PREVALÊNCIA, FATORES DE RISCO E PREVENÇÃO DA DEPRESSÃO PÓS-PARTO: REVISÃO DE LITERATURA

PREVALENCE, RISK FACTORS AND PREVENTION OF POSTPARTUM DEPRESSION: LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10230138


Layza Lopes da Silva
Daniel Galdino de Araújo Pereira
Mariana Cabral Menezes Domingues
Camilla Diniz Cavalcante de Araújo Santos
Valmir Vaz Correia
Rosemary de Fátima Santos
Álvaro Medeiros de Melo Lima
Roberto Lapa Leite
Flávia de Sousa Andrade Santana
Leonardo Ferreira Rebouças
Josimeiry Caetano Oliveira Rosa


Resumo


Introdução: os transtornos depressivos unipolares apresentam maior prevalência entre as mulheres, até mesmo na ausência de gestações. No entanto, os transtornos mentais no sexo feminino são mais frequentes no período pós-natal. Sendo assim, a depressão pós-parto (DPP) é definida pela ocorrência de um transtorno depressivo correspondente aos doze primeiros meses após o nascimento do bebê. A etiologia da DPP é multifatorial, abrangendo fatores genéticos e hormonais. O início dos sintomas tem maior prevalência nos três primeiros meses pós-parto, mas pode estar presente até mesmo no período gestacional. Os sintomas depressivos podem se tornar crônicos. Na ausência de tratamento adequado, os sintomas podem perdurar por mais de um ano. Objetivo: discorrer a respeito da depressão pós-parto, com foco no entendimento acerca de seus fatores de risco e principais métodos de prevenção. Metodologia: trata-se de uma revisão sistemática de literatura de natureza descritiva, desenvolvido mediante análise de artigos disponibilizados pelo Scielo, PubMed e Google Acadêmico. Resultados e discussões: diversas situações contribuem para o desenvolvimento da DPP, incluindo desde fatores familiares, socioeconômicos, educacionais, obstétricos, psicológicos e clínicos. Estratégias de prevenção com foco no combate dos fatores de risco são eficazes. Sendo assim, a interação entre o apoio familiar, relação conjugal e atuação de profissionais da saúde são indispensáveis para o estabelecimento dessas estratégias. Considerações finais: conclui-se que é necessário a consolidação de uma importante rede de apoio familiar a profissional para as puérperas, com foco em sua saúde mental e física, acolhendo e abrangendo toda a relação entre mãe-bebê.


Palavras-chave: Depressão. Puerpério. Gestação. Transtorno de humor.

Abstract


Introduction: unipolar depressive disorders are more prevalent among women, even in the absence of pregnancies. However, mental disorders in females are more frequent in the postnatal period. Therefore, postpartum depression (PPD) is defined by the occurrence of a depressive disorder corresponding to the first twelve months after the birth of the baby. The etiology of PPD is multifactorial, encompassing genetic and hormonal factors. The onset of symptoms is most prevalent in the first three months postpartum, but may even be present during pregnancy. Depressive symptoms can become chronic. In the absence of adequate treatment, symptoms can last for more than a year. Objective: to discuss postpartum depression, focusing on understanding its risk factors and main prevention methods. Methodology: this is a systematic literature review of a descriptive nature, developed through analysis of articles made available by Scielo, PubMed and Google Scholar. Results and discussions: several situations contribute to the development of PPD, including family, socioeconomic, educational, obstetric, psychological and clinical factors. Prevention strategies focused on combating risk factors are effective. Therefore, the interaction between family support, marital relationship and the work of health professionals are essential for the establishment of these strategies. Final considerations: it is concluded that it is necessary to consolidate an important family-to-professional support network for postpartum women, focusing on their mental and physical health, welcoming and encompassing the entire mother-baby relationship.


Keywords: Depression. Postpartum. Gestation. Mood disorder.

  1. INTRODUÇÃO


            Os transtornos de humor são importantes causas de morbidade e mortalidade na atualidade, considerados como uma grande problemática na saúde pública. Parte desse conjunto são os transtornos depressivos unipolares, que apresentam maior prevalência entre as mulheres, até mesmo na ausência de gestações. No entanto, os transtornos mentais no sexo feminino são mais frequentes no período pós-natal, configurado por mudanças importantes ocasionadas pela gestação, parto e puerpério. Sendo assim, a depressão pós-parto (DPP) é definida pela ocorrência de um transtorno depressivo correspondente aos doze primeiros meses após o nascimento do bebê. (LOBATO; MORAES; REICHENHEIM, 2011)

A etiologia da DPP é multifatorial, abrangendo fatores genéticos e hormonais. No entanto, os fatores hormonais se configuram como uma importante chave para o acontecimento de todo esse processo. Nota-se que algumas mulheres são mais sensíveis a alterações hormonais, em que essa sensibilidade e a vivência de fatores estressores contribuem para a ocorrência de transtornos de humor. (ZINGA; PHILLIPS; NASCIDO, 2005)

Durante a gestação, ocorre a secreção de níveis altos de estrogênio e progesterona, acima dos níveis fisiológicos. Porém, no puerpério, os níveis dos esteroides gonadais tendem a cair, ocorrendo interação entre o eixo hipotálamo-hipófise-gonadal e o sistema serotoninérgico, o qual é suprimido pela retirada hormonal de estrogênio e progesterona. Nessa análise, mulheres que apresentam predisposição genética a disfunções da atividade serotoninérgica são mais suscetíveis a desenvolver transtornos de humor. (ZINGA; PHILLIPS; NASCIDO, 2005)

Os principais sintomas da DPP são labilidade emocional, dificuldade em estabelecer vínculo emocional com o bebê, receio em estar a sós com o bebê, ansiedade, alterações do sono, perda de apetite, pensamentos obsessivos e aflição com sua competência materna. Por outro lado, a ideação suicida é menos provável, visto que a DPP é mais responsável por ansiedade associada a sintomas depressivos. (FONSECA; CANAVARRO, 2017)

O início dos sintomas tem maior prevalência nos três primeiros meses pós-parto, mas pode estar presente até mesmo no período gestacional, devido ao fator estressante da chegada de um filho ao núcleo familiar, medos, responsabilidades, alterações físicas e hormonais ocasionadas pela gestação e o puerpério. Os sintomas depressivos podem se tornar crônicos, estando presentes por seis meses a um ano. Na ausência de tratamento adequado, os sintomas podem perdurar por mais de um ano. (FONSECA; CANAVARRO, 2017)

Sendo assim, nota-se que a DPP tem grande impacto no núcleo e vínculo familiar, mais relevante entre mãe e bebê, ocasionando sofrimento psíquico para mãe e atraso no desenvolvimento do bebê, principalmente em casos de diagnóstico e tratamento inadequados. (ARRAIS; DE ARAUJO, 2017)

  • OBJETIVOS
    • Objetivo geral


            O seguinte estudo tem como principal objetivo discorrer a respeito da depressão pós-parto, com foco no entendimento acerca de seus fatores de risco e principais métodos de prevenção.

  • Objetivos específicos
  • Analisar os fatores de maior prevalência que contribuem para o desenvolvimento da depressão pós-parto;
  • Apresentar os principais fatores de risco;
  • Descrever métodos psicoterapêuticos eficazes.
  • REVISÃO DE LITERATURA


            A gestação e o puerpério são períodos de vulnerabilidade emocional, decorrentes de fatores estressantes como o anseio e a insegurança de gerar e criar um bebê. A inserção de um filho no núcleo familiar e no meio social, além da pressão psicológica exercida sobre a capacidade materna, alterações físicas e mudanças na rotina familiar são os grandes responsáveis pelo surgimento dos sintomas depressivos associados a ansiedade. (FONSECA; CANAVARRO, 2017)

Os fatores genéticos e hormonais são os grandes contribuintes para o desenvolvimento da DPP. No entanto, a associação de variados outros fatores podem favorecer a ocorrência do quadro, incluindo fatores psicossociais, socioeconômicos, obstétricos, clínicos e psicológicos. (MORAES, 2006)

Verifica-se maior prevalência da DPP em pacientes com menor grau de escolaridade e baixo nível socioeconômico. Além disso, algumas situações como conflitos conjugais, gestante solteira, gestação não desejada e não planejada, violência familiar, dificuldades financeiras, ausência de suporte emocional e rede de apoio instável são potenciais fatores de risco. (ARRAIS; DE ARAUJO, 2017)

Nessa mesma análise, além dos fatores já mencionados, destacam-se outros fatores de risco, como: idade materna jovem; intercorrências na gestação e no parto, como exemplo pré-eclâmpsia, diabetes gestacional e cesariana de emergência; história prévia de depressão e/ou ansiedade. (MORAES, 2006)

Por mais que a DPP seja uma condição passível de tratamento na clínica médica, algumas estratégias psicossociais são eficazes na prevenção da DPP, podendo amenizar ou eliminar seus fatores de risco. As medidas de prevenção incluem: ações educativas durante o pré-natal, de modo que busque informar os pais acerca do que poderá ocorrer no período pós-natal, abrangendo seus acontecimentos esperados; melhoria na atenção especializada durante o pré e pós-natal, de forma que sejam oferecidas consultas e acompanhamento por profissionais que auxiliem no desenvolvimento do bebê e nos cuidados da mãe e do bebê; disponibilização de terapia interpessoal para mulheres que se encaixam em algum fator de risco para a DPP. (ZINGA; PHILLIPS; NASCIDO, 2005)

  • METODOLOGIA


            O presente trabalho é definido como uma revisão sistemática de literatura de natureza descritiva, desenvolvido mediante análise de artigos disponibilizados pelo Scielo, PubMed e Google Acadêmico.

As palavras-chave examinadas foram “depressão pós-parto”, “puerpério”, “prevenção”, “prevalência” e “fatores de risco”. Os critérios de inclusão determinados foram artigos correspondentes às palavras-chave pesquisadas, artigos em Inglês e Português e artigos relacionados ao tema proposto.

  • RESULTADOS E DISCUSSÕES


            A gestação é um período de grande importância na vida das mulheres, associada a alterações comportamentais, físicas e biológicas, podendo desenvolver quadros depressivos que afetam o vínculo entre mãe-bebê, o desenvolvimento infantil, o núcleo familiar e a saúde materna. (DE SOUZA; MAGALHÃES; JUNIOR, 2021)

A DPP é caracterizada como um episódio de depressão maior associada ao nascimento de um bebê, tendo maior prevalência em até três meses do período pós-parto. Diversas situações contribuem para o desenvolvimento do quadro, incluindo desde fatores familiares, socioeconômicos, educacionais, obstétricos, psicológicos e clínicos. (ARRAIS; DE ARAUJO, 2017)

Estratégias de prevenção são eficazes, apresentando foco no combate dos fatores de risco. Sendo assim, a interação entre o apoio familiar, relação conjugal e atuação de profissionais da saúde são indispensáveis para o estabelecimento de estratégias de prevenção. Entre elas, destacam-se: iniciativas educacionais acerca do pós-parto, terapia psicossocial e atendimento pré e pós-natal individualizado, de forma que seja satisfatório em oferecer suporte à mãe. (ZINGA; PHILLIPS; NASCIDO, 2005)

Estratégias psicofarmacológicas também são importantes contribuintes para a prevenção e tratamento da DPP, em que são beneficiadas pelo uso de antidepressivos tricíclicos e dos inibidores da recaptação de serotonina, como a nortriptilina e sertralina, respectivamente; suplementação dietética de cálcio e ácidos graxos ômega-3; terapia hormonal de estrogênio e progesterona, de forma que auxilie o ajuste na sua retirada hormonal; estratégias que auxiliem na manutenção de um sono de qualidade, mantendo o ciclo sono-vigília e combatendo a privação de sono. (ZINGA; PHILLIPS; NASCIDO, 2005)

  • CONSIDERAÇÕES FINAIS


            A partir de informações colhidas, conclui-se que é necessário a consolidação de uma importante rede de apoio familiar a profissional para as puérperas, com foco em sua saúde mental e física, acolhendo e abrangendo toda a relação entre mãe-bebê. Sendo assim, torna-se necessário a adoção de grupos terapêuticos direcionados à maternidade, tanto no período de pré-natal quanto no pós-parto, envolvendo todo o cuidado e acompanhamento da fase de adaptação pós-parto.

De acordo com as discussões presentes na seguinte revisão de literatura, há confirmação da importância que deve ser dada à problemática, visto que se configura como um importante problema de saúde pública.

Referências


ARRAIS, Alessandra da Rocha; DE ARAUJO, Tereza Cristina Cavalcanti Ferreira. Depressão pós-parto: uma revisão sobre fatores de risco e de proteção. Psicologia, Saúde e Doenças, v. 18, n. 3, p. 828-845, 2017.

DE SOUZA, Naiana Kimura Palheta; MAGALHÃES, Edivane Queiroz; JUNIOR, Omero Martins Rodrigues. A prevalência da depressão pós-parto e suas consequências em mulheres no Brasil. Research, Society and Development, v. 10, n. 15, p. e597101523272-e597101523272, 2021.

FONSECA, Ana; CANAVARRO, Maria Cristina. Depressão pós-parto. PROPSICO: Programa de atualização em Psicologia Clínica e da Saúde–Ciclo, v. 1, n. 1, p. 111-164, 2017.

LOBATO, Gustavo; MORAES, Claudia L.; REICHENHEIM, Michael E. Magnitude da depressão pós-parto no Brasil: uma revisão sistemática. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, v. 11, p. 369-379, 2011.

MORAES, Inácia Gomes da Silva et al. Prevalência da depressão pós-parto e fatores associados. Revista de saúde pública, v. 40, n. 1, p. 65-70, 2006.

ZINGA, Dawn; PHILLIPS, Shauna Dae; NASCIDO, Leslie. Depressão pós-parto: conhecemos os riscos, mas podemos preveni-la?. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 27, p. s56-s64, 2005.


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