ANÁLISE DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES COM LEISHMANIOSE TEGUMENTAR NO ESTADO DO MARANHÃO: UM ESTUDO RETROSPECTIVO DE 2018 A 2022

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10205421


Roseana Ferreira1
Prof. Dr. Matheus Silva Alves2
Prof. Dr. Ermilton Júnio Pereira de Freitas3
Lucas Feitosa dos Santos4
Luana Gomes da Silva5
Gessiane dos Santos de Souza6


RESUMO

INTRODUÇÃO: Leishmaniose Tegumentar é uma doença infecciosa negligenciada, causada por parasitas protozoários da família Leishmania. A transmissão ocorre através da picada de flebotomíneos fêmeas infectadas, resultando em lesões na pele e mucosas. Embora não seja contagiosa, os seres humanos mais vulneráveis e expostos têm maior risco de contaminação. Tradicionalmente considerada uma zoonose rural, a doença tem se expandido para áreas urbanas, tornando-se um problema de saúde pública. Apesar de não ser contagiosa, há um aumento significativo no número de casos da doença. Com o surgimento da COVID-19, os profissionais de saúde concentraram seus esforços no desenvolvimento de tratamentos e medidas preventivas para o vírus. Como resultado, houve uma redução na atenção primária e secundária dedicada às doenças negligenciadas como a Leishmaniose Tegumentar.

OBJETIVO: Investigar e analisar o perfil epidemiológico de pacientes diagnosticados com Leishmaniose Tegumentar no estado do Maranhão entre os anos de 2018 e 2022, a fim de identificar padrões, tendências e possíveis fatores associados à prevalência da doença nesse período específico.

MÉTODOS: Este estudo foi conduzido utilizando uma abordagem quantitativa descritiva para analisar os casos confirmados de Leishmaniose Tegumentar. Os dados foram obtidos a partir dos relatórios anuais emitidos pela plataforma do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATA SUS), especificamente do setor de endemias. O foco da análise foi nos diagnósticos de Leishmaniose Tegumentar no estado do Maranhão, durante o período de 2018 a 2022. As variáveis analisadas incluíram o número de novos casos, raça, sexo, estado gestacional, forma clínica da doença, nível de escolaridade, entre outros fatores relevantes.

RESULTADOS: O presente estudo se baseia nos últimos 5 anos de pesquisas e resultados de acordo com o DATASUS nos anos de 2018 a 2020, foram notificados 6.990 casos de Leishmaniose tegumentar no estado do Maranhão, os estudos mostram que 2018 (21,59%) de pessoas infectadas, de 2019 a 2020 ocorreu uma redução, nos anos de 2021 houve um aumento considerável, o ano de 2022 1.802 pessoas infectadas, Em relação ao sexo, o feminino obteve (62,52) casos, a etnia tem predominância na cor parda (62,09%) de casos.

CONCLUSÃO: De acordo com o estudo, conclui-se que a Leishmaniose Tegumentar no Estado do Maranhão, obteve um aumento de casos, nos anos de 2018, 2021 e 2022, mostrando uma redução nos anos de 2019 e 2020. Desta forma percebemos que ainda há ocorrência de casos no estado, precisando buscar formas de prevenção e educação para a saúde para população em geral.

Palavra-chave: Doenças negligenciadas, SARS-CoV-2, Leishmania.

ABSTRACT

INTRODUCTION: Tegumentary Leishmaniasis is a neglected infectious disease caused by protozoan parasites of the Leishmania family. Transmission occurs through the bite of infected female sandflies, resulting in lesions on the skin and mucous membranes. Although it is not contagious, the most vulnerable and exposed humans are at greater risk of contamination. Traditionally considered a rural zoonosis, the disease has expanded to urban areas, becoming a public health problem. Despite not being contagious, there is a significant increase in the number of cases of the disease. With the emergence of COVID-19, healthcare professionals have focused their efforts on developing treatments and preventive measures for the virus. As a result, there has been a reduction in primary and secondary care dedicated to neglected diseases such as Cutaneous Leishmaniasis.

OBJECTIVE: Cutaneous Leishmaniasis in the state of Maranhão between 2018 and 2022, in order to identify patterns, trends and possible factors associated with the prevalence of the disease in this specific period.

METHODS: This study was carried out with a descriptive quantitative approach to analyze confirmed cases of Cutaneous Leishmaniasis. The data were obtained from annual reports issued by the platform of the Information Technology Department of the Unified Health System (DATA SUS), specifically from the endemic diseases sector. The focus of the analysis was the diagnoses of Cutaneous Leishmaniasis in the state of Maranhão, from 2018 to 2022. The variables analyzed included the number of new cases, race, sex, gestational status, clinical form of the disease, education, among other factors. relevant.

RESULTS: The present study is based on the last 5 years of research and results according to DATASUS in the years 2018 to 2020, 6,990 cases of cutaneous Leishmaniasis were reported in the state of Maranhão, studies show that 2018 (21.59%) of infected people, from 2019 in 2020 there was a reduction, in 2021 there was a considerable increase, in 2022 1,802 people were infected. In relation to gender, females had (62.52) cases, ethnicity had a predominance of brown color (62.09% ) of the cases.

CONCLUSION: According to the study, it is concluded that Cutaneous Leishmaniasis in the State of Maranhão had an increase in cases in the years 2018, 2021 and 2022, showing a reduction in the years 2019 and 2020. In this way we realize that there is still an occurrence of cases in the state, necessitating the search for forms of prevention and health education for the general population.

Keywords: Neglected diseases, SARS-CoV-2, Leishmania.

1. INTRODUÇÃO

Leishmaniose é uma doença infecciosa negligenciada, causada por parasitas protozoários do gênero Leishmania. A transmissão ocorre através da picada de flebotomíneos fêmeas dos gêneros Flebótomos e Lutzomyia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a Leishmaniose como uma doença tropical negligenciada (DTN), reconhecendo seu impacto significativo na saúde e na sociedade, além de seu alto custo econômico (DE VRIES et al., 2022).

Essa infecção pode ser classificada em duas formas clínicas principais: Leishmaniose visceral e Leishmaniose tegumentar. A forma tegumentar é uma doença granulomatosa de pele e mucosa, que se manifesta como úlceras cutâneas localizadas ou difusas, lesões mucosas ou lesões atípicas (CONCEIÇÃO et al., 2018). 

A apresentação inicial da doença é caracterizada por pápulas ou nódulos eritematosos, geralmente em áreas expostas da pele, que evoluem para úlceras bem demarcadas com margens onduladas e centro grosseiro coberto por exsudato seroso, sanguinolento ou não. As lesões geralmente aparecem em áreas expostas, como rosto, braços e pernas. O envolvimento da mucosa nasal, palato, faringe, laringe e cordas vocais pode ser observado em até 5% dos pacientes (GONÇALVES et al., 2018).

O diagnóstico da leishmaniose tegumentar (LT) é geralmente feito pela visualização de parasitos de leishmaniose em esfregaço de pele ou biópsia. Os métodos de detecção baseados em microscopia direta geralmente carecem de sensibilidade e especificidade. Já os ensaios de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) foram desenvolvidos para detectar parasitas e identificar espécies com alta sensibilidade e especificidade (HAWASH et al., 2018).

Existem várias opções de tratamento para a leishmaniose tegumentar disponíveis. O antimônio pentavalente (gluconato de antimônio de sódio, Pentostam ou antimoniato de meglumina, Glucantime) continua sendo o tratamento de escolha para LT na maioria dos países. As opções alternativas de tratamento incluem miltefosina, isetionato de gentamicina, anfotericina B, agentes antifúngicos (por exemplo, cetoconazol, fluconazol, itraconazol), paromomicina, fator estimulador de colônias de macrófagos e hipertermia ou crioterapia (DE VRIES et al., 2015).

Os fatores que contribuem para o surgimento e disseminação global da leishmaniose incluem mudanças de temperatura, práticas de irrigação, desmatamento, mudanças climáticas e imunossupressão com diferentes imunossupressores. Além disso, o aumento da resistência às drogas, o deslocamento de áreas endêmicas e a importação de cães, a guerra, o status socioeconômico e o baixo nível familiar também são fatores contribuintes (BISETEGN et al.,2020).

No Brasil, as principais estratégias para o controle da leishmaniose são o diagnóstico precoce e o tratamento adequado dos casos humanos. Estas medidas estão diretamente relacionadas ao melhor entendimento das doenças negligenciadas. O controle de vetores e reservatórios, a proteção individual, o manejo ambiental, a educação em saúde e a coerência entre a atenção primária e secundária e a vigilância epidemiológica em saúde também são estratégias importantes (ANDRADE et al.,2021).

Assim, a leishmaniose tegumentar se apresenta como uma infecção emergente ainda não controlada, afetando milhões de indivíduos ao redor do mundo, assim como no Maranhão. Dessa forma, torna-se necessário realizar uma análise aprofundada dos perfis dos pacientes infectados por leishmaniose tegumentar no estado do Maranhão, durante o período de 2018 a 2022. Esta análise permitirá uma melhor compreensão da doença e poderá contribuir para o desenvolvimento de estratégias de controle mais eficazes.

2. MÉTODOS

Este estudo empregou uma abordagem descritiva retrospectiva quantitativa para analisar novos casos confirmados de Leishmaniose Tegumentar em pacientes do estado do Maranhão no período de 2018 a 2022.

2.1 Coleta de Dados

Os dados para este estudo foram coletados a partir dos casos novos de Leishmaniose Tegumentar notificados no DATA SUS durante o período de 2018 a 2022. Esses dados foram posteriormente transformados em gráficos e tabelas para facilitar a análise. Adicionalmente, foram consultados artigos, revistas e periódicos que discutem estudos sobre o tema proposto, obtidos através das plataformas Scielo e Pubmed, para complementar a análise.

2.2 Critérios de inclusão e exclusão 

Os critérios de inclusão abrangeram pacientes com diagnóstico positivo para Leishmaniose Tegumentar no Estado do Maranhão entre os anos de 2018 a 2022, levando em consideração variáveis como gênero, idade, escolaridade, estado gestacional, faixa etária, raça, entre outras. E como critério de exclusão quantidades de casos em ign\branco. 

2.3 Análise de dados 

A Leishmaniose Tegumentar foi analisada com base na comparação do mapa respectivo do Maranhão obtido para cada ano do período de estudo. Esta avaliação também foi realizada através da análise de gráficos e tabelas construídos utilizando o software Excel. 

2.4 Análise Estatística

O software Excel 2010 foi utilizado como ferramenta descritiva para a organização, análise e interpretação dos dados. Isso incluiu a criação de tabelas, gráficos e cálculo de porcentagens.

3. RESULTADOS 

Neste estudo, foram avaliados 6.990 novos casos de pacientes diagnosticados com Leishmaniose Tegumentar nos municípios do Maranhão durante o período de estudo (2018 a 2022). Em 2018, os casos representaram 21,59% do total; em 2019, 17,21%; em 2020, 16,49%; em 2021, 19,19%; e em  2022, 25,77%. A porcentagem mostra um aumento nos casos de Leishmaniose Tegumentar nos anos de 2018, 2021 e 2022 e uma diminuição nos anos de 2019 e 2020, quando comparados com os anos consecutivos. Essas informações estão representadas no Gráfico 01

Gráfico 01. Números de casos novos notificados com Leishmaniose Tegumentar no Estado do Maranhão nos anos de 2018 a 2022.

Fonte: Departamento de Informática do Sistema único de Saúde do Brasil – DATASUS.

Em relação à distribuição de casos notificados de Leishmaniose Tegumentar por microrregião (Gráfico 02), observou-se que o município de Pindaré Mirim apresentou o maior índice de casos, com 1.778 diagnósticos confirmados. Além disso, oito municípios apresentaram um alto número de casos, incluindo Imperatriz com 838 casos, Gurupi com 684, Chapadinha com 545, Lençóis Maranhense com 417, Itapecuru Mirim com 257, Alto do Mearim com 352, Baixada Maranhense com 335 e Rosário com 321. 

Gráfico 02. Número de novos casos de leishmaniose tegumentar por microrregião do estado do Maranhão entre os anos de 2018 a 2022.

Fonte: Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil – DATASUS, 2023.

De acordo com os dados obtidos pelo DATASUS e com o aparecimento da pandemia do COVID-19, o presente estudo foi descrito como perfil antes (2018 e 2019) e durante a pandemia (2020 e 2022). O perfil de pacientes analisados com leishmaniose tegumentar antes da pandemia entre os anos de 2018 a 2019, notificados 2.693 casos de acordo com as variáveis estudadas, são do sexo masculino (74,18%), com idade entre 15 a 39 anos (59,60%), escolaridade de ensino fundamental incompleto (60,81%), de etnia parda (76, 57 %), forma clínica (93,53%), critério de confirmação 78,57 %, e que evoluíram para a cura foram (95,02 %) o observado na Tabela 01.  

Dentre os anos de 2020 a 2022 foram notificados 4.297 casos, o perfil de pacientes analisados durante a pandemia era predominante do sexo masculino (73,14%) na faixa etária de 15 a 39 anos (55,34%), a escolaridade obteve maior incidência no ensino fundamental incompleto (60,81%), a etnia parda (78,35%), a forma cutânea tem (96,30%), que evoluíram para a cura (94,92%) o observado na Tabela 01.

Tabela 01. Caracterização epidemiológica de pacientes notificados com Leishmaniose Tegumentar no Estado do Maranhão entre os anos de 2018 a 2022

4. DISCUSSÃO 

No presente trabalho foi observado um aumento dos números de casos no período estudo corroborando com o trabalho de VASCONSELOS, onde o mesmo descreveu o aumento da leishmaniose tegumentar em todas as regiões do Brasil, tanto no número de casos e distribuições geográfica, observando-se surtos epidêmicos, na maioria das vezes relacionados ao processo predatório das matas (VASCONCELOS et al., 2018). 

A existência da leishmaniose no estado do Maranhão, neste estudo foi analisados casos em diferentes municípios, com maior predominância no município de Pindaré mirim com 1778 casos confirmados, apesar de São Luís ter maior número de população no estado, ela foi responsável por apenas 215 de casos, a zona rural é responsável por maiores números de casos da leishmaniose tegumentar em comparação com a área urbana, diferente do apresentado o estudo  de OLIVEIRA (2021) entre os anos de 2010 a 2019 apresentou que os municípios mais atingidos foram Santa Luzia, Barreirinhas, Açailândia, correspondendo a 10% dos casos no estado do Maranhão (OLIVEIRA et al., 2021).

De acordo com os estudos, a microrregião que obteve mais casos de leishmaniose tegumentar,  período antes pandemia (2018 a 2019) foi Pindaré Mirim, com 655 casos notificados, e permaneceu com essa prevalência durante os anos da pandemia 1123 ( 2020 a 2022), com 1778 casos no total,  além do período chuvoso com grandes casos de alagamento e do processo de urbanização sem planejamento, contribuíram para esse aumento e com diferente de outras doenças de notificação compulsória que teve, durante a pandemia uma diminuição na notificação, a leishmaniose tem um aumento nesse período ( DO NASCIMENTO DA SILVA et al., 2022).

O presente estudo demonstra que, embora tenha havido um aumento no número absoluto de casos tanto para o sexo masculino quanto para o feminino, o número relativo não sofreu mudanças, evidenciando que o sexo masculino é mais acometido pela doença. De acordo com Lutosa et al. (2022), os homens são mais suscetíveis à infecção devido à sua maior exposição aos serviços na agropecuária, roças e garimpos, que são áreas de maior risco de contaminação.

De acordo com o estudo, indivíduos que cursaram o ensino fundamental incompleto apresentaram uma incidência de 66,36% de inscritos nos anos de 2018 a 2019. O trabalho realizado por Santos et al. (2021) ressaltou que a baixa escolaridade têm uma incidência maior. Feita essa comparação, evidencia-se a necessidade da educação em saúde dentro de áreas rurais, para conscientizar a população sobre a doença.

De acordo com o estudo de Lopes et al. (2022), a população parda é a mais afetada corroborando com o nosso estudo. Mas o IBGE destaca que a etnia parda é a maior da população do estado do Maranhão, representando 62,3% da população. A população parda é economicamente mais vulnerável por residir em locais mais expostos à infecção em regiões próximas às matas.

De acordo com o estudo, a forma clínica de leishmaniose tegumentar, os casos de forma cutânea foram de maioria, aproximadamente 96,30 % dos casos relatados, este estudo relata que a forma cutânea se apresenta sempre mais prevalente, devido ao fato que a forma mucosa costuma ocorrer como evolução da forma cutânea, principalmente por conta do tratamento inadequado, demorado ou não realização do mesmo. (DOS SANTOS et al., 2018).

De acordo com o estudo de (Cruz Gabriela), as atividades em zonas rurais, aumentam as chances de exposição com o vetor e contaminação da doença, neste estudo a faixa etária mais acometida 15 a 39 anos de idade com 59,60 % nos anos de 2018 a 2019, teve uma queda gradativamente no número relativo nos anos de 2020 a 2022 de 55,34%, mas essa população é chamada de economicamente ativa e por isso estão mais expostas zonas de riscos são as mais acometidas (CRUZ GABRIELA et al., 2011).

Em relação a evolução da doença foi observada uma grande porcentagem de evolução dos pacientes para a cura, 95,02%, isso mostra que o tratamento é eficaz para os casos, mesmo comparado aos anos durante a pandemia, mostra uma queda gradativa, mostrando que durante esse período as ações de vigilância e controle de doenças foram reduzidas, mas não atingiu na evolução da doença (DOS SANTOS et al., 2018).

Sendo assim, neste estudo observou-se que a maioria das pessoas infectadas obteve um diagnóstico preciso, principalmente entre os meses de setembro a dezembro com uma porcentagem 39,97 % durante o período pandêmico. De acordo com (De ALMEIDA) os critérios de confirmação diferentes estudos que pensam em várias formas de diagnosticar a leishmaniose tegumentar, nesse período o clínico laboratorial obteve maior resposta 84,60% (DE ALMEIDA et al., 2018).

Como diz DE ASSUNÇÃO (2019), os fatores que contribuem para a forma de transmissão, migração da população para as outras regiões são, saneamento básico inadequado, educação a saúde, situação econômica, moradias precárias, convívio com animais domésticos que servem de reservatórios da LTA, os desequilíbrios ambientais, ao alterar a natureza o ciclo de transmissão é alterado. (DE ASSUNÇÃO et al., 2019).

Por tanto, desde de 2002, com bases nas diretrizes do SUS (Sistema único de saúde) da lei de 80.8019990, houve um aumento de eficácia para o tratamento das leishmanioses para unidades básicas de saúde (UBS), assim possibilitando o acesso das pessoas para obter serviços de saúde, diagnósticos e tratamentos precoce (MINISTÉRIO DA SAÚDE 2002).

Segundo o estudo de JESUS (2022) a extensão da leishmaniose tegumentar e os problemas encontrados para seu tratamento, é necessário o estabelecimento de medidas eficazes de profilaxia e controle da doença e uma saúde pública atuante nas zonas de necessidades. As medidas gerais de controle da leishmaniose tegumentar envolvem a vigilância epidemiológica; medidas de atuação para controle de transmissão, onde as estratégias de controle devem ser ajustáveis e adequadas a cada região, medidas de proteção individual, educativas e administrativa (JESUS et al., 2022)

5. CONCLUSÃO

De acordo com o estudo, conclui-se que a leishmaniose tegumentar no estado do Maranhão se apresentou, nos anos de 2018 a 2019, 2.693 casos,  de acordo com os estudos, os anos de 2020 a 2022 no período pandêmico foram registrados 4.297 casos, houve um aumento significativo como mostra o sistema de informações DATASUS, assim comportando em descrever as incidências nas microrregiões do estado, por meio dos resultados analisados, ainda que haja lentidão na publicação de informações para essa comparação durante esse período.

Em relação ao perfil de pacientes com leishmaniose antes e durante a pandemia se permaneceu inalterado sendo caracterizado como a maioria dos pacientes sendo do sexo masculino, com idade entre 15 e 39 anos, escolaridade de ensino fundamental incompleto (baixa escolaridade), de etnia parda, com forma clínica cutânea, critério de confirmação exame laboratorial e taxa de cura elevados.

Isso evidencia a necessidade de políticas públicas voltadas para essa população, para o controle e eficácia no tratamento da leishmaniose tegumentar, uma doença negligenciada. Necessitando principalmente de ações mais efetivas do sistema de saúde, assim como palestras em educação a saúde. 

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1Acadêmica do Curso de Farmácia, Universidade CEUMA.
2Docente do Curso de Farmácia, Universidade CEUMA e UEMASUL
3Docente do Curso de Farmácia, Universidade CEUMA
4Acadêmico do Curso de Farmácia, Universidade CEUMA
5Acadêmica do Curso de Farmácia, Universidade CEUMA
6Acadêmica do Curso de Farmácia, Universidade CEUMA