APLICABILIDADE DOS BIOMATERIAIS UTILIZADOS NA IMPLANTODONTIA ATUAL: REVISÃO DE LITERATURA  

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10278369


Ana Beatriz Velasques1
Livia Lopes Bourguignon1
Luís Fernando de Almeida1
João Cossatis2


RESUMO  

Este artigo aborda a evolução e o estado atual dos enxertos ósseos e substitutos na prática odontológica, com ênfase na implantodontia. Inicialmente, destaca-se a história desses procedimentos desde o primeiro uso registrado em 1682 até os mais de 500.000 procedimentos anuais nos Estados Unidos, refletindo o crescimento constante na reparação de defeitos ósseos em diversas áreas médicas. Defeitos ósseos podem resultar de várias causas, como traumas, doenças periodontais, cranioplastias, infecções e câncer bucal. O osso, composto por hidroxiapatita e componentes orgânicos, possui notável capacidade de regeneração, mas em casos de grandes defeitos, a intervenção cirúrgica se torna necessária. O estudo destaca a importância do planejamento prévio à instalação de implantes, considerando a quantidade de osso disponível. Contudo, muitos pacientes apresentam limitações, como reabsorção óssea, tornando a inserção de implantes impraticável. Nesses casos, os enxertos ósseos tornam-se cruciais. Os enxertos ósseos são classificados como autógenos (do próprio paciente), alógenos (de indivíduos da mesma espécie), xenógenos (de espécie diferente) e aloplásticos (sintéticos). Os autógenos são considerados o padrão-ouro devido às suas propriedades osteogênicas e biocompatibilidade, mas enfrentam limitações, como morbidade no local de colheita. Os alógenos e xenógenos são alternativas, porém, suscitam controvérsias devido a diferenças ósseas e possíveis reações imunológicas. O artigo também explora biomateriais avançados, incluindo nanomateriais e impressão 3D, destacando a nanobiotecnologia como uma inovação promissora. Nanomateriais mostram melhorias nas funções celulares e têm sido utilizados para imitar características ósseas. A impressão 3D, combinada à engenharia de tecidos, visa criar estruturas 3D biomiméticas para promover o crescimento celular. O estudo enfatiza a importância da regeneração óssea rápida e da redução dos tempos de recuperação, especialmente devido ao envelhecimento global. Apesar dos avanços, desafios persistem, como garantir a durabilidade e biocompatibilidade a longo prazo dos biomateriais.Em conclusão, o artigo proporciona uma visão abrangente sobre o uso de enxertos ósseos na odontologia, destacando a diversidade de biomateriais e tecnologias avançadas. A pesquisa contínua nessa área é vital para superar desafios e aprimorar as opções de tratamento na implantodontia.

Palavras-chave: Biomateriais, Enxertos ósseos, Osseointegração, Implantes dentários, Substituto ósseo.

ABSTRACT

This article discusses the evolution and current state of bone grafts and substitutes in dental practice, with an emphasis on implant dentistry. It highlights the history of these procedures from the first recorded use in 1682 to over 500,000 annual procedures in the United States today, reflecting the ongoing growth in bone defect repair across various medical areas. Bone defects can result from various causes such as trauma, periodontal diseases, cranioplasties, infections, and oral cancer. While bone has remarkable regenerative capabilities, surgical intervention becomes necessary in cases of significant defects. The study underscores the importance of pre-implantation planning, considering the available bone quantity. However, many patients face limitations like bone resorption, making implant insertion impractical. In such cases, bone grafts become crucial, classified as autogenous (from the patient), allogeneic (from individuals of the same species), xenogeneic (from a different species), and alloplastic (synthetic). Autogenous grafts are considered the gold standard due to their osteogenic properties, but they have limitations like donor site morbidity. Allogeneic and xenogeneic options exist but raise controversies due to bone differences and potential immune reactions. The article also explores advanced biomaterials, including nanomaterials and 3D printing, highlighting nanobiotechnology as a promising innovation. Nanomaterials show improvements in cellular functions and are used to mimic bone characteristics. 3D printing, combined with tissue engineering, aims to create biomimetic 3D structures to promote cell growth. The study emphasizes the importance of rapid bone regeneration and reduced recovery times, especially given global aging. Despite advances, challenges persist, such as ensuring long-term durability and biocompatibility of biomaterials. In conclusion, the article provides a comprehensive overview of bone graft use in dentistry, emphasizing the diversity of biomaterials and advanced technologies. Ongoing research in this field is crucial for overcoming challenges and enhancing treatment options in implant dentistry.

Keywords: Biomaterials, Bone grafts, Osseointegration, Dental Implants, Bone Substitute.

INTRODUÇÃO

Enxertos ósseos e substitutos têm sido usados na área médica há séculos, com o primeiro uso de enxertos ósseos registrado em 1682, onde uma falha craniana foi restaurada com sucesso usando um enxerto ósseo craniano de um cão falecido.1 O uso de enxertos ósseos e substitutos na odontologia aumentou consideravelmente nos últimos anos devido aos avanços na implantodontia dentária e à crescente necessidade de reparo de defeitos ósseos craniofaciais. Os clínicos enfrentam um enorme desafio ao abordar a reparação de defeitos ósseos causados por doenças crônicas ou traumas. De acordo com as estatísticas feitas no ano de 2005, mais de 500.000 procedimentos de enxerto ósseo aconteceram anualmente nos Estados Unidos e foram realizados 2,2 milhões de procedimentos de enxerto ósseo em todo o mundo por ano, com um crescimento anual constante de 13% no número de procedimentos operatórios para reparação de defeitos ósseos em ortopedia, odontologia e neurocirurgia.2

Esses defeitos ósseos ou esqueléticos podem surgir devido a trauma, doença periodontal, excisão cirúrgica, cranioplastia, infecção ou malformações congênitas, e câncer bucal.3

O osso é um tecido mineralizado duro composto predominantemente por nanocristais de hidroxiapatita inorgânica (Ca10 (PO4)6 (OH)2) entremeados com vários componentes orgânicos, incluindo células, fibras de colágeno e várias outras moléculas da matriz extracelular,4 possui uma incrível habilidade de regeneração e reparação quando sofre lesões e nem sequer deixa cicatrizes; 5 entretanto, esse processo pode ser longo e traumático para o paciente, sendo necessária a intervenção do cirurgião-dentista (CD) com biomateriais que acelerem a osseointegração, isto é, diminuam o tempo para aposição óssea.6 Antes da colocação de um implante, é necessário que haja um bom planejamento e que se avalie a quantidade de osso presente para que possibilite a correta instalação do implante. Esse é um passo fundamental no planejamento do tratamento com implantes.7 Entretanto, nem sempre é encontrado um leito ósseo hospedeiro saudável, compatível e que permita estabilidade primária e consequentemente, a osseointegração. Muitos pacientes apresentam um tecido ósseo que já sofreu traumas, osteoporose ou ainda, o que é mais comum, apresenta graus variáveis de reabsorção óssea que resultam em um volume ósseo insuficiente para a instalação dos implantes.8 

Na eventualidade de insuficiência de altura e largura óssea, com base em critérios definidos por alguns autores como requisitos mínimos de 10 mm de altura e 1 mm de osso em cada lado do implante, a inserção do implante torna-se impraticável, podendo resultar em sérias inadequações estéticas após a conclusão da reabilitação protética.9-10   

Um enxerto ósseo é definido como um tecido vivo capaz de promover a cicatrização óssea, transplantado para uma falha óssea, seja sozinho ou em combinação com outros materiais.11-12 É necessário um entendimento fundamental dos processos físicos, químicos, biológicos e mecânicos que envolvem o uso de materiais de natureza biocompatível para desenvolver materiais substitutos de enxerto ósseo.3 Um substituto ósseo é um material natural ou sintético, muitas vezes contendo apenas uma matriz óssea mineralizada sem células viáveis, que é capaz de cumprir o mesmo propósito.1

O enxerto ósseo é possível porque o tecido ósseo tem a capacidade de se regenerar completamente se for fornecido o espaço no qual deve crescer. À medida que o osso natural cresce, geralmente substitui completamente o material do enxerto, resultando numa região totalmente integrada de osso novo.13

Como resultado do envelhecimento da população em países desenvolvidos e em desenvolvimento, há uma enorme demanda global por materiais de enxerto ósseo que levem a fusão óssea rápida e tempos de recuperação reduzidos.14

Na odontologia, é amplamente reconhecido que o osso autógeno, especialmente o enxerto de medula óssea, é considerado o material de enxerto mais eficaz devido às suas propriedades biológicas e à sua capacidade de evitar rejeição imunológica. No entanto, a utilização do osso autógeno nem sempre é viável devido a diversas variáveis, como a extensão da área que requer reparo. A pesquisa do material de implante ideal para substituição do enxerto autógeno ainda persiste como um dos maiores desafios da odontologia moderna.15 Devido aos aspectos negativos do enxerto autógeno, os implantes alógeno/homógeno (proveniente de indivíduo diferente, porém, da mesma espécie) e xenógeno (proveniente de espécie diferente) surgem com alternativas que viabilizam as reabilitações implantossuportadas em regiões comprometidos pela ausência de osso.16 Porém existem muitas controvérsias quanto a utilização de biomateriais para enxerto e reconstrução óssea.17 

Diante dessa abordagem, o propósito deste estudo consistiu em conduzir uma revisão abrangente da literatura, com o intuito de analisar o progresso dos tipos de enxertos amplamente utilizados na prática odontológica, com ênfase especial na área da Implantodontia.

MATERIAIS E MÉTODOS

Para a elaboração do presente artigo, foi conduzida uma pesquisa na literatura atual com base em publicações científicas, fazendo uso das palavras-chave: “dental implants” (Implantes dentários), “osseointegration” (Osseointegração), “biomaterials” (Biomateriais), “bone graft” (Enxerto ósseo), “bone substitute” (Substituto ósseo).

REVISÃO DE LITERATURA  

O volume ósseo insuficiente, em altura ou espessura, é o problema clínico mais comum na reabilitação com implantes dentários e corresponde a uma indicação clara de enxertos ósseos para aumento da disponibilidade óssea.18-19

Sendo assim, a possibilidade de enxertia óssea nos dias de hoje parece solucionar tais problemas já citados, com a insuficiência óssea em altura e espessura que possibilite a instalação dos implantes dentários.

Um enxerto ósseo pode ser considerado osteogênico se ele contiver células osteogênicas vivas. Isso ocorre apenas quando o osso autógeno for implantado imediatamente, ou quando um substituto for enriquecido com células ósseas autógenas cultivadas.

O osso é considerado um material osteocondutivo 20 quando sua estrutura puder servir como suporte para células que migram do hospedeiro e se diferenciar em células osteogênicas.  A formação de novo osso ocorrerá então dentro da estrutura de suporte. A osteocondução pode ser avaliada e medida experimentalmente. 21 Essa propriedade não é específica do osso, já que substitutos, como cerâmicas, possuem a mesma capacidade.

Um enxerto ósseo é osteoindutivo quando puder induzir a diferenciação de células mesenquimais em osteoblastos. Essa propriedade só é observada in vivo após o implante heterotópico do enxerto ósseo em um local não osteogênico, como um músculo.22 A menos que contenha um fator osteoindutivo preservado, nenhum material de enxerto ósseo pode ser considerado osteoindutivo.23 

A osteocondução é o processo pelo qual um enxerto age como uma estrutura de suporte, abrigando passivamente as células necessárias. A capacidade de fornecer um ambiente capaz de abrigar as células-tronco mesenquimais autóctones, osteoblastos e osteoclastos é essencial para a função do enxerto ósseo. 24

A osteoindução foi definida como o processo de recrutamento, proliferação e diferenciação de células-tronco mesenquimais do hospedeiro em condroblastos e osteoblastos. 24-25

Para que um enxerto ósseo possua a propriedade de osteogênese, ele deve conter células-tronco mesenquimais viáveis, osteoblastos e osteócitos.26 Os enxertos ósseos osteogênicos possuem todos os elementos celulares, fatores de crescimento e estruturas de suporte necessários para formar novo osso. O enxerto ósseo osteogênico mais amplamente utilizado é o osso autógeno, que é comumente colhido da crista ilíaca. Além disso, a decorticação realizada durante uma fusão espinhal é considerada um processo osteogênico, pois expõe o osso esponjoso rico em células osteogênicas. A aspiração de medula óssea em combinação com um enxerto de origem alógena também tem sido usada para fornecer osteogênese, limitando a morbidade da colheita de osso da crista ilíaca. 24,26

BIOMATERIAIS

Enxertos Autógenos 

Os autoenxertos são considerados o “padrão-ouro” entre os vários materiais de enxerto disponíveis devido às suas propriedades osteogênicas, mantendo células viáveis do doador para o local receptor, bem como características osteoindutivas, uma vez que uma variedade de fatores de crescimento contribui para a diferenciação das células-tronco mesenquimais em osteoblastos. O fato de eles compartilharem a mesma origem biológica com o organismo hospedeiro elimina o risco de reação imunológica – rejeição zero, alcançando uma taxa de sucesso superior a 95%.27-28

Os enxertos autógenos estão livres de riscos de transmissão de doenças e rejeição autoimune. Além disso, eles mantêm as propriedades de regeneração e remodelação do osso vivo do hospedeiro 29; no entanto, seu uso é limitado devido à morbidade no local de colheita, levando a várias complicações, incluindo infecção, hematoma/seroma, fratura, lesões nervosas e vasculares, dor crônica no local doador, hérnias, cicatrizes desagradáveis e quantidades restritas alcançáveis.30 

Entre os diferentes materiais de aumento ósseo disponíveis, apenas o osso autógeno combina características osteocondutivas, osteoindutivas e osteogênicas em comparação com os materiais de substituição óssea e materiais compostos.31 

Enxertos Alógenos

MacEwen realizou o primeiro transplante inter-humano em um caso de osteomielite em 1878, e Lexer relatou o uso de aloenxertos ósseos em 1908. A necessidade de armazenamento de ossos foi proclamada no início do século passado por Carrell em 1912, e Inclan, Cloward e Bush deram início à modernização dos bancos de ossos devido a melhorias técnicas na década de 1940.32

Os aloenxertos derivam de indivíduos da mesma espécie, mas de gêneros diferentes, sendo selecionados, processados e preservados em bancos de ossos, nos quais é realizada uma extensa triagem de doadores, incluindo histórico social e médico detalhado, bem como exames sorológicos. Eles têm origem em doadores vivos (geralmente substituição da cabeça femoral) ou em material ósseo de cadáveres, que é posteriormente processado para neutralizar a resposta imunológica e a transmissão de doenças infecciosas.33 

Um aloenxerto servirá principalmente como um espaçador que permite a osteocondução das células do hospedeiro em sua massa, resultando na incorporação progressiva do enxerto no osso do hospedeiro. A incorporação é uma série de eventos que levam à substituição gradual do osso enxertado pelo osso do hospedeiro por meio de um mecanismo de reabsorção osteoclástica seguido pela deposição de novo osso. 34 

O objetivo de usar um aloenxerto ósseo é iniciar uma resposta de cicatrização no leito hospedeiro que produzirá novo osso na interface entre o hospedeiro e o enxerto e dentro do corpo poroso do material do enxerto. Além das propriedades do próprio enxerto, a vascularização do leito e a estabilidade mecânica do enxerto são de vital importância. Para uma incorporação ótima do enxerto, o leito hospedeiro deve conter, ou já conter, células pré-osteogênicas ou osteogênicas suficientes, ou deve ser enriquecido por uma fonte dessas células, como um autoenxerto ou medula óssea autógena.35-37 

Enxertos Xenógenos 

Os xenógenos, ou enxertos heterólogos, derivam de outras espécies, comumente de fontes suínas e bovinas. A disponibilidade de xenógenos é teoricamente ilimitada quando processados corretamente para serem seguros para o hospedeiro, apesar do potencial de transmissão de zoonoses.38

Esses enxertos derivam de doadores de uma espécie diferente em relação ao receptor, geralmente possuem características osteocondutivas com potencial limitado de reabsorção e muitas vezes são combinados com fatores de crescimento ou enxertos ósseos de outra origem. Vários substitutos ósseos estão incluídos nesta categoria, capazes de serem produzidos em massa com um custo relativamente acessível. Entre as desvantagens, está o fato de que as características ósseas diferem em comparação com os humanos, enquanto o procedimento de processamento pode afetar suas propriedades físico-químicas, como no caso dos aloenxertos, além da possibilidade de transmissão de doenças e estimulação da imunogenicidade.39

Enxertos Aloplásticos 

Os enxertos ósseos sintéticos são classificados como biomateriais, substâncias projetadas para interagir com sistemas vivos e destinadas à substituição de tecidos, que podem ser classificados de acordo com sua composição em metais, cerâmicas, polímeros e compósitos.40 

A partir da década de 1980, pesquisas para o desenvolvimento de estruturas bioabsorvíveis com propriedades osteocondutivas, osteoindutivas e bioabsorvíveis avançaram. O desenvolvimento de uma estrutura bioabsorvível ideal tem sido um foco contínuo na cirurgia ortopédica.41

 Recentemente, um osso artificial, construído a partir de fosfato de cálcio e polímeros bioabsorvíveis, foi desenvolvido e aplicado na regeneração de osso e cartilagem.42-45 Uma nova forma de osso artificial poroso é composta principalmente de hidroxiapatita (HA) e -fosfato tricálcico (-TCP). Essas estruturas porosas são altamente biocompatíveis e apresentam boa osteocondutividade.46 Portanto, substitutos cerâmicos bioativos são uma opção adequada para preencher grandes defeitos ósseos. Uma variedade de substitutos cerâmicos sintéticos foi desenvolvida para preencher defeitos ósseos.2 Hidroxiapatita (Ca10(PO4)6(OH)2), beta-tricálcio fosfato (-TCP) (Ca3(PO4)2) e suas derivações e combinações são os materiais cerâmicos mais comumente usados em cirurgias ósseas.47 Anteriormente, relatamos que o -TCP é um agente adequado para preenchimento ósseo em aplicações clínicas.48-53 O (-TCP) demonstrou ter boa biocompatibilidade e osteocondutividade em experimentos com animais e configurações clínicas.51-52 Numerosos estudos básicos demonstraram que o-TCP permite uma boa osteocondução em vários animais, incluindo ossos humanos.48,51,55-56

Nanobiotecnologia 

Nanomateriais têm demonstrado melhorias nas funções das células ósseas em comparação com suas contrapartes de tamanho micrométrico e têm emergido como uma nova classe viável de materiais para reparo de fraturas ósseas. Isso ocorre porque os nanomateriais podem imitar precisamente as características hierárquicas e nanométricas dos ossos, e a introdução de nanopartículas magnéticas pode fornecer estímulos mecânicos conforme necessário ou oferecer funções únicas “inteligentes”. 57-58

Introduzir ‘nanomateriais inteligentes’, como nanopartículas magnéticas, que podem responder a campos magnéticos, em materiais de reparo ósseo representa uma abordagem inovadora para melhorar o desempenho de materiais para fraturas ósseas. O tecido ósseo necessita de estimulação mecânica dinâmica para a formação e manutenção de tecido funcional. No entanto, muitas abordagens terapêuticas para reparo de fraturas ósseas frequentemente carecem de estímulos mecânicos adequados. Campos magnéticos têm o potencial de induzir alterações nos processos fisiológicos e bioquímicos das células, influenciando o movimento de partículas carregadas, a permeabilidade do sistema de membranas e a orientação do momento magnético de macromoléculas biológicas.58 

Nos sistemas biológicos, a regeneração óssea requer o esforço coordenado de células e fatores de crescimento de maneira específica no tempo, concentração e local. Portanto, os materiais ideais para o reparo de fraturas ósseas não devem apenas permitir a infiltração celular inicial e a subsequente integração com o tecido nativo, mas também devem estimular a vascularização e a formação de novo osso. Ao mimetizar as características em escala nanométrica dos ossos e/ou oferecer propriedades únicas, os nanomateriais demonstraram melhorias nas funções das células ósseas em comparação com suas contrapartes microestruturadas e, mais emocionante ainda, levaram a novos avanços. Para citar alguns exemplos, os nanomateriais resultaram na imobilização precisa de fatores de crescimento a nível molecular, na promoção da vascularização simplesmente mimetizando componentes da matriz extracelular (por exemplo, heparina) e na recarga de agentes terapêuticos em nanomateriais após o implante. Além disso, os nanomateriais podem levar a um melhor tratamento de doenças intracelulares (por exemplo, infecções ósseas intracelulares) ao oferecer propriedades únicas, como a entrega direcionada de medicamentos para um compartimento intracelular específico,59 e os andaimes de nanofibras produzidos por eletrofiação podem oferecer uma melhor regeneração de tecidos ao mimetizar as características únicas da matriz extracelular nativa.60   

 Além disso, a nanobiotecnologia tem apoiado não apenas a relação química entre a nano-HA e a nano--TCP, mas também o fato de que a estrutura nanométrica pode auxiliar no processo de ossificação. Os pós têm propriedades físico-químicas e biológicas específicas que, devido às suas dimensões nanométricas, grande área de superfície, grande compatibilidade interfacial e capacidade de interagir com as células, promovem adesão, migração, proliferação e distinção celular.61-62 Partículas nanométricas de hidroxiapatita e -fosfato tricálcico, podem também ser chamadas de “Blue Bone”.63 Consequentemente, devido a todas essas características, outros biomateriais foram desenvolvidos misturando nano-HA e nano (-TCP) em diferentes proporções, com o objetivo de fornecer vantagens dos biomateriais processados por nanotecnologia em relação à HA convencional, seja sintética ou xenogênica, em relação aos processos de osteocondução e osteoindução.64

Impressão 3D

Esses avanços no campo da odontologia impulsionaram inovações mais recentes na combinação de engenharia de tecidos, regeneração e substituição em conjunto com impressão 3D. A biomimética, no campo da engenharia de tecidos, é frequentemente usada para projetar e desenvolver estruturas 3D ou andaimes que podem auxiliar no crescimento e desenvolvimento de células vivas. O design dessas estruturas imita a estrutura e função dos tecidos dentários naturais e pode ser usado para reparar tecidos danificados ou doentes na cavidade oral. Além disso, a impressão 3D ou manufatura aditiva adiciona outra camada a esse conceito, com a capacidade de controlar todos os aspectos da fase de design para garantir a fabricação precisa do andaime complexo ou estrutura 3D em um nível micron. Um requisito fundamental para um andaime funcional é um ambiente ou matriz 3D que imita uma matriz extracelular (ECM) para as células serem semeadas. Isso permite um meio para a funcionalidade, crescimento e montagem celular.65 

Atualmente, um dos principais focos se deslocou para aproveitar as vantagens de biomateriais biomiméticos atípicos produzidos em 3D para imitar a função do ligamento periodontal (LP) no periodonto, por meio de engenharia de tecidos, regeneração e substituição. O LP é composto por um grupo de tecidos fibrosos que conectam os dentes ao osso circundante na mandíbula. Esses tecidos desempenham um papel fundamental na manutenção da estabilidade da dentição natural e na garantia de seu funcionamento adequado. No entanto, com a prevalência atual de infecções na cavidade oral, como periodontite na dentição natural e peri-implantite em implantes dentários, muitos estudos recentes têm elucidado possíveis soluções preventivas para reverter ou reduzir os efeitos tanto da periodontite quanto da peri-implantite, utilizando diferentes biomateriais biomiméticos com o propósito de engenharia, regeneração ou substituição do LP. 66-67

Biomateriais biomiméticos, como o nome sugere, são biomateriais que imitam os tecidos do corpo anatomicamente e fisiologicamente para gerar um efeito semelhante ao dos tecidos nativos. Numerosos materiais que imitam os constituintes do periodonto, em particular o osso, estão sendo usados para a regeneração do periodonto. Devido à sua favorável atividade biológica e biocompatibilidade, o HA é comumente usado como um suporte em ossos artificiais.68

DISCUSSÃO 

De acordo com o estudo feito por Elsalanty, M.E, David, G.G., enxertos ósseos autógenos continuam sendo o padrão ouro para a reconstrução cirúrgica de defeitos ósseos. Vários problemas ainda limitam a ampla utilização de tais opções, incluindo requisitos regulatórios, custos elevados, falta de estudos humanos randomizados controlados, resultados de longo prazo incertos, bem como limitações específicas de métodos.12

O trabalho de Delloye, C et al. definiu que um resultado bem-sucedido com aloenxerto depende da interação entre três partes. O cirurgião precisa definir sua necessidade, preparar o leito receptor e manipular e fixar o enxerto. O banco de tecidos seleciona e examina o doador. Em seguida, prepara e escolhe o osso de acordo com o uso pretendido. O paciente deve estar em condições adequadas para permitir a cicatrização bem-sucedida do enxerto e deve seguir o tratamento pós-operatório prescrito.30

Song et al. concluíram que uma combinação de HA sintética e TCP em proporções diferentes (razões) poderia levar à substituição rápida do osso recém-formado fornecido pelo TCP , com uma absorção lenta de hidroxiapatita, para manter o volume da área enxertada.69

Yin et al. concluíram que a incorporação de nanopartículas de prata em materiais odontológicos pode aprimorar as que características mecânicas e propriedades antibacterianas desses materiais. Embora o mecanismo dos efeitos antibacterianos das nanopartículas de prata ainda não seja completamente compreendido, muitos pesquisadores acreditam que essas nanopartículas podem liberar continuamente íons de prata para eliminar microrganismos.71

Wang et al. concluíram também que estudos futuros devem se concentrar no desenvolvimento de nanomateriais que não apenas mimetizem as características nano do osso, mas também estimulem a vascularização ou o crescimento ósseo, estabelecendo modelos in vitro e in vivo que poderiam ser potencialmente utilizados e comparados entre uma variedade de nanomateriais, investigando a toxicidade desses materiais e estabelecendo protocolos padrão para testes de nanotoxicidade de biomateriais.72

No estudo de Kwan et al. foi possível explorar as propriedades da biomimética para melhorar o reparo de tecidos e ossos e regeneração no periodonto, servindo assim como uma medida terapêutica promissora. Embora exija experimentação e ensaios clínicos substanciais, outras aplicações dos MAPs nas áreas de implantodontia permanecem dinâmicos.73

O estudo de Elsalanty, M.E. e David, G.G. destaca que, embora os enxertos ósseos autógenos sejam considerados o padrão ouro para a reconstrução cirúrgica de defeitos ósseos, sua ampla utilização é limitada por desafios como requisitos regulatórios, custos elevados e falta de estudos humanos randomizados controlados, resultando em incertezas nos resultados de longo prazo e limitações específicas de métodos. 66

Delloye, C. et al. enfatizam a importância da interação entre o cirurgião, o banco de tecidos e o paciente para um resultado bem-sucedido com aloenxerto. O papel do cirurgião na definição da necessidade, preparação do leito receptor e manipulação do enxerto é crucial, assim como a seleção cuidadosa e preparação do osso pelo banco de tecidos. A condição adequada do paciente e a adesão ao tratamento pós-operatório são fundamentais para a cicatrização bem-sucedida do enxerto. 69

Song et al. propõem que a combinação de hidroxiapatita sintética (HA) e β-TCP em proporções específicas pode facilitar a rápida substituição do posso recém-formado pelo β-TCP, com absorção lenta de hidroxiapatita para manter o volume da área enxertada. 69

Yin et al. indicam que a incorporação de nanopartículas de prata em materiais odontológicos pode melhorar as propriedades mecânicas e antibacterianas desses materiais. Embora o mecanismo exato dos efeitos antibacterianos das nanopartículas de prata não seja totalmente compreendido, a liberação contínua de íons de prata é considerada um possível mecanismo. 

Wang et al. sugerem que estudos futuros devem se concentrar no desenvolvimento de nanomateriais que não apenas imitem as características nano do osso, mas também estimulem a vascularização ou o crescimento ósseo. A necessidade de estabelecer modelos in vitro e in vivo, investigar a toxicidade desses materiais e estabelecer protocolos padrão para testes de nanotoxicidade de biomateriais é destacada. 60

Kwan et al. exploram as propriedades da biomimética para aprimorar o reparo de tecidos e ossos, especialmente no periodonto, oferecendo uma medida terapêutica promissora. Apesar de exigir experimentação e ensaios clínicos substanciais, as aplicações das Proteínas Adesivas de Mexilhão (MAPs) nas áreas de implantodontia continuam a evoluir dinamicamente. 73  

CONCLUSÃO

Em conclusão, este estudo abrangente destaca a importância dos enxertos ósseos na prática odontológica, com ênfase especial na área da Implantodontia. A insuficiência de volume ósseo é um desafio comum na reabilitação com implantes dentários, e os enxertos autógenos permanecem o “padrão-ouro” devido às suas propriedades osteogênicas e osteoindutivas. No entanto, limitações, como morbidade no local doador, custos elevados e incertezas nos resultados de longo prazo, impulsionam a busca por alternativas, incluindo enxertos alógenos, xenógenos, aloplásticos e avanços em nanobiotecnologia.

A combinação de hidroxiapatita sintética (HA) e β-fosfato tricálcico (β-TCP) emerge como uma opção promissora, proporcionando rápida substituição do osso recémformado pelo β-TCP, com absorção lenta de HA para manter o volume enxertado. Além disso, o campo da impressão 3D oferece inovações, permitindo a criação precisa de andaimes complexos para regeneração tecidual.

Embora os enxertos ósseos autógenos ainda se destaquem, é vital explorar e aprimorar alternativas, considerando os desafios associados. Estudos futuros podem se concentrar no desenvolvimento de nanomateriais, aprimorando a vascularização e o crescimento ósseo, enquanto a biomimética e a engenharia de tecidos prometem avanços na regeneração periodontal.

Em meio a essas possibilidades, a escolha do material de enxerto deve ser personalizada, considerando as necessidades específicas do paciente, viabilidade clínica e objetivos de tratamento. À medida que a odontologia avança, a busca por materiais ideais para reparo de defeitos ósseos continua, visando aprimorar a qualidade de vida dos pacientes e a eficácia dos procedimentos implantodônticos.

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Nós, os autores deste trabalho, não recebemos apoio financeiro para pesquisa dado por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Nós, ou os membros de nossas famílias, não recebemos honorários de consultoria ou fomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não possuímos ações ou investimentos em organizações que também possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não recebemos honorários de apresentações vindos de organizações que com fins lucrativos possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não estamos empregados pela entidade comercial que patrocinou o estudo e não possuímos patentes ou royalties, nem trabalhamos como testemunha especializada, ou realizamos atividades para uma entidade com interesse financeiro nesta área.

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Instituição afiliada – ¹UNIGRANRIO – Universidade do Grande rio Afya.

Autor correspondente ² Professor Titular Unigranrio, Doutor em Pesquisa Clínica em Doenças Infecciosas – INI FIOCRUZ. Mestre em Periodontia UERJ e especialista em Implantodontia joao.cossatis@unigranrio.edu.br