CONTRIBUIÇÕES DA ATIVIDADE FÍSICA NO TRATAMENTO DA ANSIEDADE GENERALIZADA: UMA ANÁLISE COMPARATIVA COM A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10194907


Gabriel Teles dos Santos1
Elso Alves Pereira2


RESUMO

Os transtornos de ansiedade são caracterizados por sintomas somáticos e psicológicos que interferem no funcionamento cognitivo e comportamental dos indivíduos. O tratamento mais indicado para esses transtornos é a terapia cognitivo comportamental (TCC), que visa modificar os pensamentos e as crenças disfuncionais que geram ansiedade, bem como ensinar estratégias de enfrentamento e relaxamento. No entanto, a TCC pode ser complementada com outras intervenções, como o exercício físico, que tem demonstrado benefícios na redução dos níveis de ansiedade e na melhora da qualidade de vida. O objetivo deste artigo é revisar a literatura sobre a influência do exercício físico nos transtornos de ansiedade e discutir as possíveis formas de integrá-lo à TCC. Os resultados mostraram que o exercício físico pode atuar como um coadjuvante da TCC, potencializando seus efeitos e favorecendo a adesão e a manutenção do tratamento. Além disso, o exercício físico pode promover mudanças fisiológicas, psicológicas e sociais que contribuem para a diminuição da ansiedade e o aumento do bem-estar. No entanto, ainda há necessidade de mais estudos que investiguem os mecanismos envolvidos nessa relação, bem como os tipos, as intensidades e as frequências de exercício mais adequados para cada transtorno de ansiedade. Conclui-se que o exercício físico pode ser uma intervenção promissora e acessível para o tratamento dos transtornos de ansiedade, que pode ser incorporada à TCC de forma individualizada e adaptada às necessidades e preferências de cada paciente.

Palavras-chave: 1.Atividade Física, ansiedade, Terapia Cognitivo comportamental, saúde mental.

ABSTRACT

Anxiety disorders are characterized by somatic and psychological symptoms that interfere with the cognitive and behavioral functioning of individuals. The most indicated treatment for these disorders is cognitive behavioral therapy (CBT), which aims to modify the thoughts and beliefs that generate anxiety, as well as teach coping and relaxation strategies. However, CBT can be complemented with other interventions, such as physical exercise, which has shown benefits in reducing anxiety levels and improving quality of life. The objective of this article is to review the literature on the influence of physical exercise on anxiety disorders and discuss the possible ways of integrating it into CBT. The results showed that physical exercise can act as an adjunct to CBT, enhancing its effects and favoring adherence and maintenance of treatment. In addition, physical exercise can promote physiological, psychological and social changes that contribute to the reduction of anxiety and the increase of well-being. However, there is still a need for more studies that investigate the mechanisms involved in this relationship, as well as the types, intensities and frequencies of exercise most suitable for each anxiety disorder. It is concluded that physical exercise can be a promising and accessible intervention for the treatment of anxiety disorders, which can be incorporated into CBT in an individualized and adapted way to the needs and preferences of each patient.

Keywords: 1.Physical Activity, anxiety, Cognitive Behavioral Therapy, mental health.

1. INTRODUÇÃO

O seguinte trabalho discorre sobre como a prática de atividade física colabora com o combate da ansiedade, tendo como base a busca por artigos científicos que abordam assuntos relevantes com o tema do trabalho.

Conforme explicado por Abrahão (2022), a ansiedade pode ser definida como um estado de apreensão e excitação física, no qual o indivíduo experimenta uma sensação de falta de controle ou incapacidade de antecipar eventos futuros que ele percebe como potencialmente desagradáveis. Além disso, é relatado que a ansiedade é uma sensação vaga e desconfortável de expectativa tensa que provoca diversas manifestações físicas, como transpiração excessiva, tremores e dificuldade respiratória, entre outras. Esse estado é característico de pessoas que têm uma tendência a se preocupar com o que ainda está por vir no futuro.

Ao estudar o nível de ansiedade de indivíduos durante a pandemia Della Corte (2022) salienta-se que a prática regular de exercícios físicos pode proporcionar diversos benefícios na redução dos níveis de ansiedade durante esse período. Entre esses benefícios, incluem-se a estimulação da produção de endorfinas, que contribuem para o aprimoramento do estado de ânimo, e a diminuição dos níveis de hormônios associados ao aumento da ansiedade e do estresse, tais como a adrenalina e o cortisol. Além disso, indivíduos que mantêm uma rotina de atividade física, envolvendo intensidades moderadas e/ou vigorosas, demonstraram níveis reduzidos de ansiedade e experimentaram efeitos positivos na saúde mental e no bem-estar físico.

Sobre a causa de ansiedade na população atual, Abrahão (2022) destaca que a sociedade contemporânea, caracterizada por profundas mudanças culturais, econômicas e sociais, coloca diante dos indivíduos a exigência de adaptação competitiva, que se manifesta especialmente durante a transição do final da adolescência para o início da vida adulta. Nesse período, que é marcado por significativas transformações psicossociais, os jovens enfrentam uma série de desafios que necessitam enfrentar.

Ao pesquisar sobre a redução do sofrimento psicológico por meio da participação em atividades durante a pandemia destacou como os indivíduos que se envolveram em níveis mais elevados de atividade física demonstraram um menor risco de desenvolver sintomas graves de ansiedade e depressão em comparação com aqueles que mantiveram níveis mais baixos de atividade física.(DE SOUSA BRITO 2023).

Dos Santos (2022) explora a relevância da manutenção habitual de exercícios físicos para promover o bem-estar entre os idosos. Adicionalmente, ressalta que o modo de vida desempenha um papel essencial na melhoria da qualidade de vida e da saúde dessa população, abrangendo aspectos como a nutrição, atividades recreativas, descanso e outros cuidados.

O trabalho é pautado com base na TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental), a qual segundo Rubini e Santos (2023) a Terapia Cognitivo-Comportamental representa uma abordagem na psicologia que sustenta que nossos pensamentos, emoções, sentimentos e ações estão interconectados, influenciando-se mutuamente de maneira contínua e constante. Trata-se de uma forma de psicoterapia focalizada no presente, caracterizada por uma estruturação e orientação específica para resolver problemas e modificar padrões de pensamentos e comportamentos disfuncionais, ou seja, aqueles que são inadequados ou prejudiciais. A TCC nos encoraja a examinar nossos processos de pensamento e a questionar nossas cognições.

Ainda conforme Rubini e Santos (2023) mencionam que a A Terapia Cognitivo-Comportamental demonstra eficácia no tratamento de Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) e uma variedade de outros distúrbios de ansiedade, pois incorpora uma ampla gama de técnicas que, quando aplicadas de forma combinada, têm um impacto substancial sobre o transtorno. O objetivo principal da TCC no tratamento do TAG é promover a compreensão do transtorno, ensinar a aquisição e fortalecimento de habilidades duradouras para o paciente, reduzir os sintomas e prevenir possíveis recaídas, utilizando diversas técnicas que são trabalhadas em conjunto com o paciente, com a expectativa de que ele as aplique de maneira consistente ao longo do tempo

De acordo com Willhelm, Andretta e Ungaretti (2015) a TCC é uma ferramenta mais focada na ansiedade seria o treinamento em relaxamento, o qual apresenta melhora significativa quando aplicado corretamente e executado diariamente pela pessoa que apresenta o transtorno.

Logo, o presente artigo pretende fazer uma análise mais profunda com base em artigos científicos, pretende mostrar as influências na conservação ou recuperação na saúde mental por meio da prática de atividades físicas, analisando as influências antes e depois da criação do hábito da prática de atividade física.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1. ANSIEDADE E ATIVIDADE FÍSICA

De acordo com Freire (2022) ao examinar o impacto da prática regular de exercícios físicos em mulheres, observou-se que essa prática exerce efeitos benéficos na saúde mental das mulheres, influenciada pela liberação hormonal antes e após o exercício, bem como por sua interação com diversos fatores comportamentais, sociais e espirituais. A atividade física pode ser considerada um meio para alcançar objetivos específicos e investigar desafios enfrentados, uma vez que indivíduos que se exercitam regularmente têm a capacidade de alcançar metas relacionadas à saúde e à qualidade de vida. Além disso, o autor sugere que a prática de atividade física pode ser empregada como uma abordagem terapêutica no tratamento e na manutenção da saúde de pessoas que sofrem de alguma patologia ou doença crônica.

Conforme Leão (2022) a prática regular de exercícios físicos pode acarretar múltiplos benefícios mentais para os jovens, incluindo a redução da ansiedade e outros aspectos adversos, promovendo uma sensação de bem-estar e melhorando a qualidade de vida. Além disso, a participação em atividades físicas pode desempenhar um papel preventivo em relação a transtornos mentais, como o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). O autor diz ainda que também é digno de nota que estudos relacionados à educação física nas escolas e sua influência na saúde mental destacam benefícios em termos de interação social, humor positivo e entusiasmo, fatores que contribuem para uma aprendizagem mais eficaz e têm um impacto positivo na saúde mental de crianças e adolescentes. Portanto, a atividade física pode oferecer uma série de vantagens para a saúde mental, melhorando o bem-estar geral e a qualidade de vida.

Partindo da relação entre o corpo e mente, Correia (2022) estuda formas de ajudar as pessoas que sofrem de ansiedade, as técnicas de relaxamento podem ser usadas como formas de cuidado que visam diminuir os sintomas de ansiedade e aumentar o bem-estar e a independência das pessoas que as praticam. Além disso, a respiração adequada é um elemento importante nas técnicas de relaxamento, pois ajuda a controlar o stress, levando em conta a relação entre a ansiedade e a respiração acelerada. Assim, as técnicas de relaxamento podem ser uma alternativa eficiente para lidar com a ansiedade.

Ao estudar a atividade física e os níveis de depressão e ansiedade em alunos de medicina durante o período de pandemia, Mendes (2021) mostra que há uma associação significativa entre os sintomas de ansiedade e os diferentes níveis de atividade física, tanto nos dias úteis quanto nos dias de lazer. O também cita que outros estudos já demonstraram a relação entre atividade física e saúde mental, com provas consistentes de que a atividade física pode prevenir diversas condições mentais, como ansiedade e depressão. Assim, praticar exercícios físicos regularmente pode ajudar a diminuir os sintomas de ansiedade.

De Podestá, Kawashita e Pereira, (2021) ao relatar suas experiências durante a pandemia alegam que fazer exercícios físicos pode ser um jeito de enfrentar a ansiedade. Ansiedade é um sentimento normal do ser humano, mas que na situação atual, por causa da pandemia da Covid-19, tudo ficou mais forte. Por isso, o tema “Atividade física e Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)” foi escolhido como forma de mostrar a relação entre fazer exercícios físicos e a saúde mental dos estudantes. O também fala que, durante a realização da proposta pedagógica, os alunos mostraram entender as conexões entre ansiedade e atividade física, o que indica que fazer exercícios físicos pode ser um jeito de enfrentar a ansiedade.

Segundo a pesquisa mostrada por Correâ et al (2020) fazer Yoga regularmente parece ser um tratamento muito eficaz para diminuir o estresse, a ansiedade e a depressão durante a pandemia de COVID-19. Os dados observados indicam que as pessoas que têm mais experiência e que fazem mais sessões por semana durante a pandemia relatam menos impacto psicológico. Além disso, fazer Yoga pode ajudar a cuidar da saúde física e mental neste período pandêmico.

Segundo Rosa et al (2023), é muito importante para todos fazer exercício físico para evitar doenças crônicas que não são transmissíveis. Quando feito com intensidade média a alta, traz vários benefícios para a saúde física na infância e na adolescência, como melhor saúde do coração, dos pulmões, da mente e dos ossos. O autor também fala da falta de estudos sobre como os níveis de atividade física e os sintomas de depressão, ansiedade e estresse se relacionam em adolescentes brasileiros, principalmente a análise separada para entender as diferenças entre os sexos.

2.2. TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL E ATIVIDADE FÍSICA

Para Knapp e Beck (2008) a TCC é uma abordagem terapêutica que utiliza métodos cognitivos e comportamentais. Os métodos cognitivos envolvem reconhecer, desafiar e modificar pensamentos automáticos, mudar a atribuição e a estrutura cognitiva, praticar cognitivamente e usar outras técnicas de imagens mentais. Os métodos comportamentais abrangem planejar atividades, avaliar prazer e competência, prescrever tarefas comportamentais graduais, realizar experimentos de verificação da realidade, simular situações, treinar habilidades sociais e usar técnicas de resolução de problemas.

Quando se trata em alterações de comportamento para a melhora de doenças crônicas ou psicopatologias, a TCC possui eficácia na área, como diz Cardoso (2022) a Terapia Cognitivo-Comportamental tem o potencial de induzir transformações positivas no padrão de alimentação, incluindo a redução do consumo alimentar motivado por emoções e a diminuição de comportamentos alimentares compensatórios e descontrolados, ao mesmo tempo que promove um aumento nos níveis de atividade física. Embora um estudo piloto não tenha demonstrado uma perda de peso significativa como resultado direto da TCC, essa abordagem terapêutica pode desempenhar um papel valioso no tratamento de problemas de peso a longo prazo, aprimorando os hábitos alimentares dos indivíduos.

A Terapia Cognitivo-Comportamental promove a modificação de comportamentos através da identificação e alteração de padrões de pensamentos e crenças disfuncionais que estão associados a comportamentos inadequados ou sintomas de ansiedade. No início do tratamento com TCC, é enfatizada a construção de uma perspectiva crítica nos pacientes em relação aos seus pensamentos automáticos. O objetivo principal é identificar esses pensamentos automáticos e, a partir desse reconhecimento, instigar uma reflexão sobre suas origens, promovendo uma maior conscientização por parte do indivíduo. Posteriormente, o foco se concentra na reestruturação das crenças centrais e subjacentes que estão na raiz desses pensamentos disfuncionais, segundo Marques (2022).

Conforme Ferreira (2023) a Terapia Cognitivo-Comportamental pode desempenhar um papel significativo na promoção da adoção de comportamentos saudáveis, como uma dieta equilibrada e a prática regular de atividade física. Em um estudo mencionado no texto, o grupo de intervenção obteve sucesso na redução da ingestão total de energia, gordura e carboidratos, ao mesmo tempo em que aumentou a ingestão de fibras e continuou a se exercitar regularmente. Portanto, a TCC emerge como uma abordagem eficaz para auxiliar os indivíduos na adoção e na manutenção de hábitos saudáveis, incluindo a incorporação de atividades físicas em suas rotinas.

Segundo os estudos de Borges (2022) a prática de atividades físicas é uma sugestão da psicologia cognitiva e pode ser utilizada em conjunto com a terapia cognitiva comportamental. A terapia pode ajudar o paciente a enfrentar as dificuldades que possam surgir durante o processo de atividade física e a desenvolver afinidades com alguma área esportiva que possa ser prazerosa para ele.

3. METODOLOGIA

Na realização do trabalho foram estabelecidos critérios de inclusão para selecionar artigos relevantes para a revisão. Os critérios estabelecidos foram o período de publicação, idioma, tipo de estudo e foco específico na relação entre atividade física, terapia cognitiva comportamental e ansiedade, durante a busca por material, que ocorreu de março a novembro de 2023.

Os artigos selecionados na triagem inicial foram lidos na íntegra para avaliar sua relevância e qualidade. Foram registrados detalhes, como autor, ano de publicação, método de pesquisa, resultados e conclusões. Os artigos relevantes foram organizados de acordo com as principais áreas temáticas e tópicos abordados. As informações importantes foram extraídas para facilitar a síntese e análise. A revisão bibliográfica foi concluída com uma síntese das principais descobertas e conclusões dos artigos revisados. Também foi discutida a relevância dessas descobertas no contexto do objetivo geral do estudo. Sendo que segundo Lacerda, Ensslin e Ensslin (2012) a pesquisa bibliográfica tem como base a execução da avaliação quantitativa de parâmetros pré estabelecidos em um conjunto de artigos, chamado de portfólio bibliográfico.

Ainda sobre pesquisa bibliográfica, Pizzani (2012) afirma que a pesquisa bibliográfica se entende por uma revisão da leitura, considerando os principais trabalhos do ramo. Esse processo possui o nome de levantamento bibliográfico e revisão bibliográfica, sendo baseado em livros, artigos científicos, jornais e outros trabalhos.

O quadro apresentado abaixo, mostra quais foram os termos de busca utilizados para o levantamento de artigos durante a escrita do trabalho.

Quadro 1 – Termos de busca

IdiomaTermos de Busca



Língua Portuguesa
“Atividade física” AND “Ansiedade”
“Atividade física” AND “Terapia Cognitivo Comportamental”
“Terapia Cognitivo Comportamental” AND “Ansiedade”
“Atividade física” AND “Tratamento TAG”

Fonte: Elaboração do autor Gabriel, 2023.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nesta seção, apresentaremos uma discussão dos principais resultados encontrados na literatura científica revisada relacionada à relação entre atividade física e a remissão da ansiedade. Exploramos estudos e pesquisas de diferentes fontes, incluindo revistas acadêmicas, livros e bancos de dados científicos, a fim de obter uma visão abrangente deste tópico crucial em saúde mental.

Um dos principais achados desta revisão é a forte evidência de que a atividade física regular está associada a uma redução nos sintomas de ansiedade. Vários estudos longitudinalmente controlados demonstraram consistentemente que a participação em exercícios aeróbicos, como corrida, natação e ciclismo, está correlacionada com a diminuição da ansiedade. A liberação de endorfinas, o aumento do fluxo sanguíneo cerebral e as mudanças positivas nas respostas neuroquímicas são apontados como alguns dos mecanismos subjacentes a essa relação benéfica.

Outro achado notável é a eficácia da Terapia Cognitiva Comportamental no tratamento de transtornos de ansiedade. Estudos clínicos têm consistentemente demonstrado que a TCC pode ser uma abordagem terapêutica altamente eficaz para ajudar os indivíduos a identificar, compreender e modificar padrões de pensamento disfuncionais e comportamentos relacionados à ansiedade. A TCC frequentemente resulta em uma redução significativa nos sintomas de ansiedade e em melhorias na qualidade de vida.

Nesta revisão, destacamos a importância da atividade física e da Terapia Cognitiva Comportamental como abordagens eficazes na redução da ansiedade. Embora ambas as intervenções tenham demonstrado resultados positivos por si só, a sinergia entre elas oferece um potencial promissor para o tratamento de transtornos de ansiedade. No entanto, mais pesquisas são necessárias para entender completamente como otimizar essa combinação e para identificar as melhores estratégias de tratamento individualizadas.

Além da atividade física e da Terapia Cognitiva Comportamental, existem outras formas de lidar com a ansiedade, tais como técnicas de relaxamento, meditação, mindfulness, yoga e acupuntura. Essas práticas podem ajudar a aliviar o estresse, promover o bem-estar e aumentar a resiliência emocional. Algumas evidências sugerem que essas intervenções podem ter efeitos positivos na redução da ansiedade, embora os mecanismos exatos ainda não estejam totalmente esclarecidos.

Neste parágrafo, apresenta-se algumas das limitações e desafios encontrados na literatura científica revisada sobre a relação entre atividade física e a remissão da ansiedade. Apontaremos algumas das lacunas e questões que ainda precisam ser investigadas e resolvidas para avançar neste campo de estudo.

Uma das limitações desta revisão é a heterogeneidade dos estudos analisados, que variam em termos de metodologia, amostra, intervenção, medida e duração. Isso dificulta a comparação e a generalização dos resultados, bem como a determinação da dose ótima e do tipo de atividade física para cada caso de ansiedade. Além disso, muitos estudos não controlam adequadamente os fatores de confusão, como o nível de aptidão física, o estado de saúde, o uso de medicamentos e a adesão ao tratamento.

Outro desafio é a falta de consenso sobre a definição e a classificação da ansiedade, que é um conceito amplo e multidimensional. Existem diferentes tipos e graus de ansiedade, que podem se manifestar de formas distintas e requerem intervenções específicas. Por exemplo, a ansiedade generalizada, a ansiedade social, o transtorno do pânico e o transtorno obsessivo-compulsivo são alguns dos transtornos de ansiedade mais comuns, que podem ter causas, sintomas e tratamentos diferentes. Além disso, a ansiedade pode ser influenciada por fatores situacionais, como o estresse, o medo, a expectativa e a pressão.

Portanto, é necessário realizar mais pesquisas que considerem a complexidade e a diversidade da ansiedade, bem como as características individuais e contextuais dos participantes. Também é preciso desenvolver critérios claros e padronizados para definir, medir e avaliar a ansiedade e seus efeitos na saúde física e mental. Assim, será possível obter uma compreensão mais aprofundada e abrangente da relação entre atividade física e a remissão da ansiedade, bem como das melhores práticas para prevenir e tratar esse problema de saúde pública.

Finalmente, é importante ressaltar que a ansiedade é um fenômeno complexo e multifatorial, que pode variar de acordo com o contexto, a personalidade, a genética e a história de vida de cada indivíduo. Portanto, não há uma solução única ou definitiva para a ansiedade, mas sim uma variedade de opções que podem ser adaptadas às necessidades e preferências de cada pessoa. O objetivo desta revisão foi apresentar algumas das principais abordagens baseadas em evidências que podem auxiliar na remissão da ansiedade, mas a escolha final deve ser feita em conjunto com um profissional de saúde qualificado.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ansiedade é um transtorno mental que afeta milhões de pessoas no mundo, causando sofrimento e prejuízos na qualidade de vida. A atividade física é uma forma de intervenção não farmacológica que pode auxiliar no tratamento da ansiedade, pois promove benefícios fisiológicos, psicológicos e sociais. A terapia cognitivo-comportamental é uma abordagem psicoterápica que visa modificar os pensamentos e comportamentos disfuncionais que geram ou mantêm a ansiedade, ensinando estratégias de enfrentamento e reestruturação cognitiva. Neste artigo, foram levantadas as seguintes hipóteses: (1) a atividade física reduz os sintomas de ansiedade por meio de mecanismos neurobiológicos, como a liberação de endorfinas, a regulação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e a neurogênese; (2) a atividade física melhora o humor, a autoestima, a autoeficácia e a autoimagem dos indivíduos ansiosos, favorecendo a sua autoconfiança e autocontrole; (3) a atividade física facilita a adesão e a eficácia da terapia cognitivo-comportamental, pois aumenta a motivação, a disposição e a capacidade de concentração dos pacientes, além de proporcionar oportunidades de exposição e dessensibilização aos estímulos ansiogênicos; (4) a terapia cognitivo-comportamental potencializa os efeitos da atividade física, pois ajuda os pacientes a identificar e modificar as crenças irracionais e os esquemas cognitivos que interferem na sua relação com a atividade física, como o medo de fracasso, a perfeccionismo, a vergonha e a culpa.

Para testar essas hipóteses, foi realizada uma revisão sistemática da literatura, selecionando artigos que investigaram os efeitos da atividade física, da terapia cognitivo-comportamental ou da combinação de ambas no tratamento da ansiedade. Os resultados encontrados foram consistentes com as nossas hipóteses, indicando que a atividade física e a terapia cognitivo-comportamental são intervenções eficazes e complementares para o manejo da ansiedade. A atividade física atua principalmente nos aspectos biológicos e emocionais da ansiedade, enquanto a terapia cognitivo-comportamental atua principalmente nos aspectos cognitivos e comportamentais. A combinação das duas modalidades pode potencializar os resultados, pois aborda a ansiedade de forma holística e integrada.

Ao apresentar algumas das implicações e recomendações práticas derivadas da literatura científica revisada sobre a relação entre atividade física e a remissão da ansiedade. Proporemos algumas orientações para os profissionais de saúde mental que desejam implementar a atividade física e a terapia cognitivo-comportamental como parte do tratamento da ansiedade. Também sugere-se algumas estratégias para os pacientes ansiosos que querem se beneficiar da atividade física e da terapia cognitivo-comportamental para melhorar a sua saúde mental.

Uma das implicações desta revisão é a necessidade de uma avaliação individualizada e multidimensional da ansiedade, que considere os fatores biológicos, psicológicos e sociais envolvidos. Isso permitirá aos profissionais de saúde mental definir os objetivos, o tipo, a intensidade, a frequência e a duração da atividade física e da terapia cognitivo-comportamental mais adequados para cada caso. Além disso, é importante monitorar e avaliar periodicamente o progresso e os resultados das intervenções, utilizando instrumentos válidos e confiáveis, como escalas, questionários e testes.

Outra implicação é a importância de uma abordagem integrada e colaborativa entre os profissionais de saúde mental, que envolva a comunicação, a coordenação e o compartilhamento de informações entre os diferentes especialistas, como psicólogos, psiquiatras, educadores físicos, fisioterapeutas e nutricionistas. Isso facilitará a implementação e a continuidade das intervenções, bem como a prevenção de possíveis contraindicações, interações ou efeitos adversos. Além disso, é essencial envolver e motivar os pacientes ansiosos, respeitando as suas preferências, expectativas e limitações, e oferecendo suporte e feedback constantes.

Portanto, conclui-se que a atividade física e a terapia cognitivo-comportamental são recursos terapêuticos importantes para o tratamento da ansiedade, que devem ser considerados pelos profissionais de saúde mental. Recomenda-se que os pacientes ansiosos sejam estimulados a praticar atividade física regularmente, de acordo com as suas preferências e limitações, e que recebam orientação e acompanhamento psicológico baseado na terapia cognitivo-comportamental. Além disso, sugerimos que sejam realizados mais estudos que avaliem os efeitos específicos e sinérgicos da atividade física e da terapia cognitivo-comportamental na ansiedade, utilizando diferentes protocolos, amostras e medidas.

REFERÊNCIAS

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1 Aluno de Psicologia (UNIVEL) (2023)

2 Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental