HÁBITOS DE EXPOSIÇÃO E PROTEÇÃO SOLAR DE MÉDICOS PROFESSORES DE UM CURSO DE MEDICINA EM JOÃO PESSOA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10257841


Marcela Rangel Meira da Costa
Ylka Virginia Ribeiro Gomes


RESUMO

O sol é um agente ambiental que tem grande importância no desenvolvimento de doenças da pele como o câncer cutâneo e outras fotodermatoses, nesse contexto, a fotoproteção tem um papel essencial. Entre os fatores de risco que contribuem para a gênese das lesões de pele, fatores genéticos, história familiar de câncer da pele e radiação ultravioleta (UV) já estão bem definidos. Felizmente, o câncer de pele pode ser controlado através da prevenção primária e secundária. Diante disso, é importante conhecer os hábitos que influenciam a proteção e a exposição das pessoas aos raios solares, bem como reconhecer a necessidade de fotoproteção como uma realidade incontestável. Muitos profissionais da saúde podem estar envolvidos na missão de conscientização da população sobre os efeitos nocivos das radiações ultravioletas sobre o tecido cutâneo, dentre eles os médicos, sobretudo os professores, já que são multiplicadores do saber. Como formadores de opinião, a depender de seus hábitos e atitudes, podem ser capazes de incentivar a introdução de hábitos saudáveis na comunidade funcionando como uma ferramenta valiosa de prevenção. Considerando a importância e papel destes educadores, este estudo teve como objetivo conhecer os hábitos de exposição e proteção solar nesta categoria profissional. Trata-se de um estudo descritivo, transversal, com aplicação de questionário online desenvolvido pelas pesquisadoras, que foi realizado com médicos professores de um curso de Medicina em João Pessoa com o fim de avaliar seus hábitos de exposição e proteção solar. Foi considerada população de professores médicos de 84, admitindo-se margem de erro de 5% e 95% de confiança, resultando em uma amostra de 70, tendo sido obtidas 61 respostas. O processamento, armazenamento e análise dos dados foram realizados no Microsoft Excel. A estatística descritiva foi realizada através de medidas de distribuição, frequências absolutas e relativas, além de gráficos com melhores ajustes para as variáveis estudadas. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário de João Pessoa. Todos os participantes concordaram com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme as recomendações da Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde/MS. A amostra foi composta por 61 médicos professores (31 mulheres e 30 homens), na faixa etária média entre 31 a 49 anos (68%), brancos (75%), clínicos (50,8%), com renda mensal de mais de 10 salários mínimos (79%). 39% afirmaram usar protetor solar diariamente, 34% quando vão à praia e 18% às vezes. As medidas comportamentais de proteção mais usadas foram óculos escuros (90%), boné/viseira ou chapéu (72%) e guarda sol (62%). 96% utilizam produtos com FPS 30 ou maior. 53% se expõem entre 10 e 16 horas, e 35% antes das 10 horas e/ou após as 16 horas. Detectou-se casos de câncer de pele na família (39%) e queimadura solar prévia (75%). Neste grupo, identificou-se exposição solar sem a devida proteção além de fotoproteção diária inadequada. É mister aprimorar as medidas preventivas da população, sobretudo nos grupos formadores de opinião na comunidade.

Palavras-chaves: Neoplasias cutâneas. Protetores solares. Profissional de saúde.

ABSTRACT

The sun is an environmental agent that has great importance in the development of skin diseases such as skin cancer and other photodermatoses, in this context, photoprotection has an essential role. Among the risk factors that contribute to the genesis of skin lesions, genetic factors, family history of skin cancer and ultraviolet radiation (UV) are already well defined. Fortunately, skin cancer can be controlled through primary and secondary prevention. Therefore, it is important to know the habits that influence people’s protection and exposure to sunlight, as well as recognizing the need for photoprotection as an indisputable reality. Many health professionals can be involved in the population’s awareness mission about the harmful effects of ultraviolet radiation on the skin tissue, among them doctors, especially teachers, since they are multipliers of knowledge. As opinion leaders, depending on their habits and attitudes, they may be able to encourage the introduction of healthy habits in the community, functioning as a valuable prevention tool. Considering the importance and role of these educators, this study aimed to know the habits of exposure and sun protection in this professional category. This is a descriptive, cross-sectional study, with the application of an online questionnaire developed by the researchers, which was carried out with medical professors from the Medicine course in João Pessoa in order to assess their exposure and sun protection habits. A population of 84 medical professors was considered, with a margin of error of 5% and 95% of confidence, resulting in a sample of 70, 61 responses were obtained. Data processing, storage and analysis were performed using Microsoft Excel. Descriptive statistics were performed using distribution measures, absolute and relative frequencies, in addition to graphs with better adjustments for the variables studied. The research was approved by the Research Ethics Committee of the Centro Universitário de João Pessoa. All participants agreed to the Free and Informed Consent Term, according to the recommendations in Resolution No. 466, of December 12, 2012, of the National Health Council. The sample consisted of 61 medical teachers (31 women and 30 men), in the average age group between 31 to 49 years (68%), white (75%), clinicians (50.8%), with monthly income of more than 10 minimum wages (79%). 39% said they use sunscreen daily, 34% when they go to the beach and 18% sometimes. The most used behavioral protective measures were sunglasses (90%), cap / visor or hat (72%) and parasol (62%). 96% use products with SPF 30 or higher. 53% are exposed between 10 am and 4 pm, and 35% before 10 am and / or after 4 pm. Cases of skin cancer in the family (39%) and previous sunburn (75%) were detected. In this group, sun exposure without proper protection was identified, in addition to inadequate daily photoprotection. It is necessary to improve the preventive measures in this opinion-forming professional category in the community.

Keywords: Skin neoplasms. Sunscreens. Healthcare professional.

1 INTRODUÇÃO

O sol é um agente ambiental que tem grande importância no desenvolvimento de doenças da pele como o câncer cutâneo e outras fotodermatoses, nesse contexto, a fotoproteção tem um papel essencial. Esta pode ser entendida como um conjunto de ações direcionadas a diminuir a exposição direta ao sol com o intuito de prevenir danos agudos e crônicos à pele (SCHALKA, 2014).

A exposição aguda gera alterações na epiderme, pigmentação excessiva, desencadeamento de processos inflamatórios, aumento da temperatura da pele, eritemas, espessamento da camada espinhosa, ulcerações, pigmentação e supressão da imunidade adquirida. Essas alterações interferem no papel protetor da pele, acarretando com o tempo, efeitos crônicos, como a fotocarcinogênese e o fotoenvelhecimento da pele (SANTOS, et al., 2013).

A maior incidência de tumores de pele é do tipo não melanoma, pelo fato do tecido epidérmico estar em constante renovação celular (SANTOS, et al., 2013). Segundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer (2019), no Brasil, o número de casos novos de câncer de pele não melanoma esperados, para cada ano do triênio 2020-2022, será de 83.770 em homens e de 93.160 em mulheres, correspondendo a um risco estimado de 80,12 casos novos a cada 100 mil homens e 86,65 casos novos a cada 100 mil mulheres. Quanto ao câncer de pele melanoma, o número de casos novos estimados será de 4.200 em homens e de 4.250 em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 4,03 casos novos a cada 100 mil homens e 3,94 para cada 100 mil mulheres.

Entre os fatores de risco que contribuem para a gênese das lesões de pele, fatores genéticos, história familiar de câncer da pele e radiação ultravioleta (UV) já estão bem definidos. Os raios UV, além de facilitar mutações gênicas, exercem efeito supressor no sistema imune cutâneo (LOPES; SOUSA; LIBERA, 2017).

Em face da grande abrangência da questão, o câncer de pele pode ser considerado como um problema de saúde pública, que, felizmente, pode ser controlado através da prevenção primária e secundária. O câncer da pele não melanoma é mais frequente em pessoas de pele mais clara e sensível ao sol, mas isso não invalida o risco naquelas de pele negra (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA, 2006).

Diante disso, é importante conhecer os hábitos que influenciam a proteção e a exposição das pessoas aos raios solares, bem como reconhecer a necessidade de fotoproteção como uma realidade incontestável tanto para prevenção de agressões agudas à pele quanto para os danos crônicos. Tendo como agravante o fato de que para as agressões crônicas o único fator de risco modificável é a exposição solar.

Muitos profissionais da saúde podem estar envolvidos na missão de conscientização da população sobre os efeitos nocivos das radiações ultravioletas sobre o tecido cutâneo, dentre eles os médicos, sobretudo os professores, já que são multiplicadores do saber. Como formadores de opinião, a depender de seus hábitos e atitudes, podem ser capazes de incentivar a introdução de hábitos saudáveis na comunidade funcionando como uma ferramenta valiosa de prevenção. Por isso, considerando a importância e papel destes educadores, este estudo tem como objetivo conhecer os hábitos de exposição e proteção solar nesta categoria profissional.

As mudanças sociais e demográficas que vêm ocorrendo ao longo de nossa história parecem ter impacto no surgimento de doenças crônico-degenerativas como as neoplasias, e a radiação solar é um grande fator de risco para as referidas morbidades (SILVA et al., 2010). Partindo do princípio de que a exposição à  radiação solar é um fator de risco modificável, podemos, com o conhecimento correto, usufruir do Sol da melhor forma possível, pois, como explicam Lopes, Sousa e Libera (2017):

O uso de vestimentas próprias e protetores UV conferem maior proteção a RUV, contudo, a falta de informação e a prolongada exposição ocupacional, estão diretamente ligadas ao desenvolvimento do câncer de pele não melanoma. A fotoedução aprendida desde a infância e a mudança dos hábitos de vida, podem reduzir a incidência deste câncer, que ainda configura um problema de saúde pública e que necessita de mais investimentos dos órgãos governamentais, como novas políticas públicas voltadas para a conscientização, educação e prevenção.

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) na tentativa de informar a população, além de realizar campanhas preventivas anuais sobre câncer de pele, lançou em 2013 o Consenso Brasileiro de Fotoproteção, o qual tenta tornar mais claro para médicos e para a população o conjunto de medidas indicadas para proteção da pele contra os efeitos danosos do Sol.

No entanto, pouco se fala a respeito da prevalência destas neoplasias entre a população de médicos e de um modo geral há escassez de informações sobre a saúde e hábitos de vida desta classe específica, sendo necessários mais estudos relacionados a este tema (BARBOSA et al., 2007).

Devido a sobrecarga de trabalho e desafios da vida diária, muitos médicos estão sob efeitos de má qualidade de vida que culminam em comportamentos pouco saudáveis e dificuldade no cuidado pessoal com a saúde em geral e também a cutânea. (BARBOSA et al., 2007).

Levando em conta a importância e papel destes profissionais na foto educação da comunidade, ressalta-se a importância de um estudo mais  aprofundado a respeito dos hábitos de exposição solar e foto proteção da referida categoria, por se tratar de grupo formador de opinião, bem como um estudo que corrobora a ideia da necessidade de foto proteção na diminuição da incidência de neoplasias cutâneas.

Como sabemos, o Sol é essencial para a vida na Terra, possuindo efeitos benéficos que se relacionam diretamente com a saúde do ser humano. Dentre o amplo e complexo conjunto dos efeitos favoráveis da luz solar sobre a pele humana sobressai à ação antirraquítica, decorrente da síntese epidérmica da vitamina D3 (colecalciferol), a qual proporciona suporte à vida, equilíbrio orgânico e psíquico, além da terapêutica de dermatoses (RODRIGO, 2011).

Como já mencionado, as ações danosas da radiação solar sobre a pele classificam-se como agudas e crônicas. O principal efeito agudo é a bem conhecida queimadura solar. Por sua vez, o fotoenvelhecimento cutâneo é a consequência mais frequente e direta oriunda dos efeitos crônicos da radiação solar. Para efeito de neoplasia cutânea, apresenta maior relevância as exposições crônicas, sobretudo as que ocorreram com queimaduras, as quais possivelmente potencializam o efeito imunossupressor cutâneo da radiação ultravioleta. Importante ressaltar que o efeito cumulativo da agressão solar, com consequências posteriores, é mais representativo no caso do melanoma maligno (RODRIGO, 2011).

Faz-se importante compreender que a radiação luminosa que chega à superfície do nosso planeta é basicamente constituída por luz visível, radiação ultravioleta e radiação infravermelha, a radiação com menor comprimento de onda é a ultravioleta, seguida da luz visível e depois a infravermelha. Quanto menor o comprimento de onda, menor a profundidade de penetração através das camadas da pele (RODRIGO, 2011).

Dessa forma, cada comprimento de onda da radiação luminosa penetra diferentemente na pele e interage com as células localizadas nas diferentes camadas, causando danos em seus ácidos desoxirribonucleicos (DNAs), o que, em indivíduos predispostos e expostos ao sol, facilita a carcinogênese (SANTOS et al., 2013). São as radiações ultravioletas B e A que exercem os efeitos biológicos mais pronunciados sobre a pele humana, pois são as que chegam até nós pouco filtradas pela camada de ozônio atmosférico (RODRIGO, 2011).

É importante salientar que o processo degenerativo da pele é algo natural e esperado e está associado ao envelhecimento natural, é um processo intrínseco da pele que pode variar de uma pessoa para a outra devido à genética, hormônios e stress oxidativo. No entanto, como explica Magalhães (2016), existem os denominados fatores extrínsecos, os quais podem acelerar esses processos, dentre eles, destacam-se a exposição solar, consumo excessivo de álcool e tabaco, poluição ambiental, aumento corporal, entre outros.

No caso da exposição solar, que é o foco deste estudo, vale salientar que é a radiação UVB que apresenta menor comprimento de onda e maior energia que a radiação UVA, que interage diretamente com o DNA, gerando mutações que estão associadas com o aparecimento do carcinoma de células basais e o carcinoma de células escamosas (CARVALHO, 2014). Existem enzimas específicas, como a DNA polimerase I e DNA liga-se que participam de um sistema eficaz de reparo do DNA; entretanto, conforme esclarece Balogh (2011), o excesso de exposição solar pode tornar a reparação menos eficiente.

A radiação UVA em geral está mais associada aos efeitos do envelhecimento precoce da pele. Esta possui um comprimento de onda maior e energia menor, o  que favorece sua penetração através da derme, afetando negativamente a elasticidade natural da pele e piorando fotodermatoses como o lúpus eritematoso, além de provocar redução das células de Langerhans, responsáveis pela imunovigilância cutânea, e aumento na quantidade de células inflamatórias presentes na derme (BALOGH, 2011).

Como já visto, o câncer de pele pode ser do tipo melanoma e não melanoma, este último pode ainda ser classificado de acordo com a camada da pele onde a neoplasia se desenvolve, sendo o carcinoma basocelular o que surge nas células basais, localizadas na camada mais profunda da epiderme e o carcinoma espinocelular tem origem nas células escamosas, as quais constituem a maior parte das camadas superiores da pele (SBD, 2017). Nascimento, Santos e Aguiar (2014) explicam que o não melanoma é o tipo de câncer de pele de maior ocorrência, porém, o de menor mortalidade, quando diagnosticado a tempo, possui um índice de cura de 95%. Já o do tipo melanoma surge nos melanócitos, células onde há produção de melanina e apesar de ser o de menor frequência, é o de pior prognóstico, mas a probabilidade de cura é de mais de 90%, quando há detecção precoce (SBD, 2017). Além disso, o câncer de pele não melanoma está mais relacionado à exposição crônica da radiação ultravioleta, e o melanoma, a exposições agudas, intermitentes (GONTIJO; PUGLIESE; ARAÚJO, 2009).

Para diminuir chances de danos à pele, a necessidade de uso de agentes protetores solares é consenso no meio científico, Gontijo, Pugliese e Araújo (2009) explicam que os agentes protetores são divididos em: naturais, a exemplo da camada de ozônio, nuvens, neblina, poluentes e a própria pele; físicos, como as roupas, chapéus, maquiagem, óculos escuros, vidros; filtros solares e antioxidantes. Os filtros solares atualmente são divididos em inorgânicos e orgânicos, a depender do ingrediente ativo (GONTIJO; PUGLIESE; ARAÚJO, 2009). Em geral, os compostos orgânicos absorvem e os inorgânicos refletem os raios UV.

As substâncias inorgânicas geralmente utilizadas como fotoprotetores são o óxido de zinco e o dióxido de titânio. Os fotoprotetores orgânicos são comumente classificados em filtros UVA e UVB, de acordo com a região de proteção UV, pois geralmente as substâncias não possuem amplo espectro de proteção, ou seja, algumas protegem apenas contra UVA, outras apenas UVB. A medida universal  para a ação fotoprotetora de um filtro solar é o fator de proteção solar (FPS), e quanto maior o fator maior o tempo possível de exposição solar sem a ocorrência de eritema. Importante esclarecer que o FPS é aplicado apenas às radiações UVB, já que estas são as que causam eritema. Vale salientar que o valor do FPS apenas será atingido com a aplicação da sua porção mínima, a qual é padronizada após realização de testes. Portanto, a eficácia de um fotoprotetor está relacionada ao FPS e a sua dose utilizada (NASCIMENTO; SANTOS; AGUIAR, 2014).

Os recentes avanços em pesquisas mostram que a radiação UVA é tão nociva quanto à radiação mais forte UVB, sendo o tempo para a ocorrência de um problema de saúde o diferencial entre ambas. Assim, mesmo em  dias nublados ou até mesmo em certos ambientes fechados há incidência de radiação UVA e, a exposição contínua a esses raios podem levar a problemas de saúde que poderiam ser evitados. Poucas doenças possuem o privilégio da prevenção, como no caso do câncer de pele. O custeio paramo tratamento desta doença é extremamente superior aos investimentos em sua prevenção. Estudos também comprovam que o uso frequente e correto de filtros solares com um FPS seguro impede a ocorrência do câncer de pele. (NASCIMENTO; SANTOS; AGUIAR, 2014)

É antiga associação entre fotoexposição e neoplasias cutâneas, infelizmente, grande parte da população não adota medidas de fotoproteção e ainda existe o culto à pele bronzeada. Nosso país está localizado numa região que recebe grande intensidade de radiação solar, é mister que as campanhas educacionais incentivem hábitos de fotoproteção desde a infância, com recomendações quanto ao horário de exposição solar, uso de vestimentas adequadas, óculos e protetores solares, além de esclarecerem sobre os riscos de fotoenvelhecimento, fotodermatoses e câncer cutâneo após exposição solar quer seja natural ou artificial. No tocante aos filtros solares, as campanhas devem orientar sobre a quantidade adequada e a necessidade de reaplicação (GONTIJO; PUGLIESE; ARAÚJO, 2009).

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Conhecer os hábitos de fotoexposição e fotoproteção dos médicos professores do curso de medicina do Centro Universitário de João Pessoa (Unipê).

2.2 Objetivo Específico

Avaliar  o grau  de conhecimento sobre   fotoproteção  nesse  grupo de professores médicos universitários;

Avaliar se a proteção solar no grupo estudado ocorre de forma adequada;

Traçar o perfil das pessoas pertencentes a este grupo específico estudado que apresenta maior engajamento nas ações de fotoproteção.

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Caracterização da pesquisa

Trata-se de um estudo descritivo, transversal, com aplicação de questionário online desenvolvido pelas pesquisadoras, anexado no Apêndice A, realizado com médicos professores do curso de Medicina em João Pessoa, no período de setembro a outubro de 2020, com o fim de avaliar seus hábitos de exposição e proteção solar.

3.2 Local e período do estudo

Estudo realizado no Centro Universitário de João Pessoa (Unipê), após aprovação do projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Coleta de dados efetivada nos meses de setembro e outubro de 2020 e no mês de novembro foi realizada a análise dos dados.

3.3 População e amostra

A população deste estudo foi constituída por médicos professores do curso de Medicina do Centro Universitário de João Pessoa (Unipê), que lecionam em todos os doze períodos do curso.

A amostra foi não probabilística, por conveniência. O cálculo da amostra foi realizado pela fórmula n= N.Z2.p.(1-p) / Z2.p.(1-p) + e2.N-1 (n: amostra calculada, N: população, Z: variável normal, p: real probabilidade do evento, e: erro amostral), de acordo com a calculadora Prática Clínica. Foi considerada população de professores médicos de 84, admitindo-se margem de erro de 5% e 95% de confiança, resultando em uma amostra de 70.

3.4 Instrumento de coleta de dados

Os dados foram coletados por meio de questionário online, não identificável, auto aplicado, constituído de perguntas fechadas em formato Google Forms. O instrumento contou com 27 perguntas dispostas em dois domínios: o primeiro em relação ao perfil sócio demográfico dos médicos avaliados; o segundo sobre hábitos de exposição solar e conhecimentos sobre o tema da amostra estudada.

3.5 Critérios de elegibilidade

O critério de inclusão foi ser médico e estar devidamente matriculado como discente do curso de medicina do Centro Universitário de João Pessoa (Unipê), no período em que a pesquisa foi realizada, e ter concordado em participar do estudo. Entraram nos critérios de exclusão professores que se recusaram a aceitar o termo de consentimento livre e esclarecido e professores que durante o período do estudo por qualquer motivo se desligarem da instituição.

3.6 Variáveis

As variáveis analisadas são qualitativas e quantitativas, dispostas em dois domínios:

1 – Perfil sócio demográfico dos participantes: gênero; faixa etária; cor da pele; auto referida; sensibilidade da pele ao sol; atuação profissional; renda  familiar.

2 – Hábitos de exposição solar e conhecimentos da amostra estudada: frequência de uso de protetor solar; quantidade de protetor solar aplicada; região do corpo onde aplica protetor solar; fator de proteção solar utilizado; horário de exposição solar; tempo de exposição solar; frequência de exposição solar; medidas gerais de proteção; se considera bronzeamento saudável; história de queimadura solar; caso familiar de câncer; fatores de risco; tipo de exposição solar; reconhecimento de lesão de câncer de pele; regra do abcde.

3.7 Procedimentos de coleta de dados

Com o consentimento do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), foi solicitado à coordenação do curso de medicina do Centro Universitário de João Pessoa (Unipê) o contato eletrônico de cada professor médico matriculado na instituição, por onde enviamos convite para participar da pesquisa, com a devida explanação a respeito do Termo de Compromisso Livre e Esclarecido – TCLE. Após o que, iniciaram o preenchimento do questionário online. Os participantes tiveram acesso ao questionário por um link desenvolvido na ferramenta Google Forms.

3.8 Análise de dados

Os dados obtidos foram organizados em planilhas do programa Microsoft Excel 365 e codificados para realização da análise estatística. A estatística descritiva foi realizada através de medidas de distribuição, frequências absolutas e relativas, além de gráficos com melhores ajustes para as variáveis estudadas e teste qui- quadrado.

3.9 Aspectos éticos

Foram atendidos os aspectos éticos referentes às pesquisas envolvendo seres humanos conforme Resolução do Conselho Nacional de Saúde 466/2012. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário de João Pessoa com Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE): 36455920.4.0000.5176 sob Número de parecer: 4.262.114. Tendo o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) sido aceito eletronicamente pelos participantes antes de responderem ao questionário e antes da inclusão destes no estudo. Os participantes foram informados que as respostas obtidas teriam fins estritamente científicos e que seria preservado o anonimato dos participantes.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após análise dos dados podemos observar, em relação ao perfil sóciodemográfico, que a amostra foi composta por 61 médicos professores sendo 31 mulheres e 30 homens, com prevalência de idade na faixa etária entre 31 a 49 anos. Quanto à cor da pele auto referida, 75% dos participantes eram brancos e 25% pardos, nenhum tendo se declarado negro ou amarelo. A maioria (51%) declarou atuar na área clínica e 79% têm renda mensal de mais de 10 salários mínimos.

Tabela 1 –Características Sociodemográficas
VariáveisN
Gênero
Feminino3151
Masculino3049
Faixa Etária
25-30 anos23
31-39 anos1931
40-49 anos2338
50-59 anos915
60-69 anos711
70 anos ou mais12
Pele
Branca4675
Parda1525
Renda
Até 5 salários mínimos47
Entre 5 e 10 salários mínimos915
Mais de 10 salários mínimos4879
Campo de atuação
Apenas docência813
Cirurgião813
Clínico3151
Clínico e cirurgião1423

Fonte: dados da pesquisa, 2020.

No tocante ao perfil de hábitos de exposição solar e fotoproteção, 39% dos professores afirmaram fazer uso diariamente de filtro solar, outros 34% usam quando vão à praia e 18% declararam fazer uso às vezes.

Tabela 2 – Frequência do uso do protetor solar
VariáveisN%
Diariamente2439
Na praia2134
Às vezes1118
No verão35
Durante exercícios ao ar livre24

Fonte: dados da pesquisa, 2020.

Em revisão bibliográfica Souza e Brandão (2019) examinaram recomendações de sociedades médicas dermatológicas representativas dos cinco continentes a fim de verificar suas similaridades e discrepâncias e concluíram que:

Todas as sociedades médicas dermatológicas recomendaram o uso de 2mg/cm2 de protetor solar diariamente em áreas foto expostas e sua reaplicação a cada 2 horas. Além disso, todas foram unânimes ao afirmar que o uso do protetor solar é uma medida secundária e é  importante quando associada a medidas comportamentais como permanecer na sombra, evitar prática de esportes ao ar livre no período de maior incidência solar e usar chapéu, óculos escuros e roupas que cubram o máximo do corpo.

No que se refere às medidas comportamentais mencionadas na referida revisão bibliográfica, a mais prevalente na amostra em questão são os óculos escuros, seguido do boné, chapéu ou viseira conforme apresentado:

Gráfico 1 – Medidas comportamentais

Fonte: dados da pesquisa, 2020.

Importante lembrar que não existe medida fotoprotetora que por si só garanta uma fotoproteção adequada, por isso a Sociedade Brasileira de Dermatologia recomenda a combinação do maior número possível de medidas como estratégia mais correta. No Consenso Brasileiro de Fotoproteção a SBD estimula o uso das medidas de fotoproteção mecânicas, que são as capazes de oferecer barreira física ou mecânica à radiação solar, e esclarece que as roupas com fator de proteção ultravioleta, por exemplo, apresentam vantagem por protegerem de forma bastante efetiva e duradoura. Estimula o uso dos diferentes tipos de chapéu para todos os indivíduos, particularmente para os calvos, pois é medida considerada eficiente na proteção do couro cabeludo, cabeça e porção superior do tórax. E orienta que os óculos não devem ser esquecidos durante a exposição solar, pois a radiação é capaz de causar danos como catarata e degeneração macular da retina (SCHALKA, et al., 2014).

Ainda no Consenso Brasileiro de Fotoproteção, a Sociedade Brasileira de Dermatologia recomenda o uso da regra da medida da colher de chá para que se utilize quantidade adequada de protetor solar, sendo indicada  1 para rosto, cabeça  e pescoço, 1 para cada braço, 2 para o tronco e 2 para cada  perna, pois a  aplicação do protetor solar na forma e quantidade adequadas é muito importante para garantir o efeito de proteção almejado (SCHALKA, et al., 2014).

Perguntados sobre a quantidade de protetor aplicada, 30% dos participantes não souberam especificar, 29% afirmaram aplicar em média uma colher de chá por área corporal, 26% mais de uma colher de chá por área corporal e 16% menos de uma colher de chá por área.

Tabela 3 – Quantidade de protetor aplicada
VariáveisN%
Em média uma colher de chá por área corporal (ex. face, cada membro)
18
29
Não sei especificar1730
Mais de uma colher de chá de protetor por área corporal1626
Menos de uma colher de chá de protetor por área1016

Fonte: dados da pesquisa, 2020.

Além disso, 31% dos componentes da amostra referem aplicar protetor solar em todo corpo, outros 31% aplicam em face, pescoço e membros superiores, 21% em face e pescoço e 16% apenas em face, no entanto, como já mencionado, as sociedades médicas dermatológicas recomendaram o uso de protetor solar em toda área corporal foto exposta.

Tabela 4 – Locais onde aplica protetor solar
VariáveisN%
Face, pescoço e membros superiores1931
Em todo corpo1931
Face e pescoço1321
Face1016

Fonte: dados da pesquisa, 2020.

No presente estudo a adesão diária ao filtro solar é maior em mulheres, confirmando o que é verificado em vários estudos (PURIM; FRANZOI, 2014). O perfil dos entrevistados com maior engajamento das ações de fotoproteção é mulher, branca, clínica, ganha mais de 10 salários mínimos, sempre queima a pele, usa protetor solar diariamente, mas se expõem ao sol nos horários mais perigosos. Usamos o teste qui-quadrado para verificar a relação entre a frequência de utilização do protetor solar e o gênero dos entrevistados, com 95% de confiança confirmamos a hipótese de que existe uma forte dependência entre as variáveis. Observando os valores identificamos que as mulheres utilizam mais diariamente, enquanto os homens apenas quando vão à praia.

Schalka et al. (2014) no Consenso Brasileiro de Fotoproteção orientam ainda que se utilize produtos com FPS 30 ou maior, felizmente 96% dos participantes estão em conformidade com essa orientação. No entanto, no tocante ao horário de exposição solar 53% se expõem entre 10 e 16 horas, e 35% antes das 10 horas e/ou após as 16 horas. Apesar dos esforços de campanhas educativas alertando sobre  os efeitos maléficos da fotoexposição em horários de risco, observou-se que a maioria, ainda opta por se expor ao sol entre 10h e 16h, intervalo considerado de alto risco para efeitos lesivos do sol, tanto a curto quanto a longo prazo.

Ao serem questionados se consideram o bronzeamento saudável, 77% responderam que não. De fato, o ato de se expor ao sol para se bronzear não é considerado saudável, Zazula et al. (2015) explicam que tal prática apresenta uma série de consequências deletérias para o organismo em longo prazo.

Quanto à sensibilidade da pele ao sol, em torno de 70% dos participantes responderam que sempre se queimam ou se queimam moderadamente e 30% se bronzeiam ao se exporem a radiação solar, o que está de acordo com os dados encontrados no item 03 do questionário aplicado (APÊNDICE A), que se refere à cor da pele auto referida, pois se a maioria realmente for branca conforme referido, sendo 75% brancos, então por terem menor quantidade de melanina, apresentam menor defesa em relação às radiações ultravioleta A e B e consequentemente se queimam mais facilmente.

Tabela 5 – Sensibilidade da pele ao sol
VariáveisN%
Sempre queima2237
Queima moderadamente2135
Sempre bronzeia1015
Bronzeia moderadamente813

Fonte: dados da pesquisa, 2020.

Um estudo da Sociedade Brasileira de Dermatologia mostrou que, de 3.792 casos de câncer de pele diagnosticados clinicamente, 3.027 (79,82%) ocorreram em brancos (EID; ALCHORNE, 2011). Estando evidente, dessa forma, que os brancos estão mais sujeito aos efeitos deletérios do sol ao DNA da célula cutânea e consequentemente ao surgimento de neoplasias da pele, considerando que na amostra em questão a maioria se considera branca e principalmente que sempre se queima após exposição solar podemos afirmar que estes mesmos participantes já apresentam risco aumentado de tumores cutâneos, ou pelo menos um comportamento de risco.

A respeito de casos de câncer de pele na família entre os entrevistados, apenas um pardo informou que houve caso na família, ao contrário dos brancos, que responderam com mais frequência a um histórico positivo da doença, conforme gráfico abaixo, reforçando o estudo supracitado:

Gráfico 2 – Casos de CA na família x Cor da pele

Fonte: dados da pesquisa, 2020.

Schalka et al. (2014) no Consenso Brasileiro de Fotoproteção de 2014 explicam que o câncer da pele não melanoma está bem associado à exposição crônica e continuada à radiação UV, enquanto o melanoma tem relação direta com a exposição aguda e intensa. Interrogados se sabiam que o tipo de exposição solar (contínua ou intermitente) influencia no tipo do câncer de pele, 74%  dos participantes responderam afirmativamente. Além disso, 75% afirmaram que saberiam reconhecer uma lesão sugestiva de câncer de pele, o que demonstra alto nível de conhecimento sobre câncer de pele dos entrevistados.

Em relação ao câncer de pele do tipo melanoma, existe um acrônimo conhecido como a regra do ABCDE para triagem do melanoma, o qual foi concebido com o intuito ajudar o público leigo e profissionais de saúde primária no reconhecimento precoce do melanoma maligno cutâneo potencialmente curável. Seus parâmetros são assimetria, irregularidade de borda, variedade de cor, diâmetro maior que 6 mm e evolução, e são usados globalmente na educação médica e na leiga para fornecer parâmetros simples para avaliação de lesões pigmentadas da pele que podem precisar ser cuidadosamente examinadas por um especialista (ABBASI et al., 2004). Entre os participantes de nossa amostra, 57% afirmaram conhecer tal instrumento de triagem.

Tabela 6 – Conhecimentos sobre o tema
VariáveisN
Bronzeamento é saudável
Sim1423
Não4777
Conhece os fatores de risco
Sim5998
Não12
Sabe que o tipo de exposição influencia no tipo de câncer
Sim4574
Não1626
Reconheceria lesão de câncer de pele
Sim4675
Não1525
Conhece a regra do ABCDE
Sim3557
Não2643

Fonte: dados da pesquisa, 2020.

Perguntados sobre os fatores de risco para o desenvolvimento de câncer de pele, os entrevistados deveriam assinalar quantas alternativas julgassem serem fatores de risco e o seguinte foi obtido: exposição solar 98%, pele branca 93%, nevus pigmentados 61%, doenças congênitas tipo xerodermia 43%, vitiligo 41%, contato com substâncias químicas 39%, uso de medicamentos imunossupressores 30% e por fim, pele negra com 3% de respostas, conforme mostra o gráfico abaixo:

Gráfico 3 – Fatores de risco para o câncer

Fonte: dados da pesquisa, 2020.

De fato os cânceres da pele ocorrem com menos frequência em negros, provavelmente devido à fotoproteção conferida pela maior presença de melanina, mas a pele negra também está sujeita ao desenvolvimento de neoplasias cutâneas e o carcinoma espinocelular é a mais comum, no entanto, este ocorre mais comumente em locais protegidos do sol, indicando que a radiação ultravioleta não é um fator etiológico importante no desenvolvimento deste câncer em negros, mas sim processos cicatriciais crônicos e áreas com inflamação crônica (EID; ALCHORNE, 2011).

Além disso, é relevante observar que pessoas de pele negra estão também susceptíveis ao surgimento do melanoma lentiginoso acral, o qual acomete regiões palmoplantares, extremidades digitais, mucosas e semimucosas, é mais frequente em não brancos, não há forma de prevenção e seus fatores de risco ainda são desconhecidos, por isso, é importante priorizar o diagnóstico precoce (CAETANO et al, 2020).

Levando em conta de que essa amostra é composta de médicos professores, poderia pressupor-se que estes profissionais estariam protegidos de determinados agravos devido à formação acadêmica associada a uma boa capacidade de tomada de decisão, no entanto, de acordo com a literatura isto não ocorre (BARBOSA et al., 2007); (PURIM; FRANZOI, 2014). Resultado também percebido claramente neste estudo descritivo transversal.

Alguns resultados obtidos como, por exemplo, terem conhecimento de que o tipo de exposição solar influencia no tipo do câncer de pele e o fato de saberem reconhecer uma lesão sugestiva de câncer de pele nos leva a pensar que a amostra realmente é diferenciada da população em geral por ser detentora de conhecimento científico, mas ainda assim, grande parte não segue à risca as recomendações das sociedades de dermatologia.

Ao final deste estudo podemos observar que trabalhamos com reduzida e limitada amostra, a qual impossibilita a comparação e generalização dos resultados obtidos a outras populações e situações, bem como ficou clara a incapacidade de mensurar a quantidade exata de exposição e proteção solar por parte dos participantes.

Esta pesquisa não representa de fato a realidade da nossa população, mas traz para o debate um assunto relevante e que pode servir de auxílio para novos estudos. Além de trazer questionamentos para outras reflexões, como por exemplo, como seria o comportamento em grupos de menor bagagem intelectual e de menor poder aquisitivo em relação à exposição e fotoproteção solar, já que a população de nossa amostra possui elevado nível de instrução e ainda assim encontramos um comportamento inadequado.

Considerando que os resultados deste estudo revelam um grupo de pessoas com bom nível de conhecimento acerca de neoplasias cutâneas, mas com um comportamento de risco, podemos alertar que as campanhas de combate ao câncer de pele precisam ser revistas e melhor estruturadas no intuito de conscientizar toda a população de que a radiação ultravioleta promove o surgimento e crescimento de tumores de pele e que uma fotoproteção adequada e um comportamento preventivo, com exposição solar em horários com menor incidência de radiação podem realmente diminuir a incidência de tumores de pele, sobrecarregando menos os serviços de saúde, promovendo um menor gasto do Sistema Único de Saúde com essa patologia e mantendo a população mais saudável.

5 CONCLUSÃO

A população estudada neste trabalho, representada pelos médicos professores do curso de Medicina do Centro Universitário de João Pessoa (Unipê), que lecionam em todos os doze períodos do curso possui alto nível de conhecimento sobre fotoproteção e câncer de pele, mas, ainda assim apresentam comportamento de risco quanto à exposição e fotoproteção solar, estando em desconformidade com as orientações propostas pelas sociedades médicas.

Apesar da existência de atividades de educação em fotoproteção já serem desenvolvidas de longa data percebe-se a necessidade de utilização de novas ferramentas para que a conscientização das pessoas de todos os grupos, mas, sobretudo dos grupos de médicos formadores de opinião, seja efetiva promovendo de fato mudança comportamental.

Estudos mais detalhados devem ser feitos na busca de falhas nas estratégias das atividades de fotoeducação já existentes e também para a identificação dos fatores que levam a discordância entre conhecimento sobre a patologia e comportamento de risco para tal.

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