VALIDAÇÃO PRESCRIÇÃO ONCOLÓGICA: O PAPEL DO FARMACÊUTICO NA PREVENÇÃO DE ERROS DE MEDICAMENTOS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10231532


Eliana Meira Caires1
Renata Novais Pires1
Luciano Hasimoto Malheiro2


RESUMO

O uso apropriado de medicamentos na assistência à saúde está associado com uma avaliação criteriosa e prescrição farmacológica adequada. Em relação ao tratamento dos pacientes oncológicos, a atenção farmacêutica torna-se relevante para promover o uso responsável de medicamentos e melhorar a qualidade de vida. Neste contexto, o objetivo desta pesquisa foi analisar processo de validação da prescrição médica em um hospital no sudoeste baiano. A obtenção dos dados ocorreu por análise de registros de prontuários de pacientes com câncer, dos quais foram obtidos os tipos de neoplasias atendidas, os medicamentos utilizados e os indicadores de atendimento, que incluíram a intervenções farmacêuticas e os respectivos desfechos. Os resultados indicam que o hospital apresenta uma média de 527 atendimentos de pacientes por mês, sendo que para estes ocorre a dispensação de um ou mais fármacos administrados de forma oral ou intravenosa. Além disso, a análise de indicadores evidenciou a necessidade de adaptação contínua às demandas mensais, enfatizando a importância de ajustes de dose, orientações eficazes e estratégias para minimizar atrasos na dispensação da quimioterapia. Pode-se concluir que a atuação do farmacêutico hospitalar vai além da gestão de medicamentos, sendo importante para um manejo personalizado e mais seguro durante os tratamentos oncológicos.

Palavras chave: Assistência farmacêutica. Atenção farmacêutica. Erros de prescrição. Intervenções farmacêuticas. Segurança do paciente.

ABSTRACT

The appropriate use of medicines in health care is associated with careful evaluation and appropriate pharmacological prescription. In relation to the treatment of cancer patients, pharmaceutical care is relevant to promoting the responsible use of medicines and improving quality of life. In this context, the aim of this study was to analyze the process of validating medical prescriptions in a hospital in the southwest of Bahia. The data was obtained by analyzing the medical records of cancer patients, from which was obtained the types of neoplasms treated, the medicines used and the care indicators, that included pharmaceutical interventions and the respective outcomes. The results indicate that the hospital has an average of 527 patients per month, for whom one or more drugs are dispensed orally or intravenously. Furthermore, the analysis of indicators showed the need to continuously adapt to monthly demands, emphasizing the importance of dose adjustments, effective guidelines and strategies to minimize delays in dispensing chemotherapy. It can be concluded that the role of the hospital pharmacist goes beyond drug management and is important for personalized and safer treatment during cancer treatments.

Keywords: Patient safety. Pharmaceutical attention. Pharmaceutical care. Pharmaceutical interventions. Prescription errors.

1 INTRODUÇÃO

A atenção à saúde está intimamente ligada ao uso adequado de medicamentos, pois sua escolha e prescrição desempenha um papel crucial no tratamento dos pacientes. Os profissionais de saúde se baseiam em conhecimentos clínicos e farmacológicos para garantir que a seleção dos fármacos seja adequada às condições dos assistidos. Essa prescrição cuidadosa é essencial para garantir que a terapia seja eficaz e segura, permitindo que se obtenha o máximo benefício. Por isso, a segurança e a qualidade dos medicamentos, que incluem o processo de prescrição, se tornaram prioridades nas instituições de saúde (SILVA, 2021).

No contexto mencionado, a prescrição de medicamentos desempenha um papel ainda mais crítico quando se trata de pacientes com câncer, já que é importante reconhecer que as terapias oncológicas são complexas e exigem uma abordagem interdisciplinar. Especificamente no estudo da Angonesi e Sevalho (2010), foi verificada a relevância da atenção farmacêutica para a promoção do uso adequado de medicamentos, bem como enfatizada a necessidade de uma abordagem mais ampla e integrada na prestação de serviços de saúde. Assim, compreende-se que a atenção farmacêutica se concentra no paciente, com o objetivo principal de melhorar a qualidade de vida através do uso responsável dos medicamentos.

Mais especificamente, os farmacêuticos têm um papel relevante na prevenção de erros na medicação. De acordo com Bernardi et al. (2014), é possível inferir que a etapa de validação da prescrição médica desempenha um papel crítico na garantia da segurança do paciente, o que torna a colaboração próxima entre médicos e farmacêuticos no âmbito hospitalar essencial para reduzir riscos e otimizar os resultados terapêuticos.

Ademais, é importante compreender que os eventos adversos descrevem incidentes não intencionais que não estão relacionados com a doença e podem ser categorizados como evitáveis ou inevitáveis. Segundo Oliboni e Camargo (2009), observa-se que erros de medicação são relativamente comuns e que a administração inadequada de citostáticos pode ser fatal. Neste sentido, Vieira (2007) discute como os farmacêuticos podem contribuir neste cenário, incluindo a prevenção de problemas relacionados à terapêutica.

Diante do exposto, esta pesquisa propõe a avaliação da validação farmacêutica de prescrições médicas em um hospital de grande porte no Sudoeste baiano, com destaque à relevância deste processo para melhorar a segurança do paciente e elevar a qualidade dos serviços prestados. A análise dos resultados pretende contribuir para um melhor entendimento do papel dos farmacêuticos na prevenção de erros relacionados a medicamentos dentro do ambiente hospitalar.

2 METODOLOGIA

Tratou-se de uma pesquisa exploratória com abordagem quantitativa e perspectiva transversal. Os dados foram obtidos exclusivamente da análise de prontuários de pacientes hospitalizados, sendo que a coleta foi realizada entre os dias 09/10 e 20/10/2023.

Os pacientes que constituíram a amostra deste estudo foram selecionados com base em critérios para garantir a representatividade da população de pacientes de um hospital oncológico do sudoeste baiano. A escolha dos indivíduos levou em consideração a condição de diagnóstico de câncer em um período que abrangeria desde o ano de 2020 até outubro de 2023, entretanto, devido a troca de sistema informatizado e indisponibilidade e dados, a coleta ficou restrita entre os meses de janeiro e outubro de 2023. Os critérios de inclusão foram prontuários de pacientes com idade igual ou superior a 18 anos, em tratamento quimioterápico no momento da coleta e que continham pelo menos uma prescrição médica registrada. Por outro lado, os critérios de exclusão abrangeram pacientes menores de 18 anos, que não estavam em tratamento quimioterápico ou prontuários sem prescrição médica registrada.

O instrumento de pesquisa consistiu de um questionário estruturado que abordou aspectos relacionados à terapêutica, incluindo a implementação de protocolos de segurança na administração de medicamentos. O questionário foi projetado para capturar informações que ajudaram a identificar as estratégias adotadas pelo hospital no contexto da prevenção de erros de medicação. Após a coleta dessas informações, foi realizada a análise de conteúdo. Esse método permitiu identificar e compreender as intervenções e estratégias empregadas pela equipe farmacêutica e médica para garantir a segurança dos pacientes. Além disso, os dados coletados foram organizados em planilhas eletrônicas, possibilitando análises detalhadas. Dessa forma foi viabilizado identificar a rotina de tratamento dos pacientes, as estratégias para minimizar os efeitos colaterais da quimioterapia e outros fatores relacionados à prevenção de erros de medicação no contexto oncológico.

Ressalta-se que este trabalho seguiu as normativas do Conselho Nacional de Saúde a respeito das pesquisas com seres humanos, sendo que foi submetido e avaliado por um Comitê de Ética competente e aprovado com número de registro 6.389.797 em 05 de outubro de 2023.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Mediante os dados coletados foi possível realizar a análise das seguintes questões: quantitativo de pacientes atendidos; relação das neoplasias; análise de indicadores com dados de atendimentos, intervenções, orientações e tempo de dispensação; e situações de medicações associadas ao ajuste de dose, alteração de medicamentos, suspensão de medicamento, antecipação de consulta para avaliação médica e inclusão de medicamento.

A análise do panorama geral relacionado ao quantitativo de pacientes atendidos mensalmente e à tipologia das neoplasias tratadas pela instituição é útil para uma compreensão abrangente do papel do farmacêutico no ambiente hospitalar. A abordagem centrada no paciente, aliada à compreensão das especificidades das neoplasias tratadas, proporciona uma base sólida para a atuação eficaz do farmacêutico (SANTOS, 2022).

No contexto oncológico, a atenção farmacêutica desempenha um papel na promoção do uso racional de medicamentos, garantindo a segurança e eficácia do tratamento. Ao avaliar o quantitativo de pacientes atendidos mensalmente, o farmacêutico pode otimizar a gestão de estoques, monitorar a adesão ao tratamento e identificar eventuais desafios logísticos associados à distribuição dos produtos. A compreensão da variedade de neoplasias tratadas pela rede é igualmente importante. Cada tipo de câncer apresenta características específicas, demandando protocolos terapêuticos personalizados. O farmacêutico, ao estar ciente dessas nuances, pode contribuir ativamente na revisão e atualização de protocolos, bem como na identificação de interações medicamentosas específicas associadas a cada tipo de neoplasia (SILVA et al., 2018).

3.1 Quantitativo de pacientes atendidos

O quantitativo de pacientes oncológicos atendidos em 2023 está representado na Figura 1.

Figura 1 – Quantidade de atendimentos realizados de janeiro a outubro de 2023.

Fonte: elaboração própria dos autores, 2023.

A quantidade total de atendimentos de janeiro a outubro foi de 5.270. Os dados indicam uma média de 527 atendimentos por mês realizados pelo hospital no período da pesquisa, tendo o mês de outubro o menor valor de 450 e de agosto o maior com 589. Essa variação ao longo dos meses está associada com a frequência de admissão dos pacientes e a relação do tipo de administração da medicação (oral ou parenteral). Ainda sobre as informações coletadas, tem-se que os meses com maior número de atendimentos estão diretamente relacionados com a quantidade de dispensação de medicamentos de uso oral.

Essa demanda é um indicativo de que essa atividade não é apenas papel da equipe farmacêutica, mas depende de uma interação entre toda equipe de saúde, incluindo médicos, enfermeiros e outros profissionais que estão relacionados com esse ciclo. Para o processo de dispensação de medicamentos e validação da prescrição, Oliboni e Camargo (2009) demonstram em seu artigo que as etapas devem seguir um fluxo determinado, que está ilustrado na Figura 2.

Figura 2 – Sistema de verificação de uma prescrição médica.

Fonte: Olibone e Camargo, 2009.

Assim, fica evidenciado que diferentes setores estão envolvidos no sistema de dispensação de medicamentos, sendo que esse processo deve seguir um rigor procedimental para evitar falhas em qualquer uma das etapas. A correlação entre a quantidade de pacientes e o sistema de verificação de uma prescrição médica retrata a complexidade do processo que trata de pacientes com neoplasias

Dado o volume de dispensações de medicações em um período de 10 meses, percebe-se a demanda pelo conhecimento farmacêutico no processo. Além de assegurar a correta distribuição dos medicamentos, este profissional desempenha a função de verificação das prescrições médicas, que envolve a interpretação minuciosa das prescrições para garantir a precisão dos tratamentos (OLIBONI; CAMARGO, 2009).

Em situações de grande volume de dispensações, profissionais inexperientes e modificações no sistema de prontuários são questões que podem provocar atrasos ou equívocos. Embora alguns erros possam não causar consequências significativas, por vezes resultam em sérias lesões, incluindo incapacidades e até mesmo morte. Estudos destacam que os erros de medicação são os mais comuns entre todos os tipos de erros na saúde, sendo também a principal causa de eventos adversos. Isso têm implicações sérias e contribui para o aumento das taxas de morbidade, tempo de permanência hospitalar e custos do sistema de saúde (BELELA; PETERLINI; PEDREIRA, 2010).

Assim, para prevenção de erros em medicações, Cassiani (2000) sugere que é essencial reconhecer a interação entre fatores humanos e tecnologia no sistema de saúde. Apesar da tecnologia estar em constante desenvolvimento, o fator humano permanece central. A implementação de sistemas como prescrição eletrônica revisada por farmacêuticos e a adoção de práticas como a dose unitária e preparação de endovenosos pela farmácia são passos significativos. Além disso, estratégias como a criação de um centro de informações sobre medicamentos no hospital e a colaboração ativa dos pacientes no conhecimento de suas medicações contribuem para impedir a ocorrência de erros.

3.2 Relação das Neoplasias e Tratamento Farmacológico

Em seguimento, para melhor compreender o panorama, foi obtido acesso aos dados associados aos tipos de neoplasias tratadas durante o período de estudo. Essas informações estão presentes na Figura 3.

Figura 3 – Neoplasias tratadas de janeiro a outubro de 2023.

Fonte: elaboração própria dos autores, 2023.

Os cinco principais tipos de neoplasias atendidos no hospital foram câncer de mama, orofaringe, colo uterino, cólon e reto com 209, 66, 17, 14 e 12 casos, respectivamente. Cada uma dessas neoplasias possui tratamentos que fazem uso de um ou mais fármacos, administrados de forma oral, venosa ou uma combinação de ambos. Além disso, as informações coletadas no hospital totalizaram 546 tipos de tratamentos medicamentosos, empregando diferentes fármacos para os tipos de câncer apresentados.

No caso do câncer de mama, as medicações utilizadas pelo hospital foram: Tamoxifeno, Anastrosol, Exemestano, Capecitabina e Vinirelbina. A partir dessa informação, pode-se inferir que o farmacêutico deve fazer a gestão da terapia medicamentosa, fornecendo orientações sobre a administração, assim como avaliar potenciais efeitos adversos e colaborar na seleção de tratamentos específicos conforme os subtipos da doença (SANTOS; ANDRADE, 2022).

Rech, Francellino e Colacite (2019) trazem conhecimentos sobre a atuação do farmacêutico na oncologia. Assim, ao aliar as informações dos medicamentos utilizados pelo hospital para cada tipo de câncer, tem-se algumas formas específicas de abordagem e orientações que esses profissionais podem trazer em relação as neoplasias. Para o câncer de orofaringe, o farmacêutico pode contribuir na abordagem dos problemas relacionados com a deglutição e impactos na terapia medicamentosa, promovendo a adesão ao tratamento. Os fármacos utilizados foram Cabotaxol, Cisplatina, Metotrexato e uma combinação de Cisplatina e Capecitabina. Ao se tratar do câncer de colo uterino, as orientações estão associadas aos efeitos colaterais da radioterapia e quimioterapia com as seguintes medicações: Carboplatina, Cisplatina e uma combinação de Cisplatina e Paclitaxel. Para o câncer de reto utilizou-se Capox, Xeliri, Capecitabina e Irinotecano, enquanto no acometimento de cólon o tratamento ocorreu com Oxaliplatina, Flox, Capecitabina, Xelox e Capox.

Com isso, pode ser observado que a atuação do farmacêutico está diretamente ligada aos tratamentos e que qualquer falha ou troca de medicações pode causar problemas para saúde do paciente. A partir da análise desses dados, percebe-se que o papel do farmacêutico vai além da gestão de medicamentos e pode ajudar na promoção de um tratamento eficaz e seguro para os pacientes oncológicos. Cada tipo de neoplasia requer abordagens terapêuticas específicas, e o farmacêutico hospitalar, ao estar familiarizado com as características de cada câncer, pode ajudar para a personalização dos regimes medicamentosos. Isso garante que os pacientes recebam tratamentos adequados às suas particularidades (COSTA, 2014).

Por fim, vale ressaltar que a gestão adequada do estoque de medicamentos é importante para evitar interrupções no tratamento, assim como o farmacêutico pode desempenhar o papel de educador dos pacientes sobre os medicamentos prescritos, seus efeitos colaterais e a importância da adesão ao tratamento. Essa interação contribui para uma maior compreensão por parte dos assistidos e, consequentemente, para uma melhor gestão de sua saúde (COSTA, 2014).

3.3 Análise de indicadores

A análise dos indicadores foi baseada em dados de atendimentos, intervenções, orientações e tempo de dispensação e ações tomadas para melhoria. Essas informações encontram-se na Tabela 1.

Ao longo dos meses analisados, pode-se observar tendências e variações nas atividades do hospital. Inicialmente, em fevereiro, predominaram intervenções relacionadas a ajustes de doses de Carboplatina, antecipação de consultas e suspensão de medicamentos por toxicidade. As orientações concentraram-se em pacientes com uso de medicamentos orais, com baixo índice de atrasos na quimioterapia.

Já em março, houve uma redução nos atendimentos devido a um feriado, mantendo-se os ajustes de doses e suspensões por toxicidade. As orientações foram retomadas para pacientes de primeiro ciclo, com índices de atrasos na dispensação semelhantes ao mês anterior. No mês de abril ocorreu um aumento nos atendimentos, especialmente de pacientes SUS e de operadoras de saúde. A familiarização com o novo sistema informatizado recém implantado resultou na priorização das orientações para pacientes de primeiro ciclo, refletindo em maior quantidade de orientações realizadas. Já o mês de maio trouxe uma redução geral nos atendimentos, possibilitando menor número de intervenções. Assim, houve foco nas orientações, sendo que os índices de atrasos na dispensação da quimioterapia foram mantidos.

Em junho, houve novamente um incremento nos atendimentos SUS, mas paralelamente uma queda nos atendimentos de operadoras de saúde. As intervenções concentraram-se em ajustes de doses, resultando no maior número de orientações desde janeiro. Julho registrou pequena queda nos atendimentos, associada com um maior número de intervenções, principalmente ajustes de dose e inclusão de medicamentos suporte. A redução no número de pacientes orientados foi relacionada com um aumento de pacientes no primeiro ciclo.

Já agosto destacou-se como o mês com maior quantidade de atendimentos SUS desde janeiro. As intervenções focaram em ajustes de dose de Carboplatina e inclusão de medicamentos suporte, enquanto as orientações farmacoterapêuticas atingiram seu pico.

Essa análise evidencia a necessidade de adaptação contínua às demandas mensais, enfatizando a importância de ajustes de dose, orientações eficazes e estratégias para minimizar atrasos na dispensação da quimioterapia. Ações como a disponibilização de telefone para contato, informação aos pacientes e organização da agenda mostraram-se relevantes ao longo do período analisado.

Diante dos indicadores avaliados, fica destacada a importância do farmacêutico hospitalar na gestão eficiente do serviço. Algumas intervenções, como ajuste de doses, antecipação de consultas e suspensão de tratamentos tóxicos contribuem significativamente para a segurança dos pacientes. A oferta de orientações especializadas, especialmente para aqueles nos primeiros ciclos terapêuticos, caracteriza um compromisso proativo com a saúde do paciente. A interpretação desses dados reforça a relevância do papel do farmacêutico na otimização dos processos, que pode assegurar um cuidado integral e mais qualificado no ambiente hospitalar (LUZ, 2022).

O estudo de Ferreira et al. (2021) aborda sobre como a análise de indicadores desempenha um papel importante na identificação e mitigação de potenciais pontos de falha no processo de utilização de medicamentos. Os autores explicam que os indicadores gerados a partir da avaliação de registros de intervenções farmacêuticas e da conferência das medicações fornecem uma visão abrangente dos desafios enfrentados no manejo de medicamentos. A identificação de erros de prescrição, especialmente em relação à frequência e dose inadequada, destaca a relevância de se monitorar as práticas prescritivas.

Além disso, a prevenção de erros durante a conferência, como a falta de medicamento prescrito e troca de horário, ressalta a necessidade de atenção na dispensação. Ainda, a alta incidência de erros de prescrição, dispensação e administração destaca a relevância da atuação da equipe farmacêutica na prevenção de eventos adversos no ambiente hospitalar (FERREIRA, 2021).

Tabela 1 – Análise de indicadores com dados de atendimentos, intervenções, orientações e tempo de dispensação.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A avaliação das intervenções nesta pesquisa demonstra como a atuação do farmacêutico hospitalar vai além da gestão logística de medicamentos, sendo importante para um tratamento personalizado e seguro nos casos de pacientes oncológicos. As estratégias como o uso do telefone para contato e organização da agenda mostraram-se relevantes para melhoria dos indicadores. A análise de solicitações de ajustes de doses evidenciou a eficiência do sistema e a atuação dos farmacêuticos, ressaltando sua importância na supervisão da prescrição e garantia da segurança.

As limitações deste estudo incluíram a análise restrita às informações provenientes de apenas uma instituição, o que limitou a generalização dos resultados, além do período de dados coletados ter sido reduzido. Mesmo que o objetivo de contribuir para o aprimoramento da prática farmacêutica no atendimento e prevenção de erros de medicação de pacientes oncológicos possa ter sido atendido, são necessárias mais pesquisas dentro desta temática para melhor elucidar as ações de atenção farmacêutica dentro do ambiente hospitalar.

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¹Discente do curso de Farmácia da Uninassau de Vitória da Conquista – Ba, e-mail: elianameira19@gmail.com.
²Professor orientador da Uninassau de Vitória da Conquista – Ba, e-mail: luciano@malheiro.com.br.