FISIOPATOLOGIA DA VERTIGEM E FATORES DE RISCO ASSOCIADOS: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

PATHOPHYSIOPHYSIOPATHOLOGY OF VERTIGO AND ASSOCIATED RISK FACTORS: A BIBLIOGRAPHICAL REVIEW

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10233033


Thiago Ruam Nascimento1
Giovanna Escobar Ghirardelli2
Maria Eduarda de Sá Bonifácio Rocha3
Isadora Engel Marques4
Isabela Jacomassi dos Santos5
Jenivaldo Araújo Tavares6
Thiago Guilherme Gonzaga Silva Jesus7
Michelle Elias Fernandes da Silva Guarnaschelli8
Felipe Pereira da Silva9
Daiana Elsa de Moura Holzle110
Rayssa Nadielle da Rocha Oliveira11
Danielle da Silva Melo12
Maria das Graças Andrade Gomes13
Rochellane Inglyds de Castro Viana14


RESUMO

A tontura é um sintoma comum e complexo que tem diversas causas. Abrange ampla gama de condições, desde doenças inócuos e autolimitadas até problemas mais graves e recorrentes que requerem tratamento especializado. metodologia: A busca foi realizada nas seguintes bases de dados: PubMed / MEDLINE, Scopus, Web of Science, Embase e Cochrane Library. A busca limitou-se a estudos editados em inglês ou português entre 2013 e 2023. Resultados e discussão: A identificação dos fatores de risco é essencial para a prevenção, diagnose precoce e tratamento eficaz da vertigem. Em relação à idade vários estudos têm demonstrado que a prevalência de tonturas aumenta significativamente com o envelhecimento da população. Além disso, a tontura é mais comum em meninas. Outros fatores de risco importantes incluem histórico familiar de tontura, tabagismo, uso excessivo de álcool, obesidade e condições médicas como diabetes e hipertensão. Resumo: A tontura é um sintoma interessante que resulta de uma interação intrincada entre o sistema de equilíbrio e os sentidos. e emoções. Identificar pessoas que sofrem de tontura é fundamental para uma diagnose preciso e para o desenvolvimento de terapias eficazes para tratar esta condição debilitante.

PALAVRAS-CHAVE: Distúrbios Neurológicos. Fatores de Risco. Sistema Vestibular. Tontura. Vertigem.

INTRODUÇÃO

A vertigem é uma doença neurológica que se manifesta como uma sensação ilusória de movimento ou rotação do ambiente ao redor do indivíduo ou de si mesmo. Esta desorientação espacial pode ser incapacitante e afetar significativamente a qualidade de vida dos pacientes, tornando-se um desafio tanto para os profissionais de saúde como para as próprias pessoas dependentes. A vertigem é um sintoma comum e complexo que tem diversas causas e abrange ampla gama de condições, desde condições benignas e autolimitadas até problemas mais graves e recorrentes que requerem tratamento especializado. (Brandt; Dieterich, 2018).

Para comprender a vertigem é fundamental rever o sistema vestibular, que desempenha um papel crucial na regulação do equilíbrio e da orientação espacial do nosso corpo. O sistema de equilíbrio consiste em estruturas localizadas no ouvido interno. Inclui canais semicirculares e otólitos. Essas estruturas são responsáveis ​​por detetar os movimentos da cabeça e transmitir informações sensoriais ao encéfalo (Silva et al., 2020).

Quando o sistema de equilíbrio funciona corretamente Isso ajudará as pessoas a manter uma postura ereta. mover-se de maneira coordenada e tem uma percepção clara da direção no espaço. No entanto, várias condições médicas podem afetar o funcionamento normal do sistema vestibular e causar tonturas. As principais causas de tontura incluem doença de Ménière, vertigem posicional paroxística benigna (VPPB), neurite vestibular, distúrbios do labirinto e distúrbios do equilíbrio. (Agrawal et al., 2019).

A doença de Meniere é uma condição caraterizada por episódios recorrentes de tontura. Junto com perda auditiva, zumbido e sensação de plenitude nos ouvidos. Pensa-se que esta doença está relacionada com hidropisia endolinfática, que resulta em aumento da pressão do fluido no ouvido interno Afeta o equilíbrio e as estruturas auditivas. (Agrawal, et al., 2019).

A VPPB é uma das causas mais usuais de vertigem. e está associado ao movimento de cristais de carbonato de calcio chamados otólitos no sistema vestibular. Esses deslocamentos podem ocorrer dentro dos canais semicirculares e causar vertigens ocasionais com certos movimentos da cabeça (Agrawal et al., 2019).

A neurite vestibular é uma inflamação do nervo vestibular causada por uma infeção viral ou outros fatores. Essa inflamação interrompe a transmissão de informações sensoriais do ouvido interno para o encéfalo levando a sintomas como tonturas, náuseas e problemas de equilíbrio (Brandt; Dieterich, 2018).

As malformações do labirinto podem ocorrer por vários motivos, incluindo traumatismo cranioencefálico, ouvido interno e uso de certos medicamentos ototóxicos. Esses períodos podem levar o alterações na função vestibular e tonturas. (De Oliveira et al., 2019).

Além dessas causas específicas, a tontura pode estar associada a outras condições médicas, como doenças cardiovasculares, distúrbios metabólicos, problemas cardíacos e comorbidades psiquiátricas, como ansiedade e depressão.(Agrawal et al., 2019).

O diagnóstico de vertigem é baseado em uma história clínica pormenorizada. exame físico e exames especiais como videonistagmografia e eletronistagmografia. O tratamento depende da causa subjacente da vertigem e pode incluir intervenções medicamentosas, terapias de reabilitação vestibular, mudanças no estilo de vida e estratégias para controlar comorbidades associadas.(Brandt; Dieterich, 2018).

Ao longo dos anos os avanços na enquête médica e nos técnicos de diagnose levaram a uma melhor compreensão da fisiopatologia da vertigem. Revela complexas conexões entre os sistemas sensorial, vestibular e nervoso que controlam o equilíbrio e a orientação espacial do corpo humano. A identificação e o tratamento preciso dos fatores de risco associados à tontura também têm se mostrado cruciais para tratamentos terapêuticos eficazes e prevenção de complicações.(Agrawal et al., 2019).

            O objetivo deste trabalho é contribuir para melhorar o conhecimento científico sobre a vertigem. Oferece informações preciosos para profissionais de saúde, pesquisadores e visitantes da área de neurologia. Otorrinolaringologia, fisioterapia e outras áreas afins. Aguardamos que através desta revisão da literatura os leitores possam compreender melhor as últimas descobertas e perspectivas no campo da tontura bem como a importância do diagnóstico preciso e das abordagens de tratamento individualizadas para atender às necessidades específicas de cada paciente.

MÉTODO

Foram pesquisadas em bases de dados científicas amplamente aceitas, incluindo PubMed (Inglês), Scopus (Inglês) e Web of Science (Inglês e Português), foram pesquisadas para encontrar artigos relevantes sobre este tema. artigos originais e revisões sistemáticas publicados em inglês e português, que abordassem os fatores de risco e a fisiopatologia associados à vertigem, foram classificados nesta revisão. Foram excluídos estudos que não estivessem diretamente relacionados ao tema ou que não atendessem aos critérios de inclusão.

              Os títulos e resumos de todos os artigos identificados pela busca foram avaliados quanto à relevância. Nesta etapa foram excluídos artigos não relacionados ao tema proposto, estudos duplicados e artigos que não atendem aos critérios de inclusão. Inicialmente, foram encontrados 40 artigos na base de busca. Após avaliação dos subtítulos e resumos, 15 artigos foram excluídos por não atendem aos critérios de inclusão. Após a leitura de todos os 25 artigos restantes, 11 artigos foram selecionados para inclusão nesta revisão de literatura.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Uma revisão da literatura sobre a fisiopatologia da vertigem e seus fatores de risco associados incluiu uma análise aprofundada e abrangente dos principais avanços e descobertas nesta área de enquête. Ao examinar os estudos selecionados, foi possível obter informação valiosa sobre o controlo subjacente da vertigem e as diversas variáveis ​​que podem influir a sua ocorrência, bem como as suas orientações clínicas e epidemiológicas.

A vertigem é um sintoma intrigante e multifacetado que pode resultar de diversos distúrbios e disfunções do sistema vestibular. A vertigem pode ser dividida em dois tipos principais: vertigem periférica e vertigem central. A vertigem periférica é causada por problemas no ouvido interno, como doença de Ménière, vertigem posicional paroxística benigna (VPPB) e neurite vestibular. Em contrapartida, a tontura central está relacionada disfunções do sistema nervoso central, como acidentes vasculares cerebrais e tumores cerebrais. (Hain, 2019).

Por exemplo, a doença de Meniere é caraterizada por episódios recorrentes de tontura. Junto com perda auditiva, zumbido e sensação de plenitude nos ouvidos. Sua fisiopatologia envolve hidropsia endolinfática, que resulta em alterações na pressão do fluido no ouvido interno Isso resulta em danos à estrutura de carga e descarga.(Megerian; McKenna, 2019).

A VPPB é uma das causas mais usuais de vertigem periférica. e está relacionado ao movimento dos otólitos do sistema vestibular. Pesquisas mostram que o mais comum é a migração de cristais de carbonato de cálcio no canal semicircular ulterior. Isso causa tontura com certos movimentos da cabeça.(Hain, 2019).

A tontura não é apenas uma manifestação abrangente do sistema de equilíbrio. Mas também é influído pela integração de informações sensoriais provenientes dos sistemas visual e perceptivo. O estudo enfatiza que a integração sensorial desempenha um papel importante na manutenção do equilíbrio e da estabilidade postural.(Megerian; McKenna, 2019).

A diminuição da visão e alterações na propriocepção do ambiente circundante podem causar distorções na percepção da posição e movimento do corpo levando a sintomas de vertigem. Compreender os controles de integração sensorial é crucial para detetar distúrbios do equilíbrio e implementar estratégias terapêuticas mais eficazes.(Hain, 2019).

Em termos de idade, vários estudos têm demonstrado que a prevalência de tonturas aumenta significativamente com a idade da população (Agrawal et al., 2019).

Esse resultado pode estar relacionado às alterações regulatórias do sistema vestibular e às comorbidades comumente assistidas em idosos. Estudos mostram que a tontura é mais comum em meninas, principalmente associada à VPPB. As influências hormonais podem ser um fator de tontura, mas são necessários mais pesquisas para entender como isso funciona (Megerian; McKenna, 2019).

Outros fatores de risco importantes os sintomas comuns de tontura incluem histórico familiar, tabagismo, uso excessivo de álcool, obesidade e condições médicas como diabetes e hipertensão. A pesquisa destacou a ligação entre tonturas e doenças cardiovasculares. Sugere-se que problemas de circulação podem afetar o equilíbrio e causar tonturas.(Lempert; Neuhauser, 2019).

Além disso, comorbidades psiquiátricas como ansiedade e depressão também têm sido associadas à tontura Estudos sugeriram uma relação bidirecional entre vertigem e sintomas psiquiátricos, com a vertigem contribuindo para ansiedade e depressão, e vice-versa. Compreender esta relação pode ter implicações importantes para o tratamento e manejo do paciente.(Agrawal et al., 2019).

CONSIDERAÇÕES

A revisão da literatura sobre a fisiopatologia da tontura e os fatores de risco associados contribuiu para uma compreensão mais profunda e completa desta intrincada doença neurológica. A tontura é um sintoma interessante que emerge complexas interações entre os sistemas vestibular, sensorial e emocional. A identificação dos fatores de risco associados à tontura é fundamental para o diagnóstico preciso e o desenvolvimento de tratamentos eficazes para tratar esta condição debilitante.

A fisiopatologia da vertigem é ampla e diversificada, envolvendo diferentes distúrbios do sistema vestibular, desde patologias do ouvido interno, como a doença de Ménière e a VPPB, até alterações no sistema nervoso central, como o acidente vascular cerebral. Integração sensorial envolvendo equilíbrio, visão e propriocepção. Também desempenha um papel importante na manutenção do equilíbrio e da estabilidade postural. Compreender como estes sistemas complexos interagem é fundamental para identificar distúrbios de equilíbrio e conceber tratamentos eficazes.

             A abordagem da vertigem deve ser multidisciplinar e personalizada, tendo em conta os diferentes procedimentos fisiopatológicos envolvidos em cada caso e a influência dos fatores de risco individuais. Um diagnóstico preciso é necessário para determinar o tratamento adequado.

             Isso pode incluir tomar medicamentos. reabilitação do equilíbrio Terapia cognitiva comportamental e mudanças no estilo de vida. No entanto, é importante reconhecer as limitações desta revisão da literatura. Embora os critérios de seleção tenham sido rigorosos, é possível que alguns estudos relevantes não tenham sido classificados, o que pode limitar a gama de resultados apresentados. Pesquisas futuras são necessários para aprofundar nossa compreensão da fisiopatologia da vertigem e explorar ainda mais os fatores de risco associados para melhorar as estratégias de prevenção, diagnóstico e tratamento.

REFERÊNCIAS

AGRAWAL, Y. et al. Disfunção Vestibular: Prevalência, Impacto e Necessidade de Tratamento Direcionado. Journal of Vestibular Research, 2019.

DE OLIVEIRA, Marcus Vinícius Gomes et al. Vertigem Postural Paroxística Benigna (VPPB): Revisão Integrativa. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 9, p. 66970-66977, 2020.

DIETERICH, M.; BRANDT, T. Global orientation in space and the lateralization of brain functions. Curr Opin Neurol., v. 31, n. 1, p. 96-104, feb. 2018.

FERREIRA, Sofia José Cosme. Hereditariedade na vertigem posicional paroxística benigna. [S. l.: s. n.], 2019.

HAIN. Fisiologia da Vertigem. StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing, 2019.

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LEMPERT, T.; NEUHAUSER, H. Epidemiologia da Vertigem, Enxaqueca e Enxaqueca Vestibular.

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SILVA, Eliza Mikaele Tavares da et al. Fatores biopsicossociais associados à queixa de tontura em idosos com diabetes mellitus tipo 2. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, v. 23, 2020.

TORRES, Tiago André Pereira. Relação entre os níveis de Vitamina D e a Vertigem Posicional Paroxística Benigna. 2020. Tese (Doutorado) – Universidade de Lisboa, Lisboa, (Portugal), 2020.

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