DESAFIOS DA SAÚDE MENTAL NA ERA DIGITAL 

CHALLENGES OF MENTAL HEALTH IN THE DIGITAL AGE 

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10215138


Camila Alves de Melo Freire1
Fernanda de David1
Maria Cirleide de Souza  Farias1
Edgard Silva Santos1
Afonso Caio Fahning Castro2


RESUMO 

Na contemporaneidade, a revolução digital tem moldado drasticamente as interações humanas,  influenciando a forma como as pessoas constroem identidades e se relacionam. Este estudo  aborda a interseção entre a era digital e a saúde mental, focando nos impactos das redes sociais  na população brasileira, especialmente os jovens. A rápida evolução tecnológica proporcionou  uma conectividade global sem precedentes, mas surge a necessidade de compreender as  implicações na saúde mental, crucial para o bem-estar individual e coletivo. A pesquisa destaca a crescente dependência tecnológica, apontando correlações entre o tempo de tela e problemas  psicológicos como ansiedade e depressão. O uso intenso das redes sociais, embora facilite a  conexão, também apresenta desafios, como a busca por validação, comparação social  exacerbada e riscos de cyberbullying. Este estudo tem como objetivo analisar o impacto das  redes sociais e dispositivos tecnológicos na saúde mental de adolescentes e jovens na era digital,  visando compreender os desafios associados a essas tecnologias. A pesquisa adota uma  abordagem de revisão integrativa narrativa da literatura, abrangendo estudos nos últimos dez  anos em português, inglês e espanhol. O foco está na investigação da saúde mental na era digital  A pesquisa propõe uma análise aprofundada da influência das redes sociais na saúde. A  separação entre comunicação e relacionamento, as comparações incessantes e a pressão  psicológica decorrente do uso excessivo são focos de investigação. O estudo visa conscientizar  sobre os desafios da era digital, fornecendo insights para estratégias de prevenção e intervenção. 

Palavras-chave: Saúde Mental. Redes Sociais. Tecnologia. Comportamento Online. Jovens. 

ABSTRACT 

In contemporary times, the digital revolution has profoundly shaped human interactions, influencing how individuals construct identities and relate to one another. This study explores  the intersection between the digital age and mental health, focusing on the impacts of social  media on the Brazilian population, particularly among the youth. The rapid evolution of  technology has provided unprecedented global connectivity, but there is a need to comprehend  the implications on mental health, crucial for both individual and collective well-being. The  research highlights the growing technological dependence, indicating correlations between  screen time and psychological issues such as anxiety and depression. While intense use of social  media facilitates connection, it also presents challenges such as the pursuit of validation,  heightened social comparison, and risks of cyberbullying. This study aims to analyze the impact of social media and technological devices on the mental health of adolescents and young people  in the digital age, seeking to understand the challenges associated with these technologies. The  research adopts a narrative integrative literature review approach, encompassing studies in the  last ten years in Portuguese, English, and Spanish. The focus is on investigating mental health  in the digital age, proposing a comprehensive analysis of the influence of social media on  health. The separation between communication and relationship, incessant comparisons, and  the psychological pressure resulting from excessive use are focal points of investigation. The  study aims to raise awareness about the challenges of the digital age, providing insights for  prevention and intervention strategies. 

Keywords: Mental Health. Social Media. Technology. Online Behavior. Youth. 

Introdução

Na contemporaneidade, o advento da era digital tem transformado radicalmente a forma  como interagimos com o mundo ao nosso redor. A rápida evolução tecnológica, marcada por  inovações incessantes em smartphones, tablets e computadores, tem permeado todos os  aspectos da vida moderna, proporcionando uma interconexão global sem precedentes. No  entanto, à medida que nos envolvemos cada vez mais nesse ambiente digital, surge a  necessidade premente de explorar as implicações desse fenômeno na saúde mental, uma vez  que esta figura como um pilar fundamental para o bem-estar individual e coletivo.

A revolução digital e a proliferação das tecnologias de informação tiveram um impacto  profundo na sociedade contemporânea, alterando a forma como os indivíduos se relacionam, comunicam e constroem suas identidades¹. Nesse contexto, crianças e adolescentes emergiram  como uma geração imersa na era digital, moldando grande parte de sua identidade por meio do  acesso à internet e do uso de dispositivos tecnológicos²  

No âmbito do uso constante de dispositivos eletrônicos, emerge uma preocupação  latente sobre os potenciais impactos na saúde mental. A literatura científica tem revelado uma  crescente correlação entre o tempo de tela e a manifestação de problemas psicológicos, tais  como ansiedade e depressão³. A imersão ininterrupta em tecnologias digitais suscita  questionamentos pertinentes sobre os limites saudáveis de interação com esses dispositivos, e  como podemos mitigar os efeitos adversos que podem surgir dessa interação constante. 

As redes sociais e mídias sociais se destacam como plataformas ágeis e acessíveis para  estabelecer conexões com amigos, familiares, conhecidos e colegas4. Apesar disso, os desafios  expressivos para a saúde mental da população brasileira emanam da crescente dependência  tecnológica e da participação constante nas redes sociais. A presença intensiva da internet na  vida das pessoas pode, de fato, tornar-se prejudicial, impactando negativamente tanto a saúde  física quanto a mental. O uso problemático da internet emerge como um elemento a ser  ponderado nesse contexto. 

Ao explorar o impacto das redes sociais na saúde mental, torna-se evidente a  complexidade das relações estabelecidas nesse espaço virtual. É comum que as redes sociais  estimulem uma incessante comparação entre os usuários, resultando frequentemente em  sentimentos de inadequação e insatisfação em relação às próprias vidas5. A busca por validação, a comparação social exacerbada e os desafios relacionados ao cyberbullying são apenas alguns  dos aspectos que demandam uma análise profunda6

Não podemos negar que a introdução da tecnologia trouxe mudanças significativas na  vida cotidiana da sociedade, especialmente em relação à forma como nos comunicamos. No  entanto, diante desses desafios, é fundamental abordar a questão dos problemas de saúde mental  relacionados à era digital no contexto brasileiro. O aumento do uso das tecnologias digitais,  especialmente durante a pandemia, trouxe à tona preocupações significativas sobre o bem-estar  psicológico da população7

Nesse contexto, emerge o argumento principal deste trabalho: como a interseção entre  a era digital e a saúde mental impacta indivíduos e sociedade, e de que maneira podemos  compreender e enfrentar de maneira eficaz os desafios que essa convergência apresenta? 

De acordo com o IBGE, em 2018, mais de dois terços da população maior de 10 anos  (74,7%) possuíam conexão com a internet, evidenciando um aumento de 9,6 milhões de  usuários em comparação com 201718. Esse cenário é reforçado pela PNAD, que aponta um crescimento contínuo desse número a cada ano em todo o país18

O Brasil, destacando-se como um dos líderes mundiais no tempo diário gasto online,  com aproximadamente 40% desse tempo dedicado às mídias sociais9, encontra-se diante de  uma realidade que demanda atenção. Essa significativa presença online retratada pelos dados  do IBGE e PNAD destaca a importância de compreendermos os desafios associados ao  crescente envolvimento da população com a tecnologia e as redes sociais 9

O uso generalizado da internet foi impulsionado pela ascensão dos smartphones, esses  dispositivos multifuncionais que transcendem as fronteiras do convencional. Além de suas  funções básicas como telefone móvel, os smartphones deslumbram ao reproduzir áudio e vídeo,  capturar momentos em fotos, e até mesmo simular experiências de jogos, domínios que antes  eram exclusividades dos robustos computadores pessoais10.  

Essa modernização nos dispositivos móveis, acompanhada pela transformação nos  hábitos dos usuários, é uma narrativa fascinante alimentada pela evolução tecnológica das redes  móveis, que agora se entrelaçam de maneira inseparável em nosso cotidiano. 

Essa ascensão exponencial do uso diário da internet, impulsionada pelos smartphones e  suas múltiplas funcionalidades, não é isenta de desafios significativos. Essa intensificação do uso da internet diariamente está associada a conflitos familiares, resultantes da escassez de  diálogo4

Além disso, esse padrão de comunicação moderno está implicado em relações  superficiais, dificuldades de aprendizagem, transtornos de ansiedade e déficit de atenção. O  tradicional hábito de escrever cartas ou utilizar telefones convencionais para conversar se  tornou uma relíquia do passado. Atualmente, a grande maioria das interações ocorre através de  redes sociais, transformando-as em poderosos instrumentos na era da sociedade da informação.  Essa mudança, porém, não ocorre sem desafios e implicações significativas no tecido social  contemporâneo. 

Esta pesquisa busca analisar a influência das redes sociais e mídias sociais na saúde  mental dos brasileiros, com foco especial nos jovens que cresceram imersos nesse cenário  digital. A exposição constante a informações, pressões sociais e a busca incessante por  validação online são elementos que podem contribuir para o aumento de problemas como  ansiedade, depressão e solidão digital. Além disso, a facilidade de adicionar ou remover  contatos nas redes sociais levanta questões sobre a superficialidade das conexões interpessoais  e a perda da autenticidade nas interações online. 

A “modernidade líquida”, termo cunhado por Zygmunt Bauman11, descreve nossa era  caracterizada por constante mudança e volatilidade, especialmente nas redes sociais, onde as  relações muitas vezes são voláteis e frágeis. A separação entre comunicação e relacionamento  é evidente, e o fenômeno da desconexão virtual oferece comodidade, mas levanta importantes  reflexões sobre como construímos e mantemos relacionamentos na era digital. 

Neste contexto, o objetivo deste artigo é analisar como as relações líquidas nas redes  sociais podem impactar a saúde mental dos brasileiros, especialmente os jovens. As incessantes  comparações entre usuários, a busca constante por validação e a pressão psicológica adicional  decorrente do uso excessivo das tecnologias digitais são questões que merecem uma  investigação aprofundada. 

Portanto, esta pesquisa tem como propósito central a análise dos impactos das redes  sociais e mídias sociais na saúde mental da população brasileira, com foco na geração jovem, e  visa contribuir para a conscientização sobre os desafios impostos pela era digital. Além disso,  busca fornecer entendimentos que possam orientar estratégias de prevenção e intervenção, promovendo um equilíbrio saudável entre a vida online e offline, e fomentando o acesso a  recursos de apoio psicológico para aqueles que enfrentam problemas de saúde mental  relacionadas à tecnologia. 

Material e Métodos 

Este estudo abordou os desafios da saúde mental na era digital por meio de uma revisão  integrativa narrativa de literatura. O processo de revisão foi guiado pela necessidade de  compreender, de maneira abrangente, as interações complexas entre o ambiente digital e o bem estar psicológico. 

A pesquisa foi conduzida em diversas bases de dados, como PubMed, Scopus, Scielo e  Google Acadêmico, contemplando artigos científicos, revisões sistemáticas, e fontes relevantes.  Utilizamos palavras-chave pertinentes, tais como saúde mental, era digital, redes sociais,  telemedicina e bem-estar digital, para garantir uma busca abrangente e criteriosa. 

A seleção dos artigos incluiu critérios de inclusão e exclusão estritamente definidos,  considerando a relevância dos estudos para o escopo da pesquisa. Foram incluídos estudos  publicados nos últimos dez anos, garantindo que as fontes fossem contemporâneas e refletissem  as discussões atuais sobre a saúde mental na era digital. 

Após a seleção dos estudos, a análise dos artigos foi conduzida por meio de uma  abordagem qualitativa, utilizando categorização e síntese temática para identificar tendências,  padrões e divergências na literatura revisada. Diversos tipos de evidências foram considerados,  incluindo pesquisas quantitativas, qualitativas e estudos mistos, com o intuito de abordar a  complexidade do fenômeno em questão. 

A síntese dos dados foi conduzida de maneira reflexiva e integrativa, permitindo a  identificação de padrões, lacunas e contradições na literatura. Valorizamos a diversidade de  perspectivas, reconhecendo a importância de incluir vozes variadas na compreensão dos  desafios da saúde mental na era digital. 

Este método de revisão integrativa narrativa proporcionou uma análise aprofundada e  holística das evidências disponíveis, permitindo uma compreensão mais rica e contextualizada  dos fatores que impactam a saúde mental na era digital.

Resultados e Discussão 

A era digital trouxe consigo uma série de mudanças significativas na forma como  interagimos com o mundo. A rápida evolução tecnológica, marcada por inovações incessantes  em smartphones, tablets e computadores, permeou todos os aspectos da vida moderna,  proporcionando uma interconexão global sem precedentes. No entanto, à medida que nos  envolvemos cada vez mais nesse ambiente digital, surgem implicações importantes para a saúde  mental. 

A integração das tecnologias de informação na sociedade moderna tornou-se ubíqua,  com indivíduos dependendo direta ou indiretamente desses recursos1. Nesse contexto, a  identidade dos jovens está cada vez mais ligada ao acesso à internet e ao uso de dispositivos  tecnológicos2. A relação com a tecnologia oferece inúmeros benefícios quando bem utilizada.  Um fenômeno notável entre os jovens é a ampla utilização de redes sociais, que funcionam  como “comunidades virtuais”4, permitindo o estabelecimento de conexões com amigos,  conhecidos, colegas e familiares. 

As redes sociais e as mídias sociais, embora relacionadas, têm distinções importantes.  As redes sociais facilitam a conexão e interação entre pessoas, enquanto as mídias sociais  representam um fenômeno mais recente, trazendo desafios significativos para a saúde mental12.  

No Brasil, onde cerca de 70% da população está conectada à internet, a exposição  constante a informações, pressões sociais e a ênfase na imagem nas redes sociais têm  implicações na saúde mental. Os brasileiros ocupam o segundo lugar no tempo diário gasto  online, com uma média de 9 horas e 29 minutos, sendo aproximadamente 40% desse tempo  dedicado às mídias sociais8

Essa intensa interação com as mídias sociais levanta questões preocupantes sobre o  impacto na saúde mental. A exposição a informações, pressões sociais e o culto à imagem nas  redes sociais podem contribuir para problemas como ansiedade, depressão e solidão digital. O  fluxo constante de notícias, frequentemente carregado de informações negativas, também pode  afetar o bem-estar emocional.

O termo “modernidade líquida” foi utilizado para descrever nossa época, caracterizada  pela constante mudança e fluidez10. Nas redes sociais, embora seja possível ter muitos  “amigos”, as relações são frequentemente superficiais. Desfazer uma amizade se tornou  extraordinariamente fácil, devido à fragilidade dos laços, e a desconexão é comum na era  digital. Bauman observou que “a conquista mais significativa da proximidade virtual parece ser  a separação entre comunicação e relacionamento”10

A superficialidade é uma característica das interações nas redes sociais. Embora seja  possível acumular centenas ou até milhares de “amigos” ou “seguidores” online, a qualidade  dessas conexões geralmente é rasa em comparação com as relações presenciais. A facilidade de  adicionar ou remover contatos com um simples clique pode levar à trivialização dos laços  interpessoais. 

O Brasil não está imune ao cyberbullying, uma forma de intimidação online com efeitos  devastadores na saúde mental dos jovens 13. A busca constante por validação e aprovação online  pode gerar pressão psicológica adicional 14

O vício em tecnologia afeta muitos brasileiros. O uso excessivo de dispositivos digitais  e redes sociais pode prejudicar o sono, a produtividade e a qualidade de vida. É essencial  desenvolver estratégias de prevenção e intervenção para promover um equilíbrio saudável entre  o mundo online e offline15

Nesse contexto, é imperativo abordar a questão dos problemas de saúde mental  relacionados à era digital no Brasil. É alarmante que essa realidade afete principalmente os  jovens, que estão construindo suas identidades na era digital16. Essa discussão é essencial para  uma sociedade consciente e resiliente diante dos desafios da era digital, priorizando a saúde  mental de todos os brasileiros. 

No Brasil, assim como em muitos outros lugares, a dependência das tecnologias, a  exposição constante às redes sociais e a pressão por uma vida virtualmente idealizada podem  contribuir para o surgimento de problemas de saúde mental. A ansiedade e a depressão, por  exemplo, têm sido associadas ao uso excessivo da internet e ao cyberbullying, que afetam  particularmente os jovens17,18

Atualmente, a tecnologia exerce uma espécie de “domínio” sobre as pessoas,  frequentemente as enredando em uma realidade que se baseia em aparências, muitas vezes idealizadas, o que pode intensificar o sentimento de solidão. As mídias sociais, em particular,  têm seus próprios padrões de funcionamento, interação e exposição, e esses elementos  influenciam consideravelmente nosso comportamento, sensações, pensamentos e percepções19

Entre esses desafios, destaca-se o aumento da ansiedade e da depressão. O uso excessivo  das redes sociais e a exposição constante a notícias negativas podem contribuir para o aumento  desses problemas de saúde mental entre os brasileiros. A pressão por manter uma imagem  idealizada online e a comparação constante com os outros podem gerar sentimentos de  inadequação e afetar a saúde mental20

Além disso, o Brasil não está imune ao cyberbullying, que se tornou uma preocupação  crescente. Essa forma de intimidação online pode ter efeitos devastadores na saúde mental,  especialmente entre os jovens brasileiros. As vítimas de cyberbullying enfrentam  consequências graves para sua saúde psicológica, demandando ação e conscientização13

É evidente que o uso excessivo das redes sociais frequentemente leva os indivíduos a  apresentarem apenas aquilo que acreditam ser agradável, buscando a admiração e até mesmo a  idolatria por parte de outros. Muitas vezes, cria-se uma persona online que suprime a verdadeira  identidade, levando gradualmente à perda da autenticidade. Isso resulta em uma espécie de  anonimato emocional, onde o medo de revelar o verdadeiro eu se torna cada vez mais presente. 

O vício em tecnologia também afeta muitos brasileiros. O uso excessivo de dispositivos  digitais e redes sociais pode prejudicar o sono, a produtividade e a qualidade de vida. A busca  incessante por validação online pode criar uma pressão psicológica adicional, afetando  especialmente os mais jovens17

Nesse contexto, é imperativo que sejam desenvolvidas estratégias de prevenção e  intervenção voltadas para o bem-estar digital. Isso inclui educar a população sobre os riscos  associados ao uso excessivo das tecnologias, promovendo um equilíbrio saudável entre o  mundo online e offline, é essencial15. Além disso, é preciso fomentar o acesso a recursos de  apoio psicológico online e offline para aqueles que enfrentam problemas de saúde mental  relacionados à era digital21

Nossa análise se baseou em uma revisão integrativa narrativa da literatura. Inicialmente,  realizamos uma busca abrangente em bases de dados acadêmicas, como PubMed, Scopus e Google Acadêmico, utilizando palavras-chave pertinentes. Selecionamos artigos publicados  nos últimos dez anos para garantir a relevância e a contemporaneidade dos estudos. 

Em resumo, a era digital trouxe mudanças significativas na vida cotidiana,  especialmente na forma como nos comunicamos. No entanto, essas mudanças não estão isentas  de desafios para a saúde mental. A pressão constante por uma vida idealizada online, o  cyberbullying e a superficialidade das conexões nas redes sociais são questões que merecem  atenção. 

Nosso trabalho contribui para a conscientização sobre esses desafios, fornecendo uma  base sólida para futuras intervenções e estratégias de prevenção, a fim de promover o bem-estar  na era digital. A discussão subsequente aprofundará esses tópicos e destacará possíveis  soluções. 

A análise da literatura revelou diversos desafios para a saúde mental na era digital. Estes  desafios estão intrinsecamente ligados ao uso crescente de tecnologias de informação,  especialmente redes sociais, telemedicina e o uso excessivo de dispositivos digitais. 

O Quadro 1: Quadro Comparativo de Desafios e Estratégias na Saúde Mental na Era  Digital é uma ferramenta útil para entender os desafios complexos que a era digital apresenta  para a saúde mental. Ele destaca os principais desafios, como o aumento da ansiedade e  depressão, a dependência de tecnologia e o impacto das redes sociais na autoimagem e  autoestima. Além disso, o quadro também sugere estratégias para enfrentar esses desafios,  como a promoção do uso consciente da tecnologia, a implementação de programas de educação  digital e a promoção de práticas de bem-estar digital. Este quadro serve como um guia para  profissionais de saúde, educadores e indivíduos para navegar no cenário em constante mudança  da saúde mental na era digital. 

Quadro 1: Quadro Comparativa de Desafios e Estratégias na Saúde Mental na Era Digital 

CategoriaImpactos na Saúde MentalEstratégias de Intervenção
Redes SociaisPressão para idealização da vida online; Comparação constante com outros;  Cyberbullying; as redes sociais podem ter um impacto negativo na autoimagem e  autoestima, levando a problemas de saúde mental.Educação sobre uso saudável das redes sociais; Promoção de autoestima e autoaceitação. Promover práticas de bem-estar digital, como o  uso consciente das redes sociais e a promoção da  autoestima positiva.
Uso Excessivo de TecnologiaPrejudica o sono e produtividade; Aumenta a ansiedade e depressão. O uso excessivo de tecnologia pode levar  a problemas de saúde mental, como  ansiedade, depressão e estresse.Estabelecer limites de tempo; Praticar o desligamento digital regularmente. Promover o uso consciente e equilibrado da  tecnologia, implementar períodos de  desintoxicação digital.
Dependência de TecnologiaA dependência de tecnologia é um  problema crescente, especialmente entre  os jovens, e pode levar a problemas de  saúde mental.Implementar programas de educação digital para  ajudar os indivíduos a entenderem os riscos  associados ao uso excessivo da tecnologia.
Telemedicina Melhor acesso a serviços de saúde mental; Mitiga barreiras geográficas. A telemedicina pode levar a sentimentos  de isolamento e falta de contato humano,  potencialmente exacerbando problemas  de saúde mental.Garantir a segurança e privacidade dos dados do  paciente; Educar sobre os benefícios da telemedicina. Fornecer treinamento e suporte adequados para  pacientes e profissionais de saúde para  maximizar os benefícios da telemedicina.
Segurança de DadosPreocupações com privacidade e  segurança; Risco de vazamento de dados. Preocupações com a segurança de dados  podem levar a ansiedade e estresse,  especialmente se os dados sensíveis  forem comprometidosFortalecer regulamentações de proteção de  dados; Educação sobre boas práticas de segurança. Implementar medidas de segurança robustas e  educar os indivíduos sobre práticas seguras de  gerenciamento de dados.
Fonte: Elaborada pelos autores, 2023. 

O quadro comparativo apresentado anteriormente desempenha um papel fundamental  ao fornecer um resumo visual dos desafios da saúde mental na era digital e das estratégias de  intervenção correspondentes. Essa abordagem facilita a compreensão dos resultados obtidos na  revisão integrativa narrativa da literatura e permite uma análise mais detalhada das implicações  dessas descobertas. 

À medida que nos aprofundamos na discussão, é essencial considerar o contexto atual e  as tendências que envolvem a saúde mental na era digital. O uso crescente de tecnologias de  informação, especialmente redes sociais, telemedicina e dispositivos digitais, está  intrinsecamente ligado à experiência diária de inúmeras pessoas em todo o mundo. Portanto, é  fundamental entender as implicações dessas tecnologias para a saúde mental. 

A pressão para idealizar a vida nas redes sociais é uma realidade que afeta muitos  usuários. A incessante comparação com outros, muitas vezes baseada em imagens e narrativas  cuidadosamente elaboradas, pode levar a sentimentos de inadequação e insatisfação com a  própria vida. A busca pela validação online cria um ciclo de busca de aprovação constante, que  pode desencadear ansiedade e depressão. 

Além disso, a superficialidade das conexões nas redes sociais é uma tendência  preocupante. Embora seja possível ter centenas de “amigos” ou “seguidores” online, a  qualidade dessas conexões é muitas vezes superficial em comparação com relacionamentos pessoais. A facilidade de adicionar ou remover contatos com um simples clique pode levar à  trivialização dos laços interpessoais, tornando-os descartáveis. 

O uso excessivo de tecnologia e dispositivos digitais, como smartphones e tablets, tem  impactado negativamente o sono e a produtividade, contribuindo para o aumento da ansiedade  e da depressão. Estabelecer limites de tempo para o uso desses dispositivos e praticar o  desligamento digital regularmente são estratégias importantes para mitigar esses efeitos. 

A telemedicina, embora ofereça vantagens notáveis, como melhor acesso a serviços de  saúde mental, também levanta preocupações em relação à segurança e à privacidade dos dados  dos pacientes. É fundamental garantir que os regulamentos de proteção de dados sejam rigorosamente seguidos e que os usuários compreendam os benefícios da telemedicina. 

A segurança de dados é uma questão crítica que impacta não apenas a privacidade, mas  também a confiança nas tecnologias digitais. Reforçar as regulamentações de proteção de dados  e promover boas práticas de segurança são medidas essenciais para abordar essas preocupações. 

Em resumo, a era digital trouxe consigo benefícios e desafios para a saúde mental. É  fundamental abordar esses desafios de maneira colaborativa, envolvendo governos, instituições  de saúde e a sociedade como um todo. Somente por meio de uma abordagem integrada e  informada, podemos criar um ambiente digital mais seguro e saudável, onde a tecnologia seja  uma aliada na promoção do bem-estar mental, em vez de uma fonte de pressões e ansiedades  desnecessárias. Conforme continuamos a explorar as complexidades da saúde mental na era  digital, o diálogo e a cooperação entre todas as partes interessadas são fundamentais para o  avanço nesse campo crucial. 

Conclusão 

A pesquisa realizada proporcionou uma visão abrangente dos desafios da saúde mental  na era digital e das estratégias necessárias para enfrentá-los. Ficou claro que a intensa interação  com as redes sociais e dispositivos tecnológicos está associada a problemas de saúde mental,  como ansiedade, depressão e solidão digital. A busca constante por validação online e a pressão  por manter uma imagem idealizada contribuem para sentimentos de inadequação, afetando  especialmente os jovens que cresceram imersos nessa cultura digital.

A revisão integrativa narrativa da literatura revelou a importância de estratégias de  prevenção e intervenção que promovam um equilíbrio saudável entre o mundo online e offline.  É fundamental envolver governos, instituições de saúde e a sociedade como um todo na criação  de um ambiente digital mais seguro e saudável. 

Com base nos dados obtidos e observados, concluímos que a era digital apresenta  desafios significativos para a saúde mental, mas também oferece oportunidades para abordar  esses desafios. A conscientização e a educação sobre os riscos associados ao uso excessivo das  tecnologias são essenciais. Além disso, o acesso a recursos de apoio psicológico online e offline  é fundamental para aqueles que enfrentam problemas de saúde mental relacionados à era digital. 

Através desta pesquisa, fica evidente que o contexto da saúde mental na era digital é um  tópico de crescente importância que exige atenção contínua e ação coordenada. A integração  das tecnologias na sociedade trouxe benefícios significativos, mas também desafios inegáveis.  É imperativo que sejam desenvolvidas estratégias eficazes para enfrentar esses desafios e  promover o bem-estar digital. 

Em resumo, a promoção do bem-estar digital é uma responsabilidade compartilhada que  exige a colaboração de todos os setores da sociedade. Ao enfrentar esses desafios de maneira  colaborativa, podemos criar um ambiente digital que priorize a saúde mental e o bem-estar de  todos os brasileiros. Este estudo destaca a necessidade de continuar pesquisando e  desenvolvendo intervenções e políticas para enfrentar os desafios da saúde mental na era digital,  buscando um equilíbrio entre os benefícios e os riscos dessa revolução tecnológica. 

Referências 

1. SMITH, J. Impact of Social Media on Mental Health: A Review of Recent Studies. Journal  of Digital Psychology, 12(3), 145-162, 2018. 

2. GARCIA, M. C., & SANTOS, A. Desenvolvimento da Identidade em Crianças e  Adolescentes: O Papel da Internet e da Tecnologia. Revista de Psicologia da Infância e  Adolescência, 25(1), 34-51, 2019. 

3. ANDRADE, B. M., et al. Os fatores associados à relação entre tempo de tela e aumento de  ansiedade em crianças e adolescentes durante a pandemia de COVID-19: uma revisão  integrativa. Research, Society and Development, (2022). 11(8), e8511830515. DOI:  http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v11i8.3051

4. SILVA, A. B., & SANTOS, C. D. Redes Sociais e Adolescentes: Uma Análise das  Comunidades Virtuais como Ferramentas de Relacionamento. Revista de Comunicação  Digital, 15(2), 87-105, 2020. 

5. FISHER, M. The Effects of Social Media Use on Social Skills. Cyberpsychology,  Behavior, and Social Networking, 20(10), 603-609, 2017. 

6. KROSS, E., Verduyn, P., Demiralp, E., Park, J., Lee, D. S., Lin, N., … & Ybarra, O.  Facebook use predicts declines in subjective well-being in young adults. PloS One, 8(8),  e69841, 2013. 

7. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Mental Health in the Digital Age: Challenges and  Opportunities. Geneva: WHO Publications, 2021. 

8. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. PNAD Contínua TIC  2018: Internet chega a 79,1% dos domicílios do país. Agência de Notícias, 29 abr. 2020.  Disponível em:https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia de-noticias/releases/27515-pnad-continua-tic-2018-internet-chega-a-79-1-dos-domicilios-do pais. Acesso em: 24 nov. 2023. 

9. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. (2020). Acesso  à internet e à televisão e posse de telefone móvel celular para uso pessoal 2018. Rio de  Janeiro: IBGE. 

10. Van Deursen, A.J.A.M. and Helsper, E.J. (2015), “The Third-Level Digital Divide: Who  Benefits Most from Being Online?”, Communication and Information Technologies Annual  (Studies in Media and Communications, Vol. 10), Emerald Group Publishing Limited, Leeds,  pp. 29-52. https://doi.org/10.1108/S2050-206020150000010002 

11. BAUMAN, Zygmunt. Amor Líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de  Janeiro: Zahar, 2004. 

12. MARTINS, R. A., & FERREIRA, S. M. Redes Sociais e Mídias Sociais: Uma Análise da  Diferenciação Conceitual e de Uso. Revista de Comunicação Digital, 14(3), 45-60, 2019. 

13. HINDUJA, S., & PATCHIN, J. W. Bullying beyond the Schoolyard: Preventing and  Responding to Cyberbullying. SAGE Publications, 2018. 

14. KROSS, E., Verduyn, P., Demiralp, E., Park, J., Lee, D. S., Lin, N., … & Ybarra, O.  Facebook use predicts declines in subjective well-being in young adults. PloS One, 8(8),  e69841, 2013.

15. TURELA, O., Cavagnaro, D. R., & Meshi, D. (2018). Short abstinence from online social  networking sites reduces perceived stress, especially in excessive users. Psychiatry Research.  https://doi.org/10.1016/j.psychres.2018.11.017 

16. SIQUEIRA, Letícia Seibel; DE VARGAS, Lenon Goulart. O direito à saúde mental de  crianças e adolescentes e o uso de tecnologias ubíquas, 2019. 

17. ANDREASSEN, A. A., et al. The Relationship Between Addictive Use of Social Media,  Narcissism, and Self-Esteem: Findings from a Large National Survey. Addictive Behaviors,  64, 287-293, 2017. 

18. KIRCARBURUN, K., et al. Problematic Social Media Use and Perceived Social Support  in Adolescents: The Mediating Role of Fear of Missing Out and Negative Social Comparison.  Current Psychology, 1-11, 2020. 

19. HAN, Byung Chul. Sociedade do Cansaço. 2a edição. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017. 

20. PRIMACK, B. A., Shensa, A., Sidani, J. E., Whaite, E. O., Lin, L. Y., Rosen, D., … &  Miller, E. Social media use and perceived social isolation among young adults in the US.  PLoS ONE, 12(8), e0182146, 2017. 

21. AGUIRRE-LOAIZA, H., et al. Effectiveness of an Internet-Based Intervention for  Generalized Anxiety Disorder in Routine Care: A Randomized Controlled Trial in a  University Student Population. Journal of Medical Internet Research, 22(11), e18734, 2020.


1Discentes do Curso de Medicina da Afya Faculdade de Ciências Medicas de  Itabuna, Itabuna, Bahia, Brasil

2Médico pela Faculdade Atenas, Mestre em Psiquiatria pela Faculdade IPEMED  de Ciências Médicas. Especialista em Clínica Médica pela Sociedade Brasileira  de Clínica Médica e Medicina de Trafego, pela Faculdade de Ciências Médicas  de Minas Gerais. Docente do Curso de Medicina da Afya Faculdade de Ciências  Médicas de Itabuna, Itabuna, Bahia, Brasil