SEGURANÇA DAS URNAS ELETRÔNICAS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10205781


Félix Dias Chaves1
Vitor de Melo Gonçalves2
Orientador: Profº Especialista Filipe Jeferson Guedes Aragão3


Resumo 

O sistema eleitoral brasileiro, baseado em urnas eletrônicas, é considerado seguro, mas ainda existem dúvidas sobre a sua segurança. Para aumentar a confiança no sistema, é importante que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) continue investindo em pesquisas e desenvolvimento para aprimorar a segurança das urnas. Apesar de ser seguro, é importante garantir a transparência e auditabilidade do processo e criptografia confiável. Este trabalho tem o objetivo de mostrar as boas práticas de segurança das urnas e se propõe a colaboração entre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e os consultores para melhorar a auditoria do sistema. 

Palavras-chave: Sistema eleitoral, urnas eletrônicas, segurança, auditabilidade, criptografia. 

Abstract 

The Brazilian electoral system, based on electronic voting machines, is considered secure, but there are still doubts about its security. To increase confidence in the system, it is important that the Superior Electoral Court (TSE) continue to invest in research and development to improve the security of the machines. Although it is secure, it is important to ensure transparency and auditability of the process and reliable encryption. This work aims to show the good security practices of the machines and proposes collaboration between the Superior Electoral Court (TSE) and consultants to improve the audit of the system. 

Keywords: Electoral system, electronic voting machines, security, auditability, cryptography. 

1. Introdução 

De acordo com Macedo (2010), o Brasil passou por vários modelos eleitorais em sua trajetória histórica, sendo muitos destes modelos eleitorais adaptados com a realidade territorial, visto que um fator considerável na adoção de um sistema eleitoral é a capacidade de integração das regiões pertencentes à votação e distribuição logística dos protocolos de voto. 

Ainda segundo o autor, o Brasil se posicionou nos últimos quinze anos como uma das maiores referências mundiais no que se refere a informatização do sistema de votação eleitoral, por meio da urna eletrônica e sistema logístico de distribuição e apuração de votos. 

Entretanto, muitos autores, pesquisadores e profissionais do ramo da tecnologia colocam em dúvidas a veracidade do processo eleitoral brasileiro atual, sendo a falsa impressão do voto seguro e eficaz é o que permite estimular o descaso com a democracia no país, dificultando todo o ambiente político de expressar credibilidade (MANESCHY, 2003). 

Nesta temática, por ser um sistema ainda discutido pelo mundo científico, público e pela sociedade civil, faz-se necessário promover pareceres e visões de pesquisa que possibilitem esclarecer potenciais dúvidas sobre a transparência do sistema atual de votação brasileiro. 

Deste modo, a presente pesquisa busca apresentar de forma sistemática a segurança do Sistema Informatizado de Eleições (SIE) empregada no Brasil. 

2. Metodologia 

Este trabalho se caracteriza como exploratória e descritiva, uma vez que na pesquisa exploratória, conforme Gil (2008) visa possibilitar uma maior familiaridade com o problema a ser pesquisado com vistas a torná-lo explícito ou a construir um maior número de hipóteses. 

Já a pesquisa descritiva, objetiva a descrição de características de um certo grupo ou fenômeno. Gerhardt e Silveira (2009) afirmam que este tipo de trabalho tem como finalidade descrever os fatos e fenômenos de determinada realidade. Gil (2008) salienta que trabalhos descritivos juntamente com os trabalhos exploratórios, têm sido bastante requisitados por instituições como empresas comerciais, como forma de levantamento, diante da preocupação dos pesquisadores com a atuação prática. 

Após análise do assunto, busca-se fazer um estudo detalhado do objeto de estudo. A apresentação dos resultados obtidos pela pesquisa será realizada de forma quali-quantitativa e comparativa. A abordagem quali-quantitativa se dá em função dos resultados se baseiam tanto em dados numéricos e quantificáveis, como também por meio de percepções, análises e descrições da complexidade do problema. 

Para Botelho e Cruz (2013) a pesquisa qualitativa busca entender um fenômeno específico de forma aprofundada, já que este tipo de pesquisa se desenvolve trabalhando com descrições, comparações, interpretações e atribuições de significados, possibilitando investigar valores, crenças, hábitos, estudos e opiniões de indivíduos ou grupos. Enquanto à pesquisa quantitativa, os autores Botelho e Cruz (2013) evidenciam ser uma metodologia de pesquisa social que emprega técnicas estatísticas, isto é, transformar opiniões e informações em números, por meio da quantificação, tabulação e interpretação dos dados. 

3. Urna Eletrônica 

Segundo Silva (2016) a urna eletrônica é um microcomputador desenvolvido com características específicas de hardware e software para justiça eleitoral. Com finalidade de otimizar e tornar mais fácil o procedimento de votação e apuração dos votos. 

3.1 Sistemas operacionais da urna eletrônica 

A justiça eleitoral, no decorrer dos anos, empregou diferentes modelos de urnas eletrônicas, as quais trabalhavam com vários sistemas eleitorais, conforme mostrado nas especificações técnicas na Figura 1 e demais modelos de urna na figura 2.

Figura 1: Informações técnica da Urna eletrônica 2020 

Fonte: Justiça Eleitoral (2023).

Figura 2: Modelos utilizados no Brasil: a) UE1996; b); UE1998 c); UE2000 d) UE2002; e) UE2004; f) UE2006; g) UE2008; h) UE2009; i) UE2010; j) UE2011; l) UE2013; m) UE2015; e n) UE2020 

Fonte: Fonte: Justiça Eleitoral (2023).

Entre os anos de 1996 e 2006 os sistemas utilizados pela urna foram o VirtuOS, o WindowsCE e atualmente é utilizado o sistema Linux.

O sistema Linux, que é utilizado até os dias atuais com a vantagem de ser um sistema livre e de código aberto, onde possibilita modificar e personalizar, reconhecido com mais segurança, assim facilitando no gerenciamento dos diversos modelos de urnas para melhor compatibilidade de hardware e drivers destas. O sistema Linux é utilizado nos modelos antigos de urnas de 1996, 1998, 2000, 2002, 2004, 2006, 2008, 2010, 2012, 2016 e a atual do ano de 2021. 

3.2 Processador 

Os processadores são produzidos conforme as especificações da Justiça Eleitoral com critérios de compatibilidade com o sistema operacional da urna.

  • Modelo urna eletrônica 1996: Intel® 386SX 40Mhz; 
  • Modelo urna eletrônica 1998: Cyrix Geode GXLV 166MHz; 
  • Modelo urna eletrônica 2000: Cyrix Geode GXLV 166MHz; 
  • Modelo urna eletrônica 2002: Cyrix Geode GX1 200MHz; 
  • Modelo urna eletrônica 2004: Cyrix Geode GX1 200MHz; 
  • Modelo urna eletrônica 2006: GEODE LX700 333MHz; 
  • Modelo urna eletrônica 2008: GEODE LX700 333MHz; 
  • Modelo urna eletrônica 2009: Intel® Atom™ Z510P 1.10GHz;
  • Modelo urna eletrônica 2010: Intel® Atom™ Z510P1.10GHz; 
  • Modelo urna eletrônica 2011: Intel® Atom™ Z510P1.10GHz; 
  • Modelo urna eletrônica 2013: Intel® Atom™ Z510P1.10GHz; 
  • Modelo urna eletrônica 2015: Intel® Atom™ Z510P1.10GHz; e
  • Modelo urna eletrônica 2020: Intel® Atom™ E3940 1.60 GHz. 

3.3 Periféricos da Urna Eletrônica 

Silva (2016) explica que a urna eletrônica é um computador com memória RAM e placa mãe e, como tal, necessitam de dispositivos que armazenam dados como um disco rígido ou pen driver.

Desde o modelo 98 de urna eletrônica vem empregando essa metodologia de armazenamento de dados. A urna eletrônica utiliza dois tipos de armazenamento, flash cards e mídias de resultado (MR’S) conforme apresentado na Figura 3. 

Figura 3: Flash Card e memoria de resultado da urna eletrônica

Fonte: TSE (2021). 

3.4 Flash Cards

A urna utiliza cartões de memória flash de duas formas: 

Flash card interno (FI), é o dispositivo responsável pelo armazenamento do sistema operacional, dos softwares aplicativos, dos dados dos candidatos, eleitores e da seção eleitoral a que se destina a urna. 

Flash card externo pode ser usado como flash de votação (FV), que é conectado à urna desde sua preparação para as eleições, contendo uma cópia dos dados do flash card interno para garantir que as informações não sejam perdidas em caso de defeito na urna e também pode funcionar como flash de carga (FC), utilizado para instalar nas urnas os sistemas necessários para a votação e outros aplicativos relacionados à eleição, imagem dos flash cards nas figuras 4 e 5.

Fig. 4 – Flash card da urna eletrônica. 

Fig. 5 – Flash card da urna eletrônica. 

Fonte: TRE SC (2019)

3.5 Memória de Resultado 

As memórias de resultado (RM) desempenham um papel crucial nas eleições no Brasil, pois são dispositivos de armazenamento usados nas urnas eletrônicas. Cada tipo de mídia tem uma função específica e é identificado por um órgão, embora o órgão possa variar de acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) responsável pela eleição. Aqui está uma descrição detalhada de cada tipo de mídia e sua função: 

  • Treinamento de Eleitor: Esta mídia foi projetada para simular o processo de votação. Ela permite que um eleitor simule a entrada do número de um candidato, replicando a experiência de uma eleição eleitoral. 
  • Treinamento de Mesário: A mídia de treinamento de mesário simula as tarefas de um mesário durante o processo eleitoral. Isso inclui a seleção do título de eleitor, a autenticação das amostras digitais e a autorização para que o eleitor vote.
  • Auto Teste: Esta mídia desempenha um papel fundamental na verificação da integridade da urna eletrônica, dos sistemas e das aplicações. Ela conduz testes manuais que abrangem vídeo, áudio e digitação nos teclados da urna. 
  • Votação: A mídia de votação é usada para armazenar os votos dos eleitores durante o período da eleição. É fundamental garantir que os votos sejam registrados e contabilizados de maneira precisa. 
  • Recuperador de Dados (RED): Quando a urna eletrônica aborda problemas físicos ou de sistema, o RED é a mídia de escolha. Ela é empregada para tentar recuperar os dados inseridos na urna eletrônica e garantir a integridade do processo eleitoral. 
  • Sistema de Apuração (SA): O SA é usado para forçar uma votação e verificar se os dados inseridos estão corretos. 
  • Ajuste de Dados e Hora (ADH): Caso a urna eletrônica tenha seus dados e hora desconfigurados em relação aos dados de abertura da eleição, o ADH é usado para ajustar essas informações, garantindo que a urna esteja sincronizada com o horário da eleição . 
  • Verificador Pré-Pós Eleições (VPP): O VPP é empregado para forçar uma eleição antes do horário programado, a fim de verificar a precisão dos dados referentes a candidatos e candidatas, bem como para fins de verificação pré e pós-eleições. 

É importante ressaltar que a mídia associada a cada tipo de mídia pode variar de acordo com as políticas e procedimentos de cada TRE, ou que auxilia na organização e no controle das mídias durante o processo eleitoral, garantindo que a mídia correta seja utilizada para cada propósito específico.

Fig. 6 – Memórias de resultado da urna eletrônica. 

Fonte: TRE SC (2019) 

4. Segurança 

A segurança é uma das principais características que garante a integridade do processo de acordo com Taniam Krueger. 

A Segurança da Informação se refere à proteção existente nas informações de uma determinada empresa ou pessoa. Aplica-se tanto a informações corporativas quanto às pessoas. Entende-se por informação todo e qualquer conteúdo ou dado que tenha valor para alguma organização ou pessoa (KRUEGER, 2013, p.1). 

A Justiça Eleitoral emprega uma variedade de medidas de segurança, desde aplicativos nas urnas até sistemas em computadores, para garantir a integridade dos dados da urna eletrônica. Essas medidas de segurança funcionam em camadas, onde cada sistema desempenha um papel específico na criação de barreiras para dificultar qualquer tentativa de violação ou manipulação dos sistemas. A interdependência entre essas camadas é fundamental, pois a quebra de uma camada aciona um efeito cascata que trava completamente a urna, impossibilitando a produção de qualquer dado. 

Os principais mecanismos de segurança incluem criptografia, assinatura digital, resumos digitais (HASH), um Verificador de Autenticação de Programas (VAP) e o Subsistema de Instalação e Segurança (SIS). 

4.1 Assinatura digital 

A assinatura digital é uma mistura de dados onde é necessário procedimentos e ferramentas para interpretá-las de acordo com Maria Bernadete Miranda:

A assinatura digital é formada por uma série de letras, números e símbolos sendo feita em duas etapas. Primeiramente o autor, através de um software que contém um algoritmo próprio, realiza uma operação e faz um tipo de resumo dos dados do documento que deseja enviar, também chamado de função hash. essa operação usa-se uma chave privada que vai encriptar esse resumo e o resultado desse processo, que é a assinatura digital. (MIRANDA, 2009, p. 1). 

A assinatura digital é um processo em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apresenta os sistemas eleitorais, códigos-fonte e documentos aos representantes dos partidos políticos. O TSE compila os programas, sistemas e hashes, que são posteriormente analisados e selecionados por cada partido. Os representantes dos partidos assinam digitalmente esses sistemas, que são então gravados em mídia, lacrados e salvos em um cofre. A propósito disso é garantir que qualquer alteração nos sistemas seja bloqueada, pois a assinatura digital não coincide mais. 

4.2 Resumo digital (hash) 

O resumo digital é uma ferramenta de criptografia, onde é verificado a integridade do sistema, conforme Oliveira: 

[…] a chave pública do emissor apenas decifra (ou seja, verifica a validade) mensagens cifradas com sua chave privada, obtém-se a garantia de autenticidade, integridade e não repudiarão da mensagem, o que é apoiado pela função hashing, pois se alguém modificar um bit do conteúdo da mensagem ou se outra pessoa a assinar ao invés do próprio emissor, o sistema de verificação não irá reconhecer a assinatura digital dele como sendo válida. (OLIVEIRA, 2012, p. 6) 

Os resumos digitais (hash) são compartilhados com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o Ministério Público (MP) e os partidos políticos representados. Isso promove a transparência e complementa o processo eleitoral, uma vez que essas partes podem verificar a integridade dos sistemas. 

Fig. 6 – Hash da urna 2020 do TRE-RO. 

Fonte: TSE (2022) 

4.3 Criptografia digital 

A criptografia digital é uma ferramenta de segurança que promove o funcionamento aos computadores de uso exclusivo à justiça eleitoral deixando os dados totalmente embaralhados. A criptografia de acordo com Maria Bernadete Miranda é definida como: 

Criptografia, definida como a arte ou ciência de escrever em cifra ou em código, ou, ainda, como um conjunto de técnicas que permitem tornar incompreensível uma mensagem originalmente escrita com clareza, de forma que somente o destinatário a decifre e a compreenda. (MIRANDA, 2009, p.1). 

O TSE utiliza algoritmos de criptografia tanto simétricos quanto assimétricos, que são de conhecimento e produção exclusivos do TSE. Além disso, uma descrição é usada para recuperar dados de forma parcial e antecipada, segura como uma camada de segurança para o funcionamento dos programas computacionais. 

4.4 Subsistema de Instalação e Segurança (SIS) 

O Subsistema de Instalação e Segurança (SIS), desenvolvido pela empresa Módulo, é uma ferramenta que controla o acesso e as operações realizadas pelos usuários em computadores do TSE, Tribunais Regionais Eleitorais (TRE) e pólos de inseminação de urnas eletrônicas. O SIS implementa um controle rigoroso de acesso a arquivos do sistema, instalações e modificações, exigindo autenticação com título de eleitor e senha. Mesmo os profissionais responsáveis pelo suporte do sistema e aplicativos do TRE precisam fornecer uma contra-senha, que é gerada com base em dados específicos e variados a cada acesso. 

Essa contra-senha só pode ser fornecida a partir de outro computador ou aplicativo exclusivo do TRE ou TSE. O SIS também registra todas as operações realizadas no sistema, permitindo auditorias das ações dos usuários. Além disso, monitora os aplicativos relacionados à geração de mídias, transporte de dados, candidatos e participantes, garantindo seu funcionamento dentro do subsistema. 

O Gerador de Dados, Aplicativos e Interface com Urna Eletrônica (GEDAI) é responsável pela importação dos dados de candidatos e eleitores do TSE para serem inseridos na urna eletrônica. O Transporte de Arquivo da Urna Eletrônica (Transportador) é responsável pela transmissão dos dados e votos da urna eletrônica para o TSE e TRE. Esses aplicativos são monitorados para garantir seu correto funcionamento e integridade dentro do subsistema de segurança. 

5. Geração de mídias 

A preparação das urnas eletrônicas envolve diversos procedimentos, um dos quais é a cerimônia de geração de mídia. Durante esse processo, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) convida a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o Ministério Público (MP), representantes dos partidos políticos e a imprensa local para testemunhar a inserção de informações nos cartões de memória por meio do aplicativo GEDAI. É importante destacar que todo o processo, desde a oficialização do sistema até a importação de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é prorrogado de forma transparente e pode ser acompanhado por instituições públicas, conforme o disposto na resolução número 23.669 do TSE “§ 4º A geração de mídias se dará em cerimônia pública presidida pela juíza ou pelo juiz eleitoral, ou por autoridade designada pelo TRE.” 

5.1 Verificação e Oficialização do Sistema 

A oficialização do sistema é um procedimento de segurança onde o juiz responsável pelo cartório, insere uma senha disponibilizada pela justiça eleitoral, onde esta senha executa através do sistema SIS a verificação de toda a integridade dos aplicativos, apagando qualquer dado inserido no computador. Conforme a resolução 23.669 do TSE: 

Art. 196. A partir das 12 doze horas da véspera de cada turno, as funcionalidades relativas ao gerenciamento da totalização dos resultados estarão disponíveis no SISTOT, em todas as instâncias, mediante os seguintes procedimentos concatenados e sequenciais: 

I – processamento das eventuais alterações de situação e de dados das candidatas, dos candidatos e dos respectivos partidos (ARC); e 

II – emissão do Relatório Zerésima com a finalidade de comprovar a inexistência de votos computados no sistema. 

§ 1º Os procedimentos descritos no inciso I do caput deste artigo serão realizados: 

I – pelo TSE, relativamente às eleições para presidente e vice-presidente da República; e 

II – pelos TREs, relativamente às eleições para governador, vice-governador, senador, deputados federais, estaduais e distritais.(TSE, 2021). 

A oficialização do sistema é um procedimento crucial para garantir a segurança do processo eleitoral. O juiz responsável pelo cartório inseriu uma senha fornecida pela justiça eleitoral, que, por meio do sistema SIS, verifica a integridade de todos os aplicativos. Esta etapa garante que não haja dados residuais no computador que possam comprometer a integridade da eleição. Durante a oficialização, são verificadas as versões do sistema SIS, do aplicativo GEDAI e do Transportador, fornecidas pelo TSE. Após essa verificação, os dados são importados.

5.2 Importação de Dados 

Nesta etapa, os dados fornecidos pelo TSE são importados no sistema. Isso inclui informações sobre os candidatos que foram autorizados ou não concorrentes, bem como dados sobre as localidades, zonas, sessões eleitorais, eleitores e os aplicativos da urna eletrônica. 

5.3 Carga das Urnas 

Após a geração da mídia e a inserção de dados nos cartões de memória e na mídia de resultados, os técnicos da justiça eleitoral inserem os cartões de memória nas urnas. Cada carga nas urnas é coletada automaticamente de seleções eleitorais. 

Uma vez que as cargas estão completas, são inseridos os cartões de memória para votação. Estes cartões de memória passam por um auto teste, que verifica o funcionamento adequado da urna, incluindo a tela de vídeo, o armazenamento interno, o armazenamento externo, o teclado do terminal do mesário, o teclado do terminal do eleitor e o áudio da urna. 

Após a conclusão dos testes e se nenhum defeito for detectado, a urna é lacrada com selos. Os selos são colocados na entrada onde estão localizados a mídia de resultado, no cartão de memória de votação, nos painéis que possuem aberturas e parafusos nos terminais do mesário e do eleitor. 

Com a urna devidamente lacrada, ela é embalada e guardada até o dia da eleição. Este processo rigorosamente visa garantir a integridade e a segurança do sistema eleitoral. 

6. Tabela de correspondências 

Este processo é utilizado no aplicativo GEDAI, onde após a inserção de informações nas urnas dos eleitores e candidatos, os flash cards registram logs de quantas inserções foram realizadas. Após esse procedimento de inserção de dados, todos esses logs são extraídos e transmitidos para o TSE e registrados em ata. A figura abaixo apresenta uma parte da tabela de correspondência do estado do Ceará.

Figura 7 – Tabela de Correspondência. 

Fonte: TRE-CE (2022)

7. Auditoria 

Auditoria é a forma de verificar um programa, comparar um evento ou uma atividade de um determinado objeto para observar se este está de acordo com os critérios previamente estabelecidos por um documento ou relatório de acordo com Araújo: 

Consiste na ação independente de se confrontar uma determinada condição com um critério preestabelecido, que se configura como a situação ideal, para que se possa opinar ou comentar a respeito. A auditoria é, simplesmente, a comparação imparcial entre o fato concreto e o desejado, com o intuito de expressar uma opinião ou de emitir comentários, materializados em relatórios de auditoria. (ARAÚJO, 2004, p.13). 

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) possui vários mecanismos de auditoria para garantir a integridade do sistema eleitoral. Alguns desses mecanismos são o Verificador de Autenticação de Programas (VAP), o Verificador Pré-Pós Eleições (VPP) e a Votação Paralela.

7.1 Verificador de Autenticação de programas (VAP) 

O VAP é um programa que verifica a integridade do sistema e analisa o hash, se estes estão lacrados, se tiveram sua fonte de código modificada. O aplicativo verifica todos os sistemas dos microcomputadores. 

7.2 Verificar Pré-Pós Eleições (VPP) 

O VPP é um aplicativo que é integrado a uma mídia de resultado e inserido na urna para conferir os sistemas e aplicativos instalados nela. Onde o mesmo força uma votação para verificar se a integridade dos dados inseridos foi modificada. De acordo com a resolução 23.673 do TSE. 

Art. 39. O Programa Verificador Pré/Pós-Eleição (VPP) da urna eletrônica permitirá a: 

I – conferência visual dos dados de pessoas candidatas e partidos; 

II – emissão do hash dos programas instalados durante a carga das urnas eletrônicas; e 

III – demonstração do processo de votação, a fim de aferir o correto funcionamento do equipamento. 

7.3 Votação Paralela 

A votação paralela é uma simulação com uma urna oficial com os dados oficiais de candidatos e eleitores de uma zona e município qualquer sorteado pela Justiça Eleitoral. O sorteio é realizado com a presença dos representantes de cada partido e órgãos públicos como Ministério Público e juízes das zonas eleitorais. Esse sorteio só pode acontecer após todas as urnas do estado estarem devidamente lacradas e carregadas com os dados da cerimônia de carga. Após o sorteio da urna, é feito o preenchimento de no mínimo 500 cédulas de papel com os dados dos candidatos, sendo que na inserção de votos é necessário haver votos nulos, brancos e ativos. Esses dados serão guardados e inseridos no dia da votação na urna sorteada pelo TRE. 

No dia da votação, servidores do quadro, auditores externos e uma equipe de filmagem são convocados para garantir a integridade do processo eleitoral. Os servidores são responsáveis pela inserção das cédulas dos votos na urna eletrônica. A equipe de filmagem registra toda atividade e movimento feito pelos servidores, incluindo a digitação da tecla da urna do terminal do eleitor e do mesário. A equipe da Auditoria Externa é responsável por verificar se os dados das cédulas de papel correspondem com os dados digitados na urna, sendo que os dados terão que ser idênticos. Todo esse processo de votação paralela é feito em isolamento e a urna sorteada no dia anterior é substituída e registrada em ata justificando sua substituição e carga de dados. 

8. Totalização 

Após o término das eleições, a Justiça Eleitoral montará uma central para verificação da mídia de resultado das urnas. Nessa central, são coletadas as mídias e dados transmitidos via satélite dos locais de difícil acesso para verificar a validade dos dados e se não há duplicidade de dados pelo aplicativo transportador do TRE e TSE. Depois de feitas todas as verificações, os votos são computados e disponibilizados para o TSE e público externo. 

Quando todo o processo é concluído, a Justiça Eleitoral realiza a totalização dos votos e divulga o resultado definitivo da eleição. 

9. Considerações Finais 

O sistema de votação brasileiro, que utiliza urnas eletrônicas, é o maior do mundo e fornece resultados no dia da votação. No entanto, a segurança dessas urnas é primordial. Embora nenhuma tecnologia seja totalmente segura, as urnas eletrônicas adotam boas práticas para prevenir violações de dados. A evolução do processo eleitoral eletrônico e o aperfeiçoamento da tecnologia têm aumentado a transparência e a capacidade de auditoria das urnas. Atualmente, a verificação depende dos técnicos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e dos consultores responsáveis por uma auditoria cada vez mais participativa e completa do sistema de votação. Mudanças recentes demonstram a vontade do TSE de colaborar com outras entidades para melhorar a auditabilidade. Portanto, é crucial que o sistema garanta um resultado eleitoral transparente, confiável e auditável.

10. Referências 

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GERHARDT, TATIANA ENGEL; SILVEIRA, DENISE TOLFO. Métodos de Pesquisa. Editora da UFRGS, 2009. 

Gil, ANTÔNIO CARLOS. Como elaborar projetos de pesquisa. Atlas, 2008. MACEDO, ROBERTO GONDO. A cultura do voto eletrônico no Brasil: contribuição tecnológica para a democracia e comunicação política. In: Congresso Panamericano de Comunicação PANAM, 2010, Brasília. Anais do Panam 2010. Brasília: Instituto de pesquisa econômica avançada IPEA, 2010. 

MANESCHY, OSVALDO. Congresso pode acabar com o voto eletrônico impresso. Jus Navigandi, Teresina, 2003. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/4394/congresso-pode-acabar-com-o-voto-eletronico-impres so>. Acessado em 30 de out. de 2023 

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KRUEGER, Taniam Krueger. Portal E-GOV, 2013. Segurança da informação. Disponível em: < https://egov.ufsc.br/portal/conteudo/seguran%C3%A7a-de-informa%C3%A7%C3%A 3o > Acessado 29 de out. de 2023 . 

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18º Período Curso de Sistemas de Informação pela Faculdade UniSapiens. E-mail: felixdchaves@gmail.com

28º Período Curso de Sistemas de Informação pela Faculdade UniSapiens.
E-mail: vitormagyver@outlook.com

3Orientador: Professor Especialista Felipe Jeferson Guedes Aragão, Curso de Sistemas de
Informação pela Faculdade UniSapiens. E-mail: filipejeferson@hotmail.com