RISCOS DO USO EXCESSIVO DO CONTRACEPTIVO DE EMERGÊNCIA (PÍLULA DO DIA SEGUINTE): REVISÃO SISTEMÁTICA

BAITS OF EXCESSIVE USE OF EMERGENCY CONTRACEPTIVE (MORNING-AFTER PILL)

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10211525


Ana Caroline Nascimento Rabelo1
Izabette Silva Paz2
Jonathan Oliveira da Silva3
Marcilene Santos de Almeida4
Thiago Coelho Cardoso5
Anne Cristine Gomes de Almeida6


RESUMO

Introdução: Os métodos contraceptivos são usados a fim de prevenir a gravidez após um ato sexual, a partir da barreira entre a penetração do espermatozoide ao óvulo, estas técnicas preventivas adentram-se ao planejamento familiar disponibilizado pelo Ministério da Saúde, constituídas também por medidas socioculturais, antropológicas e biológicas. Objetivo Geral: Analisar através de uma revisão sistemática, os riscos do uso excessivo do Contraceptivo de Emergência (Pílula do dia seguinte). Metodologia: O estudo iniciará como uma revisão sistemática elaborada segundo o modelo PRISMA. Serão analisados artigos entre 2013 a 2022, abrangendo um período de 10 anos, nas as bases de dados Scielo e PUBMED. O cruzamento será realizado no idioma português brasileiro e inglês. Resultados e Discussão: Após leitura e avaliação dos artigos, restaram 15 estudos para compor esta revisão. Os quais evidenciaram que o principal fator associado ao uso excessivo do AE foi a falta de conhecimento. Os principais efeitos adversos foram o sangramento, sensibilidade mamária. Evidenciando ainda o farmacêutico como protagonista na disseminação de conhecimento acerca dos efeitos adversos e uso excessiva do AE.  Considerações Finais: Através do desenvolvimento desse estudo, foi possível compreender os aspectos que cercam o uso do anticoncepcional de urgência, bem como compreender o papel do farmacêutico na prevenção do seu uso excessivo, caracterizando-se este, como um precursor do conhecimento acerca da temática apresentada.

Palavras-chave: “anticoncepcionais”, “contraceptivos hormonais”, “abortivos”, “Anticoncepcionais Pós-Coito”, “Anticoncepcionais Hormonais Pós-Coito”, “farmacêuticos”.

 

ABSTRACT

Introduction: Contraceptive methods are used to prevent pregnancy after a sexual act, based on the barrier between the penetration of sperm to the egg, these preventive techniques are part of the family planning provided by the Ministry of Health, also consisting of sociocultural measures, anthropological and biological. General Objective: To analyze, through a systematic review, the risks of excessive use of Emergency Contraceptives (Morning After Pill). Methodology: The study will begin as a systematic review prepared according to the PRISMA model. Articles will be analyzed between 2013 and 2022, covering a period of 10 years, in the Scielo and PUBMED databases. The crossing will be carried out in Brazilian Portuguese and English. Results and Discussion: After reading and evaluating the articles, 15 studies remained to compose this review. Which showed that the main factor associated with excessive use of EC was lack of knowledge. The main adverse effects were bleeding and breast sensitivity. Also highlighting the pharmacist as a protagonist in the dissemination of knowledge about the adverse effects and excessive use of AE. Final Considerations: Through the development of this study, it was possible to understand the aspects surrounding the use of emergency contraceptives, as well as understand the role of the pharmacist in preventing its excessive use, characterizing this as a precursor of knowledge on the subject.

Keywords: “contraceptives”, “hormonal contraceptives”, “abortives”, “Post-Coital Contraceptives”, “Post-Coital Hormonal Contraceptives”, “pharmaceuticals”.

INTRODUÇÃO

Os métodos contraceptivos são usados a fim de prevenir a gravidez após um ato sexual, a partir da barreira entre a penetração do espermatozoide ao óvulo, estas formas técnicas preventivas adentram-se ao planejamento familiar disponibilizado pelo Ministério da Saúde, constituídas por medidas socioculturais, antropológicas e biológicas (CARMO; DUARTE, 2017). Dentre os métodos contraceptivos, pode-se citar o uso de preservativo, Anticoncepcionais orais, Laqueadura Tubária, Método do muco cervical e o contraceptivo de emergência (CE), também conhecido como Pílula do dia seguinte (OLSEN et al., 2018).

Dentre os métodos contraceptivos a utilização de CE vem se tornando preocupante pelo uso excessivo e incorreto. O CE foi desenvolvido inicialmente pelo médico canadense Albert Yuzpe em 1972, em que o mesmo formulou uma combinação de estrogênio e progesterona a fim de prevenir a gravidez causada por violência sexual. Nos dias atuais mulheres em especial jovens em idade e vida sexual precoce tendem a utilizar contraceptivo emergencial sem conscientização de um profissional responsável e exacerbadamente (HAN et al., 2017).

De acordo com Chofakian et al. (2018), o CE é formado por compostos hormonais que atuam na suspensão da ovulação e impedem a migração do esperma e são indicados apenas em situações excepcionais. Entre essas situações estão o não uso de anticonceptivo de rotina, a violência sexual e a falha no uso rotineiro do anticoncepcional. Esse método é popularmente conhecido por pílula do dia seguinte, ou ainda como anticoncepção pós-coito, que visa prevenir uma gravidez após a relação sexual desprotegida, incluindo agressão sexual, ou quando existe falha de alguns métodos.

Diferente de outros métodos contraceptivos comumente disponíveis, o CE é utilizado após a relação sexual. A eficácia do CE é dentro de 120 horas após relações sexuais desprotegidas, porém é mais eficaz se usado o mais cedo possível, especialmente dentro de 24 horas. Atualmente, existem três tipos de CE: levonorgestrel, acetato de ulipristal, e dispositivos intra-uterinos de cobre (GONZAGA et al., 2019).

Esse método pode ser administrado por mulheres em qualquer fase do ciclo menstrual e vida reprodutiva. Entretanto, é suposto dois mecanismos de ação para desempenho de sua atividade terapêutica. O primeiro mecanismo proposto retarda ou impede a ovulação, enquanto o segundo, facilita o espessamento do muco cervical, o que dificulta a locomoção do espermatozoide (COSTA et al., 2021).

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as pílulas CE previnem a gravidez ao inibir ou atrasar a ovulação na mulher e impedir que o espermatozoide e o ovulo se encontrem. A CE não pode interromper uma gravidez estabelecida ou prejudicar um embrião em desenvolvimento (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2018).

Além disso, esse método não oferece proteção para Infecções Sexualmente Transmissíveis. Por isso, deve ser preconizado o uso com cautela e de preferência, por prescrição médica (LAHMANN et al., 2021). O objetivo geral desse estudo é analisar através de uma revisão sistemática, os riscos do uso excessivo do Contraceptivo de Emergência (Pílula do dia seguinte). Os objetivos específicos são: conhecer fatores associados ao uso do Contraceptivo de Emergência; identificar os eventos adversos para o uso do Contraceptivo de Emergência; evidenciar o papel do farmacêutico na prevenção do uso excessivo Contraceptivo de Emergência.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo relacionado aos riscos do uso excessivo do contraceptivo de emergência (pílula do dia seguinte. O estudo iniciará como uma revisão sistemática elaborada segundo o modelo PRISMA (preferred reporting items for systematic reviews and meta analyses). Serão analisados artigos com estudos publicados entre as seguintes datas 2013 a 2022, abrangendo um período de 10 anos.

Para realização desta revisão sistemática serão utilizadas as bases de dados Scielo e PUBMED. O cruzamento será realizado no idioma português brasileiro e inglês. Para buscas em português foram usadas as seguintes palavras-chaves: “anticoncepcionais”, “contraceptivos hormonais”, “abortivos”, “Anticoncepcionais Pós-Coito”, “Anticoncepcionais Hormonais Pós-Coito”, “farmacêuticos”, “contraceptives”, “hormonal contraceptives”, “abortives”, “Post-Coital Contraceptives”, “Post-Coital Hormonal Contraceptives”, “pharmacists”. Ambas separadas pelo operador boleano “and” utilizando os cruzamentos: “anticoncepcionais AND abortivos AND Anticoncepcionais Pós-Coito”, “contraceptivos hormonais AND Anticoncepcionais Hormonais Pós-Coito AND farmacêuticos”, “contraceptives AND abortifacients AND Postcoital Contraceptives”, “hormonal contraceptives AND Postcoital Hormonal Contraceptives AND pharmaceuticals”

A escolha de artigos será realizada por quatro revisores independentes, analisando resultados procedentes da estratégia de pesquisa. Os artigos serão selecionados, inicialmente artigos com base em seus títulos, resumos e conteúdo que atendiam ao período proposto para esta revisão. Todos os artigos escolhidos estão disponíveis online e em texto completo.

Serão inclusos estudos publicados dentro do período de tempo proposto, relacionados a utilização do contraceptivo de emergência; e estudos publicados no idioma português brasileiro e inglês.

Serão exclusos estudos com ano anterior ao proposto ou mais; estudos em outro idioma diferente de português brasileiro e inglês; artigos de opinião, dissertações, teses, e que não versem com a temática proposta.

A análise de dados será feita através dos estudos selecionados como amostra final, relacionando as consequências do uso do contraceptivo de emergência e possíveis efeitos adversos, reunindo assim, informações que versem o a temática proposta e com os objetivos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A estratégia de pesquisa seguiu o fluxograma de seleção de estudos do PRISMA (Figura 1). Após a realização da pesquisa foram encontrados nas bases de dados 183 estudos, sendo 66 do banco de dados PUBMED e 117 da Scielo, levando em consideração as palavras-chaves mencionadas. Após leitura do título e avaliação, foram excluídos 47 por duplicação, restando 136 estudos. Contudo após análise 74 foram excluídos por estarem fora do tema e dos objetivos do trabalho. Restando 62 artigos para aplicação dos critérios de elegibilidade, dos quais 28 foram excluídos por estarem em outros idiomas e também 19 por se tratarem de estudos de opinião, resultando em 15 artigos pra análise e confecção de uma tabela com o resumo das principais características relacionadas ao tipo de estudo, métodos, objetivos e conclusões. Todas essas informações se encontram na Tabela 1.

Figura 1. Fluxograma da revisão sistemática no modelo PRISMA.

Fonte: Autoria própria.

Tabela 1. Resumo dos principais artigos avaliados para esta revisão sistemática.

AUTORES/ ANOTÍTULOTIPO DE ESTUDOOBJETIVORESULTADOS
LEITE A.A.G.R; PASSOS A.L.V; ARAUJO L.F, 2022.Conhecimentos, práticas e atitudes frente à anticoncepção de emergência: revisão sistemática.Revisão de literatura.Realizar uma revisão sistemática das publicações científicas entre 2007 e 2016 sobre os conhecimentos, as práticas e as atitudes dos participantes frente à anticoncepção de emergência (AE).De acordo com o que foi evidenciado pelo autor, os fatores associados ao uso rotineiro do AE estão relacionados a falha ou o esquecimento de um contraceptivo de rotina, baixo conhecimento acerca dos efeitos adversos relacionados ao uso constante.
FERREIRA A. P.E; SILVA R.A; LIMA P.S.L, 2021.Riscos associados ao anticoncepcional de emergência.Revisão de literatura qualitativo descritivo.Analisar e descrever os possíveis riscos associados ao uso de anticoncepcional de emergência, descrever seus efeitos adversos mais comuns.O estudo evidencia a falta de conhecimento prévio acerca do anticoncepcional de emergência como o principal fator associado ao seu uso corriqueiro.
BORGES A.L.V; GONÇALVES R.F.S; CHOFAKIAN C.B.N, 2021.Uso da anticoncepção de emergência entre mulheres usuárias de unidades básicas de saúde em três capitais brasileiras.Estudo transversal.Analisou o uso da anticoncepção de emergência e os aspectos associados, bem como o uso de métodos contraceptivos antes e após.Nesse estudo realizado com 2.051 mulheres de 18-49 anos, evidenciou-se que cerca de 56,7% já utilizaram o AE, tendo como principal fator associado ter tido quatro ou mais parceiros sexuais.
SILVA E.V; PORTO M.S; AREDA C.A; MEINERS M.M, 2019.Conhecimento e utilização de anticoncepção de emergência por jovens no brasil: revisão integrativa da literatura.Revisão integrativa de literatura.Realizar revisão integrativa da literatura de estudos descritivos transversais, com aplicação de questionário, que relatam a utilização e o conhecimento a respeito da pílula de anticoncepção de emergência por jovens no brasil.O estudo destacou a maior utilização do AE por jovens, tendo como principal fator associado a falta de acesso à informação, levando as jovens a consumirem rotineiramente esse método contraceptivo.
LACERDA J.O.S; PORTELA F.S; MARQUES M.S, 2019.O uso indiscriminado da anticoncepção de emergência: uma revisão sistemática da literatura.Revisão sistemática da literatura científica.Realizar uma revisão sistemática da literatura científica, acercado tema, o uso indiscriminado da anticoncepção de emergência, na qual, permitiu avaliar os diversos perfis de mulheres que fazem uso indiscriminado deste método e os malefícios por ele ofertados.Através desse estudo evidenciou-se que a prevalência do uso do AE se dá por mulheres usuárias acima de 18 anos, com predomínio da religião católica e frequentando o ambiente escolar ou possuíam ensino médio completo, sendo os principais fatores associados a utilização rotineira do AE a sensação de abandono, o desespero, o medo da gravidez indesejada, e o baixo conhecimento dos efeitos adversos desse método contraceptivo.
SILVA S.C.F, 2023.A falta de informação e os efeitos adversos do uso frequente da pílula do dia seguinte.Revisão literária.Analisar os efeitos adversos em mulheres em uso de métodos de contraceptivos de emergência.A diminuição da eficácia da pílula do dia seguinte foi evidenciada como o principal efeito adverso da utilização contínua do AE, no entanto é recomendada a realização de mais estudos acerca das probabilidades e estatísticas relacionadas a temática;
PÊGO A.C.L; CHAVES S.S; MORAIS Y.J, 2021.A falta de informação e os possíveis riscos sobre o uso exagerado da pílula do dia seguinte (levonorgestrel).Revisão de literatura do tipo descritiva.Realizar um levantamento bibliográfico detalhado sobre a falta de informação restrita e as possíveis consequências que o uso exagerado de CE pode causar á saúde da mulher.Os principais efeitos adversos do AE destacados por esse estudo foram os distúrbios humorais, baixo libido, náuseas, vômitos, dor de cabeça, nos seios, sangramento fora do período menstrual e aumento de peso.
HAFI I.A; PENTEADO C.V.S; CHEN M; 2020.Riscos associados ao uso consecutivo de método contraceptivo de emergência e mapeamento do consumo em foz do Iguaçu-PR.Estudo quantitativo.Abranger informações sobre o modo correto de utilizar a pílula, os riscos advindos de seu consumo inadequado e os pontos de maior consumo na cidade de foz do Iguaçu.Alterações significantes, mas transitórias, no ciclo menstrual, cefaleia, atraso menstrual, cansaço, aumento da sensibilidade das mamas e cefaleia foram evidenciados como efeitos adversos a utilização rotineira do AE.
SOUSA L.G; CIPRIANO V.T.F; 2019.Contraceptivo oral de emergência: indicações, uso e reações adversas.Pesquisa descritiva.Verificar a frequência, faixa etária e outras características populacionais dos usuários do contraceptivo de emergência (CE), avaliar seus efeitos adversos, quais situações motivadoras do uso do medicamento e quais fontes de informação acerca do produto são mais utilizadas.Sintomas como náuseas, vômitos, sangramento uterino irregular, antecipação ou atraso da menstruação, aumento da sensibilidade mamária, retenção hídrica e cefaleia, foram associados ao uso corriqueiro do AE por mulheres.
SOUZA R.A; 2017.Pílula do dia seguinte: uma revisão de literatura sobre a anticoncepção de emergência.Revisão de literatura.Apontar como a AE é percebida por vários segmentos da sociedade, resultados de pesquisas nacionais e internacionais foram elencados, nos quais ficam evidentes os mitos e barreiras que perpassam o acesso e o uso da pílula do dia seguinte.Sintomas associados a alterações hormonais, alterações do humor, náuseas e vômito foram relacionados ao uso contínuo do AE.
CESAR E.P, et al. 2023.Análise da dispensação de pílula do dia seguinte em uma farmácia do município no oeste do estado do paraná.Estudo quantitativo e documental.Avaliar o perfil da dispensação do contraceptivo de emergência (CE) em uma farmácia comercial localizada em um distrito do município de Assis chateaubriand no oeste do estado do p Paraná.O principal papel do farmacêutico associado a prevenção da utilização rotineira do AE por mulheres, evidenciado através desse estudo é a orientação acerca dos seus efeitos adversos
MATSUOKA J.S; GUIOTTO A.C; 2019.Contraceptivo de emergência, sua funcionalidade e a atenção farmacêutica na garantia de sua eficácia.Pesquisa qualitativa e bibliográfica.Analisar a utilização correta dos medicamentos de emergência seu mecanismo de ação e grau de eficácia, além dos principais problemas que podem ocasionar se administrados de forma incorreta.Através desse estudo ficou evidenciado que a utilização do AE ocorre por mulheres  de  faixa  etária variada, que possuem algum conhecimento sobre o contraceptivo, no entanto de forma insuficiente, sendo indispensável a orientação farmacêutica para que se evite eventos indesejáveis futuros para a saúde das usuárias.
LEAL A.V; RODRIGUES C.R; DALCIN M.F; 2019.Atenção farmacêutica no uso de contraceptivos de emergência: uma breve revisão.Revisão bibliográfica do tipo descritiva.Relacionar a atenção farmacêutica como promotora do uso racional de medicamentos, principalmente os utilizados como métodos de contracepção de emergência ressaltando também a importância do profissional farmacêutico.O farmacêutico é o profissional da saúde mais indicado para a orientação quanto ao uso de medicamentos, desempenhando assim seu papel na sociedade com um serviço de qualidade com acompanhamento e orientação farmacêutica, que auxilia na diminuição dos índices de automedicação, evitando o uso de doses e medicamentos inadequados, como na utilização demasiada do AE.
CAVALCANTE M.S.C; et al. 2016.Perfil de utilização de anticoncepcional de emergência em serviços de atendimento farmacêutico de uma rede de farmácias comunitárias.Estudo do tipo observacional, descritivo e transversal.Conhecer melhor as práticas contraceptivas adotadas por clientes/consumidoras, que requerem o serviço de atendimento farmacêutico, de abrangência nacional, de uma grande rede de farmácias comunitárias, bem como observar aspectos relacionados à dispensação da pílula do dia seguinte em farmácia comunitária.Os serviços de atendimento farmacêutico disponibilizados ao consumidor/cliente e farmácias, como estabelecimentos de saúde, inseridos no contexto da atenção primária também está associado a prevenção no uso demasiado de medicamentos, como no caso do AE pós coito, recomendando através da viabilização de  informações que auxiliem no processo do cuidado das pessoas, bem como na utilização adequada dos medicamentos.
BRANDÃO E.R; et al. 2016.“Bomba hormonal”: os riscos da contracepção de emergência na perspectiva dos balconistas de farmácias no rio de janeiro, Brasil.Estudo qualitativo.Conhecer a perspectiva dos balconistas de farmácias sobre a contracepção de emergência na região metropolitana do rio de janeiro, Brasil.Relacionou-se a dispensa do medicamento com a oportunidade para informar às usuárias sobre a importância de utilização de um método anticoncepcional de uso regular, após o recurso à contracepção de emergência, direcionando-as aos serviços públicos de saúde pois na percepção destes a utilização do AE por mulheres pode levar a condições de longo prazo.

Fonte: autoria própria.

Os fatores associados ao uso do Contraceptivo de Emergência

Estudos sobre conhecimentos, práticas e atitudes em relação aos anticoncepcionais de emergência têm demonstrado que os fatores associados ao uso descontrolado são o não uso diário de anticoncepcionais, o esquecimento e o baixo conhecimento dos efeitos colaterais dos anticoncepcionais de emergência (LEITE; PASSOS; ARAUJO, 2022).

          Em concordância ao citado, de acordo com Ferreira, Silva e Lima (2021), a falta de conhecimento é tida como o fator mais relacionado ao uso excessivo do contraceptivo de emergência.

          Nos estudos desenvolvidos por Borges et al. (2021) e Silva et al. (2019), aceca da utilização da anticoncepção de emergência e os aspectos associados, bem como o conhecimento acerca deste, evidenciou-se que a idade (18 a 25 anos) é um fator associado ao uso excessivo do contraceptivo de emergência, sendo utilizado por cerca de 56,7% entre as 2.051 participantes desse estudo, o que reforça o uso quando aliada a falta de acesso à informação. O estudo desenvolvido por Cavalcante et al. (2016) destaca que na juventude, a prática sexual sem responsabilidade é ampla e de extremo alerta.

No estudo desenvolvido por Lacerda et al. (2019), relacionado ao uso indiscriminado da anticoncepção de emergência, ficou destacado que a sensação de abandono, o desespero, a gravidez indesejada e o baixo nível escolar, são fatores que levam a um maior uso da pílula do dia seguinte. Carvalho et al. (2017), evidenciam em seu estudo a importância de temáticas relacionadas a sexualidade serem abordadas nas escolas, aproximando assim, o conhecimento adquirido da realidade vivenciada pelo aluno, tendo em vista que é necessário que o conhecimento sobre a contracepção de emergência faça parte da educação sexual para ambos os sexos e que se inicie desde a infância.

Em um estudo realizado por Silva (2023), acerca dos efeitos adversos em mulheres em uso de métodos de contraceptivos de emergência, ficou evidenciado que a diminuição da eficácia do contraceptivo de emergência é tida como um fator recorrente do uso constante dessa medicação, sendo importante a realização de estudos para evidenciar maiores dados estatísticos.

De acordo com Brandão et al. (2016), embora este método seja uma forma eficaz de prevenir a gravidez após relações sexuais desprotegidas, não é tão eficaz quanto outros métodos anticoncepcionais e não é recomendado para uso diário. Além disso, a pílula do dia seguinte, mesmo quando tomada corretamente, pode não ser eficaz e não oferece proteção contra doenças sexualmente transmissíveis.

No estudo realizado por Pêgo et al. (2021), é evidenciado que sintomas relacionados a alteração no humor (31%) (SOUZA, 2017), baixo libido (41%), náuseas e vômitos (72%), dor de cabeça (53%), nos seios (89%), sangramento fora do período menstrual (17%) e aumento de peso, ocorrem quando se utiliza constantemente o contraceptivo de emergência. Já no estudo realizado por Hafi et al. (2020), são destacados os sintomas relacionados ao ciclo menstrual (cerca de 80% dos casos), como aumento ou diminuição no fluxo menstrual, atraso menstrual (cerca de 57% dos casos), aumento na sensibilidade das mamas (cerca de 90% dos casos) e cefaleia. No estudo realizado por Souza e Cipriano (2019), acerca do contraceptivo oral de emergência, suas indicações, uso e reações adversas, através de uma pesquisa descritiva, ficou evidenciado que comumente ocorrem com o uso repetitivo do contraceptivo de emergência, as náuseas (cerca de 37% das mulheres), vômitos (cerca de 23%), sangramento uterino fora do ciclo menstrual, antecipação ou atraso do ciclo menstrual, elevação da sensibilidade mamária (cerca de 85%) e retenção hídrica.

O papel do farmacêutico na prevenção do uso excessivo Contraceptivo de Emergência

               No estudo realizado por César et al. (2023), acerca do o perfil da dispensação do contraceptivo de emergência (CE) em uma farmácia comercial localizada em um distrito do município de Assis Chateaubriand no oeste do estado do Paraná, 50% das participantes faziam uso rotineiro de contraceptivos, cabendo aos farmacêuticos atuarem diretamente na orientação das pacientes acerca do tempo de utilização do contraceptivo de emergência, bem como informações referentes a eficácia da medicação.

          Em um estudo qualitativo e bibliográfico, realizado por Matsuoka e Guiotto (2019), acerca da utilização correta dos medicamentos de emergência seu mecanismo de ação e grau de eficácia, além dos principais problemas que podem ocasionar se administrados de forma incorreta, ficou evidenciado que o farmacêutico atua diretamente na garantia dos direitos sexuais e reprodutivos da mulher, pois propicia o acesso a medidas que possam auxiliar na prevenção de uma possível gravidez não desejada. 

          Em complemento ao citado, vale frisar que o farmacêutico é o profissional da saúde mais indicado para a orientar quanto ao uso de medicamentos, desempenhando assim seu papel na sociedade com um serviço de qualidade com acompanhamento e orientação farmacêutica, que auxilia na diminuição dos índices de automedicação, evitando o uso de doses e medicamentos inadequados (LEAL; RODRIGUES, DALCIN, 2019).

          Em um estudo do tipo observacional, de base descritiva e transversal, acerca das práticas contraceptivas adotadas por clientes/consumidoras, que requerem o serviço de atendimento farmacêutico, de abrangência nacional, de uma grande rede de farmácias comunitárias, bem como observar aspectos relacionados à dispensação da pílula do dia seguinte em farmácia comunitária, os serviços de atendimento farmacêutico disponibilizados ao consumidor em estabelecimentos de saúde relacionados ao AE está principalmente associado a disseminação de conhecimento acerca deste, sendo buscado orientação por cerca de 75% dos pacientes, inseridos no contexto da atenção primária.

          Por fim, é citado por Brandão et al. (2016), através de um estudo realizado com balconistas de farmácias sobre a contracepção de emergência na região metropolitana do Rio de janeiro, ficou evidenciado que o farmacêutico exerce um papel de treinamento e orientação da equipe atuante nas farmácias e instituição em geral, além de conscientizar estes que na dispensa do medicamento há a oportunidade de informar às usuárias sobre a importância de utilização de um método anticoncepcional de uso regular, após o recurso à contracepção de emergência, direcionando-as aos serviços públicos de saúde. Por fim, vale frisar que o farmacêutico é o profissional da saúde mais indicado para a orientação quanto ao uso de medicamentos, desempenhando assim seu papel na sociedade com um serviço de qualidade com acompanhamento e orientação farmacêutica, que auxilia na diminuição dos índices de automedicação, evitando o uso de doses e medicamentos inadequados e posteriores consequências do uso excessivo de CE (REBELO et al., 2021).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através do desenvolvimento desse estudo, foi possível compreender os aspectos que cercam o uso do anticoncepcional de urgência, bem como compreender o papel do farmacêutico na prevenção do seu uso excessivo, caracterizando-se este, como um precursor do conhecimento acerca da temática apresentada.

              Vale frisar que a utilização excessiva o AE pode levar a sérias consequências a mulher, como através de efeitos adversos como náuseas, vômitos, até as associadas a saúde uterina, trombose, retenção hídrica, dentre outros.

REFERÊNCIAS

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Ana Caroline Nascimento Rabelo – Acadêmica de Farmácia. Centro universitário FAMETRO Endereço: Av. Constantino Nery, 3204 – Chapada, Manaus -AM, 69050-000 E-mail: k.nascimento0878@gmail.com1
Izabette Silva Paz – Acadêmica de Farmácia. Centro universitário FAMETRO Endereço: Av. Constantino Nery, 3204 – Chapada, Manaus -AM, 69050-000 E-mail: Izabettesilva31@gmail.com2
Jonathan Oliveira da Silva – Acadêmico de Farmácia. Centro universitário FAMETRO Endereço: Av. Constantino Nery, 3204 – Chapada, Manaus -AM, 69050-000 E-mail: jonathanoliveiradasilva7@gmail.com3
Marcilene Santos de Almeida – Acadêmica de Farmácia. Centro universitário FAMETRO Endereço: Av. Constantino Nery, 3204 – Chapada, Manaus -AM, 69050-000. E-mail: marcilenea34@gmail.com4
Thiago Coelho Cardoso – Professor Mestre do Centro Universitário FAMETRO. Endereço: Av. Constantino Nery, 3204 – Chapada, Manaus- AM, 69050-000. E-mail: profthiago.bioqui@gmail.com5
Anne Cristine Gomes de Almeida – Professora Doutora do Centro Universitário FAMETRO. Endereço: Av. Constantino Nery, 3204 – Chapada, Manaus- AM, 69050-000. E-mail: anne.almeida@fametro.edu.br6