AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO RIO PARDO PRÓXIMO A CIDADE DE CÂNDIDO SALES-BA

EVALUATION OF THE MICROBIOLOGICAL QUALITY OF THE RIO PARDO NEAR THE CITY OF CÂNDIDO SALES-BA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10263182


Águila Victoria Barbosa do Vale¹;
Ana Carolina Pessoa Moreira Menezes².


RESUMO

Tendo sua nascente na cidade de Rio Pardo de Minas- MG, a bacia hidrográfica do Rio Pardo banha vários municípios baianos até sua foz em Canavieiras. O crescimento populacional nos arredores do rio vem aumentando gradativamente e tendo em vista que a poluição e destruição do mesmo vem ocorrendo. Entendendo a importância da água para os seres vivos, é de fundamental importância realizar análises da água para identificar possíveis patógenos que trariam problemas de saúde a população. A presente pesquisa buscou por meio de análises de dados microbiológicos da água verificar o nível de contaminação do Rio, teve como principal objetivo quantificar bactérias coliformes totais e Escherichia coli do Rio Pardo, avaliando assim a qualidade da água como contaminada nos meses de janeiro, fevereiro, março e abril.

Palavras chave: Análises da água. Qualidade da água. Coliformes totais. Bacia hidrográfica. Poluição

ABSTRACT

Having its source in the city of Rio Pardo de Minas – MG, the Rio Pardo hydrographic basin bathes several municipalities in Bahia until its mouth in Canavieiras. Population growth in the vicinity of the river has been increasing gradually, considering that pollution and destruction of the river has been occurring. Understanding the importance of water for living beings, it is of fundamental importance to carry out water analyzes to identify possible pathogens that could cause health problems for the population. The present research sought, through analysis of microbiological data from the water, to verify the level of contamination of the River, its main objective was to quantify total coliform bacteria and Escherichia coli of the Rio Pardo, thus evaluating the quality of the water as contaminated in the months of January, February, March and April.

Keywords: Water analyses. Water quality. Total coliforms. Hydrographic basin. Pollution

1 INTRODUÇÃO

Todo organismo vivo do planeta terra depende da água como principal suprimento para sobrevivência, todas as reações fisiológicas e o uso da mesma para manutenção tais como: consumos, lazer, irrigação, limpeza, produção de energia. Atividades urbanas e industriais aumentaram a cada ano, levando a má utilização dos recursos hídricos para o descarte inadequado de materiais, trazendo prejuízos a vida marinha e aos seres humanos. (ALMEIDA, SOUSA,2019)

O planeta terra é composto por cerca de 70% de água, sendo apenas 3%, água doce, desses apenas 0,6% é própria para o consumo. Sendo a água potável escassa, é ainda mais necessário a preservação e conscientização pela conservação dos recursos hídricos. (MENEZES, MACHADO, NASCIMENTO,2011)

Segundo o CONAMA (2005) a saúde e bem-estar do ser humano não deve ser afetado pela qualidade da água, considerando a importância de se desenvolver técnicas para o monitoramento e avaliação, tendo em vista a segurança das águas para pessoas que fazem o uso para o consumo e lazer.

Muito se fala sobre a importância e cuidados com o meio ambiente, mas pouco se discute sobre educação ambiental, trazendo assim graves consequências. O lançamento de esgotos e lixos nos rios podem ocasionar um crescimento de microrganismos patogênicos, afetando a saúde da população que faz o uso dessa água sem o tratamento adequado. (KUSS, CASTRO,2016)

Nos últimos anos os rios veem sofrendo com a degradação e poluição. A destruição da mata nos arredores e o crescimento populacional, afeta diretamente os recursos hídricos, levando assim a uma baixa qualidade na água. (FERNANDES et al., 2019)

Bactérias pertencentes ao grupo dos coliformes fecais e Escherichia coli podem ser abundantes nas fezes de animais ou seres humanos, sendo encontradas muitas vezes em águas naturais, solo, esgoto, entre outros. (CONAMA,2000)

No ano de 2001 o CRA-Centro de Recursos Ambientais, realizou uma pesquisa sobre a qualidade da água do Rio Pardo e o resultado foi dentro do esperado, os índices de coliformes fecais estavam dentro do parâmetro. (LETTIÈRE,2012)

Nas enchentes dos anos de 2021 e 2022 o rio pardo sofreu várias alterações tanto no seu curso quando em degradação. Considerando a precariedade do saneamento básico, realizar o monitoramento de um rio é fundamental para o esclarecimento de algumas doenças acometidas na cidade nos últimos anos, já que o mesmo é utilizado para lazer e diversas outras atividades. São necessárias análises para avaliar e diagnosticar a situação atual do rio.

Atento sobre questões de saúde pública, o presente trabalho busca quantificar Coliformes totais e Escherichia coli no Rio Pardo, identificando assim a qualidade da água bruta e se ela é própria para o lazer e consumo.

2 METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa exploratória com dados fornecidos pela Empresa Baiana De Águas e Saneamento (EMBASA), onde mediante um ofício foram solicitados os dados das análises microbiológicas que a empresa faz todos os meses das águas do Rio Pardo.

As coletas das amostras são feitas no Rio Pardo, Rua Rio Pardo km 01, próximo ao Sítio Florestal Jacarandá. Conta-se com uma pequena barragem feita por moradores da cidade para facilitar a captação de água. As coletas foram realizadas entre 7:55h e 9:04h da manhã. A água coletada não passa por nenhum método de tratamento antes da análise, e é denominada por água bruta.

Tendo como principal método de inclusão o local onde a EMBASA já realiza as análises, onde é realizada a coleta de água para o abastecimento da cidade de Cândido Sales-BA e muito utilizado para o lazer. Tendo também em critério os quatro primeiros meses, sendo eles: janeiro, fevereiro, março e abril.

O Rio Pardo possui cerca 565 km de extensão, tendo sua nascente na cidade de Rio Pardo de Minas-MG e sua foz no município de Canavieiras-BA. Sua bacia possui cerca de 32,905 km.

Figura 1. imagem aérea do ponto de coleta no Rio Pardo

Fonte: Google earth (2023)

Figura 2: foto do local de coleta do Rio Pardo

Fonte: dados do autor,2023

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Por meio da avaliação de dados disponibilizados pela EMBASA, pôde ser observada a presença de coliformes totais e Escherichia coli em quatro analises, a tabela 1 mostra os resultados encontrados dos meses de janeiro, fevereiro, março e abril.

Tabela 1. Analises dos meses de janeiro, fevereiro, março e abril.

NMP- número mais provável
Fonte: embasa, (Adaptado)

Os números de coliformes totais foram maiores nos meses de janeiro e abril, havendo presença de Escherichia coli em todas as análises, mesmo apresentando baixa quantidade de colonias não altera a contaminação, que se da apenas por conter bactéria nas águas. Segundo a Portaria 888/2021, a água potável deve estar dentro do padrão de potabilidade e qualidade, não oferecendo riscos a saúde. Desta forma, para ser considerada água potável para o consumo é preciso que ela não possua presença de Escherichia coli e coliformes totais, como ilustrado na tabela 2 do ministério da saúde.

Tabela 2: Parâmetros Microbiológicos de potabilidade da água para consumo humano.

(1) Valor máximo permitido, (2) água para consumo em qualquer situação (nascentes, minas, poços, entre outras)
Fonte: BRASIL 2021, (adaptado).

Considerando que o local de coleta é muito frequentado por indivíduos que procuram lazer e diversão utilizando as águas, com maior frequência aos finais de semana. Pode-se realizar a comparação das águas destinadas à balneabilidade segundo o CONAMA 274/2000 (Tabela 3), os valores de coliformes foram acima da média satisfatória, sendo considerada imprópria por ultrapassar os parâmetros de superior a 1000 NMP, e os valores de Escherichia coli são avaliados como excelentes por não ultrapassando o máximo de 200 NMP em todos os meses da pesquisa. Mesmo com os valores de Escherichia coli baixos, podendo considerar as águas como contaminadas, por se manter com os valores NMP para coliformes acima da média permitida para lazer em 100% das amostras.

Tabela 3: Parâmetro de Escherichia coli e coliformes na água destinadas à balneabilidade

Fonte: CONAMA 274/2000 (adaptado)

A PORTARIA N.º 2.914, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2011, é de competência municipal e estadual promover e acompanhar as águas, informando e garantindo a qualidade delas. Em situações de surto, investigar por meio de análises, microbiológicas, parasitológicas e virais, quais os agentes, gênero, espécies, para assim conseguir realizar o tratamento adequado para a população.

Coliformes totais são bactérias da família Enterobactéaceas, podendo ser aeróbios ou anaeróbios facultativo, podem ser encontradas na microbiota humana, animal e no solo. Tendo como principal parâmetro de qualidade a Escherichia coli, sua presença indica contaminação fecal, afetando a qualidade de vida de ribeirinho que utilizam as águas para consumo, agricultura familiar ou até mesmo lazer. (MAIA,2021). CALEGARi et al. (2015) reforça que as principais fontes de contaminação são os descartes e esgotos sanitários irregulares despejados às margens dos rios.

Em um estudo realizado por FERNADES, et al. (2015) no Rio Jaguaripe, Ceará, as amostras foram coletas em período chuvoso e seco, apresentou uma taxa muito elevada de coliformes totais e Escherichia coli, com valores iguais ou superiores a 2500 NMP, sendo ela contaminada. Em um estudo semelhante de MORELLI, ALMEIDA e TURECK (2008) no Rio Lageado Acelo, em Cascavel, Paraná, o valor de coliformes totais foram de 75 NMP, mesmo com números relativamente baixos considera- se as águas do rio improprias para o consumo.

De maneira similar, CALEGARI et al. (2015) realizou três análises do Rio Lonqueador, que mostrou resultados menores de 23 NMP para coliformes totais em todos os pontos, em dois pontos apresentou presença de E. coli e um ponto com ausência de E. coli. Concluindo que o Rio esta relativamente conservado, mas precisa ser monitorado periodicamente.  

No Rio Arroio Pessegueirinho BATISTA e FUCKS (2012) foi observado o crescimento de Escherichia coli na nascente do rio, por ser um local de difícil acesso para população o crescimento foi cerca de três vezes menor que no decorrer do Rio. Mostrando assim que os indicadores biológicos são a melhor forma para se verificar a qualidade de um rio e quais os seus contaminantes qualitativamente e quantitativamente. (VASCONCELLOS, IGANCI E RIBEIRO,2006)

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presença de coliforme totais e Escherichia coli nas análises dos quatro meses, descarta a possibilidade da utilização das águas do rio pardo para consumo e balneabilidade, considerando a água como contaminada, de modo geral, ribeirinho e banhistas que fizerem a utilização e ingestão do mesmo, há grandes chances de se contaminar com essas bactérias, trazendo assim riscos a saúde.

Recomenda-se que o município procure formas para minimizar os níveis de contaminação do Rio, para que a saúde da população não seja afetada. Neste viés a realização de educação ambiental é de grande importância para conscientizar a população dos riscos ao realizar descartes de lixo e esgoto inadequados em rios.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Wadson Rodrigo Ferreira de; SOUZA, Flavio, Mendes de. Análise Físico-Química da Qualidade da Água do Rio Pardo no Município de Cândido Sales – BA. Id on Line Rev.Mult. Psic., 2019, vol.13, n.43, p. 353-378. ISSN: 1981-1179.

BATISTA. Bruna Gerardon; FUCKS Mateus Batista. AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA DO ARROIO PESSEGUEIRINHO DE SANTA

ROSA, NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. 2012. v. (9), nº 9, p. 2031 – 2037, Monografias ambientais, REMOA/UFSM. IESA, Goias.2012.

BRASIL. Ministério da Saúde. PORTARIA GM/MS Nº 888, DE 4 DE MAIO DE 2021. Publicado em: 07/05/2021; Edição: 85; Seção: 1; Página: 127.Disponível: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-gm/ms-n-888-de-4-de-maiode-2021-318461562. Acesso: 28 nov. 2023.

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BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução CONAMA – Conselho nacional do meio ambiente nº 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação doscorpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem comoestabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outrasprovidências. Diário Oficial da União –18/03/2005.

CALEGARI, Rubens Perez; BOFFE, Panthy Michelle; PILOTO, Cynthia de Azevedo; TESSARO, Dinéia. Caracterização da água da microbacia do Rio Lonqueador avaliada por parâmetros físicos, químicos e microbiológicos. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, [s. l.], ano 2015, v. 19, ed. n. 2, p. 1284-1291. Santa Maria. 2015.

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. 2000. resolução CONAMA 274/2000. Brasil. Disponível em: https://cetesb.sp.gov.br/aguas-interiores/wp-content/uploads/sites/12/2018/01/RESOLU%C3%87%C3%83O-CONAMA-n%C2%BA-274-de-29-de-novembro-de-2000.pdf. Acesso em: 23 nov. 23.

FERNANDES. Jaiane de Freitas; CAVALCANTE. Francisco Lucas Pacheco; PEREIRA. Áquila Priscila Diógenes; RODRIGUES. Luesley do Carmo; FILHO. João Garcia Alves; JUNIOR. Francisco Holanda Nunes. Análise da qualidade da água do rio Jaguaribe, em um trecho situado no município de Jaguaribe, Ceará, Brasil. n. 2, p. 215-226 Semina: Ciências Biológicas e da Saúde, Londrina. 2019.

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LETTIÈRE, Roberto. Cândido Sales a terra e a Gente. 1a ed. São Paulo: SP, 2012.

MAIA, TAISE QUEIROZ. QUALIDADE MICROBIOLÓGICA E PARASITOLÓGICA DA ÁGUA DO RIO PARAGUAÇU NAS COMUNIDADES RIBEIRINHAS DOS MUNICÍPIOS SITUADOS NO RECÔNCAVO DA BAHIA. 2021. Monografia (Bacharelado em Biomedicina) – Centro Universitário Maria Milza, Governador Mangabeira, 2021.

MENEZES. José Carlos; MACHADO. Cristyano Ayres; NASCIMENTO. Robério Oliveira. Uma análise científica da água. V colóquio internacional “educação e contemporaneidade”, ISSN 1982-3657, São Cristóvão, 2011.

MORELLI. Maurício Maycon; ALMEIDA. Milene Miranda; TURECK. Sara Virgínia Zanato. Análise Microbiológica da Água do Rio Lageado Acelo, Cascavel, Paraná, Brasil. v. 6, n. supl. 1, p. 57-58, Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, 2008

VASCONCELLOS.F.C. da S.; IGANCU. J.R.V.; RIBEIRO. G.A. Qualidade microbiológica da água do Rio São Lourenço, São Lourenço do Sul, Rio Grande do Sul. 2006. V.73, n.2 p. 177-181, arq. Inst. Biol. São Paulo,2006.


¹Discente do curso de Farmácia da Uninassau de Vitória da Conquista, e-mail: victoriabarbosaaguila@gmail.com
²Professora Orientadora do Uninassau de Vitória da Conquista, e-mail: Carolpessoa25@gmail.com