REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10239733
Larissa Xavier Correia¹
Guilherme Gervásio Azevedo Pacheco dos Reis²
Giovana Messias de Lima Martins³
Jessica Di Lucia Xavier4
João de Sousa Pinheiro Barbosa5
Resumo
Introdução: o presente estudo visa analisar o impacto da poluição na saúde da criança. Dessa forma, é possível caracterizar poluição pelo tamanho de Partículas Inaláveis Finas (PM2,5), que são aquelas que possuem diâmetro menor ou igual a 2,5 µm. Materiais e métodos: é uma revisão integrativa que associava a qualidade do ar às doenças pulmonares infantis. Foram utilizados Operadores Booleanos “AND” e “OR”. Além disso, utilizamos os seguintes descritores: “children”, “pediatrics”, “life habits”, “air pollution”, “pneumonia”, “epidemiology” e “hospitalization”. Resultados: foram encontrados nas bases de dados 549 artigos no programa Rayyan, PubMed e SciELO. Seguindo os critérios de elegibilidade, foram selecionados para o estudo 16 artigos. Portanto, foi constatado que a poluição tem um impacto negativo na qualidade respiratória das crianças.
Palavras-chave: poluição, crianças, qualidade do ar e doenças pulmonares.
Introdução
Poluição é caracterizada pela presença ou pelo lançamento no ambiente atmosférico de substâncias tóxicas em concentrações suficientes para interferir direta ou indiretamente no meio ambiente, na saúde, na segurança e no bem-estar das pessoas (ELSON, 1992). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a poluição do ar domiciliar decorre da queima incompleta de combustível sólido ou fóssil utilizado como fonte energética no dia a dia dos moradores, e está fortemente relacionada à desigualdade de acesso à energia limpa e a políticas públicas habitacionais.
As Partículas Inaláveis Finas (PM2,5) são aquelas que possuem diâmetro menor ou igual a 2,5 µm. Nesse sentido, o seu tamanho permite que essas partículas penetrem profundamente no sistema respiratório. Essas partículas estão presentes em poluentes, o que ocasiona infecções respiratórias. A OMS estimou em 2018 que 4,2 milhões de mortes prematuras tenham ocorrido devido a poluição e, principalmente, por partículas inaláveis finas. Além disso, é possível relacionar essas mortes a baixa qualidade de vida e renda, visto que 91% dessas mortes ocorreram em países de média e baixa renda, como em regiões doPacífico e sudeste asiático.
Tendo em vista os riscos da poluição do ar, é importante pontuar que crianças são muito afetadas por doenças respiratórias, sendo as infecções agudas as principais causas de mortes de menores de 5 anos no Brasil (Organização Mundial da Saúde, 2019). As principais doenças respiratórias que afetam as crianças brasileiras são asma, rinite, pneumonia e infecções das vias aéreas, de acordo com a UNA-SUS. Conforme dados encontrados no DATASUS, foram apresentadas 1.587.457 de óbitos relacionados a doenças respiratórias em crianças de até 9 anos de idade, sendo a maior taxa em crianças com menos de 1 ano. Com isso, o objetivo deste trabalho é analisar os impactos causados na saúde infantil devido a qualidade do ar.
Materiais e Métodos
O presente estudo é uma revisão integrativa que é um estudo que coleta dados de fontes secundárias a partir de um levantamento bibliográfico e baseia-se nas experiências dos autores.
A pergunta clínica foi feita a partir da estratégia PICO, em que definimos o que iremos analisar. P: Children; I: Life habits; C: Children in polluted environments; O: Respiratory quality.
Para selecionar os artigos, utilizamos as plataformas Scielo e PubMed. Inserimos as palavras-chaves: “children”, “pediatrics”, “life habits”, “air pollution”, “pneumonia”, “epidemiology” e “hospitalization”. Foram utilizados os Operadores Booleanos “AND” e “OR”. Em seguida, foi utilizado o programa Rayyan para encontrar artigos relacionados com as palavras-chaves. O Rayyan encontrou 549 artigos. Como critério de exclusão foi estabelecido: revisão da literatura (integrativa, sistemática, narrativa), relato de caso, relato de experiência, livros, tese de doutorado, dissertação de mestrado e trabalho de conclusão de curso. Com critério de elegibilidade: estudo de coorte, estudo transversal, estudo ecológico, estudo ecológico de série temporal, estudo de painel longitudinal, estudos observacionais. No total, foram eleitos 17 e excluídos 532, sendo 21 duplicatas, os quais foram os primeiros a serem excluídos.
A partir disso, demos preferência para estudos publicados a partir de 2016 e procuramos os que melhor se encaixaram em nossa pesquisa, por meio da leitura dos artigos, os quais deveriam estar disponíveis em sua totalidade de forma gratuita e eletronicamente em inglês ou português.
Discussão
De acordo com Nascimento et al., 2017 quanto maior o número de partículas finas maior será o número de crianças acometidas por doenças respiratórias. Por conseguinte, houve uma elevação no número de internações e maior tempo de estadia no hospital para sua recuperação. Além disso, o Estudo Ecológico com mais de 81 mil participantes identificou que todos os poluentes na atmosfera são deletérios à saúde respiratória de crianças, que vai ao encontro desse estudo (Bakonyia et al., 2004).
Segundo Wu et al., 2021 em seu Estudo de Painel Longitudinal constatou-se que mesmo em exposições curtas de PM2,5 (partículas com menos de 2,5 micrômetros de diâmetro) causou maior inflamação das vias aéreas, menor função pulmonar e alteração da colonização microbiana da mucosa bucal. No Estudo de Coorte de Santana et al., 2020 verificou-se que nos meses de transição das estações chuvosas para a seca há um aumento nas internações de crianças por pneumonia, e essas internações possuem correlação positiva com o aumento do nível de PM2,5 no ar, e também com a área onde as crianças vivem.
Conforme Cheng et al., 2019 a exposição a curto prazo de PM2,5 e NO2 desempenham um papel fundamental na Pneumonia Pediátrica, de modo a apresentar um número maior de internações em crianças mais velhas (com idade maior do que quatro anos de idade). Ademais, o Estudo de Coorte de Johnson et al., 2019 expõe a relação entre a exposição ao fumo passivo (FAP) e a redução da qualidade de vida relacionado à saúde (QVRS), de modo a fornecer evidências negativas com uma resposta dose-dependente para crianças com Infecção Respiratória Aguda (IRA).
Ao analisar o estudo de Glick et al., 2018, níveis elevados de O3 estão intimamente relacionados com uma maior mortalidade em pacientes com Pneumonia, assim como uma maior taxa de intubação e permanência no hospital. Adicionalmente, Remaggi et al., 2018, também observou o impacto da contaminação do ar sobre a saúde respiratória e concluiu que áreas mais contaminadas apresentaram um maior número de urgências por causas respiratórias, como bronquite ou bronquiolite.
O Estudo de Coorte de Xavier et al. 2022, ao analisar 37 mil pessoas, apresentou um aumento dos casos de acordo com a sazonalidade, sendo maior no Outono e no Inverno, porém não houve diferença nas taxas de ocorrência de asma. Patto et al. 2016, analisou a intercorrência entre a exposição de partículas do tipo PM2,5 e a hospitalização por doenças respiratórias, percebendo uma associação positiva entre essas, as quais interferiram diretamente nos custos associados à diminuição da concentração dos poluentes.
De acordo com Souza e Nascimento, 2016, houve forte associação entre exposição aos poluentes PM10 e NO2 e internações hospitalares. A análise foi feita em uma cidade de médio porte afetada pela poluição do ar decorrente da queima de cana-de-açúcar e da palha. Segundo esse Estudo Ecológico, a poluição do ar apresentou efeitos sobre as internações de pneumonia. No estudo feito com mais de 1.800 crianças menores de 10 anos, foi concluído que o aumento da concentração de NO2 está associado ao aumento de custos para o Sistema Público da Saúde devido ao maior número de internações (Carvalho et al., 2018).
Conforme o estudo observacional prospectivo de Wang et al. 2021, a pneumonia grave em crianças foi mais afetada pelos preditores meteorológicos e de poluição atmosférica do que os vírus graves. O estudo foi feito com 4.846 pacientes e indicou 9 indicadores climáticos como importantes determinantes de pneumonia grave. No estudo de Nascimento et al., 2006 observou-se que mesmo em cidades de médio porte os efeitos deletérios dos poluentes atmosféricos não somente é presente, como também semelhantes a grande metrópole de São Paulo, também mostra que crianças estão mais suscetíveis a complicações devido à poluição.
O Estudo de Coorte Longitudinal realizado em 2022 com 1.143 pessoas analisou a associação entre exposição residencial de dióxido de nitrogênio (NO2) e o desenvolvimento da cognição e do comportamento de crianças residentes de São Paulo, mostrando que não foi encontrada nenhuma relação (Luminati et al., 2022). Além disso, o Estudo de Coorte, de Grippo et al., 2023 retratou que, durante a gravidez e os primeiros anos de vida, o uso de combustível impuro para o cozimento e a exposição passiva à fumaça foram associados de modo prejudicial ao neurodesenvolvimento.
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