulação intravenosa em doses de até 150 mg/kg) (HECKE e LEE, 2020). A dose inicial de impacto da acetilcisteína por via oral é em caso de overdose é frequentemente de 140 mg/kg. Essa dose inicial é seguida por 17 doses adicionais de 70 mg/kg, administradas a cada 4 horas. O protocolo pode ser ajustado dependendo da gravidade da intoxicação.

Para condições respiratórias, como bronquite crônica ou fibrose cística, a dose usual de acetilcisteína pode variar, mas muitas vezes é administrada em torno de 200 a 600 mg por dia, dividida em duas ou três doses.

A administração da NAC em doses elevadas (1,2 g por dia) não é recomendada em indivíduos saudáveis não expostos a estresse oxidativo extremo. A NAC pode na verdade atuar como um agente pró-oxidante, desta forma, reduzindo o GSH e aumentando a quantidade de GSH oxidado. (HECKE e LEE. 2020).

Diante disso, as doses podem variar com base na orientação médica e nas características individuais do paciente. Em algumas situações, a acetilcisteína pode ser administrada em doses específicas para tratar condições como doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) ou para prevenir a nefropatia induzida por contraste em procedimentos médicos. (MARTINS, 2020)

É interessante citar que alguns estudos de interação foram realizados apenas em adultos e foi verificado que a acetilcisteína não deve ser administrada concomitantemente com fármacos antitussígenos, pois a redução do reflexo tussígeno pode levar ao acúmulo de secreções brônquicas. O uso de carvão ativado pode reduzir o efeito de NAC. Alguns relatos de inativação de antibióticos também foram relatados apenas em estudos in vitro, onde as substâncias foram misturadas diretamente. Portanto, quando o tratamento com antibiótico oral for necessário, é recomendado o uso 2 horas antes ou depois da administração do antibiótico. Até o momento não foi relatada interação entre acetilcisteína e alimentos. (ASSIS, 2022).

A maioria dos medicamentos deve ser utilizada pelo menor tempo possível e sob orientação médica ou farmacêutica. O esquema de dose sempre deve ser personalizado e individual, por isso é importante evitar a automedicação.

7       ACETILCISTEÍNA COMO ANTÍDOTO EM CASOS DE INTOXICAÇÃO POR PARACETAMOL.

As intoxicações por paracetamol ocorrem quando este é administrado em doses excessivas, nesse momento a glutationa (GSH) está insuficiente, durante o metabolismo do paracetamol ocorre a liberação de um subproduto tóxico que pode causar danos hepáticos significativos devido à formação de metabólitos. O subproduto tóxico é conhecido como N-acetil-p-benzoquinonaimina (NAPQI), e a NAC se liga à esse metabólito tóxico e como resposta vai estimular a síntese de glutationa hepática, sendo ela um antioxidante vital no fígado, e é eficaz na neutralização desses metabólitos tóxicos, prevenindo assim o dano hepático, essa substância aumenta a conjugação ao NAPQI permitindo que ela seja eliminada. Portanto, a administração concomitante desses medicamentos é essencial em casos de overdose por paracetamol. (MOREIRA, 2016)

No entanto, é fundamental reconhecer que a eficácia da acetilcisteína depende da administração oportuna. Atrasos na administração podem comprometer a capacidade da acetilcisteína de evitar danos hepáticos e a dosagem adequada e o acompanhamento constante são essenciais para garantir a eficácia e minimizar riscos.

Embora a combinação de paracetamol e acetilcisteína seja bem tolerada, existem situações específicas em que precauções são necessárias. Indivíduos com hipersensibilidade conhecida a qualquer um dos componentes, bem como aqueles com problemas renais ou

hepáticos graves, podem estar mais propensos a reações adversas. Portanto, é crucial que os profissionais de saúde avaliem cuidadosamente o histórico médico e as condições específicas de cada paciente antes de prescrever a combinação desses medicamentos.

Além disso, a conscientização sobre os limites de dosagem e a instrução clara aos pacientes sobre a importância de seguir as orientações médicas são aspectos cruciais na gestão segura dessa combinação medicamentosa. A educação contínua tanto para os profissionais de saúde quanto para os pacientes é fundamental para garantir o uso adequado, minimizando assim os riscos potenciais associados à administração concomitante de paracetamol e acetilcisteína. (PINTO, 2015)

8 CONCLUSÃO

O propósito primordial do presente artigo consistiu em analisar se a administração simultânea de acetilcisteína e paracetamol resulta efetivamente em prejuízos à função deste último, considerando a concepção da acetilcisteína como seu antagonista. Assim, buscou determinar se a ação do paracetamol é de fato comprometida no tratamento de doenças respiratórias.

A elaboração deste estudo proporcionou a contextualização dos mecanismos de ação tanto do paracetamol quanto da acetilcisteína de forma concisa, onde foi verificado teorias relacionadas à farmacocinética dessas substâncias. A análise aprofundada desses processos permitiu uma compreensão mais abrangente dos efeitos e da interação entre esses medicamentos, além da sua funcionalidade e como exercem suas modulações no corpo para proporcionar efeitos benéficos no organismo para melhora das condições clínicas durante o tratamento farmacológico.

Outrossim, foi possível formular recomendações práticas para a utilização segura e apropriada da sinergia entre esses medicamentos, onde medidas básicas como orientação sobre não realizar a automedicação, não alterar a dosagem recomendada principalmente do paracetamol, bem como a importância da leitura de bulas, além da informação sobre possível prejuízo na eficácia devido a associação de medicamentos com alimentos já podem ser de grande contribuição para que o tratamento funcione corretamente.

Além disso, foi discutido sobre a importância da atenção farmacêutica, e como esta pode contribuir na otimização do tratamento, bem como na prevenção de Problemas Relacionados a Medicamentos (PRMs). Ao realizar revisões minuciosas de prescrições, os farmacêuticos desempenham um papel proativo na identificação de possíveis riscos associados à combinação de medicamentos. Esse processo fornece informações valiosas aos

profissionais de saúde, contribuindo significativamente para a prevenção de complicações relacionadas à farmacoterapia.

Ressalto com grande ênfase na comunicação aberta entre prescritores, farmacêuticos e pacientes, sendo crucial para mitigar riscos, identificar potenciais interações medicamentosas, monitorar e promover uma farmacoterapia otimizada através uma abordagem personalizada para cada paciente, essa abordagem ajuda a gerenciar com segurança o uso de múltiplos medicamentos.

Os resultados deste estudo indicaram que a acetilcisteína é classificada pela farmacopeia como antagonista, mas funcionalmente ela não age da forma tradicional que os antagonistas geralmente funcionam. Pois, os antagonistas, no contexto farmacológico, interagem com os receptores celulares de maneira a bloquear ou reduzir a resposta biológica a um determinado estímulo. Esses agentes atuam como “inibidores” ao competir com substâncias endógenas ou exógenas pelos sítios de ligação nos receptores celulares de seus agonistas. E a NAC, quando administrada conjuntamente com o paracetamol, invés de inibir a ação do paracetamol, ela atua como protetor hepático sem comprometer a atividade farmacológica do paracetamol.

Assim, foi possível compreender que a N-acetilcisteína não bloqueia diretamente a ação do paracetamol, a NAC quando administrada conjuntamente ela se mostra benéfica para prevenir danos no fígado, sendo muito relevante em quadros de paciente faz o uso recorrente do paracetamol e já apresenta comprometimento do hepático, sobretudo em casos de overdose. Essa descoberta destaca como a interação entre a acetilcisteína e o paracetamol é única, proporcionando uma visão interessante sobre como eles funcionam juntos para proteger o corpo. Portanto, a segurança e eficácia de qualquer associação de medicamentos repousam sobre uma abordagem cautelosa e a orientação apropriada por parte de profissionais de saúde, com destaque para os farmacêuticos, cujo papel é fundamental na promoção de uma farmacoterapia segura e eficaz. Além de desempenharem um papel vital na orientação sobre dosagens, horários e modo de uso, os farmacêuticos têm a responsabilidade crucial de educar os pacientes sobre a importância do uso adequado desses medicamentos, contribuindo assim para uma administração consciente e efetiva.

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Stephane Pereira Bonin – Graduando em Farmácia pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas – E-mail: boniin.sb@gmail.com2
Professor-Orientador. Mestre em Bioquímica. Especialista em Farmácia clínica, Microbiologia de alimentos e Cleudson Bruno Viana – Gestão farmacêutica. Docente na Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas – E-mail: brunovianaf@hotmail.com3
Emanuel Vieira Pinto – Professor.. Mestre em Gestão Social. Docente na Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas – E-mail: emanoelvieira@hotmail.com4