A ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO NA PROFILAXIA PRÉ EXPOSIÇÃO AO HIV (PrEP)

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10214503


Allison Falcão Freitas1
Lucas De Oliveira Isaias Emiliano2
Tatiane Carvalho Pereira3


RESUMO

A profilaxia pré-exposição (PrEP), que utiliza a combinação de tenofovir disoproxil fumarato/emtricitabina, destaca-se como um método altamente eficaz na prevenção de novas infecções pelo HIV. O objetivo geral deste estudo é avaliar o impacto e a eficácia das estratégias de educação para a saúde, com ênfase no papel do farmacêutico na divulgação da profilaxia pré-exposição (PrEP) para prevenção do HIV. A trajetória da epidemia, originada por volta de 1920 no Congo, destaca-se como um desafio global, evidenciando a necessidade de políticas públicas eficientes e estratégias de tratamento. A revisão bibliográfica abrange uma análise temporal das políticas de assistência farmacêutica, explorando sua interface com a população afetada pelo HIV/AIDS. A atuação do setor farmacêutico, iniciada em 1997, destaca-se como um componente crucial na promoção do uso adequado e racional de medicamentos, contribuindo para a qualidade de vida dos usuários. O estudo enfatiza a importância das intervenções farmacêuticas na melhoria da adesão ao tratamento antirretroviral (TARV), essencial para a supressão viral e reconstituição do sistema imunológico. Além disso, destaca-se a relevância da atuação farmacêutica na redução de eventos adversos, nos custos hospitalares e na prevenção de resistência antirretroviral. Diante da análise dos estudos conclui-se que a presença do setor farmacêutico nas equipes multidisciplinares é crucial. Seu papel vai além da dispensação de medicamentos, envolvendo a orientação ao paciente, o acompanhamento do tratamento e a promoção da adesão terapêutica. Este estudo destaca a necessidade de uma abordagem integral na assistência aos portadores de HIV/AIDS, enfatizando a importância da Educação Permanente em Saúde para o farmacêutico e sua contribuição para equipes de saúde bem-sucedidas no enfrentamento contínuo dessa epidemia.

Palavras-chave:  Assistência Farmacêutica. HIV. Profilaxia Pré-Exposição.

ABSTRACT

Pre-exposure prophylaxis (PrEP), which uses the combination of tenofovir disoproxil fumarate/emtricitabine, stands out as a highly effective method for preventing new HIV infections. The general objective of this study is to evaluate the impact and effectiveness of health education strategies, with an emphasis on the role of the pharmacist in disseminating pre-exposure prophylaxis (PrEP) for HIV prevention. The trajectory of the epidemic, which originated around 1920 in Congo, stands out as a global challenge, highlighting the need for efficient public policies and treatment strategies. The literature review covers a temporal analysis of pharmaceutical assistance policies, exploring their interface with the population affected by HIV/AIDS. The pharmaceutical sector’s activities, which began in 1997, stand out as a crucial component in promoting the appropriate and rational use of medicines, contributing to users’ quality of life. The study emphasizes the importance of pharmaceutical interventions in improving adherence to antiretroviral treatment (ART), essential for viral suppression and reconstitution of the immune system. Furthermore, the relevance of pharmaceutical action in reducing adverse events, hospital costs and preventing antiretroviral resistance stands out. Based on the analysis of the studies, it is concluded that the presence of the pharmaceutical sector in multidisciplinary teams is crucial. Its role goes beyond dispensing medications, involving patient guidance, monitoring treatment and promoting therapeutic adherence. This study highlights the need for a comprehensive approach in assisting people with HIV/AIDS, emphasizing the importance of Continuing Health Education for pharmacists and their contribution to successful health teams in the continuous confrontation of this epidemic.

Keywords: Pharmaceutical care. HIV. Pre-Exposure Prophylaxis.

1. INTRODUÇÃO

No contexto brasileiro, a maioria dos novos casos de infecção pelo HIV/aids são específicos em situações específicas, como homens que fazem sexo com homens (HSH), indivíduos gays, pessoas transgêneros e trabalhadores(es) do sexo. Apesar da redução recente nos diagnósticos de HIV, existem disparidades notáveis ​​na aquisição do vírus relacionadas ao gênero, orientação sexual, raça e nível socioeconômico.

A profilaxia pré-exposição (PrEP), que utiliza a combinação de tenofovir disoproxil fumarato/emtricitabina, destaca-se como um método altamente eficaz na prevenção de novas infecções pelo HIV. No âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a PrEP é oferecida como estratégia preventiva, reduzindo a transmissão do HIV e contribuindo para alcançar as metas relacionadas ao controle da epidemia.

A PrEP, combinada a outras medidas preventivas, como ampliação e intensificação dos testes, programas de redução de danos e tratamento como prevenção, é empregada para reduzir a taxa de novas infecções pelo HIV. Além de conter a propagação do vírus entre comunidades em situação de risco, estima-se que a prevenção de uma infecção pelo HIV resulte em economias nos custos médicos ao longo da vida.

Novas abordagens estão sendo desenvolvidas para expandir o acesso à profilaxia pré-exposição (PrEP). Nos serviços clínicos, a PrEP tem sido disponibilizada através de clínicas de saúde comunitária, clínicas especializadas em doenças sexualmente transmissíveis e discussão de cuidados primários. Agentes comunitários de saúde foram capacitados para realizar ações de divulgação sobre a PrEP e encaminhar para serviços de prescrição. Os móveis também oferecem prescrições de PrEP para aplicações de saúde específicas, sem consulta presencial. Disponibilizar a PrEP fora das unidades de saúde formais tem o potencial de reduzir barreiras ao acesso, melhorar a autonomia e aumentar a utilização dessas opções de prevenção do HIV. Essa abordagem também pode ser uma maneira de alcançar pessoas que podem ser beneficiárias da PrEP, mas que não se sentem à vontade em frequentar uma clínica.

Como parte de uma estratégia de prevenção abrangente, é crucial fornecer aos pacientes apoio social, educação sobre adesão e aconselhamento extensivo sobre redução de riscos. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos monitorou os farmacêuticos como profissionais aptos a melhorar a saúde da população. Além disso, a Associação Americana de Saúde Pública destacou o papel dos farmacêuticos como médicos de saúde pública, desempenhando serviços essenciais de prevenção de saúde, como vacinações e exames de saúde. Os dados apresentados sugerem que as violações em risco substancial de contrair o VIH, como consumidores de drogas intravenosas e homens que fazem sexo com homens (HSH), são receptivas aos serviços de prevenção oferecidos pelas farmácias.

Dessa forma, os farmacêuticos estão bem posicionados para fornecer serviços de PrEP. Modelos de integração de farmacêuticos clínicos e comunitários em locais de prática de HIV demonstraram melhorar os resultados e a adesão. Os dados anteriores também validaram o papel das clínicas gerenciadas por farmacêuticos na gestão de terapias medicamentosas em uma variedade de estados de doença, incluindo diabetes, hipertensão e hiperlipidemia. Assim, além dos ambientes tradicionais de prática da PrEP, o envolvimento dos farmacêuticos na entrega desse serviço contribui para ampliar o acesso. Os farmacêuticos são considerados os profissionais de saúde mais acessíveis, inclusive em áreas desfavorecidas e com acesso limitado aos cuidados de saúde, estimando-se que os pacientes consultem seus farmacêuticos de 1,5 a 10 vezes mais frequentemente do que seus médicos de cuidados primários.

Os profissionais farmacêuticos que atuam em estabelecimentos comunitários, onde disponibilizam preservativos, realizam testes de HIV e preparam receitas para tratar infecções sexualmente transmissíveis, encontram-se em uma posição estratégica para identificar pacientes que podem ser beneficiários da PrEP. Além de aprimorar o acesso, esses profissionais ajudam a superar as barreiras generalizadas à adesão a medicamentos, oferecendo serviços personalizados, aconselhamento confidencial sobre medicamentos e educação em saúde concisa, em um ambiente menos estigmatizado. Os supermercados foram reconhecidos por sua acessibilidade, disponibilidade de tempo e conhecimento adequado para fornecer cuidados de saúde de alta qualidade centrados no paciente.

2. JUSTIFICATIVA

A realização deste estudo é fundamentada pela necessidade de compreender e aprimorar a efetividade das estratégias de divulgação da profilaxia pré-exposição (PrEP) para prevenção do HIV, com ênfase no papel do farmacêutico nesse contexto. A relevância desta pesquisa reside na importância crescente da PrEP como medida preventiva, aliada ao reconhecimento do farmacêutico como um agente-chave na disseminação de informações e orientações sobre saúde.

Considerando a ampla acessibilidade dos farmacêuticos à comunidade, a investigação sobre o impacto de seu envolvimento na divulgação da PrEP pode fornecer insights cruciais para aprimorar estratégias de conscientização e educação. Além disso, a pesquisa visa contribuir para a redução das disparidades no acesso à informação sobre a PrEP, promovendo uma abordagem mais inclusiva e eficaz na prevenção do HIV.

Ao compreender melhor o papel dos farmacêuticos na promoção da PrEP, este estudo oferece subsídios para o aprimoramento de políticas de saúde pública, bem como para o desenvolvimento de estratégias mais eficientes na prevenção do HIV, impactando positivamente a saúde da população em questão.

3.OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL

Avaliar o impacto e a eficácia das estratégias de educação para a saúde, com ênfase no papel do farmacêutico na divulgação da profilaxia pré-exposição (PrEP) para prevenção do HIV. A pesquisa busca ampliar o conhecimento, incentivar a adesão e diminuir as taxas de novas infecções pelo vírus, destacando o envolvimento ativo dos farmacêuticos na promoção da PrEP como uma medida preventiva crucial.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
  • Descrever quais são os medicamentos e modalidades de profilaxia pré-exposição ao HIV
  • Destacar quais são as barreiras e facilitadores na adesão à profilaxia pré-exposição ao HIV
  • Analisar a atuação do farmacêutico na profilaxia pré-exposição ao HIV
4. MATERIAIS E MÉTODOS

Uma pesquisa de revisão bibliográfica distingue-se de uma revisão de literatura, mas é parte integrante dela. As revisões da literatura são conduzidas com o propósito de (a) localizar informações sobre um tópico ou identificar lacunas na literatura para áreas de estudo futuro, (b) sintetizar conclusões em uma área de ambiguidade e (c) ajudar médicos e pesquisadores a informar a tomada de decisões e diretrizes práticas. As revisões da literatura podem ser narrativas ou sistemáticas, com as revisões narrativas visando fornecer uma visão geral descritiva da literatura selecionada, sem realizar uma pesquisa sistemática da literatura. Por outro lado, as revisões sistemáticas utilizam métodos explícitos e replicáveis, a fim de recuperar toda a literatura disponível relativa a um tópico específico para responder a uma questão definida (Higgins e Green, 2011). As revisões sistemáticas, portanto, requerem estratégias a priori de busca na literatura, com critérios predefinidos para estudos incluídos e excluídos que devem ser relatados detalhadamente em um protocolo de revisão.

Assim, neste estudo foi realizada uma revisão bibliográfica com as seguintes palavras-chave: Farmacêutico, Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), HIV, Prevenção, Educação em Saúde, Divulgação, Estratégias, Acesso, Adesão. Os critérios para inclusão dos artigos e análise dos dados foram pré-especificados. PubMed (incluindo MEDLINE), EMBASE, CINAHL, PsycINFO e Cochrane Library foram pesquisados entre 1 de agosto até 24 de outubro de 2023, com publicações em inglês e português.

Os critérios de elegibilidade foram determinados utilizando as características PICO, ou seja, características que descrevem a população dos estudos, intervenção(ões), comparação(ões) e resultado(s). Pesquisas eletrônicas foram realizadas em três bases de dados: MEDLINE, CINAHL e EMBASE. A estratégia de pesquisa incorporou termos de pesquisa relacionados ao seguinte: Farmacêutico, Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), HIV, Prevenção, Educação em Saúde, Divulgação, Estratégias, Acesso, Adesão. Além disso, apenas os estudos que atenderam a todos os critérios de inclusão a seguir foram incluídos na revisão: “Farmacêuticos na divulgação da PrEP”, “Impacto da educação em saúde na prevenção do HIV”, “Estratégias de promoção da PrEP”, “Adesão à profilaxia pré-exposição”, “Acesso à PrEP por meio de farmácias” e “Papel do farmacêutico na prevenção do HIV”. Já os critérios de exclusão são: Profissionais Não Relacionados à Promoção da PrEP e estudos ou Publicações Não Relacionados ao Papel do Farmacêutico na Divulgação da PrEP.

Um total de 1.214 artigos foram identificados em três bases de dados e em listas de referências de revisões anteriores. Após a remoção das duplicatas, foram triados 513 registros, dos quais 477 foram excluídos por não serem artigos de periódicos. O texto completo dos 36 artigos restantes foi avaliado para elegibilidade, resultando em um total de 7 estudos que atenderam aos critérios de inclusão. Os três principais motivos para exclusão dos outros 26 artigos foram: (1) Profissionais Não Relacionados à Promoção da PrEP e estudos ou Publicações ( n = 6), (2) Publicações Não Relacionados ao Papel do Farmacêutico na Divulgação da PrEP ( n = 17).

Os sete estudos incluídos nesta revisão são descritos na Tabela 1:

AUTORES TÍTULOOBJETIVOS
Monteiro et al. 2023  Profilaxia Pré-Exposição ao HIV: Revisão de escopoMapear potenciais estratégias de serviços farmacêuticos e/ou cuidado farmacêutico para a Profilaxia Pré-exposição ao Vírus da Imunodeficiência Humana.
Pereira et al. 2022Atenção Farmacêutica Na Profilaxia Pré-Exposição Ao Hiv (Prep): Uma Revisão NarrativaO objetivo deste estudo é apresentar a fisiopatologia do HIV/AIDS, analisar boletins epidemiológicos da doença e esclarecer a importância na prática da atenção farmacêutica quanto ao uso da PrEP na prevenção ao HIV/AIDS.
Santos et al. 2022A importância do profissional farmacêutico no programa IST/AIDS na dispensação dos medicamentos antirretroviraisReconhecendo as diversas e distintas constituições do tratamento antirretroviral, este estudo aborda, a partir da literatura produzida, a importância do farmacêutico no programa IST/AIDS na dispensação dos medicamentos antirretrovirais, com o objetivo de destacar as contribuições do farmacêutico no tratamento Antirretroviral.
Chaves et al. 2021Intervenções farmacêuticas e seus desfechos em portadores de HIV/AIDS em atendimento de média complexidadeInvestigar evidências sobre tipos de intervenções, dando ênfase às intervenções farmacêuticas, e seus respectivos desfechos clínicos, epidemiológicos, de acesso, humanístico e econômicos em portadores de HIV/Aids em atendimento de média complexidade.
Moriel et al. 2011Efeitos Das Intervenções Farmacêuticas Em Pacientes Hiv Positivos: Influência Nos Problemas Farmacoterapêuticos, Parâmetros Clínicos E Economiademonstrar a influência das intervenções farmacêuticas na evolução clínica e na economia dos pacientes HIV positivos de um hospital universitário do estado de São Paulo.
Vieira 2011Assistência Farmacêutica Em Paciente Com Hiv/Aids: Uma Análise Temporalo objetivo geral deste trabalho é realizar uma análise temporal da política de assistência farmacêutica e sua interface na população com HIV/AIDS, para compreender e trazer contribuições significativas para os profissionais da área seja em planeamentos, melhorias, ações de saúde, até reforçar seu devido ao papel e importância sobre ele.
Silva et al. 2022Assistência Farmacêutica aos pacientes com HIV/AIDS no Brasil: Uma revisão integrativaEsse artigo objetiva expor a importância da Assistência Farmacêutica na compreensão das informações sobre o tratamento antirretroviral em pacientes com HIV/AIDS no Brasil e a sua contribuição no momento da adesão.
5. REFERENCIAL TEÓRICO
5.1 MEDICAMENTOS E MODALIDADES DE PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO AO HIV

A profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP) é uma estratégia de prevenção do HIV que demonstrou reduzir significativamente a transmissão sexual do HIV. Os modelos estimam que a PrEP confere uma redução na incidência do HIV de 99% para homens que fazem sexo com homens (HSH) e ≥90% para mulheres, no contexto de adesão diária consistente. O primeiro agente a receber aprovação regulatória para PrEP é uma coformulação oral de tenofovir disoproxil fumarato com emtricitabina (TDF-FTC), uma vez ao dia (Beymer et al. 2019).

A adesão à medicação é apenas uma barreira potencial para uma maior adesão à PrEP. Outras preocupações sobre a PrEP diária incluem a resistência ao TDF-FTC, que compromete as opções de tratamento de primeira linha do HIV a nível mundial. Também existem preocupações sobre o potencial de interações medicamentosas, especialmente para hormônios e medicamentos para tuberculose. Além disso, o TDF-FTC é muito seguro e bem tolerado, mas apresenta toxicidades características, incluindo intolerância gastrointestinal, toxicidade renal e toxicidade óssea. Particularmente entre as mulheres, os efeitos colaterais gastrointestinais parecem levar a mais interrupções (Gandhi et al. 2016).

Portanto, são necessários agentes de PrEP alternativos com um perfil igualmente seguro ou melhor. Por último, o desenvolvimento de diferentes modalidades de planeamento familiar mostra que mais opções aumentam as chances de encontrar uma modalidade de PrEP aceitável para um público mais amplo. Estas opções vão desde dosagem alternativa de produtos orais (existentes e novos); preparações injetáveis; produtos tópicos fornecidos como géis, anéis, filmes e sistemas de ação prolongada/liberação estendida (LA/ER), como microagulhas e implantes (Beymer et al. 2019).

As diretrizes atuais para dosagem sob demanda são conflitantes e os dados farmacocinéticos (PK) oferecem previsões conflitantes sobre a eficácia da dosagem sob demanda, pelo menos em parte devido à falta de clareza quanto ao correlato farmacocinético ideal da proteção contra o HIV. No entanto, o aumento dos dados abertos no acompanhamento do ensaio clínico randomizado inicial apoia a eficácia da abordagem, levando a oportunidades para individualizar recomendações em torno dos regimes de dosagem de TDF-FTC (Beymer et al. 2019).

As vantagens da PrEP sob demanda são que ela pode economizar custos quando comparada ao TDF-FTC oral diário e pode ser útil para pessoas que fazem sexo com pouca frequência. As desvantagens incluem a não rotinização, a educação do paciente sobre como implantar e usar a PrEP sob demanda de maneira mais eficaz e o potencial de sexo não planejado comprometer a dose pré-coital (Parsons et al. 2015). Mais importante ainda, há uma ausência de dados para mulheres trans e mulheres cis, limitando a sua utilização potencial apenas para HSH.

5.2 BARREIRAS E FACILITADORES NA ADESÃO À PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO AO HIV

As populações transgênero suportam um fardo desproporcional do HIV em todo o mundo. A profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP) foi introduzida em 2012 como um medicamento diário para prevenir o HIV e seu uso é recomendado pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) desde 2014. O primeiro medicamento PrEP aprovado pela Food and Drug Administration dos EUA e Drug Administration (FDA), Truvada, era uma combinação de dois medicamentos antirretrovirais, tenofovir disproxil fumarato oral e emtricitabina (TDF/FTC). Em 2019, uma segunda combinação de medicamentos (ou seja, Descovy, tenofovir alafenamida e emtricitabina) foi aprovada pela FDA como PrEP para mulheres transexuais e homens cisgêneros que fazem sexo com homens (HSH). O uso da PrEP levou a uma redução de 30,7% na incidência de HIV entre HSH, e a PrEP é altamente eficaz quando tomada conforme prescrito (Dang et al. 2022).

No entanto, o uso atual da PrEP na comunidade transgênero permanece baixo, com um estudo relatando que entre sua coorte de estudo, 92% das mulheres transexuais sem HIV afirmaram conhecer a PrEP, mas apenas 32% relataram o uso (CDC, 2021). Um segundo estudo mostrou que as mulheres transexuais tinham uma probabilidade significativamente menor ( p  < 0,05) de ter conhecimento da PrEP do que o HSH (Wilson et al. 2020). Além disso, existem disparidades raciais e étnicas significativas no HIV entre as populações transexuais. Indivíduos transexuais negros e hispânicos/latinos representaram 48% e 32% dos novos diagnósticos em 2018, respectivamente (CDC, 2020).

Em uma revisão sistemática da literatura para identificar barreiras e facilitadores para o início, adesão e persistência da PrEP entre indivíduos trans, a marginalização institucional, o estigma do HIV e da PrEP, a transfobia e as redes sociais foram identificados como barreiras significativas à adesão e persistência da PrEP. Embora os indivíduos transgênero também sejam uma população prioritária nas diretrizes do CDC, as primeiras recomendações clínicas centraram-se frequentemente em HSH e indivíduos em relações serodiscordantes, excluindo assim sistematicamente os indivíduos transgênero como um grupo demográfico crítico na prevenção do HIV. Além disso, a implementação da PrEP priorizou amplamente o HSH na publicidade e nas mensagens, resultando em muitos estudos que relatam que indivíduos transexuais têm menos conhecimento e interesse na PrEP devido à falta de informações específicas sobre pessoas trans (Cahill et al. 2020).

Foram descobertos que os estigmas do HIV e da PrEP são salientes na literatura revista, onde os indivíduos se preocupavam em serem considerados como vivendo com HIV se estivessem a tomar medicação antirretroviral e estavam preocupados em serem vistos como promíscuos por considerarem a PrEP. As redes sociais também influenciaram fortemente o interesse e a adesão dos indivíduos à PrEP. As redes sociais podem fornecer apoio e orientação a indivíduos transgênero que tomam decisões sobre a PrEP, mas descobrimos que as redes sociais também são uma fonte de stress para indivíduos que não são abertos ou não revelam a sua identidade de gênero ou interesse na PrEP, e isto foi identificado como uma barreira à conhecimento, interesse e adesão dos indivíduos transexuais à PrEP (Dang et al. 2022).

A preocupação com a potencial violência entre parceiros íntimos resultante de conversas sobre a prevenção do HIV também foi uma barreira ao início ou adesão à PrEP. Uma área que precisa de pesquisas adicionais é a identificação das experiências com PrEP entre pessoas trans negras, já que a maioria dos estudos incluídos nesta revisão sistemática teve amostras predominantemente brancas. Dos estudos que se concentraram em mulheres transexuais negras, a desconfiança médica e a falta de representação na publicidade da PrEP foram mencionadas com mais frequência (Dang et al. 2022).

As preocupações sobre as interações medicamentosas entre a terapia hormonal e a PrEP continuam a ser uma barreira importante à expansão da PrEP entre pessoas trans. Os investigadores encontraram estatisticamente, mas não necessariamente clinicamente, concentrações de PrEP significativamente mais baixas entre aqueles que tomavam PrEP, mas nenhuma alteração nas concentrações de FHT entre aqueles que tomavam PrEP. Além disso, pesquisas mais recentes publicadas após a coleta de dados original descobriram que a terapia hormonal entre homens e mulheres transexuais não afetou as concentrações de PrEP após 4 semanas de administração diária (Grant et al. 2021).

Mais pesquisas fisiológicas e farmacocinéticas são importantes para orientar recomendações sobre métodos de dosagem e administração, incluindo PrEP injetável de ação prolongada e orientada por eventos (LAI). Um ensaio clínico de fase 3 foi interrompido precocemente devido a uma melhoria significativa na proteção da PrEP LAI em comparação com a administração oral diária entre mulheres transexuais e HSH (Landovitz et al. 2021). Coletivamente, são necessárias pesquisas adicionais para identificar as implicações de longo prazo da PrEP para a saúde entre indivíduos trans em terapia hormonal – tanto feminilizante quanto masculinizante – para apoiar a tomada de decisão compartilhada sobre PrEP entre cuidadores e pacientes trans. Além disso, futuras pesquisas com LAI PrEP devem incluir homens transexuais, uma vez que os estudos mais recentes os excluíram como parte da população do estudo.

No geral, estes estudos revelaram um baixo conhecimento sobre a PrEP entre as mulheres transexuais nestes locais, mas um elevado interesse uma vez informadas sobre a PrEP como método de prevenção. Embora fora do âmbito deste artigo, uma revisão abrangente da investigação sobre PrEP entre comunidades transgênero em países de baixo e médio rendimento seria um caminho importante para investigação futura, dada a literatura em expansão.

Outra barreira proeminente à adesão e persistência da PrEP identificada na literatura foi a falta de confiança nas instituições médicas, identificada em 19 estudos incluídos nesta revisão. Os investigadores identificaram barreiras significativas no sistema médico que impedem os indivíduos transexuais de aprenderem ou acederem à PrEP através de vias tradicionais, apesar da importância e adequação em receber informações sobre PrEP nas consultas médicas. Esta informação também é relevante para o cuidado holístico de indivíduos trans que estão em transição e/ou recebendo terapia hormonal. Estas barreiras vão desde a falta de equipas de cuidados ou de ambientes clínicos transcompetentes até ao foco inerente na prevenção do HIV nas clínicas, em vez de fornecer cuidados holísticos que satisfaçam todas as necessidades de saúde dos pacientes (Dang et al. 2022).

Combinar o tratamento e a prevenção do HIV com cuidados de afirmação de gênero diminuiria o fardo das consultas múltiplas e os custos financeiros para esta população. Além disso, as mulheres transgênero podem ter dificuldade em obter PrEP e outros serviços relacionados com o HIV, tais como testes e aconselhamento em locais que foram originalmente concebidos para indivíduos do gênero cis, e podem sofrer mais potencial discriminação e transfobia por parte de prestadores e outros pacientes (Auerbach et al. 2020).

Melhorar a educação médica para enfermeiros, assistentes médicos e médicos para serem mais inclusivos com indivíduos transexuais e adaptar os cuidados às suas experiências pode melhorar a confiança médica entre esta população. Programas de treinamento para aumentar a qualidade da obtenção de um histórico de saúde sexual entre médicos residentes e aumentar as práticas de prescrição de PrEP entre provedores de planejamento familiar oferecem modelos baseados em evidências para serem aproveitados, incorporando módulos de cuidados trans-afirmadores e tópicos relacionados à terapia hormonal na educação. Um grande facilitador para o início e a adesão à PrEP foi o aumento da autoeficácia, da intimidade com os parceiros e da autoaceitação entre os indivíduos trans (Dang et al. 2022).

6. ANÁLISE E DISCUSSÃO

O artigo de Monteiro et al. (2023) oferece uma abordagem abrangente sobre a epidemia de HIV/Aids no Brasil, destacando como estatísticas, cidadania-chave e estratégias preventivas. O contexto epidemiológico inicial fornece uma visão clara da prevalência e dos grupos mais afetados, concentrando-se em gays, HSH, pessoas trans e trabalhadores do sexo. A PrEP é destacada como uma estratégia essencial, especialmente para jovens, evidenciando a inclusão dos farmacêuticos na oferta desses serviços como uma contribuição significativa. A análise ressalta não apenas o papel do medicamento na prescrição, mas também no acolhimento e aconselhamento, apontando para a necessidade de uma capacitação aprimorada. O reconhecimento do farmacêutico como estratégico no combate à epidemia destaca a importância de sua inclusão nas políticas de prevenção. A conclusão do artigo enfatiza a necessidade de estudos futuros abrangentes sobre o trabalho dos farmacêuticos, abordando aspectos organizacionais, humanísticos, de acesso e equidade, epidemiológicos, clínicos e econômicos. Em resumo, o artigo não apenas oferece uma análise profunda da situação do HIV/Aids, mas também ressalta o impacto potencial positivo dos produtos farmacêuticos, instigando uma pesquisa futura para aprimorar as práticas e políticas relacionadas à prevenção do HIV no Brasil.

O artigo de Pereira et al. (2022) explora a transmissão do HIV/AIDS e destaca a profilaxia pré-exposição (PrEP) como uma opção crucial para prevenção em pessoas com risco substancial. Embora a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomende a PrEP como parte das estratégias de prevenção combinadas, ressalta-se que essa abordagem não deve substituir métodos já consolidados. O estudo destaca a importância da Atenção Farmacêutica na relação direta entre farmacêutico e usuário, envolvendo uma farmacoterapia racional para melhorar a qualidade de vida. O objetivo principal é evidenciar a PrEP como método preventivo alternativo ao HIV, enfatizando a necessidade de assistência farmacêutica para promover a qualidade de vida do paciente. Reconhecendo o risco epidemiológico da doença e a importância do diagnóstico precoce da AIDS, o estudo ressalta o papel crucial do farmacêutico na intervenção educativa para pacientes com HIV, fornece orientações para evitar problemas relacionados ao uso descontrolado de medicamentos e promovendo uma saúde de forma abrangente. O trabalho destaca a importância do profissional farmacêutico na promoção, proteção e recuperação da saúde dos pacientes com HIV/AIDS.

O artigo de Santos et al. (2022) aborda o vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), destacando sua natureza retroviral e o papel crucial da enzima transcriptase reversa na replicação viral. Embora a terapia combinada tenha contribuído para a redução da mortalidade por AIDS, o estudo revela preocupações globais em relação ao HIV, com milhões de novos casos e óbitos relacionados à AIDS registrados recentemente. A acessibilidade à terapia antirretroviral é comprovada, revelando disparidades entre gêneros e faixas etárias, sublinhando a importância do acesso universal ao tratamento. O estudo confirma a dupla perspectiva da adesão ao tratamento, destacando sua relação com a sobrevida e qualidade de vida, enfatizando que a eficácia exige uma adesão superior a 95% às doses prescritas. Além disso, destaca-se o papel do complexo farmacêutico, desde o planejamento da terapia até a persuasão do paciente para garantir a adesão correta. O estudo propõe a valorização do medicamento no tratamento antirretroviral, explorando a literatura recente para evidenciar suas contribuições na dispensação de medicamentos, educação, prevenção da resistência viral e gestão de efeitos adversos. Também destaca a necessidade de educação permanente para farmacêuticos atuantes na área de HIV/AIDS. A análise dos estudos enfatiza a diversidade de papéis que os setores farmacêuticos podem exercer, não apenas na esfera clínica, mas também em contextos organizacionais e governamentais, ressaltando sua importância nas políticas públicas de saúde e na promoção da saúde.

O artigo de Chaves et al. (2021) analisa as intervenções farmacêuticas e seus impactos em portadores de HIV/AIDS no atendimento de complexidade média, focando a evolução do tratamento e as barreiras enfrentadas pelos pacientes. Destaca-se a trajetória do Programa Nacional de DST/Aids no Sistema Único de Saúde (SUS), que garantiu acesso universal a medicamentos antirretrovirais, contribuindo para transformar o HIV em uma doença crônica controlável. A importância da Terapia Antirretroviral (TARV) é evidenciada, com a promoção do início precoce, independente da contagem de linfócitos T CD4+, mudando à redução da transmissibilidade do vírus. Contudo, ressalta-se que o sucesso terapêutico exige alta adesão ao tratamento, influenciado por fatores epidemiológicos, de acesso, econômicos e humanísticos. O estudo enfoca as disciplinas farmacêuticas como ferramentas essenciais para superar as barreiras à adesão, evidenciando a importância do farmacêutico na equipe de saúde. A corresponsabilidade do paciente, atualizada por informações e educação sobre autocuidado, surge como estratégia para melhorar a adesão. Além disso, a análise revela que as intervenções farmacêuticas têm resultados positivos nos estágios clínicos, epidemiológicos, de acesso, humanísticos e econômicos, contribuindo para a efetividade da TARV. No entanto, são desconhecidas as limitações, como a diversidade de instruções e estágios avaliados, a falta de uniformidade nos registros e a necessidade de evidências mais robustas sobre categorias específicas de disciplinas farmacêuticas. As implicações para a pesquisa e as políticas destacam a necessidade de abordagens mais sistemáticas e aprimoradas para avaliar a eficácia e eficiência do Cuidado Farmacêutico em contextos de complexidade média no tratamento do HIV/AIDS.

O artigo de Moriel et al. (2011) aborda a complexidade dos esquemas de tratamento para pacientes HIV-positivos, destacando a importância da terapia antirretroviral (TARV) e a complexidade crescente associada à disponibilidade de vários agentes antirretrovirais. O estudo enfoca as intervenções farmacêuticas como estratégia para melhorar a resposta do paciente ao TARV, ressaltando a capacidade do farmacêutico clínico em identificar, resolver e prevenir problemas farmacoterapêuticos clinicamente relevantes. Os resultados dos estudos anteriores são relatados para sustentar a ideia de que as intervenções farmacêuticas são prejudiciais para a redução de eventos adversos, melhoram a qualidade do atendimento e diminuem os custos hospitalares. Os objetivos do estudo incluem a avaliação do impacto das disciplinas farmacêuticas em pacientes HIV-positivos em relação à evolução clínica e economia. O estudo indica que, embora as disciplinas farmacêuticas não tenham causado diferenças estatisticamente significativas nos problemas farmacoterapêuticos, desempenharam um papel clinicamente relevante nos parâmetros hemoglobina, linfócitos T CD4+ e carga viral. Além disso, evidências sugerem que as intervenções farmacêuticas melhoram a adesão ao TARV, contribuindo para a redução da carga viral e aumento dos linfócitos T CD4+. A análise econômica demonstra uma redução de gastos no grupo de intervenção, exceto que o acompanhamento farmacoterapêutico resulta em menor incidência de problemas farmacoterapêuticos, consultas, exames e internações, corroborando com estudos anteriores que destacam a eficiência econômica do envolvimento do farmacêutico clínico na gestão da TARV. Em resumo, o estudo sugere que o acompanhamento farmacoterapêutico é capaz de melhorar a resposta clínica, imunológica e econômica em pacientes HIV-positivos.

O artigo de Vieira et al. (2021) destaca a relevância da atuação do profissional farmacêutico na assistência farmacêutica a pacientes com HIV/AIDS, ressaltando a importância de evitar problemas como não adesão, ineficácia e falha terapêutica. O texto contextualiza a presença do farmacêutico nessa área desde 1997, contribuindo com boas práticas de dispensação, aconselhamento, e monitoramento dos usuários, promovendo o uso adequado e racional dos medicamentos. O trabalho visa realizar uma análise temporal da política de assistência farmacêutica e sua interface na população com HIV/AIDS, destacando a importância das políticas públicas e do papel do farmacêutico nos cuidados desses pacientes. O estudo enfatiza a relevância do profissional farmacêutico no combate ao vírus HIV/AIDS, destacando seu papel orientador e seu impacto positivo ao longo dos anos. Os serviços prestados por esses profissionais são apontados como cruciais para garantir uma excelente resposta terapêutica através da boa adesão dos pacientes. A conclusão do trabalho destaca as conquistas ao longo dos anos no proporcionadas de uma boa qualidade de vida aos portadores de HIV/AIDS, atribuindo essa melhoria, em parte, à atuação do farmacêutico em uma equipe multiprofissional. Assim, o estudo destaca a importância da presença do setor farmacêutico na promoção da adesão medicamentosa e na facilitação dos cuidados a esses pacientes, ressaltando a relevância de políticas públicas e serviços de saúde nesse contexto.

O artigo de Silva et al. (2022) destaca a origem e propagação do vírus HIV, contextualizando a situação no Brasil com estatísticas recentes. O texto enfatiza a importância da terapia antirretroviral (TARV) desde 1996, ressaltando seu impacto na redução de morbidade e mortalidade, aumentando a expectativa de vida dos pacientes. No entanto, aponta para desafios, como a baixa adesão ao tratamento, especialmente em pacientes em uso corrente de retrovirais. O papel crucial do farmacêutico na equipe multidisciplinar é destacado, sublinhando sua contribuição na dispensação de medicamentos e garantia de uma farmacoterapia de qualidade. O estudo analisa a importância da assistência farmacêutica na compreensão das informações sobre o tratamento antirretroviral em portadores de HIV/AIDS, ressaltando a necessidade de evitar a não adesão, ineficácia e falha terapêutica. Uma revisão bibliográfica aborda a importância da atuação do farmacêutico no contexto da epidemia de AIDS, indo além da gestão tradicional do medicamento e focando aspectos de cuidado. Os estudos citados destacam a política brasileira de controle da epidemia como modelo para outros países em desenvolvimento. Em resumo, o artigo enfatiza a relevância da assistência farmacêutica na adesão ao tratamento antirretroviral, confirmando o papel central do farmacêutico na equipe de saúde, especialmente na orientação correta do uso da TARV e no estabelecimento de uma relação de segurança e cuidado com os pacientes portadores do HIV.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em conclusão, os estudos analisados ​​revelam a importância crítica da assistência farmacêutica no manejo da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). A trajetória da epidemia, desde sua origem até as estatísticas atuais no Brasil, destaca a relevância das políticas públicas e da terapia antirretroviral (TARV) na redução da morbidade e mortalidade associadas à AIDS.

A atuação do farmacêutico, ressaltada em diversos artigos, é reconhecida como peça fundamental na equipe multidisciplinar de saúde. Suas intervenções farmacêuticas abrangem desde a dispensação de medicamentos até o acompanhamento do paciente, contribuindo significativamente para a adesão ao tratamento e, consequentemente, para a eficácia terapêutica.

A revisão bibliográfica evidencia a necessidade de uma abordagem integral na assistência aos portadores de HIV/AIDS, onde o farmacêutico não apenas desempenha um papel técnico na distribuição de medicamentos, mas também assume um papel crucial no cuidado ao paciente. Além disso, destaca-se a importância de uma Educação Permanente em Saúde para o farmacêutico, permitindo-lhe acompanhar as constantes mudanças na terapia antirretroviral e fornecer orientações atualizadas aos pacientes.

Nesse contexto, a presença de medicamentos nas equipes públicas de saúde, aliada a políticas eficazes, é essencial para garantir não apenas o acesso a medicamentos, mas também a promoção da saúde, a adesão ao tratamento e a melhoria da qualidade de vida dos portadores de HIV /AIDS. Assim, a conclusão destaca a relevância contínua da atuação farmacêutica no enfrentamento da epidemia, promovendo uma abordagem holística para o cuidado desses pacientes.

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Allison Falcão Freitas – Discente do Curso de Farmácia – Centro Universitário de Barra Mansa1
Lucas De Oliveira Isaias Emiliano – Discente do Curso de Farmácia – Centro Universitário de Barra Mansa2
Tatiane Carvalho Pereira – Discente do Curso de Farmácia – Centro Universitário de Barra Mansa3