RELATO DE EXPERIÊNCIA: O ACOMPANHAMENTO DA CONSULTA DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO INFANTIL (CD) COM ABORDAGEM MULTIPROFISSIONAL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10198939


Mayara Gomes Araujo¹
João de Sousa Pinheiro Barbosa²
Lorrane Rafaela de Souza Brasileiro³
Carolina Capanema de Souza Gomes Fontenele Azevedo4
Daiane de Farias Martins5
Gabriela Tomazini Rodrigues Pereira Amorim6
Janaína de Castro Vieira7
Karen Karoline Gouveia Carneiro8
Rafaela Seixas Ivo9
Sarah Ferreira Chaves de Noronha10


Resumo

Objetivo: Relatar a experiência de uma equipe multiprofissional composta por Enfermeiras, Cirurgiã Dentista, Fisioterapeuta, Fonoaudióloga e Médica na realização do acompanhamento do Crescimento e Desenvolvimentos Infantil (CD) de um bebê com diagnóstico de assimetria craniana e frênulo lingual alterado. Relato de experiência: Realizadas consultas de enfermagem no acompanhamento do Crescimento e Desenvolvimento infantil de um bebê de aproximadamente 5 meses e dezessete dias no Ambulatório de Saúde de uma Instituição de Ensino privada no Distrito Federal, no período entre Agosto a Outubro de dois mil e vinte e três.  O  atendimento realizado seguiu as diretrizes do Ministério da Saúde, descritas no Caderno de Atenção Básica n°33/ Saúde da Criança. Considerações finais: Ressalta-se uma importância na observação atenta do responsável sobre as características do desenvolvimento infantil e/ou possíveis alterações dele, sendo ainda evidenciado neste relato, uma escuta ativa e qualificada por parte das profissionais enfermeiras permitindo assim uma condução facilitadora na busca por soluções dentro do contexto interdisciplinar, assim fica demonstrado que cada especialidade tem uma contribuição importante quando se trata do crescimento e desenvolvimento de uma criança.

Palavras – chave: Consulta de enfermagem, Equipe Multidisciplinar, Puericultura, Promoção da Saúde.

ABSTRACT

Objective: This report aims to describe the experience of a multidisciplinary team composed by nurses, dentists, physiotherapists, speech language pathologist and physician in monitoring child growth and development of a baby diagnosed with cranial asymmetry and abnormal lingual frenulum.

Experience report: nursing assistance was conducted throughout growth and child development of a 5 month and seventeen days old in the Health Outpatient Clinic  in a private educational institution in Distrito Federal, between the months of August and October of two thousand twenty three.

The care provided followed the guidelines of the Ministry of health, described in the primary care manual N33º child health.

Final considerations: it is important that the health care providers conduct a close observation of the characteristics of child development and possible abnormal behaviors, being highlighted in this report, an active and qualified listening from the professional nurses, allowing a facilitated conduction in the search for solutions within the interdisciplinary context. Thus, it was demonstrated that each specialty has an important contribution when it comes to growth and development of a child.

Key-words: Nursing consultation, multidisciplinary team, childcare, health promotion.

RESUMEN

Relatar la experiencia de un equipo multiprofesional compuesta por Enfermeras, Cirujanas Dentistas, Fisioterapeutas, Logopedas y Doctoras en la realización de una supervisión del Crescimiento y Desarrollo Infantil (CD) de un bebé con diagnóstico de asimetría craneal y frenillo lingual alterado. Informe de experiencia: Fueron realizadas consultas de enfermería en la supervisión del Crescimiento y Desarrollo de un bebé de aproximadamente 5 meses y diecisiete dias en una Clínica Ambulatoria de Salud de una Institución de Enseñanza privada en el Distrito Federal, en el periodo comprendido entre agosto y octubre de dos mil y veintitrés.  El atendimiento realizado seguió a las diretrizes del  Ministerio de Salud, descrito en el Manual de Atención Básica n°33/ Salud de los niños. Consideraciones finales: Es importante resaltar la observación atenta de los responsables acerca de las características del desarrollo infantil y de las posibles alteraciones de ellas, siendo aun evidenciado en este informe, una escucha activa y capacitada por parte de las profisionales enfermeras permitiendo así una conducción facilitadora en la busqueda por soluciones dentro del contexto interdisciplinario, así se queda claro que cada especialidad tiene una contribución importante cuando se trata del crecimiento y desarrollo de un niño.

Palabras – llave:  Consulta de enfermería , Equipo Multidisciplinario , Puericultura, Promoción de la Salud.

INTRODUÇÃO

O conceito de desenvolvimento é amplo e refere – se a uma transformação complexa, contínua, dinâmica e progressiva, que inclui, além do crescimento, maturação, aprendizagem e aspectos psíquicos e sociais (RAPPAPORT, 1981[1] ). Costuma-se falar em desenvolvimento de forma distinta entre desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial, como uma forma de facilitar o estudo do desenvolvimento humano. Mas cabe apontar que tais aspectos estão interligados e influenciam-se mutuamente durante a vida do indivíduo (BRASIL, 2002). Na estrutura fisiológica humana, o que é inato não é suficiente para produzir um indivíduo sem a participação do meio ambiente. Tudo em um ser humano (suas características, seus modos de agir, pensar, sentir, seus valores, etc.) depende da sua interação com o meio social em que vive. Portanto, o desenvolvimento da criança será sempre mediado por outras pessoas, pelas famílias, pelos profissionais de saúde, da educação, entre outros, que delimitam e atribuem significados à sua realidade.

O acompanhamento do desenvolvimento da criança objetiva sua promoção, proteção e a detecção precoce de alterações passíveis de modificação que possam repercutir em sua vida futura. Isso ocorre principalmente por meio de ações educativas e de acompanhamento integral da saúde da criança (BARROS, 2008).

A criança deve atravessar cada estágio segundo uma sequência regular, ou seja, os estágios de desenvolvimento cognitivo são sequenciais. Se a criança não for estimulada e motivada no devido momento, ela não conseguirá superar o atraso do seu desenvolvimento. Afinal, o desenvolvimento infantil se dá à medida que a criança vai crescendo e vai se desenvolvendo de acordo com os meios onde vive e os estímulos deles recebido. A identificação de problemas (tais como: atraso no desenvolvimento da fala, alterações relacionais, tendência ao isolamento social, dificuldade no aprendizado, agressividade, entre outros) é fundamental para o desenvolvimento e a intervenção precoce para o prognóstico dessas crianças (MIRANDA; RESEGUE; FIGUIEIRAS, 2003).

As avaliações do desenvolvimento infantil devem sempre levar em consideração as informações e opiniões dos pais e da escola sobre a criança (FLAVELL, 1996; OPAS, 2005). Recomenda-se procurar ouvir, informar e discutir assuntos que dizem respeito às habilidades desenvolvidas e à maneira como a criança as explora, relacionando-as aos riscos de lesões não intencionais e às medidas para a sua prevenção (BARROS, 2008[2] ).

A equipe de saúde formada por médicos, enfermeiros, fonoaudiólogos, psicólogos, odontólogos, fisioterapeutas e outros, visa uma atuação em saúde mais contextualizada e resolutiva. O trabalho em equipe envolve a educação em saúde e possibilita a execução de ações que favoreçam mudança de pensamentos, baseada no diálogo e na troca do saber científico entre os profissionais, contribuindo para o processo de promoção da saúde auxiliando os pacientes e seus familiares a um melhor conhecimento de sua doença (FRIGO et al., 2012).

 A conjuntura interdisciplinar, mantém relações sociais horizontais, o que inspira um trabalho integrado e completo pois inclui diversas áreas do saber, e resulta na compreensão da mensagem que o paciente emite. As equipes multiprofissionais de saúde devem: agir integrando as diversas competências e categorias profissionais que as compõem; primar pela ação articulada com setores que as cercam  com  base  nos  determinantes  socioculturais  do  processo saúde-doença,  modificando  a  lógica  do  atendimento  curativo;  ter  foco  na  horizontalidade,  vínculo  e  corresponsabilidade  pelas ações junto aos usuários do serviço (MORETTI[3] , 2009).

Desta forma, os profissionais devem atuar de forma recíproca e solidária, respeitando as normas e tudo que lhe é proposto a fim de práticas cada vez mais inclusivas com os usuários (REEVES et al, 2018).

Diante  disso,  e  sabendo  que  o  atendimento interdisciplinar acontece quando diversos profissionais se unem a fim de trabalhar em equipe, com a mesma finalidade, este estudo teve por objetivo relatar a experiência de uma equipe composta por profissionais de saúde – inicialmente enfermeiras, seguida de fisioterapeuta por último odontóloga, partindo do relato materno acerca do desenvolvimento motor e craniofacial do seu bebê no decorrer de uma consulta de rotina em puericultura, durante o estágio supervisionado do curso de Enfermagem.

RELATO DE EXPERIÊNCIA

Estudo descritivo do tipo relato de experiência referente ao Atendimento de Enfermagem no acompanhamento do Crescimento e Desenvolvimento Infantil, baseado nos princípios e objetivos do Caderno de Atenção Básica n°33 do Ministério da Saúde – Saúde da Criança: Crescimento e Desenvolvimento.

Foram realizados 4 atendimentos de enfermagem a este bebê  no Centro Acadêmico Universitário do Distrito Federal, no Ambulatório de Saúde.

O estágio supervisionado II possui uma carga horária de 400h e prevê  que o acadêmico de enfermagem seja capaz de estabelecer o ensino teórico-prático durante o treinamento contribuindo para a autonomia e a segurança  gradual  do  aluno.  Redirecionando  a  metodologia  de  trabalho  com  o  aperfeiçoamento  dos princípios, diretrizes e fundamentos da assistência de enfermagem para resolutividade e impacto da situação de saúde das pessoas e coletividades.

Além disso, aplicar uma metodologia que permita registrar dentro do processo de enfermagem a evolução clínica investigada, o ensinamento terapêutico,  a  pesquisa e a participação do enfermeiro na promoção da saúde e prevenção de doenças, destacando sua relevância dentro de uma equipe multiprofissional. O processo para as consultas de enfermagem aconteceram da seguinte maneira: primeiro as acadêmicas foram separadas individualmente tendo como principal intuito aprimorar os conhecimentos técnicos  e  científicos  relacionados  à enfermagem em Saúde da Criança.  A consulta de enfermagem foi realizada através de instrumento específico para obtenção de dados e registrado em prontuário eletrônico – foram colhidos dados sociodemográficos, tipos de aleitamento (exclusivo, misto ou formulado), antropometria, sinais vitais (SSVV), interação da díade, presença de eliminações fisiológicas,  queixa principal e avaliação seguindo o roteiro de exame físico. Ao início  das consultas foi  orientado sobre  o sigilo das informações relatadas, neste contexto foram atendidos 3 pacientes por dia. No consultório de enfermagem eram realizados desde a entrevista para obtenção dos dados básicos até o  exame físico – avaliação do crescimento e desenvolvimento, avaliação da amamentação, avaliação do frênulo lingual, avaliação dos dados antropométricos, cálculo de ganho de peso diário, presença de marcos de desenvolvimento infantil e avaliação dos reflexos neurológicos.

Após a saída do paciente, a acadêmica realizava o registro do atendimento, com  o  levantamento  de  dois  diagnósticos  de  enfermagem  segundo  o North American Nursing Diagnosis Association(NANDA)(2021-2023) e as devidas condutas em prontuário eletrônico.

Durante a consulta, primeiro se realizava a escuta ativa e qualificada da mãe ou responsável, conforme recomenda a Política Nacional de Humanização – HUMANIZASUS, em seguida eram questionados os dados sociodemográficos e os dados básicos e por último a realização do exame físico confirmando e/ou esclarecendo a respeito das respectivas queixas.  Dentre  os  resultados  encontrados,  foram identificados de acordo com a queixa materna: a assimetria craniana e a verificação de um possível atraso motor à respeito de qual o período em que o bebê começará a rolar para um lado e/ou outro lado, durante o exame físico foi observado uma rigidez nos ombros e na mandíbula do bebê durante a amamentação realizada em consultório, bem como a presença de frênulo lingual alterado seguindo o protocolo de Martinelli, não mencionados anteriormente pela responsavel. Para melhor compreensão sobre os achados no exame físico, foi solicitado ao serviço de Fisioterapia, Fonoterapia e Cirurgia Odontológica/ Odontopediatria e profissional Médico para avaliação e conduta terapêutica, assim também foi orientado o retorno do paciente com relatório de contrarreferência para seguimento. Neste relato de experiência, exploraremos o caso de uma criança com assimetria craniana e alteração de frênulo lingual abordando as características clínicas específicas e os desafios encontrados durante a investigação, escolha da conduta e o tratamento. Além disso, examinaremos as abordagens atuais para o diagnóstico e gerenciamento tanto da assimetria craniana,  quanto da alteração do frênulo lingual e possíveis marcos de desenvolvimento para a idade supracitada, destacando a importância de uma intervenção precoce e a colaboração entre profissionais de saúde para garantir o melhor resultado possível para a criança afetada.

Em paralelo aos atendimentos realizados foi solicitado à acadêmica a  escolher um paciente para confecção de um relato de experiências e conhecimentos adquiridos. A acadêmica foi orientada em sala de aula em como construir o relato de experiência com ferramentas necessárias para o desenvolvimento do roteiro, seguindo os critérios específicos para a produção do material. Os  orientadores  acompanharam  o  avanço na  elaboração  e  auxiliaram  nas  dúvidas  que  surgiram  como  as necessidades de seguir as normas de formatação, modelo da revista, linguagem formal, articulação teórica e análise crítica.

DISCUSSÃO[4] [5] 

O acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil é fundamental para garantir que a criança esteja atingindo marcos importantes em seu desenvolvimento. O Ministério da Saúde do Brasil por meio da Caderneta da Criança fornece diretrizes e informações importantes sobre os principais marcos de desenvolvimento de um bebê.

Um bebê de 5 meses tem a capacidade de realizar várias ações e interações significativas, de acordo com a Caderneta da Criança do Ministério da Saúde. Aos 5 meses, bebês alcançam marcos significativos. Eles podem segurar, observar e levar objetos à boca, demonstrando um desejo crescente de explorar através do tato. Brinquedos coloridos e seguros, como tigelas de plástico, são ideais para essa fase. A audição se desenvolve, e o bebê começa a localizar sons. Conversas e estímulos sonoros, como a “fala materna”, contribuem para seu desenvolvimento linguístico. Brincar de imitação, reproduzir sons de animais e objetos, e reconhecer a expressão das próprias vontades e reações também fazem parte desse período de desenvolvimento. Além disso, encorajar o movimento, como rolar, é fundamental para fortalecer habilidades motoras (BRASIL, 2021).

O bebê em seu desenvolvimento deve ter a avaliação em sua saúde em diversos aspectos. Por exemplo, o peso e o crescimento são monitorados para garantir o progresso saudável. As habilidades motoras incluem sustentar a cabeça e começar a rolar, demonstrando controle crescente dos membros. Seu desenvolvimento visual é notável, com interesse em objetos e reconhecimento de rostos familiares. Nesta fase, expressam emoções e podem iniciar balbucios para interagir. A introdução de alimentos sólidos, conforme orientações do Ministério da Saúde, é uma etapa importante no desenvolvimento alimentar do bebê. Estes marcos são vitais para avaliar o crescimento e bem-estar da criança (PASSOS, 2019).

É importante ressaltar que o desenvolvimento infantil pode variar de criança para criança, e essas são apenas diretrizes gerais. O acompanhamento multiprofissional identificado nesse relato de experiência reconhece ser essencial para avaliar o desenvolvimento da criança, identificar quaisquer atrasos ou preocupações e assim fornecer uma intervenção precoce, se necessário.

No relato de experiência procurou-se analisar o desenvolvimento global da criança durante atendimento e também, avaliar quanto a presença de assimetria craniana e frênulo lingual alterado,  sem hesitar, visto que esta criança necessita de atenção e acompanhamento específico por parte dos profissionais de saúde envolvidos.

Para atender bem o paciente infantil é necessário saber sobre as condições clínicas e os problemas que acometem eles. Assim, vale destacar que a assimetria craniana, também conhecida como plagiocefalia craniana, é uma condição caracterizada pela deformação da forma da cabeça de um bebê. Essa deformação resulta em uma assimetria visível, geralmente causada por pressão prolongada em uma parte da cabeça. A plagiocefalia craniana não é uma doença, mas sim uma condição física. É importante observar que muitos bebês apresentam alguma forma de assimetria craniana, que pode ser temporária e se corrigir por conta própria à medida que o bebê cresce (OLIVEIRA, 2019).

A assimetria craniana geralmente pode ser identificada visualmente. Alguns sinais de que um bebê pode ter assimetria craniana incluem testa ou orelha proeminentes, achatamento em um lado da cabeça ou assimetria facial. É importante ressaltar que uma leve assimetria é comum em bebês e costuma se corrigir com o tempo. Contudo, se a assimetria for notável ou persistente, é recomendável consultar um profissional de saúde (CAMARGOS, 2021).

Em pesquisas realizadas os autores Schreen (2013) e Fialho (2023) abordam a questão do tratamento da plagiocefalia craniana em bebês, destacando abordagens personalizadas e considerando a gravidade da condição e a idade do bebê como fatores-chave.

Schreen (2013) menciona a fisioterapia como uma opção de tratamento, especialmente para casos leves de plagiocefalia craniana. Essa abordagem visa fortalecer os músculos do pescoço do bebê e melhorar a mobilidade da cabeça, contribuindo para a correção da assimetria craniana.

Por outro lado, Fialho (2023) realça a importância da variação das posições de repouso do bebê como parte da estratégia de tratamento. Recomenda-se que os pais incentivem o bebê a deitar nos dois lados da cabeça, o que pode ajudar a aliviar a pressão sobre a área afetada, contribuindo para o tratamento da plagiocefalia craniana.

Ambos os autores enfatizam a necessidade de abordagens específicas e direcionadas, destacando que o tratamento deve ser adaptado à gravidade da condição e à fase de desenvolvimento do bebê. Essa ênfase na personalização do tratamento reflete a complexidade da plagiocefalia craniana e a importância de considerar as necessidades individuais de cada criança. A colaboração entre profissionais de saúde, como fisioterapeutas e pediatras, pode ser essencial para oferecer o melhor cuidado possível e alcançar resultados satisfatórios no tratamento dessa condição.

Ambas as condições, plagiocefalia e braquicefalia, são mais comuns em bebês, devido à maleabilidade do crânio nessa idade. No entanto, é essencial diferenciar entre a variação normal da forma craniana e casos mais acentuados que podem precisar de intervenção médica.

Em situações mais severas, são prescritos dispositivos ortopédicos, como capacetes ou bandagens, que auxiliam na moldagem da cabeça à medida que o bebê cresce. Quando há suspeita de uma condição subjacente associada à assimetria craniana, profissionais de saúde realizam exames para identificar a causa subjacente e, se necessário, prescrever um tratamento específico.

É importante ressaltar que o tratamento é mais eficaz quando iniciado precocemente, enfatizando a importância de consultar um médico diante de preocupações relacionadas à forma da cabeça do bebê. Além disso, a prevenção por meio de mudanças regulares de posição e observação atenta da cabeça do bebê desempenha um papel fundamental na promoção da saúde da criança diagnosticada com assimetria craniana (BENEDETTI, 2021).

De acordo com Pastor-Pons (2021) no ensaio sobre a “Eficácia da terapia manual integrativa pediátrica na plagiocefalia posicional: um ensaio clínico randomizado” foi constatado que a terapia manual associada a um programa de educação de cuidadores, numa amostra de bebés com plagiocefalia posicional (PP), melhorou o Índice de assimetria da abóbada craniana (CVAI) e levou à satisfação dos pais de forma mais eficaz do que apenas um programa de educação de cuidadores.

Segundo Dias (2022) a alteração do frênulo lingual em bebês, conhecida como “língua presa”, é uma condição na qual o frênulo, a faixa de tecido que conecta a parte inferior da língua ao assoalho da boca, é mais curto do que o normal. Isso pode limitar a amplitude de movimento da língua e afetar várias funções orais, incluindo a alimentação e a fala.

A alteração do frênulo lingual em bebês pode ter impactos significativos, como dificuldades na amamentação, fala e funções motoras orais, afetando o desenvolvimento neurológico. O desenvolvimento neurológico sendo afetado colabora para que o bebê tenha dificuldade em se alimentar adequadamente devido à língua presa pode impactar o crescimento e o desenvolvimento cognitivo do bebê. A mobilidade restrita da língua também pode influenciar o desenvolvimento das funções motoras orais, como a mastigação e a deglutição (FUJINAGA, 2017).

Sabe-se que os profissionais de saúde desempenham um papel vital na identificação e intervenção desses casos, podendo incluir a avaliação médica e/ou de enfermagem, a cirurgia de frenectomia, a fisioterapia da fala, terapia de alimentação (fonoaudiologia) e mobilidade (fisioterapia), além de aconselhamento às mães.  Estudos destacam que as intervenções precoces são essenciais para minimizar os impactos e promover o bem-estar e desenvolvimento saudável do bebê com assimetria craniana e frênulo lingual alterado (NOGUEIRA, 2021).

É necessário que as intervenções da equipe multiprofissional sejam realizadas precocemente, pois isso pode minimizar os impactos negativos da língua presa no desenvolvimento motor, neurológico e emocional do bebê, sendo a detecção e o tratamento precoces essenciais para promover o bem-estar e o desenvolvimento saudável da criança.

Considerações finais

No presente relato de experiência, abordamos o caso de uma criança com diagnóstico de assimetria craniana e alteração do frênulo lingual, destacando as características clínicas específicas e os desafios encontrados durante a investigação e tratamento. Foi possível identificar a queixa materna relacionada à assimetria craniana, juntamente com sinais de possível atraso motor, rigidez corporal durante a amamentação e a presença de frênulo lingual alterado. Para compreender melhor esses achados, buscamos a colaboração dos serviços de Medicina, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Odontopediatria e Cirurgia Odontológica para avaliação e conduta terapêutica.

Durante o processo, enfatizamos a importância da intervenção precoce e da colaboração entre profissionais de saúde para garantir o melhor resultado possível para a criança afetada. Além disso, exploramos as abordagens atuais para o diagnóstico e gerenciamento tanto da assimetria craniana quanto da alteração do frênulo lingual. Isso reforça a necessidade de um cuidadoso acompanhamento e intervenção terapêutica, não apenas para resolver as queixas atuais, mas também para promover o desenvolvimento saudável da criança a longo prazo.

Ao longo do processo, a importância da observação atenta das características clínicas e da busca por soluções interdisciplinares se tornou evidente. Esta experiência ressalta a complexidade das questões de crescimento e desenvolvimento infantil, destacando a relevância da formação profissional contínua e da colaboração entre especialistas de diversas áreas para oferecer o melhor cuidado possível às crianças diagnosticadas com assimetria craniana e/ou alteração do frênulo lingual e suas famílias.

Referências bibliográficas

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Enfermeira¹
Enfermeiro, mestre e doutor em Ciências e Tecnologias em Saúde – Universidade de Brasília – UniCEPLAC²
Enfermeira Mestre em Ciência e Educação , Especialista em Atenção Básica em Saúde da Família³
Acadêmica em Medicina4
Formada em fisioterapia, com pós graduação em Estimulação Precoce5
Médica6
Cirurgiã dentista7
Mestre em Gestão dos sistemas e de Serviços em Saúde e Enfermagem8
Enfermeira , mestre em tecnologias da Saúde- simulação realística em pediatria9
Fonoaudióloga – Universidade de Brasília, Pós graduada em Fonoaudiologia Neonatal e Pediátrica (CEAFI)10