MELHORIAS PARA O SETOR DE PRODUÇÃO

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10207963


Mário de Jesus Prestes Leite¹
Filho Filipe Jeferson Guedes Aragão²
Fabisso de Souza Ramos³
Heflen Roberto dos Santos Blaia4


RESUMO –  Trata-se de artigo científico cuja temática é a possibilidade de implantação de melhorias no setor produtivo de uma data empresa. A metodologia 5s – seiri, seiton, seison , seiketsu e shitsuke – de origem japonesa propõe criar um ambiente amistoso para o trabalho, contribuindo para a saúde, bem estar, segurança e higiene de seus colaboradores. Proporcionando tanto ganhos em produtividade quanto em qualidade total. Em tempos de mercado aquecido com concorrência a nível global a necessidade de se manter competitivo frente ao mercado sedento de inovação e qualidade propõe constante adaptação, fica ainda mais evidente, neste artigo cita-se como objetivo principal demostrar como deve ser aplicado o programa 5S na organização e explanar seus benefícios. A aplicação é vista de modo relativamente simples, visto que, as definições de cada S são simples e autoexplicativas e expõe as diversas contribuições do 5S, porem deve se tomar cuidado para que o programa não vá aos poucos caindo ao esquecimento da organização e se torne a famosa faxina. Alguns autores também propuseram atividades e roteiro para implantação desse programa fazendo-se necessário apenas uma auditoria posterior para acompanhamento e alinhamento das melhorias propostas e análise do progresso e dos benefícios da implantação, pois seu sucesso depende especialmente da colaboração dos seus agentes internos. 

Palavras-chave: Competitividade. Produtividade. Programa 5s. Qualidade. 

1.INTRODUÇÃO 

A alta competitividade no mercado, na qual clientes são cada vez mais exigentes, tem levado as empresas a buscar inovações e soluções a fim de reduzir custos, aprimorar processos, garantir a qualidade e agilidade, objetivando gerar vantagem competitiva perante os concorrentes. Entre as ferramentas para aumento da produtividade e melhoria dos processos produtivos temos a melhoria do arranjo físico, que traz melhorias através de mudanças na disposição dos elementos integrantes do processo.  

Antes de implantações de sistemas, é indispensável que todos os níveis da empresa tenham em mente a importância do controle de produção, pois só assim uma futura implantação de um sistema terá o resultado esperado, uma vez que com esta consciência, os processos serão realizados com maior responsabilidade,evitando erros que consequentemente interfeririam diretamente no resultados dos controles feitos.  

Conforme Dias (2004), indiferente da perfeição ou não do planejamento e controle da produção, os acontecimentos nem sempre ocorrem conforme o que foi planejado. Erros de previsões e simulações, qualidade, gargalos em processos de fabricação e quebras de máquinas podem acontecer fazendo com que a produção perca em produtividade. Mais do que criar produtos e serviços, a administração de produção possui a função de compreender e desenvolver objetivos estratégicos; proporcionar melhorias contínuas de desempenho e qualidade; planejar e controlar a produção; bem como otimizar os processos.  

Todas essas responsabilidades também são decisivas, por exemplo, para garantir um bom índice de produtividade, com redução de falhas e prejuízos. Visando melhorar seus resultados no negócio, alcançar um padrão de qualidade reconhecido e aumentar a dimensão e a fidelização de seus clientes, muitas empresas buscam a implantação. 

Este trabalho apresenta um estudo de caso referente a implantação do programa 5S em uma empresa, com base em pesquisas bibliográficas, com o intuito de mobilizar, motivar e conscientizar toda a empresa a fim de atender as necessidades dos clientes. Tem como objetivo explorar a teoria do programa 5S e aplicá-lo na prática. O tema foi explorado de modo fundamental e importante para agregar conhecimento aos discentes, e a aplicação gerou importantes resultados para a empresa objeto deste estudo. 

2.MATERIAL E MÉTODOS  

A metodologia empregada foi a de revisão de literatura de caráter descritivo e exploratório. Segundo Sousa, et al. (2007) a pesquisa exploratória adota estratégia sistemática com vias de gerar e refinar o conhecimento quantificando relações entre variáveis. A adoção desse modelo qualitativo objetiva compreender as questões que envolvem o processo de implantação e desenvolvimento de melhorias no setor de produção. 

Já a revisão bibliográfica é um método que proporciona a síntese de conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de resultados de estudos significativos na prática. Determinando o conhecimento atual sobre uma temática específica, já que é conduzida de modo a identificar, analisar e sintetizar resultados de estudos independentes sobre o mesmo assunto (SOUZA, et al. 2010).   

Foram elencadas e analisadas as publicações acerca do tema, a fim de compreender as dificuldades enfrentadas pela equipe de engenheiros e responsáveis na implantação de possíveis melhorias no setor de produção de uma dada empresa. 

A seleção das literaturas foi  ampla não se restringindo a trabalhos realizados no Brasil, por tratar de temática ampla que tem abrangência de maneira globalizada, foram utilizados como critérios de inclusão os trabalhos publicados no período de 2010 a 2023, sendo excluídos os materiais publicados fora do período considerado e aqueles que não corroboravam com a temática proposta. 

Para elaboração do presente estudo foi realizada consulta às indicações formuladas pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, livros científicos e busca direcionada pelos descritores “Competitividade. Produtividade. Programa 5s. Qualidade.” que apontaram ocorrências na Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Google Acadêmicos e repositórios universitários. 

Foram apreciados 25 estudos, dos quais foram excluídos: duplicatas, textos indisponíveis, artigos não relacionados ao tema, teses e dissertações, além de textos excluídos pelo título e leitura de resumo, dentre esses estudos “13” foram selecionadas de acordo com a relevância dos dados para o estudo proposto. 

3.RESULTADOS 

As indústrias, como um todo, exigem muita perícia de seus gestores. Tal conhecimento é bem-vindo, principalmente, na hora de fornecer qualquer tipo de melhoria em linhas de produção. Essas otimizações no processo podem ajudar a empresa a economizar recursos materiais, mão de obra e dinheiro. No entanto, é preciso ficar atento a essas mudanças. Alterar posições de operários e investir na automação industrial não deve, em nenhum momento, afetar a motivação dos funcionários. 

3.1 Kaizen: conquistar melhoria contínua 

 Kaizen vem de duas palavras japonesas: Kai (melhoria) e Zen (boa). Com o tempo, a metodologia ficou conhecida como “melhoria contínua”. Essa metodologia consiste em pequenas mudanças diárias que geram grandes melhorias ao longo do tempo. O Kaizen trabalha reduzindo o desperdício e eliminando os processos de trabalho que são excessivamente difíceis. Como uma prática empresarial enxuta, o Kaizen é bem-sucedido quando todos os funcionários procuram áreas para melhorar e fornecer sugestões com base em suas observações e experiências, desde o CEO da empresa até o operário. 

Desde o início, deve ficar claro que todas as sugestões são bem-vindas e que não haverá consequências negativas para a participação dos funcionários. Ao contrário, os funcionários são recompensados por mudanças que melhoram o local de trabalho. Com isso, os trabalhadores se tornam mais confiantes e investem na melhoria da empresa. 

Um bom gestor de produção industrial é capaz de identificar oportunidades de negócios, aplicar, desenvolver, pesquisar e inovar tecnologias já existentes e também criar novas. Tudo isso – desenvolvimento de projeto de produto, processos e serviços – pautado por estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental. 

Quando o gestor coordena equipes para atingir os objetivos relacionados com uma gestão de produção eficaz, ele consegue aumentar a produtividade dos funcionários da empresa. Para isso, deve sempre fomentar e empreender ações para o aumento da produtividade e competitividade das organizações dentro e fora das organizações, não esquecendo nunca de aplicar conceitos da gestão da saúde, meio ambiente e segurança do trabalho. É preciso, antes de tudo, atender a legislação e as normas vigentes. 

3.2Desenvolvimento de novos processos 

Desenvolver novos processos significa oferecer aos consumidores produtos com garantia e alta qualidade, mas também melhorar o dia a dia da equipe. O profissional precisa conhecer e distinguir os principais processos, ferramentas e equipamentos utilizados para a produção industrial e aplicá-los dentro da indústria em que trabalha. Para que isso seja possível, ele deve compreender os conceitos básicos, recursos e aplicações dos sistemas de informações gerenciais. 

O primeiro ponto que vamos abordar envolve os custos de produção. Como gestor industrial, você precisa dominar o cálculo que leva a estes números. Para isso, é preciso utilizar conceitos de análises de valor com o objetivo de buscar a redução de desperdícios, pois a redução de gastos otimiza a produção da indústria. Nesse aspecto, alguns conhecimentos precisam ser colocados em prática: logística, administração e produção industrial.  

Assim, aproveite para desenvolver novos processos, visando oferecer aos consumidores produtos com qualidade, e à equipe, um dia a dia mais dinâmico e produtivo. Diagnostique e otimize fluxos, identificando, compreendendo e intervindo na logística de todos os sistemas de produção. E esteja preparado para atuar desde a chegada e saída de insumos até a preparação de produtos para o transporte. Lembre-se: planejamento e controle são essenciais para que os custos de produção possam ser reduzidos. 

Por mais que pareça simples, nem toda indústria adéqua sua produção às demandas com as quais se compromete. Até porque, se o mercado não está aquecido e não há uma previsão de melhora a curto ou médio prazo, não há motivos para manter a produção industrial em sua capacidade máxima. Para funcionar bem, a indústria precisa que haja uma produção sustentável e um ambiente de trabalho saudável para todos os funcionários. Para isso, como o gestor industrial, você precisa avaliar aspectos como demanda, capacidade de produção e perspectivas de crescimento do negócio.  

Nesse sentido, jamais se comprometa com um prazo que não será capaz de cumprir. Toda vez que uma demanda excede o limite, ela deve ser reconsiderada. Sua indústria tem capacidade de ser ampliada a tempo para dar conta do pedido? Como ela ficará após a entrega? Todos os funcionários estão aptos para cumprir com o acordo? Reflita sobre isso. 

Um dos maiores problemas de gestão industrial ainda se encontra na descentralização das informações. Desorganizadas e soltas, elas agem como um tampão na frente da visão de qualquer gestor, impedindo qualquer tipo de projeção. Tudo deve estar em um painel que possa ser acessado com facilidade. Portanto, utilize um sistema para centralizar e organizar informações a respeito da produção, estoque, demandas, funcionários, finanças, compras e outras mais. 

Para qualquer tarefa a ser realizada de forma organizada, precisamos pensar também nos meios que serão necessários para a sua realização: quais as máquinas, as ferramentas, os dispositivos, os materiais e matérias-primas, o tempo necessário, as pessoas e suas qualificações mínimas necessárias. Pensar em todos estes fatores significa organizar o trabalho para alcançar bons resultados. Todo trabalho traduz-se em um objetivo. Todo trabalho possui uma finalidade. Seja serviço, transformação ou modificação, estamos realizando um trabalho com uma finalidade. Quando trocamos o pneu de um carro, estamos executando um serviço com uma finalidade; quando modificamos determinada matéria-prima, transformando-a em um produto, estamos executando um trabalho com uma finalidade (atender às necessidades do Cliente).  

O trabalho pode ser dividido em dois tipos: o intelectual e o físico. Quando empregamos força muscular (como a movimentação de um determinado material), estamos realizando um trabalho físico. Quando realizamos um projeto ou um planejamento, estamos empregando um trabalho intelectual. Por isso, é importante ressaltar que um trabalho complementa o outro: não existe o trabalho físico sem um trabalho intelectual e vice-versa. O trabalho é uma ação de todos. Muito se diz que a produção atinge determinados níveis devido ao seu próprio esforço, o que é um engano: as áreas de apoio (ou o trabalho intelectual) planejam, organizam e dizem o que tem que ser feito, quando, por quem e de que forma: ou seja, ajudam a empresa a ganhar dinheiro. 

Para Torquato e Araújo (2008) o programa 5S tem como benefício para instituição, ao qual é implantado, o desenvolvimento de hábitos e costumes, baseados nos 5S, tendo ainda a conscientização que a ausência deste implica em desperdício de energia, de material, dano ao patrimônio, à impontualidade, a inassiduidade e o ambiente mal organizado. Tendo aplicabilidade em diversos setores, empresas, órgãos se estendendo até mesmo para ambientes residenciais, devido a seus benefícios aos envolvidos, o programa 5S melhora o ambiente, as condições de trabalho, saúde, higiene, gerando assim uma maior eficiência e qualidade (MARTINS, 2014).  

Mendonça et al, 2010 demonstra em seu trabalho que a implantação do método dos 5S, gerou uma melhor organização do cão de fábrica, organização dos materiais de manufatura, otimização do escopo, melhoria da comunicação entre setores e hierarquias e manutenção ou serviços de segurança. Gerando benefícios como, minimização do tempo de procura por materiais; diminuição de índices de acidente de trabalho; minimização de erros da produção; redução de custos com materiais e motivação dos funcionários.  

Para Costa (2008) a implementação do programa 5S apresenta resultados efetivos relacionados a alcançar um ambiente mais limpo e organizado, aumento de motivação flexibilização nas relações entre os diversos níveis hierárquicos, maior comprometimento da equipe com a organização, minimização de desperdícios e através da mobilização de todos pode se alcançar uma gestão participativa. 

Coutinho e Aquino (2016) tem o entendimento de que empresas buscam aplicar os 5S em seus setores por buscarem mudanças nos hábitos de trabalho, gerando melhorias no sistema de gestão, criando ambientes agradáveis e servindo de base para aplicação de outras ferramentas, tem ainda como consequências a melhoria de produtividade tanto na linha de produção como nas áreas de vendas proporcionando uma melhor qualidade de vida a os colaboradores em seu local de trabalho e em sua vida pessoal. 

4.DISCUSSÃO  

Consolidado no Japão, na década de 50 os 5 Sensos ou 5S como são conhecidos, provem de palavras que no japonês começam com S: seiri, seiton, seisou, seiktsu e shitsuke, que nas traduções para o português foram interpretados como sensos, para que além de manter o nome original do Programa, refletem uma ideia de profunda mudança comportamental (SILVA, 1994). 

Nos dias atuais, as empresas têm buscado um diferencial competitivo, de modo a agregar valor ao seu produto ou serviço prestado, porém, em tempos onde o desenvolvimento tecnológico tem avançado abruptamente, tornando a diferença da capacidade produtiva entre indústria, em termos de maquinário, cada vez menor, tem se tornado evidente a necessidade de se investir, cada dia mais, em seu principal recurso, os colaboradores.  

Para (Salgado, 2008; Rosa, 2007) em um cenário globalizado, empresas buscam cada vez mais aperfeiçoar seus produtos, com intuito de satisfazer seus clientes e continuarem com sua posição de mercado. O investimento no indivíduo, visa zelar pelo bem estar e segurança do colaborador, lhe proporcionando uma estrutura adequada de trabalho, desenvolvimento de sistemas e criação de técnicas de produção que devem ser aplicadas no ambiente de trabalho, juntamente com o treinamento para desenvolvimento de suas atividades, resultando no aumento da produtividade, bem como, a melhoria da qualidade do produto ou serviço prestado gerando um maior valor agregado ao mesmo.  

A organização deve se preocupar em proporcionar um ambiente corporativo adequado às necessidades do seu operário, mas também, conscientizar este da importância de trabalhar primando por seu bem estar e pela manutenção tanto de seu posto de trabalho como dos locais em comum aos demais funcionários, proporcionando um ambiente de trabalho ideal e seguro para todos, de modo a obter maior produtividade.  

Neste sentido, o programa 5S, que do Japonês corresponde as seguintes palavras: seiri, seiton, seiso, seiketsu e shitsuke, que significam: senso de utilização, senso de organização, senso de limpeza, senso de saúde e senso de autodisciplina, visa auxiliar no mantimento de um ambiente de trabalho apropriado. Para Mendonça et al (2010) o 5S é uma metodologia obrigatória para a sobrevivência da organização no momento atual do mercado, tendo em vista que, os consumidores estão mais exigentes a cada dia e precisam de eficiência nos produtos e serviços. 

Com base nessa ideia adotou-se então senso de organização ou utilização, para seiri; senso de ordenação ou arrumação, para seiton; senso de limpeza, para seisou; senso de asseio para seiketsu; e senso de disciplina para shitsuke (SILVA, 1994).  

Desde maio de 91, quando o Programa foi lançado formalmente no Brasil, as empresas que adotaram esta prática, perceberam visivelmente mudanças quanto ao aumento da autoestima, no respeito ao semelhante e ao meio ambiente e no crescimento pessoal dos indivíduos que compõem a organização. Além de aspectos nas mudanças comportamentais, mudanças no ambiente de trabalho como banheiros e ambientes mais limpos e organizados, mais disciplina, facilidade na localização dos objetos e maior rendimento no trabalho podem ser notadas facilmente (SILVA, 1994).  

Abrantes, (2001) considera que o Programa 5S é hoje a mais completa metodologia em termos de recursos humanos e materiais, sendo esta baseada não só na educação, treinamento e qualificação profissional, mas principalmente na capacidade intelectual e criativa dos colaboradores envolvidos pelo processo. Os 5S’s dependem que as atividades desenvolvidas sejam feitas de forma sinérgica, na qual todos estejam envolvidos na realização das tarefas e que estas sejam prontamente atingidas.  

Nesta linha de pensamento, onde o trabalho deve ser sinérgico ou cooperativo, Osada, (1992) diz que “[…] os negócios são como esportes em equipes, alguns são gerentes, outros jogadores e alguns são pessoas de apoio – mas todos tem que cumprir suas tarefas se o time quiser ganhar”. 

Como nos últimos tempos muito se tem falado que “as atitudes falam mais alto do que as palavras” pode-se afirmar que os 5S’s também funcionam com base neste princípio, mas para que as mudanças sejam realizadas é necessário que primeiramente as realidades sejam analisadas minuciosamente e depois realizar as devidas mudanças (OSADA, 1992).  

Como todas as partes dos processos de 5S’s são importantes, é necessário que a mudança ocorra também na forma como as pessoas encarram seu trabalho e o que fazem, e assim permitir que estas vejam as coisas mais claramente. Para isto, segundo Osada, (1992) é necessário que sejam esclarecidos o que são exatamente os 5 Sensos, quais são seus objetivos e como precisam ser estruturados para que sejam atingidos. 

4.1 Seiri – Senso de Utilização  

Para Silva, (1994) desenvolver o senso de utilização ou organização “implica em declarar guerra contra todos os tipos de desperdício”. E quando se fala em desperdício, não estamos falando somente da eliminação de bens, mas da eliminação de tarefas desnecessárias, do excesso de burocracia e do mau uso dos recursos. Desenvolver o senso de utilização é aumentar a vida útil dos equipamentos, tratando das causas dos problemas, corrigindo defeitos e danos, inspeções periódicas a fim de evitar possíveis desperdícios e depósitos organizados. Tarefas como essas podem ser realizadas utilizando-se o gerenciamento por estratificação, onde o primeiro passo é separar as coisas e organiza-las pela sua ordem de importância (OSADA, 1992). 

Hirano, (1994) destaca que para a separação de bens necessários e desnecessários o uso de etiquetas vermelhas é uma técnica vital de arrumação, e segundo ele, um item marcado com uma etiqueta vermelha faz com que todos colaboradores vejam claramente que o item precisa ser eliminado ou transferido e afirma ainda que, o número de etiquetas indica a eficiência na verificação e não a falha do processo. 

4.2 Seiton – Senso de Arrumação 

Definir locais apropriados e critérios para estocar, guardar ou dispor de materiais, equipamentos, ferramentas, utensílios, informações e dados de modo a facilitar o seu uso e manuseio, facilitar a procura, localização e guarda de qualquer item” são itens que Badke, 2004 considera importante para que o senso de arrumação funcione adequadamente. 

Definir locais adequados e critérios para guardar objetos fazem com que ocorra uma excelente comunicação visual e com isso ganhos como a diminuição do cansaço físico, economia de tempo e facilidade na tomada de decisões emergenciais. Mudanças como essas podem ser facilmente notadas (SILVA, 1994). 

4.3 Seiso – Senso de Limpeza  

Considera-se neste senso que o mais importante não é o ato de limpar, mas sim de não sujar. Eliminar todo e qualquer traço de sujeira e agir na prevenção e eliminando todas as causas fundamentais, segundo Backer, (2004) é o melhor método para agir de acordo com o senso de limpeza.  

Osada, (1992) afirma que a limpeza gera um impacto enorme sobre o tempo de manutenção, a qualidade, a segurança, o moral e todos os outros aspectos operacionais. Silva, 1994 destaca que a cada colaborador deve ser o responsável pela limpeza e manutenção da própria área de trabalho e que este deve ser conscientizado das vantagens de não sujar, além de eliminar possíveis fontes de poluição. 

4.4 Seiketsu – Senso de Asseio ou Padronização 

Conhecido por senso de saúde, bem-estar, asseio ou ainda senso de padronização ele é o resultado dos três primeiros sensos e responsável pelas mudanças físicas e comportamentais que ocorrem nas empresas (ABRANTES, 2007). 

Osada, (1992) enfatiza que a inovação e o gerenciamento visual podem e devem ser utilizadas para atingir e manter as condições padrões, permitindo que a organização, a arrumação e limpeza sejam constantes.  

Badcke, (2004) afirma que a padronização, armazenamento e busca da informação, garante que não ocorram desvios dos avanços conseguidos pelo gerenciamento do programa. Ainda, segundo o autor, o senso de asseio, significa manter relações interpessoais saudáveis, não só no trabalhando, mas sociais e familiares.  

À medida que o senso de asseio é praticado, segundo Carvalho, (2011) as normas do programa vão se aprimorando e fazendo com que os ambientes de trabalho se tornem cada vez mais agradáveis. Porém nesta fase do processo temse a maior dificuldade do programa, que é a mudança da mentalidade e do comportamento dos envolvidos nos processos, e, portanto, exigem muito mais paciência e perseverança que durante a aplicação dos outros sensos. 

4.5 Shitsuke – Senso de Disciplina  

Quando o senso de disciplina fica estabelecido, os sensos de arrumação, ordenação e asseios estão sendo bem praticados, e, portanto, padrões éticos e morais, conseguiram ser elevados, refletindo em mudanças positivas de comportamento (OLIVEIRA, 1997). Para Silva, (1994) “a disciplina representa o coroamento dos esforços persistentes de educação e treinamento que levam em consideração a complexidade do ser humano”. Colaboradores que desenvolvem o senso de disciplina são capazes de tomar iniciativas para o desenvolvimento sustentável da organização a que pertencem, exercendo assim, todo o seu potencial mental. 

O quinto e último senso, pode ser destacado como um processo de repetição e prática (OSADA, 1992). 

5.6 5s como perspectiva de melhoria produtiva 

A implementação desse programa, tem como foco a redução dos desperdícios, melhorias no padrão de qualidade e aumento da motivação dos trabalhadores, se mostrando uma ferramenta indispensável para as organizações no contexto atual (SILVA et al, 2013). Sendo o objetivo deste trabalho demostrar como deve ser aplicado o programa 5s na organização e explanar seus benefícios. 

Silva et al ( 2013) definem o programa 5S como um meio de tornar o ambiente de trabalho mais harmonioso e agradável, através da aplicação de algumas práticas, potencializando seus resultados na execução de suas atividades. Tendo como principal foco a interação entre stakeholders, mudança de mentalidade, supressão de desperdícios e fomento a reflexão quanto à carência da qualidade de produto, serviço e de vida (TORQUATO e ARAÚJO, 2008).  

Para Martins (2014) o 5S pode ser tido como uma ferramenta da qualidade, que tendo sido desenvolvida no Japão, é implementada em diversas indústrias com objetivo de organizar os postos de trabalho, podendo ser também utilizada fora do eixo empresarial.  

Tendo os cinco sensos do programa, senso de utilização, senso de organização, senso de limpeza, senso de saúde e senso de autodisciplina, Martins 

(2014) os define da seguinte forma: 

Senso de utilização: nos locais de trabalho devem permanecer apenas o que é necessário, aquilo que não é útil não deve permanecer ocupando espaço. Senso de organização: materiais e ferramentas necessitam estar ordenado, de modo a, se perder o mínimo de tempo possível em sua procura. Senso de limpeza: um ambiente para ser agradável tem de ser limpo, um ambiente sujo prejudica o desempenho do operário e transmite uma imagem de relaxamento. Senso de saúde: supressão de elementos que possam gerar mal estar no ambiente de trabalho, focando em fomentar aqueles que podem causa bem estar. Senso de autodisciplina: este relacionado à aceitação, força de vontade, trabalho exaustivo, diligencia e persistência (MARTINS, 2014) 

Costa 2008 deve se ter cuidado para que o programa não seja tido como uma grande faxina e tenha sua aplicação apenas em um determinado intervalo de tempo, de modo que, para o sua manutenção faz se necessário promover a alteração do comportamento das pessoas e a transformação do ambiente das organizações. A aplicação do programa 5S pode ser considerada o princípio da qualidade nas empresas, pois este, por ter sua implementação facilitada pelo seu baixo custo, sendo necessário, na maioria dos casos, apenas de pequenas alterações de leiaute, tendo seu sucesso, mais dependente da motivação de seus colaboradores do que de investimento financeiro (MENDONÇA et al, 2010). 

Tendo aplicabilidade em diversos setores, empresas, órgãos se estendendo até para ambientes residenciais, devido a seus benefícios aos envolvidos, o programa 5S melhora o ambiente, as condições de trabalho, saúde, higiene, gerando assim uma maior eficiência e qualidade (MARTINS, 2014). 

Como um vasto processo de educação e treinamento com métodos e técnicas gerenciais, a inserção do programa 5S deve ter seu início nos setores mais altos da administração, de modo que, a alta direção da empresa tenha conhecimento dos fundamentos do programa para que possa manifestar com convicção seu compromisso com o programa (TORQUATO e ARAÚJO, 2008).  

Para Borges (2012) o apoio da gerencia ou diretoria na aplicação do projeto é fundamental, tendo em vista que, estes são o espelho dos colaboradores e participando dão credibilidade e reafirmam a necessidade de mudanças no comportamento e atitude das pessoas.  

Apesar do nome do programa ser 5S existe a possibilidade de utilizar apenas os 3S, como era utilizado inicialmente, Silva et al (2013) utilizaram apenas os sensos de utilização, organização e de limpeza aplicados a sua pesquisa e ainda assim obtiveram os resultados esperados. A implementação do programa 5S não se faz necessário a utilização de um plano ou projeto em si, a depender da complexidade ou porte da empresa, a aplicação pode ser realizada por uma equipe de forma informal, basta que alguém que exerça um cargo de liderança junto a equipe, difundindo os conceitos entre os membros da equipe e passe a implementar em cada setor, porém Martins (2014) propõe algumas atividades básicas e roteiro para implementação do programa, caso se faça necessário. 

A mudança de cultura por todos os níveis hierárquicos da organização, algo primordial para o sucesso do programa 5S, pode encontrar certa resistência quanto à aceitação por parte dos colaboradores, dificultando sua implementação e prejudicando seis resultados outro ponto abordado por ele é o treinamento mal executado gerando duvidas e confusão entre os colaboradores gerando confusão na aplicação dos métodos (MENDONÇA et al, 2010).  

Assim como também, para Costa (2008) apud Soares 2001, o impedimento de reunir todo o funcionário, o papel de coordenação não ser exercido pela gerencia, tempo insuficiente para motivar os colaboradores quanto aos benefícios, a ausência de uma auditoria que avalie periodicamente os setores da empresa, a resistência quanto as mudanças necessárias, são fatores que devem e vão gerar certo entrave para a implementação deste programa. De forma inconsciente o colaborador vai deixando aos poucos de fazer questionamentos ou mesmo de falar sobre os 5S, e acabam deixando de realizar algumas avaliações, prejudicando a credibilidade do programa e por consequência a ausência do planejamento e das ações de etapas seguintes, podem levar o programa ao fracasso (COSTA, 2008 apud SILVA, 2001). 

5.CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Este artigo trata da aplicação programa 5S, tendo o objetivo de apresentar um modelo, ou roteiro de implementação, bem como seus benefícios quanto a implementação do programa em uma instituição, o trabalho realizado através de pesquisa bibliográfica, possibilitou chegar as conclusões expostas a seguir. 

Ficou nítido a importância da aplicação do programa em toda e qualquer empresa, devido a sua vantagem quanto a praticidade da realização das atividades dos colaboradores, como por se tornar um diferencial para a organização, possibilitando a mesma a geração de novo valor agregado ao produto entregue a seu cliente.  

O trabalho demonstra as vantagens de se aplicar essa metodologia, devido a redução de custos, organização, melhoria do ambiente de trabalho, comunicação dentre outros fatores, porém, para aplicar a metodologia é importante atentar se para as dificuldades de aplicação e manutenção dessa metodologia, apresentados no trabalho. De modo que a implementação deve exigir planejamento, participação de todos da organização, conscientização primordialmente d alta administração, treinamentos, motivação e conscientização da importância do trabalho que está sendo desenvolvido e dos resultados que são esperados.  

Percebe se com este trabalho a tendência é que a cada dia mais empresas tornem o programa dos 5S parte de sua organização, tendo em vista os seus benefícios, para a produtividade da empresa, mas também pela melhora na qualidade de vida de seus funcionários dentro e fora da instituição, algo que tem chamado cada dia mais atenção dos gestores. 

REFERÊNCIAS 

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