RISCO CARDIOVASCULAR EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS  

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10197087


Alyce Soares Mesquita  
Calebe Ferreira Ventura  
Janaina Mayara Santos Barbosa  
Lindoalda Alves De Lima  
Mateus Santos Dias
Orientadora: Profª Jamili Anbar   


RESUMO

A partir do momento em que o jovem avança para a vida adulta, é de suma importância reconhecer mudanças físicas, psicológicas e sociais. O ingresso na vida universitária é um aspecto que vale salientar, pois o ambiente universitário muda a rotina e hábitos, influenciando no estilo e qualidade de vida. Mesmo com acesso a informações de alto nível em relação ao desenvolvimento das DCVs (Doenças Cardiovasculares), os estudantes, ao ingressarem no mundo acadêmico, muitas vezes, iniciam ou consolidam comportamentos menos saudáveis, como o alcoolismo e o tabagismo.
Avaliar a prevalência dos fatores de risco cardiovascular em estudantes universitários, por meio da revisão de artigos científicos. Identificar quais fatores ocorrem de forma concomitante e quais são mais frequentes nessa população.
Revisão de literatura, com abordagem qualitativa. Foram selecionados 65 artigos científicos de bases de dados relevantes, como PubMed, Scopus ou Web of Science.
Mostram que mesmo após orientações de hábitos saudáveis, os estudantes mantinham hábitos que aumentam o risco cardiovascular. Além disso, todos os estudantes apresentaram ao menos dois fatores de risco elevados, sendo os mais frequentes hipertensão arterial e obesidade.
Em relação aos riscos cardiovasculares em estudantes universitários, é evidente que a maioria dessa população apresenta ao menos dois fatores de risco cardiovascular, sendo o etilismo, tabagismo e sedentarismo os mais predominantes. Além disso, destaca-se o histórico familiar de doenças crônicas como o fator de risco com maior prevalência. No entanto, apesar dos diferentes meios de informações e intervenções disponíveis, ainda há espaço para melhorias na prevenção e conscientização desses acadêmicos em relação às doenças cardiovasculares. A partir dessas análises, é possível afirmar que ainda há muito a se fazer em relação à promoção da saúde cardiovascular em estudantes universitários. No entanto, é notável a presença de viés em parte dos estudos analisados, uma vez que alguns artigos não abordaram a comparação entre diferentes áreas de atuação desses alunos.

Palavras chave: Riscos, cardiovascular, estudantes, universitários, prevalência

ABSTRACT

From the moment a young person transitions into adulthood, it is of utmost importance to recognize physical, psychological, and social changes. The entry into university life is an aspect worth noting as the university environment changes routines and habits, influencing lifestyle and quality of life. Despite having access to high-quality information regarding the development of Cardiovascular Diseases (CVDs), students, upon entering the academic world, often initiate or consolidate unhealthy behaviors such as alcoholism and smoking.
To evaluate the prevalence of cardiovascular risk factors in university students through the review of scientific articles. Identify which factors occur concurrently and which are more frequent in this population.Literature review with a qualitative approach. 65 scientific articles were selected from relevant databases such as PubMed, Scopus, or Web of Science.
Show that even after receiving guidance on healthy habits, students maintained habits that increase their cardiovascular risk. Additionally, all students presented at least two elevated risk factors, with hypertension and obesity being the most frequent.
Regarding cardiovascular risks in university students, it is evident that the majority of this population presents at least two cardiovascular risk factors, with alcohol consumption, smoking, and physical inactivity being the most predominant. Furthermore, the family history of chronic diseases is highlighted as the risk factor with the highest prevalence. However, despite the various means of information and interventions available, there is still room for improvement in the prevention and awareness of these students regarding cardiovascular diseases. Based on these analyses, it can be concluded that there is still much to be done regarding the promotion of cardiovascular health in university students. However, it is noteworthy that there is a bias present in some of the analyzed studies, as some articles did not address the comparison between different fields of study among these students.

 Keywords: Risk, cardiovascular, University, students, prevalence,

1. INTRODUÇÃO 

As principais causas de morte no Brasil, estão relacionadas às Doenças Cardiovasculares (DCVs). Por ano, aproximadamente 300 mil indivíduos sofrem Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), transcorrendo óbito em 30% das pessoas acometidas. Até 2040, estima-se um aumento de até 250% de casos no país. Sendo a maior incidência de causa de morbidade e mortalidade no mundo, as DCVs acometem o coração e os vasos sanguíneos, dentre esse grupo de doenças está a doença arterial coronariana e o infarto agudo do miocárdio, sendo uma das principais desse grupo com maior incidência. (Brasil. Ministério da Saúde).  

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2021), as DCVs são um grupo de condições que afetam o coração e os vasos sanguíneos, sendo: doença cardíaca coronária (doença dos vasos sanguíneos que irrigam o músculo cardíaco), doença cerebrovascular (doença dos vasos sanguíneos que irrigam cérebro), doença arterial periférica  (doença dos vasos sanguíneos que irrigam os membros superiores e membros inferiores), doença cardíaca reumática (acometimento do músculo cardíaco e às válvulas devido a febre reumática), cardiopatia congênita (malformações desde o nascimento, afetando o desenvolvimento e o funcionamento) e trombose venosa profunda e embolia pulmonar (são coágulos sanguíneos nas veias nas pernas, que ao se deslocarem, podem ir para o coração e os pulmões).  

Os fatores de risco comportamentais, podem ser modificados pelo indivíduo, e são os mais prevalentes para desenvolver doenças cardíacas e acidente vascular cerebral (AVC), hábitos como, dieta pouco saudável, sedentarismo, uso de tabaco e uso nocivo de álcool, são fatores de riscos comportamentais, podendo desencadear aumento da pressão arterial, aumento da glicose no sangue, aumento dos lipídios no sangue, sobrepeso e obesidade. Esses são os fatores de risco intermediários, os quais podem ser mensurados em unidades de cuidados primários e indicam maior incidência de ataque cardíaco, AVC, insuficiência cardíaca e outras morbidades. (OMS, 2021). 

 De acordo com Garcia et al. (2014), à medida que o jovem avança para vida adulta, é de suma importância reconhecer mudanças físicas, psicológicas e sociais. O ingresso na vida acadêmica é um aspecto que vale salientar, pois o ambiente universitário muda a rotina e hábitos. influenciado no estilo e qualidade de vida. Existem comportamentos na população universitária que aumentam o risco para as DCVs, destacando-se o consumo de álcool, tabagismo, alimentação nutricional inadequada e sedentarismo, como também a presença prévia de história familiar de doenças crônicas. 

Conforme destacado por Barbosa; Santos et al. (2015; 2017), mesmo com acesso a informações de alto nível em relação ao desenvolvimento das DCVs, os estudantes, ao ingressarem no mundo acadêmico, muitas vezes, iniciam ou consolidam comportamentos menos saudáveis, como o alcoolismo e o tabagismo.  É evidente que, com essas condutas bastante difundidas e praticadas, há um prejuízo à saúde dessa população jovem. No estudo realizado por Giri et al. (2012), foi possível observar uma alta prevalência relacionada tanto ao consumo de bebidas alcoólicas quanto consumo do tabaco, já que 36,5%, mais que um terço dos estudantes, tem o comportamento alcoólico e 22% são tabagistas.  Resultados semelhantes também foram encontrados na pesquisa feita por Santos et al. (2017), que demonstrou uma prevalência de hábito de fumar e de consumo de bebidas que contém álcool em 12,5% e 35% da população estudada, respectivamente. Estudo realizado por Raza et al. (2010), observou que, entre os alunos com essa prática, cerca de dois terços fumavam ocasionalmente e os demais fumavam de forma regular.  Segundo Heinisch e Zurowski (2007), é evidente que, mesmo com o consumo inferior a 5 cigarros por dia ainda há um aumento do risco de eventos   cardiovasculares, sendo   o uso de cigarro   um   fator   de risco independente para o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM). Assim como nas pesquisas supracitadas, Nyombiet et al. (2016), evidenciaram também uma alta   prevalência   do   consumo   de   bebidas   alcoólicas   entre   os   estudantes   de   medicina, principalmente do sexo masculino. Claramente, o uso excessivo dessa prática é um fator de risco para eventuais problemas de saúde, como a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), o IAM e as arritmias cardíacas. Além dos eventos cardiovasculares, pode haver uma predisposição a outras patologias como a cirrose hepática e a pancreatite. (Mendis; Puska; Norrving, 2011). 

Heuberger (2015), destaca que na alimentação, há vários fatores de influência sobre as decisões de consumo alimentar, a dieta desempenha um papel importante na saúde do coração e pode afetar risco de doença cardíaca. De fato, certos alimentos podem influenciar na pressão arterial. Já alguns alimentos que devem ser ingeridos para maximizar a saúde cardíaca como: Grãos integrais, vegetais e folhas verdes, frutas vermelhas e uvas, abacate, peixes, nozes e amêndoas, feijão, tomates, alho, azeite. Vários estudos demonstram que a ingestão frequente de frutas silvestres pode reduzir vários fatores de risco para doenças cardíacas.  

No que tange atividade física, Regal et al. (2022), relata que indivíduos que não realizam exercícios físicos, o risco de óbito é de 20 a 30% a mais em relação com aqueles que praticam, em média de 30 minutos em boa parte dos dias da semana, reduzindo o risco de isquemia. A ausência de atividades física regulares favorece o início precoce de doenças cardiovasculares, bem como a sua progressão.  

No entanto, vários outros fatores tais como a duração do sono têm sido associados à DCVs, porém, o efeito do sono na doença arterial periférica (DAP) especificamente permanece não estabelecido (Shuay, 2023). Outro fator relevante que afeta a saúde mental e física está relacionado a vários aspectos, segundo Loures, Débora Lopes (2002), os estudantes universitários muitas vezes enfrentam um enorme estresse e ansiedade, tanto relacionados aos estudos como aos desafios psicológicos e sociais que acompanham a transição para a vida adulta. Isso pode ser devido a uma série de fatores, incluindo prazos de entrega, cobrança por desempenho e competição com outros estudantes, além de lidar com questões financeiras e pessoais. Esses dois fatores podem levar a uma ampla gama de problemas de saúde, incluindo DCVs. Quando o corpo está sob estresse, o sistema nervoso simpático é ativado e libera hormônios como adrenalina e noradrenalina, podendo aumentar a frequência cardíaca e a pressão arterial, como também pode aumentar a viscosidade do sangue, tornando-o mais propenso a coagular, o que pode levar a problemas cardiovasculares, como ataques cardíacos e derrames, ainda levando esses estudantes a hábitos pouco saudáveis, como sedentarismo e uma dieta pobre, aumentando ainda mais esse risco. Além dos efeitos físicos, a ansiedade e o estresse crônicos também podem ter efeitos psicológicos, como depressão, dificuldade de concentração e insônia. Todos esses fatores podem, por sua vez, afetar negativamente o desempenho acadêmico e a qualidade de vida dessa população.  

Análise realizada por Cerchiari, Ednéia Albino Nune (2005), para minimizar os efeitos da ansiedade e do estresse nos estudantes universitários, é importante buscar maneiras de gerenciar a saúde mental e física, como praticar exercícios regulares, alimentar-se bem, ter um sono de qualidade e praticar atividades que promovam o bem-estar emocional, como meditação ou terapia. As universidades podem oferecer serviços de suporte, como serviços de aconselhamento e programas de bem-estar mental, para ajudá-los a lidar com essas condições emocionais e físicas relacionados aos estudos e à vida acadêmica. As universidades também podem promover uma cultura de apoio e bem-estar, incentivando práticas saudáveis e oferecendo recursos para ajudar os alunos a equilibrarem suas vidas acadêmicas com outras necessidades e interesses. É importante que os acadêmicos sejam incentivados a buscar ajuda quando necessário e a não subestimar a importância da saúde mental e física. Com apoio e estratégias de gerenciamento de estresse adequadas, é possível enfrentar o desafio da vida universitária de maneira mais saudável e equilibrada. 

1.2.  FORMULAÇÃO DAS HIPÓTESES DA PESQUISA 

Manter hábitos e estilo de vida saudável, são desafios ao ingressar na vida acadêmica. A má qualidade do sono, alimentação pouco saudável, ansiedade, estresse, bem como, ingestão de bebida alcoólica e tabagismo, são fatores de risco para doenças cardiovasculares, potencializando os riscos para aqueles indivíduos que possuem histórico familiar.   

 1.3. OBJETIVO DA PESQUISA 

Analisar por meio de uma revisão bibliográfica os principais fatores de riscos cardiovasculares em estudantes universitários.  

1.3.1.   OBJETIVOS ESPECÍFICOS 

Avaliar a prevalência dos fatores de risco cardiovascular em estudantes universitários, por meio da revisão de artigos científicos. 

Investigar a simultaneidade dos fatores de risco cardiovascular em estudantes universitários, identificando quais fatores ocorrem de forma concomitante e quais são mais frequentes nessa população. 

Analisar a relação entre o estilo de vida dos estudantes universitários e os riscos cardiovasculares, buscando compreender como hábitos como alimentação, atividade física, tabagismo e consumo de álcool podem influenciar o desenvolvimento desses riscos. 

 1.4.  JUSTIFICATIVA DA PESQUISA 

A pesquisa viabiliza maior atenção relacionada a saúde física e emocional dos estudantes universitários, assim como a conscientização de todos os envolvidos para o declínio da doença cardiovascular (DCV), podendo ocorrer através de programas educacionais e acompanhamento psicossocial. Tema relevante em decorrência do grande aumento de mortalidade e comorbidades na maioria das vezes causadas pela soma de vários fatores de risco. 

Os universitários encontram-se em uma fase crítica causada muitas vezes pela transição de responsabilidades, diversidades, questões econômicas entre outros. Através desta pesquisa iremos contribuir para o conhecimento das principais causas a fim de melhorar a qualidade de vida desses indivíduos, onde terão maior desempenho, menor evasão e profissionais capacitados, ao final do curso. 

Portanto, esta pesquisa trata-se de evidenciar os processos causadores da DCV de significação presente e recorrente em muitas universidades, de modo a demonstrar a importância de investir em métodos educacionais direcionados aos referidos fatores de risco. A sociedade precisa desse investimento e conhecimento para que sofra menos impacto nesta construção e que seja possível as mudanças no cotidiano acadêmico, diminuindo as principais causas que proporcionam uma doença tão grave e evitável com as DCVs. 

2. METODOLOGIA  

O presente estudo trata-se de uma revisão de literatura, com abordagem qualitativa. Foram selecionados artigos científicos 65 de bases de dados relevantes, como PEDRO, Cochrane Library, PubMed e SciELO. Os critérios de inclusão, artigos publicados nos últimos 5 anos, em inglês, que abordam especificamente os riscos cardiovasculares em estudantes universitários. Como critérios de   exclusão, os artigos que não atendem aos critérios de inclusão  que não contribuem para os objetivos da revisão. 

As palavras-chave relacionadas ao tema, Risk, cardiovascular, University, students, prevalence, o título e resumo dos artigos encontrados para verificar sua relevância para a revisão. 

A leitura dos artigos completos selecionados anteriormente e avaliação das qualidades metodológicas, considerando critérios como amostra representativa, métodos de coleta de dados e análise estatística adequada. Através do método PICO, P: População – Universitários, I: Intervenção – Fatores de risco cardiovascular, C: Comparação – não estudantes (não é necessário comparar intervenções), O:  Outcome (Desfecho) – Prevalência dos fatores de risco cardiovascular. 

2.1. METODOLOGIA DE ANÁLISE DE DADOS   

As informações foram analisadas e registradas em uma planilha, incluindo informações sobre o autor, ano de publicação, país de origem, tamanho da amostra, métodos utilizados, resultados principais, dados específicos sobre os riscos cardiovasculares em estudantes universitários, como a prevalência de fatores de risco, tabagismo, sedentarismo, obesidade, histórico familiar de doenças cardiovasculares. 

A análise qualitativa dos estudos selecionados, identificando os principais temas, tendências e padrões encontrados. Agrupamos os estudos de acordo com as características semelhantes e suas respectivas conclusões e recomendações. Com o objetivo de identificar se existe uma alta prevalência de fatores de risco cardiovasculares entre os estudantes universitários, quais são os fatores de risco mais comuns, se existem diferenças entre os gêneros, entre outros aspectos relevantes. 

Avaliamos a qualidade metodológica dos estudos incluídos, considerando fatores como o desenho do estudo, tamanho da amostra, controle de viés. Isso nos ajudou a determinar a confiabilidade e validade dos resultados. Por fim, resumimos os principais resultados e conclusões dos estudos incluídos, destacando as principais tendências e lacunas na literatura. Identificamos as implicações práticas e possíveis áreas para futuras pesquisas.   

2.2. TIPO DE ESTUDO 

O presente trabalho é um estudo de revisão de literatura, com abordagem qualitativa.  

2.3.  LOCAL DE ESTUDO 

Selecionamos artigos das seguintes bases de dados: PEDro, Cochrane Library, PubMed e SciELO.

 2.4.   POPULAÇÃO  

Estudantes universitários. Serão excluídos do estudo, artigos que não abordam o tema proposto inicialmente.  

 2.5. CRONOGRAMA 

Esse estudo foi executado durante 1 (um) ano. No primeiro trimestre realizamos uma revisão de literatura sobre as técnicas utilizadas e possíveis diagnósticos de riscos cardiovasculares em estudantes. Já no segundo semestre realizamos uma nova busca e análise de artigos. Contudo, no terceiro trimestre, realizamos o levantamento dos dados obtidos através dos artigos selecionados. Atualmente, estamos finalizando a redação de um manuscrito para submetê-lo para publicação em uma revista da área. No último trimestre apresentaremos os resultados da nossa pesquisa para a banca examinadora. 

3. RESULTADOS  

Durante as buscas realizadas nas bases de dados, Pedro, Cochrane Library, PubMed e SciELO por meio das palavras chaves definidas na metodologia, inicialmente foram encontrados um número superior a 700 artigos publicados, dos quais 65 foram pré-selecionados após análises de seus títulos. Dentre os 65 artigos pré-selecionados, após análise mais específica de seus resumos, 40 artigos foram selecionados para leitura completa e análise mais minuciosa de seus conteúdos, considerando os critérios de exclusão e inclusão. Entre os 40 artigos selecionados, 21 foram elegíveis por atenderam melhor aos critérios de inclusão e exclusão e ao propósito da pesquisa, sendo em sua grande maioria artigos publicados entre 2014 e 2023. Sendo assim, essa revisão totalizou um número de 21 artigos incluídos. Os resultados foram compilados resumidos e descritos no fluxograma 1, o qual ilustra a busca e seleção dos estudos incluídos.  

Figura 1. Fluxograma da seleção dos estudos de acordo com a tabela.   

TABELA 1

AUTORESOBJETIVOSRESULTADOSCONCLUSÃO
Dieu-my t. Tran Et al., 2022  O objetivo do estudo foi examinar e avaliar os fatores de risco cardiovascular em estudantes universitários, incluindo suas escolhas nutricionais e sociais e como essas escolhas se relacionavam com sua saúde cardiovascular.Os resultados mostraram que dos 148 participantes incluídos no presente estudo, 108 deles tinham pelo menos dois fatores de risco cardiovascular sendo eles tabagismo ou obesidade.Os fatores de riscos prevalentes encontrados no presente estudo foram:   tabagismo, consumo de álcool, maus hábitos alimentares e sedentarismo; e esses comportamentos foram identificados como fatores de risco para o desenvolvimento de DCV.
Varela Et al., 2022Identificar a prevalência dos fatores de riscos cardiovasculares em acadêmicos dos cursos das áreas da saúde de uma instituição de ensino superior Privada e uma pública do Sudoeste do Paraná.O estudo avaliou 578 acadêmicos matriculados nos primeiros e últimos anos das áreas da saúde. Não foram identificadas diferenças significantes entre a série inicial e final dos universitários avaliados. Já para os diferentes cursos podemos destacar que, o curso de medicina teve taxa alarmante nos seguintes fatores de risco níveis de atividade física e comportamento sedentário (68,8% e 87,5%) respectivamente.Os fatores de riscos cardiovasculares em acadêmicos da área da saúde encontram-se preocupantes. Esses resultados destacam a importância de considerar a distribuição dos cuidados nos desfechos de maior prevalência com a PA, tanto para estudantes de instituições públicas como privadas.
 Mukhtar Et al., 2022O objetivo do presente estudo é avaliar a prevalência de fatores de risco cardiovasculares modificáveis entre estudantes de graduação em Kano, Nigéria e propor ações necessárias para abordar esses fatores.O estudo encontrou alta prevalência de fatores de risco cardiovasculares modificáveis entre estudantes de graduação. Cerca de 46% dos estudantes relataram fumar, 63% tinham baixos níveis de atividade física, 73% tinham uma alimentação pouco saudável, 28% tinham pressão alta e 13% eram obesos. Os investigadores enfatizaram a necessidade de ação imediata para abordar estes fatores de risco.O artigo concluiu que existe uma alta prevalência de fatores de risco cardiovasculares modificáveis entre estudantes de graduação. O estudo destaca a urgência de implementar intervenções para promover comportamentos saudáveis, tais como programas de cessação do tabagismo, maiores oportunidades de atividade física e melhor acesso a opções alimentares saudáveis.
Tran Et al., 2022O objetivo deste artigo foi investigar a relação entre escolhas de estilo de vida e o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares em estudantes universitários.Um total de 195 participantes foram recrutados; no entanto, apenas 148 participantes completaram o estudo para esta análise. Os hábitos alimentares foram coletados com base no autorrelato, e os demais fatores de risco cardiovascular foram medidos. Descobrimos que 44,6% dos participantes relataram ter histórico familiar de problemas cardíacos doença e nenhuma significância estatística foi encontrada entre homens versus mulheres.O estudo descobriu que as escolhas de estilo de vida dos estudantes universitários têm um impacto significativo no risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Os indivíduos que adotaram hábitos saudáveis, como não fumar, consumir álcool moderadamente, manter uma dieta equilibrada e serem fisicamente ativos, apresentaram um menor risco de desenvolver doenças cardiovasculares. Por outro lado, aqueles que tinham histórico familiar de doenças cardiovasculares, eram sedentários, tinham uma dieta pouco saudável e fumavam ou consumiam álcool em excesso tinham um risco aumentado de desenvolver doenças cardiovasculares.
Lacerda Sobral Et al., 2021O objetivo deste artigo é investigar os fatores de risco modificáveis para doenças cardiovasculares e a qualidade de vida entre estudantes de enfermagem no primeiro ano de graduação.O estudo analisou dados de questionários preenchidos por 170 alunos ingressantes do curso de enfermagem, com foco em fatores de risco como tabagismo, sedentarismo, má alimentação e estresse. Os resultados mostraram que a maioria dos estudantes apresentava pelo menos um fator de risco, sugerindo a necessidade de intervenções de promoção da saúde nessa população.O estudo conclui que os fatores de risco modificáveis para doenças cardiovasculares têm impacto na qualidade de vida dos ingressantes da graduação em enfermagem. Isso implica que a adoção de medidas para reduzir esses fatores de risco, como hábitos alimentares saudáveis, prática regular de exercícios físicos.
Andrea Faggiano Et al., 2021Avaliar os fatores de risco CV tradicionais e o perfil de risco CV global de estudantes de medicina italianos ao longo dos seis anos de universidade.A maioria dos estudantes apresentava um alto risco cardiovascular devido a hábitos de vida pouco saudáveis. Além disso, os estudantes relataram altos níveis de estresse e fadiga, o que pode contribuir para o aumento do risco cardiovascular.O presente estudo sugere que mesmo uma população considerada “protegida”, como a de jovens estudantes de medicina, pode apresentar perfil de risco cardiovascular insatisfatório, e que a própria faculdade de medicina, por ser exigente, longa e estressante, poderia ter um papel na piorando o estilo de vida.  
Gonzalo Duarte-Clíments Et al., 2021Investigar o risco de comprometimento da função cardiovascular em estudantes universitários devido ao aumento de alguns fatores de risco e eventos cardiovasculares em adultos jovens, e descrever sua epidemiologia entre estudantes universitários internacionais.Os principais fatores de risco cardiovascular encontrados entre os jovens adultos foram: sedentarismo, dieta pouco saudável, tabagismo e consumo excessivo de álcool. Além disso, foi constatado que a grande maioria dos estudantes internacionais apresentava pelo menos um fator de risco cardiovascular.Esses resultados destacam a importância de promover hábitos de vida saudáveis e a conscientização sobre os riscos do sedentarismo, dieta inadequada, tabagismo e consumo de álcool entre jovens adultos. O estudo também ressalta a necessidade de implementar estratégias de intervenção para melhorar a saúde cardiovascular nessa população específica.
Pereira Et al, 2020Avaliar a associação dos fatores de risco com os níveis pressóricos elevados em estudantes universitários da área da saúde.O estudo avaliou 203 universitários, por meio de questionário autoaplicável, os fatores de risco relacionados aos níveis pressóricos elevados foram, adiposidade abdominal, sobrepeso ou obesidade.Os resultados mostram que os fatores de risco relacionados diretamente aos níveis pressóricos elevados foram: ter 35 anos ou mais de idade, adiposidade abdominal, sobrepeso ou obesidade.
Ivanović Et al., 2019O objetivo do presente estudo é investigar os fatores de risco cardiovascular em estudantes universitárias do curso de enfermagem e verificar os hábitos de vida dessa população.O estudo avaliou cinquenta e três estudantes de graduação, com idades entre 19 e 25 anos. O os fatores de risco encontrados no grupo avaliado foram obesidade, pressão arterial elevada e níveis anormais de colesterol.Os estudantes mesmo sendo fisicamente ativos, as estudantes universitárias possuem alguns fatores de risco cardiovascular, como excesso de peso, pressão arterial elevada e níveis anormais de colesterol. Isso indica a importância de fornecer programas de promoção da saúde cardiovascular específicos para essa população.
Shrestha Et al., 2019Este estudo teve como objetivo identificar o risco à saúde cardiovascular comportamentos entre estudantes universitários de através de um questionário estruturado autoaplicável on-line foi usado para dados coleta usando técnicas de amostragem intencional e Snow ball.Um total de 380 estudantes foram avaliados. Após a análise estatística os resultados mostraram forte correlação do uso de tabaco e álcool com o aumento do risco de desenvolvimento de alguma doença cardiovascular. Ainda, os resultados mostram forte correlação de que o consumo de festfood também aumenta o risco de DCV.Concluímos que o estilo de vida está fortemente relacionado aos riscos à saúde cardiovascular como fumar, o uso de tabaco e o consumo de álcool foram mais encontrados entre os estudantes. Ainda, visualizamos que há predominância em maus hábitos no sexo masculino.
  Güneÿ Et al., 2019O objetivo deste artigo é avaliar o nível de conscientização dos fatores de risco cardiovascular entre estudantes universitários através de questionários.400 estudantes universitários, com idade entre 18 e 25 anos. O questionário incluiu perguntas sobre hábitos de vida, conhecimento sobre fatores de risco cardiovascular. O sedentarismo e o tabagismo foram os dois fatores predominantes no presente estudo.A conclusão do estudo revelou que a maioria dos estudantes universitários apresenta um nível médio de conscientização sobre os fatores de risco cardiovascular. Além disso, constatou-se que apenas uma minoria dos estudantes adotava comportamentos saudáveis, como a prática regular de exercícios físicos.
  Giménez ET al., 2019Determinar a prevalência de RCV nos estudantes que em 2017 cursaram o primeiro ano do curso de Medicina.Foram avaliados 463 estudantes do primeiro ano do curso de medicina. Os resultados indicam três fatores presente nos Pressão arterial elevada, consumo de álcool e obesidade. Ambos os fatores foram predominantemente encontrados em estudantes do sexo masculino.A maioria dos estudantes apresentou pelo menos um fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Se destaca a alta prevalência de pressão arterial elevada nos homens. Ainda, excesso de peso em foi observado em quase todos os estudantes.
Back Et al., 2019O objetivo do artigo é identificar e comparar os fatores de risco para doenças cardiovasculares entre universitários de diferentes sexos.Dos 242 universitários avaliados tinham idade média de 22,46 anos (±1,72), sendo a maioria do sexo feminino (73,97%) e de cor branca (72,7%). De acordo com o IMC, 21,48% tinham excesso de peso, com maior frequência entre os do sexo masculino.Os resultados do estudo mostram que os universitários analisados (com média de idade de 22,6 anos) já apresentam elevada prevalência de alguns fatores de risco para as doenças cardiovasculares, como o excesso de peso, o sedentarismo e o consumo de bebidas alcoólicas. Embora pratiquem mais atividade física do que os universitários do sexo feminino, os do sexo masculino apresentam mais chances para determinados fatores de risco, tais como excesso de peso, tabagismo e consumo de bebida alcoólica.
  Mauricio Et al., 2018Avaliar a presença de fatores de risco cardiovascular em estudantes universitários de países lusófonos.Dentre os fatores de risco encontrados para as doenças cardiovasculares, destaca-se o histórico familiar de doenças cardiovasculares (81,1%), o sedentarismo (44,3%) e o uso de álcool (36,2%).É possível identificar alguns dos principais fatores de risco modificáveis e hereditários nos estudantes universitários. Ainda, foi possível relacionar diferença entre estudantes de diferentes países.  
Kate Gawlik Et al., 2018Os objetivos do estudo foram descrever a saúde cardiovascular e os comportamentos de estilo de vida saudável de jovens mulheres em idade universitária e estudantes em idade universitária e examinar a relação entre crenças de estilo de vida saudável, comportamentos e a saúde de mulheres jovens e estudantes em idade universitária.Entre todos os estilos de vida saudável e medidas de hábitos, o sono insatisfatório foi o único fator significativamente associado a todos os três riscos (tabagismo, obesidade e hipertensão arterial) cardiovasculares.A faculdade é um momento em que os alunos recomeçam a sua jornada, aumentam sua autonomia e redefinem seus hábitos pessoais. Mas, devido a demanda da nova jornada esses indivíduos acabam se alimentando mal, dormindo mal e assim colocam a sua saúde em risco aumentando o risco de desenvolver algumas doenças cardiovascular.
  Demetrius A. Abshire Et al., 2018Examinar as diferenças entre estudantes universitários que moram em áreas rurais e estudantes que moram em áreas urbanas em relação às percepções de risco cardiovascular. O estudo visa perceber e compreendem os fatores de risco para doenças cardiovasculares, como dieta, atividade física, tabagismo e estresse.Os estudantes rurais (N=61) tiveram menores chances de percepção de alto risco de desenvolver pressão alta em comparação aos estudantes urbanos (N= 57) (razão de chances (OR): 0,32, IC 95%: 0,11–0,96) após ajuste para raça, sexo e índice de massa corporal. Essa associação não foi observada após ajuste pelas variáveis de acesso à saúde. Nenhuma outra diferença significativa foi observada.Dadas as evidências deste estudo de que os estudantes rurais possuem um menor risco cardiovascular do que estudantes urbanos, iniciativas de saúde conduzidas no campus universitários urbanos podem ajudar a satisfazer uma necessidade importante, abordando as percepções de risco de hipertensão nesta população.
  Paulitsch Et al., 2017O objetivo do estudo pode ser investigar a ocorrência simultânea de fatores de risco comportamentais para doenças cardiovasculares em estudantes universitários.A média de idade dos participantes foi 23,12 2,97 (17 e 31) anos. Notavelmente, 90% dos participantes tinham pelo menos um fator de risco de DCV e 65% tinham pelo menos um parâmetro lipídico anormal. A prevalência depressão arterial sistólica elevada, pressão arterial diastólica, colesterol total, triglicerídeos, LDL-c e redução. O HDL-c foi de 7,33%, 50%, 0,67%, 7,33%, 0,67% e 58,67%, respectivamente.Sugere-se que existe uma alta simultaneidade de fatores de risco comportamentais para doença cardiovascular em estudantes universitários. Por exemplo, pode-se observar que uma proporção significativa de estudantes universitários relata a combinação de consumo excessivo de álcool, sedentarismo e dieta não saudável, indicando um aumento do risco de doença cardiovascular. Além disso, a pesquisa pode destacar a importância de intervenções educacionais e de saúde direcionadas aos estudantes universitários.
  Amro Et al., 2017O objetivo do estudo foi verificar o conhecimento dos estudantes universitários sobre os riscos cardiovasculares e os seus estilos de vida através do questionário (HDFQ) que foi aplicado aos participantes.Um total de 330 estudantes universitários de ambos os sexos foram avaliados no presente estudo. Observou-se que mais de 50% dos alunos estavam conscientes dos principais fatores de risco para DCV, incluindo o tabagismo; pressão arterial elevada, obesidade, aumento níveis de colesterol e glicose.Concluímos que a suposição de que os estudantes universitários estão no auge da saúde com base na idade e no nível de atividade física é falha. A falta de conscientização sobre os fatores de risco de DCV e práticas comportamentais pouco saudáveis são predominantes entre os participantes do estudo. Ainda, isso pode levar a prática de atividades prejudiciais à saúde.
  Andrew Et al., 2017O objetivo do presente estudo foi verificar e determinar o conhecimento dos estudantes universitários sobre os fatores de risco relacionados às DCV.A maioria dos estudantes apresentou conhecimento sobre fatores de risco como fumar tabaco, sedentarismo estilo de vida, hipertensão, baixa ingestão de frutas e vegetais, níveis elevados de colesterol, alto teor de sódio na dieta e obesidade. No entanto, existia um défice de conhecimento sobre género e etnia, que são riscos não modificáveis fatores, embora sejam considerações importantes.Embora os estudantes parecessem conhecedores de áreas como o colesterol na saúde cardiovascular os resultados indicam o contrário que eles não sabem que diversos outros fatores com pressão alta, poucas horas de sono e sedentarismo podem aumentar o risco de desenvolvimento de um DCV.
  Arts Et al., 2014O objetivo do artigo é investigar os fatores de risco para doenças cardíacas em estudantes universitários e verificar o estilo de vida dos estudantes.Foram avaliados 300 estudantes e, os resultados mostram que uma porcentagem significativa de estudantes universitários apresentava fatores de risco para doenças cardíacas, como dieta não saudável, falta de atividade física regular e pressão arterial elevada.Os resultados do presente estudo mostram que os estudantes universitários estão expostos a vários fatores de risco para doenças cardíacas, principalmente devido a mudança brusca de rotina e transição de ensino. Ainda, são necessárias medidas de prevenção e intervenção para mitigar esses riscos.
  González Sandoval Et al., 2014O objetivo do presente estudo é avaliar a prevalência de obesidade e perfil lipídico alterado em jovens universitários. Investigamos a proporção de jovens universitários que apresentam obesidade e perfil lipídico alterado, relacionando esses fatores às características demográficas e de estilo de vida dos estudantes.O estudo avaliou 620 alunos sem histórico de DCV, com uma variedade de idade de 18 a 24 anos. Os resultados indicam uma alta prevalência de obesidade e perfil lipídico alterado entre os jovens universitários. Isso indica que muitos jovens universitários apresentam excesso de peso e níveis anormais de lipídios no sangue, o que pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares.OS resultados deste estudo mostram que muitos estudantes universitários na faixa etária de 18 a 24 anos apresentam excesso de peso e alterações nos níveis sanguíneos, lipídios plasmáticos. Embora a maioria deles ainda esteja nas categorias de baixo risco, o estágio de a vida universitária é um momento oportuno para intervir e reverter a tendência ao excesso de peso.

4. DISCUSSÃO 

Diversos estudos analisados mostraram que os universitários tendem a ter ao menos dois fatores de risco, os quais estão relacionados à má qualidade de sono, sedentarismo, obesidade, etilismo, tabagismo, alimentação pouco saudável, como também à condição socioeconômica. Após investigar a literatura atual acerca do tema, observou-se que, além dos aspectos locais relacionados aos riscos cardiovasculares em estudantes universitários, existem diferenças relacionadas ao país em que o indivíduo vive. 

Um estudo realizado em países lusófonos por Mauricio et al. (2018) observou que indivíduos que vivem em países emergentes e subdesenvolvidos possuem maior risco de desenvolverem doenças cardiovasculares em comparação aos indivíduos que vivem em países desenvolvidos. Isso se deve à facilidade de acesso à saúde básica, coletiva e especialidades da medicina que os indivíduos oriundos de países desenvolvidos possuem e os demais não. Ainda, 81,1% apresentam histórico familiar de doenças cardiovasculares, mais da metade dos entrevistados (67,7%) informaram ter conhecimento sobre os riscos cardiovasculares, 44,3% têm estilo de vida sedentário e 36,2% fazem uso de bebida alcoólica. Ainda, Abshire et al. analisaram se estudantes universitários que vivem em zonais rurais possuem menos riscos cardiovasculares do que estudantes que vivem zonas urbanas. Os resultados mostram que os indivíduos possuem menor percepção de risco cardiovascular do que estudantes que vivem em zonas urbanas pressupõem que isso se deve a poluição, industrialização e diversos fatores que as zonas urbanas possuem.  Ainda, ambos os grupos apresentam ao menos dois fatores de risco. 

Em paralelo ao estudo anterior, Dieu-my T. Tran et al. (2022) verificou uma grande porcentagem dos estudantes analisados estarem com excesso de peso, ainda, 33,78% consumiam álcool frequentemente. Além disso, 25,68% dos indivíduos analisados possuíam histórico familiar de doença cardíaca e 27,70% faziam uso de álcool, corroborando com o estudo anterior, os estudantes apresentaram ao menos dois fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Um estudo local realizado por Pereira et al. (2020) destacou que 4,4% dos estudantes estavam com pré-hipertensão e 14,8% com hipertensão durante a avaliação. No que tange ao estilo de vida dos universitários, salienta-se que 7,9% eram fumantes, 5,9% faziam uso abusivo de álcool, 67,5% dos entrevistados eram ativos fisicamente, 31,5% possuíam adiposidade abdominal e 14,3% estavam com sobrepeso ou obesidade, 15,8% faziam uso excessivo de sal e 41,7% dos participantes possuíam histórico familiar de hipertensão. Além disso, mesmo sabendo do histórico familiar de risco, os estudantes continuam tendo hábitos de vida que influenciam no aumento desses riscos.

Em corroboração com os estudos anteriores, Amro et al. (2017) verificou se a suposição de que os estudantes universitários estão no auge da saúde, com base na idade e no nível de atividade física, é falha ou não. Amro e colaboradores analisaram 330 estudantes através de um questionário e avaliação física, observaram que mais de 50% dos alunos estavam conscientes dos principais fatores de risco para DCV, incluindo o tabagismo e a pressão arterial elevada. Mesmo assim, muitos dos estudantes possuem hábitos, práticas e comportamentos pouco saudáveis, e uma pequena parte dos estudantes pratica atividade física assiduamente, concluindo que a hipótese levantada anteriormente é falha. 

Abagayle et al. (2019) ressalta a importância do sono e estilo de vida em estudantes universitários.  Entretanto o presente estudo observou a prolongação do sono em 1 hora influencia na aptidão durante as atividades do dia a dia, ou seja, diminui a sonolência diurna relatada pelos estudantes e, ainda diminuição os valores da pressão arterial sistólica através de um protocolo e visitas locais para evitar a interferência de outros fatores. Os resultados mostram que o protocolo realizado no presente estudo diminui o risco cardiovascular em estudantes e aumenta a aptidão durante as atividades diárias. Estas descobertas têm implicações para a concepção e implementação de futuras Intervenções de saúde do sono dirigidas a um estudante universitário  

  Gawlik et al. (2021) realizou um estudo semelhante aos anteriores onde analisaram um aspecto fundamental entre os estudantes universitários, que é a relação entre má qualidade do sono e risco cardiovascular. Os participantes do presente estudo responderam a pesquisas que avaliaram a qualidade do sono usando o Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh. Após a análise de dados, os autores identificaram associação entre a quantidade, qualidade e satisfação do sono e o aumento do risco cardiovascular em estudantes.  Colaborando com o estudo anterior Saat et al. (2021) verificou a relação entre o nível de atividade física, qualidade do sono e aumento dos riscos cardiovasculares em estudantes. Os resultados indicam que os estudantes que são fisicamente ativos tendem a ter melhor qualidade de sono e ainda possuem menos riscos cardiovasculares que os demais, entretanto todos os estudantes possuem ao menos dois riscos cardiovasculares pertinentes. Os resultados colaboram com os estudos anteriores e expõem que diversas variáveis estão relacionadas com o aumento ou redução dos riscos cardiovasculares em estudantes universitários. 

5. CONCLUSÃO  

Em relação aos riscos cardiovasculares em estudantes universitários, é evidente que a maioria dessa população apresenta ao menos dois fatores de risco cardiovasculares, sendo o etilismo, tabagismo e sedentarismo os mais predominantes. Além disso, destaca-se o histórico familiar de doenças crônicas como o fator de risco com maior prevalência. No entanto, apesar dos diferentes meios de informações e intervenções disponíveis, ainda há espaço para melhorias na prevenção e conscientização desses acadêmicos em relação às doenças cardiovasculares. 

É importante ressaltar que as literaturas revisadas revelaram a existência de conceitos e métodos para quantificar e qualificar esses riscos. No entanto, é notável a presença de viés em parte dos estudos analisados, uma vez que alguns artigos não abordaram a comparação entre diferentes áreas de atuação desses alunos. Essa lacuna na pesquisa destaca a necessidade de futuros estudos que investiguem de forma mais abrangente e específica os riscos de DCV’s em cada área de atuação, a fim de fornecer uma compreensão mais completa e precisa dos fatores de risco nesses grupos. 

A partir destas análises, é possível afirmar que ainda há muito a se fazer em relação à promoção da saúde cardiovascular em estudantes universitários. É necessário que haja uma maior conscientização por parte das instituições de ensino, a fim de que sejam implementadas estratégias específicas para este público, incluindo a disponibilização de espaços e programas para a promoção da saúde física e emocional, além de medidas para a redução dos riscos relacionados ao tabagismo, etilismo e estresse. Com isso, será possível contribuir de maneira significativa para a prevenção e controle das doenças cardiovasculares nesse grupo de pessoas, possibilitando uma melhor qualidade de vida e um futuro mais saudável a todos. 

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