AÇÃO DA COENZIMA Q10 NO ORGANISMO E SEUS BENEFÍCIOS PARA SAÚDE

ACTION OF COENZYME Q10 IN THE BODY AND ITS HEALTH BENEFITS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10260281


Rayssa Nascimento Melo Martins Passos1
Dra. Anne Cristine Gomes de Almeida2
Ellery Barreto Costa3


Introdução: A coenzima Q10 (CoQ10), também denominada ubiquinona, é uma molécula lipofílica que desempenha inúmeras funções no organismo humano, seu nome origina-se de sua estrutura química constituída de um anel de benzoquinona com uma cadeia lateral formada por 10 unidades de isopreno. 

Objetivo Geral: analisar através da literatura científica, a atuação da Coenzima Q10 no organismo humano, bem como seus benefícios. 

Metodologia: Trata-se de um estudo relacionado à ação da coenzima Q10 no organismo e seus benefícios para a saúde. O estudo iniciou como uma revisão sistemática elaborada segundo o modelo PRISMA (preferred reporting items for systematic reviews and meta analyses). Foram analisados artigos com estudos publicados entre as seguintes datas de 2013 a 2023, abrangendo um período de 10 anos. 

Resultados e Discussão: Após a análise dos artigos, restaram 15 estudos para construção desse estudo. Ficou evidenciado que a Coenzima Ubiquinona é uma molécula lipofílica que exerce inúmeras funções no corpo humano, estando suas características fisiológicas ligadas ao intestino delgado, onde a sua absorção ocorre pela  característica lipofílica, sendo lenta e reduzida, servindo assim como um antioxidante que atua na prevenção dos danos oxidativos causados pelos radicais livre. É imprescindível ressaltar que a coenzima CoQ10 está presente em uma gama de alimentos, tais quais carnes (81,9 mg), aves (1,2 mg), peixes (1,5 mg) e oleaginosas (1,2 mg), quantidade presente em cada 100g de cada alimento, o que, somado à suplementação, fornece quantidades ideais para suprir a recomendação diária. A dose de 500mg/dia influencia diretamente na queda do estresse oxidativo, não sendo referenciado uma quantidade no estudo, no entanto sendo citado pelo autor a influência direta na elevação da atividade das enzimas antioxidantes em pacientes com Esclerose Múltipla.

Considerações Finais: Ficou evidenciado através desse estudo que a Coenzima Q10 trás diversos benefícios ao organismo humano, estando presente não só através de suplementos, mas também de alimentos como carnes, aves, peixes e oleaginosas, as quais através da sua ingestão fornecem quantidades ideais para suprir a recomendação diária.

Palavras-chave: Saúde. Ubiquinona. Mecanismo de ação.

ABSTRACT

Introduction: Coenzyme Q10 (CoQ10), also called ubiquinone, is a lipophilic molecule that performs numerous functions on the human body. Its name originates from its chemical structure consisting of a benzoquinone ring with a side chain formed by 10 isoprene units .

General Objective: to analyze, through scientific literature, the role of Coenzyme Q10 in the human body, as well as its benefits.

Methodology: This is a study related to the action of coenzyme Q10 on the body and its health benefits. The study began as a systematic review prepared according to the PRISMA model (preferred reporting items for systematic reviews and meta analyses). Articles with studies published between the following dates of 2013 to 2023 were analyzed, covering a period of 10 years.

Results and Discussion: After analyzing the articles, 15 studies remained for the construction of this study. It was evident that Coenzyme Ubiquinone is a lipophilic molecule that performs numerous functions in the human body, with its physiological characteristics linked to the small intestine, where its absorption occurs due to its lipophilic characteristic, in a slow and reduced form, thus serving as an antioxidant that acts to prevent oxidative damage caused by free radicals. It is essential to highlight that the coenzyme CoQ10 is present in a range of foods, such as meat (81.9 mg), poultry (1.2 mg), fish (1.5 mg) and oilseeds (1.2 mg), amount present in every 100g of each food, which, added to supplementation, provides ideal amounts to meet the daily recommendation. The dose of 500mg/day directly influences the reduction of oxidative stress, with no reference being made in the study, however the author mentions a direct influence on the increase in the activity of antioxidant enzymes in patients with Multiple Sclerosis.

Final Considerations: It was evident through this study that Coenzyme Q10 brings several benefits to the human body, being present not only through supplements, but also in foods such as meat, poultry, fish and oilseeds, which through their intake provide ideal amounts for meet the daily recommendation.

Keywords: Health. Ubiquinone. Mechanism of action.

INTRODUÇÃO

A coenzima Q10 (CoQ10), também denominada ubiquinona, é uma molécula lipofílica que desempenha inúmeras funções no organismo humano, seu nome origina-se de sua estrutura química constituída de um anel de benzoquinona com uma cadeia lateral formada por 10 unidades de isopreno. Está presente nas membranas celulares e é possível encontrá-la no formato de ubiquinol (reduzida), semi ubiquinona (radical intermediário) e ubiquinona (oxidada) (RAIZNER, 2019).

A coenzima Q10 (ubiquinona ou CoQ10) é uma benzoquinona com alto poder antioxidante, essencial no processo de produção energética mitocondrial e tem se mostrado eficaz no combate aos radicais livres, bem como na prevenção de doenças, incluindo doenças cardiovasculares, neuromusculares degenerativas, câncer e diabetes (SILVA et al., 2021). A distribuição e captação, após a ingestão oral, dependem de suas características bioquímicas. Esta é ingerida na sua forma oxidada, sendo depois convertida pelos eritrócitos, à sua forma reduzida. Em seguida, é incorporada nos quilomícrons para ser transportada, sendo captada pelo fígado, onde é incorporada em Lipoproteína de Baixa Densidade (LDL), as quais transportam 58% de CoQ10, diferentemente das Lipoproteínas de Alta Densidade (HDL) que transportam apenas 26%. Estes autores também observaram que o primeiro pico da concentração máxima ocorria, frequentemente, após 6-8h da administração oral de formulações solúveis (PARSI et al., 2018).

A CoQ10 é absorvida lentamente no intestino delgado devido às suas propriedades lipofílicas, tornando-a melhor absorvida na forma de ubiquinol.Esse composto está concentrado em diversas áreas, principalmente baço, glândulas supra-renais, pulmões, rins e miocárdio, e tem meia-vida plasmática de 34 horas.A CoQ10 é absorvida de forma lenta no intestino delgado, isso acontece devido a sua caraterística lipofílica, apresentando melhor absorção quando na sua forma Ubiquinol. Este composto é depois concentrado em diferentes locais, especificamente no baço, nas glândulas supras-renais, pulmões, rins e no miocárdio, apresentando um tempo de meia-vida, em nível plasmático, de 34h (PASTOR-MALDONADO et al., 2020).

Dessa forma, esse estudo justifica-se devido a necessidade de conhecer acerca desse componente de ação orgânica tão importante, compreender sua ação, e fatores adjacentes como profissionais que estão diretamente ligados a essa linha de conhecimento. Nesse sentido, nota-se que a Coenzima Q10 é de alta relevância para o organismo humano, sendo importante levantar dados que demonstrem sua ação, benefícios e importância no auxílio de tratamento de diversas patologias. 

O objetivo geral desse estudo é analisar através da literatura científica, a atuação da Coenzima Q10 no organismo humano, bem como seus benefícios. Sendo os objetivos específicos: conhecer os mecanismos de ação da Coenzima Ubiquinona no organismo humano; identificar a quantidade de Coenzima Ubiquinona presente nas fontes alimentares; evidenciar os benefícios da coenzima Q10 ponderando sua faixa de dosagem. 

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo relacionado à ação da coenzima Q10 no organismo e seus benefícios para a saúde. O estudo iniciou como uma revisão sistemática elaborada segundo o modelo PRISMA (preferred reporting items for systematic reviews and meta analyses). Foram analisados artigos com estudos publicados entre as seguintes datas de 2013 a 2023, abrangendo um período de 10 anos.

Para realização desta revisão sistemática foram utilizadas as bases de dados PUBMED e Scielo. O cruzamento foi realizado no idioma português brasileiro e inglês. Para buscas em português foram usadas as seguintes palavras-chaves: “saúde”, “Ubiquinona”, “mecanismo de ação”, “health”, “Ubiquinone”, “mechanism of action” . Ambas separadas pelo operador boleano “and”.

Os artigos foram selecionados, inicialmente com base em seus títulos, resumos e conteúdo que atendiam ao período proposto para esta revisão. Todos os artigos escolhidos estão disponíveis online e em texto completo.

Foram incluídos estudos publicados dentro do período de tempo proposto, realizado com a Coenzima Q10; e estudos publicados no idioma português brasileiro e inglês.

Foram exclusos estudos com ano anterior ao proposto, realizados com outras enzimas/coenzimas; estudos em outro idioma diferente de português brasileiro e inglês; artigos de opinião, monografias e trabalhos de conclusão de curso.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A estratégia de pesquisa seguiu o fluxograma de seleção de estudos do PRISMA (Figura 1). Após a realização da pesquisa foram encontrados nas bases de dados 268 estudos, sendo 116 do banco de dados Scielo e 152 da PUBMED, sendo ainda incluído 1 artigo da Revista Brasileira de Oftalmologia, totalizando assim 269 estudos levando em consideração as palavras-chaves mencionadas. Após a análise dos títulos foram excluídos 36 estudos por duplicação, restando 233. Contudo após análise 177 foram excluídos por estarem fora do tema e dos objetivos do trabalho. Restando 56 artigos para aplicação dos critérios de elegibilidade, dos quais 28 foram excluídos por estarem em outros idiomas e também 13 por se tratarem de Artigos de opinião, Teses e Dissertações, resultando em 15 artigos para análise e confecção de uma tabela com o resumo das principais características relacionadas ao tipo de estudo, métodos, objetivos e conclusões. Todas essas informações se encontram na Tabela 1.

Figura 1. Fluxograma da revisão sistemática no modelo PRISMA.

 Fonte: Autores.

Tabela 1. Resumo dos principais artigos avaliados para esta revisão sistemática.

AUTORES/ ANOTÍTULOTIPO DE ESTUDOOBJETIVORESULTADOS
Braga, M.Z.; et al. 2022.O uso das estatinas – redução da produção de coq10 importância da suplementação para minimizar efeitos colaterais.Revisão de literatura.Revisar artigos que correlacionaram a diminuição  da coenzima Q10  no organismo, em decorrência do  uso de estatinas e quais os eventuais benefícios da suplementação sobre a redução dos efeitos colaterais.Os níveis da Coenzima Q10 decrescem com a senilidade. As estatinas bloqueiam não só a produção endógena de colesterol no fígado como também (de forma secundária) a síntese de coenzima Q10, o que explica a queda observada nos níveis deste antioxidante endógeno.
Silva JS, Oliveira TFS, Oliveira MBM, et al. 2021.Importância da suplementação com coenzima Q10 no combate aos radicais livres obtidos na atividade física de alta intensidade: uma revisão de literaturaRevisão da literatura.Identificar a relação da suplementação da CoQ10 após intensa atividade física de diferentes modalidades esportivas.Esse estudo demonstrou que a CoQ10 é uma substância produzida pelo nosso organismo, podendo também ser adquirida de fontes exógenas. Na sua forma reduzida, ela é um poderoso antioxidante que previne danos oxidativos causados pelos radicais livre.
Zaqui ME, El-Bassyouni HT, Tosson AMS, et al. 2017.Coenzyme Q10 and pro-inflammatory markers in children with Down syndrome: clinical and biochemical aspects.Estudo prospectivo.Avaliar a coenzima Q10 e marcadores pró-inflamatórios selecionados, como interleucina 6 e o fator de necrose tumoral α, em crianças com a síndrome de Down.Os níveis de interleucina 6 e o fator de necrose tumoral α em crianças mais novas com síndrome de Down podem ser usados como biomarcadores, refletem o processo neurodegenerativo neles. A coenzima Q10 pode ter um papel como bom suplemento em crianças com síndrome de Down para melhorar os sintomas neurológicos.
Silva FBS, Medeiros HCD, Guelfi M, et al. 2015.Efeito da coenzima q10 nos danos oxidativos induzidos pela l-tiroxina no músculo sóleo de ratos.Estudo experimental.Avaliar o efeito protetor da coenzima Q10 no músculo sóleo de ratos frente aos danos oxidativos provocados pela L-tiroxina.Esse estudo evidenciou que a coenzima Q10 protegeu o músculo sóleo dos danos provocados pela L-tiroxina e favoreceu a manutenção da atividade das enzimas antioxidantes glutationa redutase e glutationa peroxidase, da concentração de glutationa reduzida e oxidada, além de evitar a lipoperoxidação.
Aydoğan F, Aydın E, Taştan E, et al. 2013.Is there any effect of coenzyme Q10 on prevention of myringosclerosis? Experimental study with rats.Estudo experimental.Investigar o possível efeito preventivo da CoQ10 sobre o desenvolvimento de meringosclerose na Membrana timpanica de ratos submetidos a miringotomia avaliados por otomicroscopia e histopatologia.A CoQ10 age como um antioxidante, apoiando a regeneração de outros antioxidantes, influenciando a estabilidade, fluidez e permeabilidade das membranas, estimulando o crescimento celular e inibindo a apoptose celular.
Moura EKS, Silva ECO, Fidelix MSP, et al. 2023.Suplementação nutricional da coenzima q 10: dose terapeutica, custo e beneficio.Revisão bibliográfica.Fazer uma revisão bibliográfica descrevendo ensaios clínicos em que a coenzima Q10 é um possível elemento importante no tratamento de diferentes patologias.É imprescindível ressaltar que a coenzima CoQ10 está presente em uma gama de alimentos, tais quais carnes (81,9 mg), aves (1,2 mg), peixes (1,5 mg) e oleaginosas (1,2 mg), quantidade presente em cada 100g de cada alimento, o que, somado à suplementação, fornece quantidades ideais para suprir a recomendação diária. 
Usama, M.A.; et al. 2019.O status antioxidante da coenzima Q10 e da vitamina Eem crianças com diabetes tipo 1.Estudo de caso-controle.Avaliar o estado antioxidante da vitamina plasmáticaE e coenzima intracelular Q10 em crianças com diabetes tipo 1.O estudo cita que pequenas quantidades de coenzima Q10 são encontradas em ovos (150mg), cereais (2 mg), grãos e sementes como amendoim, nozes, grão de soja, pistache e feijão azuki (60-490mg). Quantidade a cada 100g.
Iihan A, Yolcu U, Oztas E, et al. 2018.Therapeutic effects of proanthocyanidin and coenzyme Q10 on nitrogen mustard-induced ocular injury.Estudo experimental.Avaliar os efeitos da proantocianidina (PAC) e da coenzima Q10 (CoQ10) na lesão ocular induzida por mostarda de nitrogenio.Limitadas quantidades da coenzima Q10 podem ser encontradas em frutas como laranja (15,1mg), morango (1,7 mg) e abacate (7,2 mg). 
Taylor, C. R.; et al. 2018.Potential role of coenzyme Q10 in health and disease conditions.Estudo descritivo, explorativo de abordagem documental.Analisar o papel da  coenzima Q10 em condições de saúde e doença.Pesquisa mostrou resultados relacionados a  regulação da capacidade antioxidante. O estudo destaca que produtos lácteos (31mg) e vegetais como brocolis (701 mg) possuem pequenas quantidades de Coenzima Q10.
Ortiz-Estrada CH, Díaz- Díaz CY, Cruz-Olivares J, 2015.Coenzyme Q10 microparticles formation with supercritical carbon dioxide.Estudo experiemental. Conhecer a formação de microparticulas da coenzima Q10 com supercrítico dióxido de carbono.Alimentos como bife bovino (3100 mg), peito de frango (1400 mg) e carne de porco (2200) são ricos em coenzima Q10.
Cavalcante, M.C.B.; et al. 2022.Relação dos antioxidantes no tratamento nutricional da fibromialgia.Estudo exploratório descritivo.Identificar a literatura a relação que os antioxidantes exercem sobre o tratamento nutricional da fibromialgia.Em relação a suplementação alimentar a coenzima Q10 e o ômega 3 se apresentaram como suplementos benéficos no processo de melhoria dos sintomas, principalmente em mulheres de 20 a 55 anos.
Silva, S.S.A.; 2021.Uso de estatinas e suplementação com coenzima Q10. Estudo descritivo, narrativo.Realizar uma síntese crítica da literatura sobre o uso de estatinas e coenzima Q10 e seus desfechos clínicos.Observou que os benefícios do uso de estatinas em idosos em idade avançada os desfechos são incertos, a combinação de exercícios físicos com estatinas, corrobora com os desfechos clínicos positivos, como melhora nas dores musculares, fadiga, fraqueza e cãimbras.
Alimohammadi, M.; et al. 2021.Effects of coenzyme Q10 supplementation on inflammation, angiogenesis, and oxidative stress in breast cancer patients: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled- trials.Metanálise de ensaios clínicos. Avaliar a eficácia da suplementação de CoQ10 nos níveis de marcadores inflamatórios, parâmetros de OS e metaloproteinases de matriz/inibidor tecidual de metaloproteinases (MMPs/TIMPs) em pacientes com câncer de mama.No geral, os resultados mostraram que a suplementação de CoQ10 reduziu alguns dos marcadores importantes de inflamação e MMPs em pacientes com câncer da mama, mas nenhuma diferença significativa foi observada entre a suplementação de CoQ10 e o grupo controle com TNF-α .
Jacobs, M.A.P.; et al. 2020.Coenzima Q10: Aplicações clínicasRevisão biboliográficaO presente artigo propõe sobre a aplicabilidade clínica da CoQ10, considerando os benefícios e possibilidades de utilização desta coenzima e diversos tratamentos de doenças e síndromes.A suplementação oral de CoQ10 se mostrou eficiente na maioria dos pacientes. Ela funciona como uma estratégia anti-oxidante em doenças cardiovasculares, como insuficiência cardíaca crônica e hipertensão arterial sistêmica, distúrbios neurodegenerativos, diabetes e câncer, dentre outras desordens, sendo recomendado seu uso em pacientes idosos.
Sanoobar M.; et al. 2013.Coenzyme Q10 supplementation reduces oxidative stress and increases antioxidant enzyme activity in patients with relapsing-remitting multiple sclerosis.Estudo randomizado, duplo cego controlado.O objetivo deste estudo é investigar o efeito da suplementação de coenzima Q10 (CoQ10) no estresse oxidativo e na atividade de enzimas antioxidantes em pacientes com Esclerose Multipla.O presente estudo sugere que os suplementos de CoQ10 na dose de 500 mg/dia podem diminuir o estresse oxidativo e aumentar a atividade das enzimas antioxidantes em pacientes com EM remitente-recorrente, 

Fonte: autoria própria, 2023.

Os mecanismos de ação da Coenzima Ubiquinona no organismo humano

A Coenzima Ubiquinona é uma molécula lipofílica que exerce inúmeras funções no corpo humano, estando suas características fisiológicas ligadas ao intestino delgado, onde a sua absorção ocorre devido a sua característica lipofílica, de forma lenta e reduzida, servindo assim como um antioxidante que atua na prevenção dos danos oxidativos causados pelos radicais livre (BRAGA et al., 2022).

De acordo com Silva et al. (2021), em um estudo relacionado a relação da suplementação da CoQ10 após atividade física de diferentes modalidades esportivas intensivamente, ficou evidenciado que esta substância é produzida pelo organismo humano podendo ainda, ser adquirida através de fontes exógenas. Essa substância apresenta potente ação antioxidante e representa um componente-chave da cadeia respiratória mitocondrial, gerando energia para a execução de esportes de alta performance.

Foi observado por Silva et al. (2015), através de um estudo experimental que visou avaliar o efeito protetor da coenzima Q10 no músculo sóleo de ratos frente aos danos oxidativos provocados pela L-tiroxina, que a Coenzima atuou diretamente na proteção do músculo sóleo dos danos provocados pela L-tiroxina e favoreceu a manutenção da atividade das enzimas antioxidantes glutationa redutase e glutationa peroxidase, da concentração de glutationa reduzida e oxidada, além de evitar a lipoperoxidação.

Por fim, foi evidenciado por Aydoğan et al. (2013), através de um estudo associado ao possível efeito preventivo da CoQ10 sobre o desenvolvimento de meringosclerose na Membrana timpânica de ratos submetidos a miringotomia avaliados por otomicroscopia e histopatologia, que a CoQ10 atua como um antioxidante, apoiando a regeneração de outros antioxidantes, influenciando a estabilidade, fluidez e permeabilidade das membranas, estimulando o crescimento celular e inibindo a apoptose celular.

A quantidade de Coenzima Ubiquinona presente nas fontes alimentares

A partir dos estudos selecionados nota-se que a Coenzima Q10 é produzida pelo próprio organismo, no entanto também pode ser adquirida através de fontes exógenas. No que se refere a essas fontes que podem ser adquiridas, é evidenciado que podem ser encontradas em alimentos como carnes, aves, peixes e oleaginosas (MOURA et al., 2023).

Na no estudo de caso controle desenvolvido por Usama et al. (2019), é evidenciado que pequenas quantidades de coenzima Q10 são encontradas em ovos (cerca de 150mg a cada 100g), cereais (cerca de 2 mg a cada 100g), grãos e sementes como amendoim, nozes, grão de soja, pistache e feijão azuki (60-49mg cada 100g). 

Já no estudo desenvolvido por Iihan et al. (2018), na modalidade experimental, acerca dos efeitos da proantocianidina (PAC) e da coenzima Q10 (CoQ10) na lesão ocular induzida por mostarda de nitrogênio, foi destacado que limitadas quantidades da coenzima Q10 podem ser encontradas em frutas como laranja (15,1mg), morango (1,7 mg) e abacate (7,2 mg).

De acordo com Taylor et al. (2018), na modalidade descritiva, exploratória e de abordagem documental, acerca do papel da coenzima Q10 em condições de saúde e doença, ficou evidenciado que esta trás resultados benéficos a saúde do indivíduo, sendo ainda destacada que que produtos lácteos (31mg a cada 100g) e vegetais como brócolis (701 mg a cada 100g) possuem pequenas quantidades de Coenzima Q10.

Por fim, é citado por Ortiz-Estrada et al. (2015), acerca da a formação de micropartículas da coenzima Q10 com supercrítico dióxido de carbono, que alimentos como bife bovino (3100 mg a cada 100g), peito de frango (1400 mg a cada 100g) e carne de porco (2200mg a cada 100g) são ricos em coenzima Q10

Os benefícios da coenzima Q10 ponderando sua faixa de dosagem

São inúmeros os benefícios da Coenzima Q10, sendo perceptíveis através do estudo realizado por Cavalcante et al. (2022), o qual observou a relação que os antioxidantes exercem sobre o tratamento nutricional da fibromialgia, sendo destacado que quando associado ao ômega 3 apresentam melhora nas sintomatologias relacionadas à doença.

É destacado por Silva (2021), através de um estudo descritivo e narrativo acerca do uso de estatinas e coenzima Q10 e seus desfechos clínicos, observou-se que dentre os pacientes estudados, os níveis da Coenzima Q10 decrescem com a senilidade de forma gradual. As estatinas bloqueiam não só a produção endógena de colesterol no fígado como também (de forma secundária) a síntese de coenzima Q10, o que explica a queda observada nos níveis deste antioxidante endógeno.

É demonstrado que com o envelhecimento há uma diminuição na produção endógena de coenzima Q10, esse déficit também está associado a presença de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, distrofia muscular, câncer, diabetes mellitus tipo 2 e diversas outras patologias crônicas não transmissíveis, todavia, inúmeras vezes, apenas a ingestão alimentar não é suficiente para restabelecer as deficiências fisiológicas ou patológicas, fazendo-se necessário a suplementação nutricional (ACOSTA et al., 2016).

Segundo Ali Mohammadi et al. (2021), que desenvolveu um estudo de metanálise de ensaios clínicos, ficou evidenciado que a quantidade de 100mg diários influencia diretamente na redução dos marcadores de inflamação em pacientes com câncer de mama.No geral, os resultados mostraram que a suplementação de CoQ10 reduziu alguns dos marcadores importantes de inflamação e MMPs em pacientes com câncer da mama, mas nenhuma diferença significativa foi observada entre a suplementação de CoQ10 e o grupo controle com TNF-α .

De acordo com Jacobs et al. (2020), em um estudo relacionado a aplicabilidade clínica da CoQ10, considerando os benefícios e possibilidades de utilização desta coenzima e diversos tratamentos de doenças e síndromes, evidenciou-se que a suplementação oral de CoQ10 se mostrou eficiente na maioria dos pacientes (cerca de 57%), mostrando-se benéfica em doenças cardiovasculares, como insuficiência cardíaca crônica e hipertensão arterial sistêmica, distúrbios neurodegenerativos, diabetes e câncer, dentre outras desordens.

Em um estudo prospectivo, acerca da coenzima Q10 e marcadores pró-inflamatórios selecionados, como interleucina 6 e o fator de necrose tumoral α, em crianças com a síndrome de Down, ficou evidenciado que a medida de interleucina 6 e o fator de necrose tumoral α em crianças com síndrome de Down podem ser utilizadas como biomarcadores, refletindo no processo neurodegenerativo. Essa coenzima pode representar um suplemento que leva a melhora das sintomatologias neurológicas em crianças com síndrome de Down (ZAQUI et al., 2017).

Por fim, Sanoobar et al. (2013), através de um estudo randomizado de caso controle, evidenciou que a dose de 500mg/dia influencia diretamente na diminuição do estresse oxidativo, não sendo referenciado uma quantidade no estudo, no entanto sendo citado pelo autor a influência direta na elevação da atividade das enzimas antioxidantes em pacientes com Esclerose Múltipla.

A absorção de CoQ10 de fontes exógenas é regida pela presença de alimentos e bebidas, ocorrendo mais diretamente no intestino delgado. As formas farmacêuticas inseridas no mercado são comprimidos mastigáveis e cápsulas com pó ou suspensão oleosa internamente. Conforme Orlando et al. (2020) a eficácia da suplementação com esta coenzima na prevenção ao dano muscular instigado por exercícios físicos e treinamento está muito  relacionada ao seu modo operante antioxidante, consequentemente a uma queda do risco de lesão muscular nos atletas. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ficou evidenciado através desse estudo que a Coenzima Q10 traz diversos benefícios ao organismo humano, estando presente não só através de suplementos, mas também de alimentos como carnes, aves, peixes  e oleaginosas, as quais através da sua ingestão fornecem quantidades ideais para suprir a recomendação diária. 

Por fim, vale frisar a necessidade de realização e implementação de mais estudos científicos acerca da Coenzima Q10,  evidenciando sua importância para o organismo de sua ingestão diária.

REFERÊNCIAS

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Aydoğan, F.; et al. Is there any effect of coenzyme Q10 on prevention of myringosclerosis? Experimental study with rats. Braz J Otorhinolaryngol. 2013 May-Jun;79(3):293-7. 2013.

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Cavalcante, M.C.B.; et al. Relação dos antioxidantes no tratamento nutricional da fibromialgia. Repositório institucional UNIMAM, v.5, n.8, 2022.

Iihan A, et al. Therapeutic effects of proanthocyanidin and coenzyme Q10 on nitrogen mustard-induced ocular injury. Arq Bras Oftalmol. 81(3):226-31 2018.

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1 Acadêmica de Farmácia. Centro universitário FAMETRO Endereço: Av. Constantino Nery, 3204 – Chapada, Manaus -AM, 69050-000 Email: HYPERLINK “mailto:Rayssapassosam21@gmail.com” Rayssapassosam21@gmail.com
2 Professor Colaborador – Professor Especialista do Centro Universitário FAMETRO Endereço: Av. Constantino Nery, 3204 – Chapada, Manaus- AM, 69050-000 Email: HYPERLINK “mailto:Ellery.costa@fametro.edu.br” Ellery.costa@fametro.edu.br
3 Coorientador – Professora Doutora Centro Universitário FAMETRO Endereço: Av. Constantino Nery, 3204 – Chapada, Manaus- AM, 69050-000 Email: anne.almeida@fametro.edu.br