A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA DO SISTEMA PÚBLICO DE ABASTECIMENTO

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10160104


Yan Lima Ramos1
Gabriel de Oliveira Rezende 2


RESUMO

A água é um recurso natural essencial para a manutenção da vida. No entanto, países em desenvolvimento como o Brasil, ainda é evidente a situação precária de saneamento básico, principalmente em bairros de periferia e cidades distantes das grandes metrópoles, levando ao surgimento de muitas doenças de veiculação hídrica pela má qualidade da água, como as verminoses e gastroenterites. Métodos: Para a construção desse trabalho foi realizado uma revisão bibliográfica para coletar referências de documentos previamente publicados e analisá-los. Revisão de Literatura: A vida no planeta requer água disponível na natureza. No entanto, a quantidade de água potável disponível para beber está diminuindo. Quando não há dados definitivos sobre a estabilidade da potabilidade por meio de relatórios técnicos, a água pode ser utilizada como veículo de transferência de doenças para o trato intestinal. Conclusão: Essa pesquisa conseguiu alcançar o objetivo proposto, trazendo a importância de fazer a análise microbiológica da água consumida pela população, o que pode evitar muitas doenças.

Palavras-Chaves: Água, Qualidade da água, Análise microbiológica, Abastecimento de água.

ABSTRACT

Water is an essential natural resource for the maintenance of life. However, in developing countries like Brazil, the precarious situation of basic sanitation is still evident, especially in peripheral neighborhoods and cities far from large cities, leading to the emergence of many waterborne diseases due to poor water quality, such as vermin diseases. and gastroenteritis. Methods: To construct this work, a bibliographical review was carried out to collect references from previously published documents and analyze them. Literature Review: Life on the planet requires water available in nature. However, the amount of fresh water available for drinking is decreasing. When there is no definitive data on potability stability through technical reports, water can be used as a vehicle for transferring diseases to the intestinal tract. Conclusion: This research managed to achieve the proposed objective, highlighting the importance of carrying out microbiological analysis of the water consumed by the population, which can prevent many diseases.

Keywords: Water, Water quality, Microbiological analysis, Water supply.

1 INTRODUÇÃO

A água é um recurso natural essencial para a manutenção da vida. A acessibilidade e disponibilidade de água potável não só desempenha um papel crucial no desenvolvimento econômico e bem-estar social, como também é um elemento essencial na saúde (Simão et al., 2020). Segundo o Ministério da Saúde, a água subterrânea é uma das fontes mais utilizadas no mundo pelo homem, e para a utilização diária, elas têm que estar apropriadas ao consumo, e isto têm que estar de acordo com os padrões de potabilidade impostas por este Ministério (Souza et al., 2014).

Apesar da maior parte do planeta ser composta por água, a escassez desse bem é um problema que influencia na vida de grande parte da população mundial, por decorrência de desperdício e descartes inapropriados (Almeida Neto; Reis, 2017). Ainda que a água seja um dos recursos naturais mais importantes para a vida e ser um recurso renovável, a água potável pode está se esgotando à medida que aumentamos o consumo e a poluição das fontes hídricas (Oliveira; Brandão; Dal Pupo, 2015).

Países em desenvolvimento como o Brasil, ainda é evidente a situação precária de saneamento básico, principalmente em bairros de periferia e cidades distantes das grandes metrópoles, levando ao surgimento de muitas doenças de veiculação hídrica pela má qualidade da água, como as verminoses e gastroenterites. Os microrganismos encontrados em água contaminada são coliformes totais e coliformes termotolerantes, sendo a Escherichia coli o principal enteroparasita identificado (Birkheuer et al., 2017).

No caso da região Amazônica, a maioria das cidades tem um precário sistema de fornecimento de água, com metade da população sem acesso ao serviço de abastecimento de água. A situação piora nas áreas rurais, o que leva os moradores a buscar variadas fontes de água para o consumo, tais como, construção de poços artesianos, consumo direto da água de rios e igarapés e coleta de água pluvial (Veloso; Mendes, 2014). Em áreas de assentamentos, geralmente o abastecimento é feito por meio de poços rasos, muitas vezes sem nenhum tratamento, o que prejudica a qualidade da água consumida pelos moradores (Ferreira; Luz; Buss, 2016).

Existem fatores que interferem na qualidade da água para consumo, entre eles estão: a eliminação de resíduos industriais em rios e lagos que alteram a qualidade química, o descarte de esgoto influenciam na qualidade biológica das nascentes, a falha nas etapas de tratamento, o mal armazenamento nos reservatórios e o sistema de distribuição ineficiente (Silva; Araújo, 2017).

A água pode ser alterada por processos químicos e biológicos nos sistemas de distribuição, o que faz com que a qualidade da água da torneira do consumidor seja diferente da qualidade da água que sai da estação de tratamento. Essas variações químicas e biológicas podem ser atribuídas à natureza química e biológica da fonte de água, à eficácia do processo de tratamento, ao local de armazenamento dessa água, à perda de integridade do sistema e à falta de manutenção da rede (Santos, 2013).

Devido ao elevado número de contaminações geradas a partir do consumo de água infectada por micro-organismos, principalmente por coliformes totais e termotolerantes, e sabendo que é de suma importância garantir a saúde pública e prevenir as doenças relacionadas à ingestão de água contaminada, o presente trabalho tem como objetivo geral apresentar a importância da análise microbiológica da água do sistema público de abastecimento.

2 METODOLOGIA

Para a construção desse trabalho foi realizado uma revisão bibliográfica para coletar referências de documentos previamente publicados e analisá-los, esta tentativa teve como objetivo abordar problemas já identificados ou temas que ainda não foram totalmente explorados. A pesquisa bibliográfica preocupa-se com o estudo das contribuições científicas a respeito de um determinado assunto, esta pesquisa mostra que uma determinada hipótese não é objeto de estudo de outros cientistas. Esse tipo de estudo normalmente é conduzido sozinho, com todas as etapas científicas necessárias para a tarefa, incluindo estudos monográficos que são exigidos em alguns campos, principalmente nas ciências humanas (Mariano; Rocha, 2017).

Os artigos utilizados neste trabalho foram localizados nas seguintes bases de dados: PubMed, LILACS e Google Scholar, tendo como descritores “água”, “qualidade da água”, “análise microbiológica” e “abastecimento de água”. O período considerado foram os últimos 10 anos (a partir de 2013)

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 A ÁGUA E SEUS ASPECTOS

A água é o solvente mais eficaz na terra e é conhecida como o solvente universal. Essa propriedade permite que ele se ligue a diferentes substâncias, inclusive aquelas que o contaminariam. Considerando que a vida na terra se originou da água, os organismos terrestres têm uma relação direta e totalmente dependente com esse composto. A água representa cerca de 70% do nosso peso corporal e está envolvida na regulação da temperatura corporal e na manutenção das atividades da vida. Para o nosso perfeito equilíbrio orgânico, precisamos consumir pelo menos 2 litros de água por dia, quantidade necessária para que nossas células realizem reações vitais e reponham as perdas através da respiração, suor, saliva, urina, fezes, e entre outros (Moreira, 2020).

Sendo a água um produto mineral, incolor, insípido e inodoro, é necessária ao organismo humano, podendo conter determinadas substâncias, elementos químicos e microrganismos que devem ser eliminados ou reduzidos em concentração por serem nocivos à saúde humana. Enquanto as fontes de água superficiais estão poluídas e poluídas pelas atividades humanas, a qualidade da água das fontes subterrâneas já está se deteriorando, levando ao aumento dos custos de tratamento e sistemas adequados de distribuição de água com novas tecnologias (Mendonça et al., 2014).

As propriedades físicas, químicas e biológicas dos corpos de água naturais seguem uma série de processos que ocorrem na estrutura da água e da bacia, resultando na solubilidade e nos modos de fluxo e transporte subterrâneo das várias substâncias mencionadas acima (Batalha et al., 2014). As propriedades físicas da água vão depender do tipo de material particulado e organismos nela presentes, pois a presença de substâncias contidas na água, sejam de origem animal ou vegetal, pode alterar sua cor e dificultar sua receptividade física, o que também pode levar a riscos patológicos para a saúde (Schafer; Souza; Fior, 2015).

As propriedades físicas da água são relativamente sem importância do ponto de vista do saneamento, mas podem ser a base para a seleção de uma tecnologia de tratamento de água. A qualidade da água de um corpo d’água depende principalmente de dois fatores: as características naturais da bacia hidrográfica e o impacto das atividades humanas na bacia hidrográfica (Garcia; Moreno; Fernandes, 2015).

Já as propriedades químicas da água devem-se à presença de substâncias químicas na água, muitas das quais prejudiciais à saúde, como o ferro e o alumínio, que são prejudiciais à saúde quando em excesso. A caracterização química é fundamental, pois uma vez identificados os elementos químicos presentes na água, fica mais fácil escolher o método de tratamento a ser empregado. Os principais indicadores da qualidade química são, a alcalinidade da água, pH, acidez, dureza, oxigênios dissolvidos dentre outros (Finkler et al., 2015).

As características biológicas da água são determinadas por testes bacteriológicos e hidrobiológicos. Esses testes são capazes de detectar diferentes tipos de organismos presentes no ambiente aquático, que devem ser removidos antes de serem consumidos. No entanto, esses organismos desempenham papéis fundamentais na vida aquática, como alimento para outros animais e até para os próprios humanos (MOURA, 2017).

3.2 QUALIDADE DA ÁGUA

A vida no planeta requer água disponível na natureza. No entanto, a quantidade de água potável disponível para beber está diminuindo. A proporção de habitantes do mundo está crescendo, o que deve ser atendido, juntamente com suas necessidades de vida e saneamento, que é a chave para a participação da água nas principais atividades humanas (Buckeridge, 2015). De um modo geral, em áreas densamente povoadas, os rios contêm uma grande quantidade de poluentes ao longo do seu curso, fazendo com que a água do rio seja poluída com várias substâncias, muitas das quais são tóxicas para os seres vivos. Além de ser contaminada por agentes químicos, a água também pode ser contaminada por patógenos como bactérias, fungos e vírus (Barros; De Barros, 2015).

A água está presente na Terra desde a sua criação. Apenas olhando para um mapa da Terra, fica claro que nosso planeta tem muito mais água salgada do que água doce. Segundo estudiosos, 97,5% correspondem a água salgada e o restante a água doce. Dessa água disponível, 31,1% vem de rios, lagos, mananciais subterrâneos e outros reservatórios. Das águas doces superficiais, as Américas (sem o Brasil) possuem a maior quantidade (34%), seguida pela Ásia (32%), Brasil (12%), África (9%), Europa (7%) e Australia e Oceania (6%) (Bos, 2017).

No entanto, por extensão, o Brasil possui a maior fonte de água doce subterrânea do mundo: o Aquífero Guarani. Além disso, encontra-se o maior aquífero em solo brasileiro: Sistema Aquífero da Grande Amazônia. Embora o Brasil seja considerado privilegiado em termos de abastecimento de água doce, há escassez de nascentes, e não só isso, existem algumas nascentes muito grandes, mas muitas vezes poluídas ou poluídas de alguma forma, como o rio Tietê em São Paulo. Pode- se citar pelo menos três fatores que contribuem para essa degradação: uso inadequado de solos em bacias hidrológicas; descarte de efluentes industriais e domésticos sem tratamento adequado (Melo; Dia; De Oliveira, 2022).

A qualidade da água não está necessariamente associada à pureza, mas sim às propriedades químicas, físicas e microbiológicas da água, e essas propriedades podem ser diferentes dependendo da finalidade. No que diz respeito à composição química, temos a composição quantitativa e qualitativa das substâncias que a compõem, como o pH, a quantidade de demanda bioquímica de oxigênio, o teor de oxigênio dissolvido, nitratos e fosfatos (Henning et al., 2014).

Ter cuidado com a água refere-se à forma como os recursos hídricos são geridos, evitando o desperdício e reutilizando-os de forma eficiente e eficaz. Isso amplia o conhe cimento sobre o assunto, partindo dos princípios que analisam todo o processo da água, desde a captação até o tratamento, além de apontar os principais usos das edificações, resíduos gerados pelos usuários e soluções para o uso e reuso da água (Zorzi; Turatti; Mazzarino, 2016).

No entanto, alterações significativas na quantidade, distribuição e qualidade dos recursos hídricos podem comprometer a sobrevivência humana e de outras espécies do planeta, e impactar negativamente o desenvolvimento econômico e social, particularmente em países que têm abastecimento de água de boa qualidade e capacidade para conservação e preservação (Bos, 2017).

Muitas doenças são causadas pela qualidade insatisfatória da água, como febre tifóide e paratifóide, disenteria bacteriana e amebiana, esquistossomose, hepatite infecciosa, etc. Como se não bastasse, ainda mais prejudiciais ao ser humano são as substâncias tóxicas encontradas na água, causadas pelo uso excessivo de produtos químicos na agricultura e outras atividades laborais. Embora a água de qualquer qualidade possa teoricamente ser tratada, os custos e riscos envolvidos no tratamento de água altamente poluída podem ser proibitivamente caros (Guedes et al., 2017).

A manutenção da qualidade da água é uma necessidade global, exigindo a atenção de todas as pessoas, e não apenas dos órgãos públicos, principalmente quando se trata de águas provenientes de fontes destinadas ao consumo humano, uma vez que a contaminação dessa água por microrganismos patogênicos originados no intestino de animais ou humanos pode transmitir doenças aos seres humanos (Fia et al., 2015).

As bactérias do grupo coliforme normalmente habitam os intestinos de humanos e animais e, portanto, servem como indicadores de contaminação fecal de amostras de água. Uma vez que a maioria das doenças relacionadas à água é transmitida via fecal, ou seja, os patógenos chegam ao ambiente aquático após serem eliminados pelas fezes, podendo contaminar pessoas com abastecimento de água inadequado (Vergínia, 2017).

No entanto, as bactérias coliformes podem ser analisadas como um indicador de poluição da água, pois quanto maior o número de bactérias coliformes em uma determinada amostra de água natural, maior a capacidade de ser contaminada por organismos patogênicos. As doenças transmitidas pela água causadas por bactérias, vírus, protozoários, helmintos e outros microrganismos patogênicos são os problemas de saúde pública mais comuns nos países em desenvolvimento. Essas doenças são transmitidas principalmente por dejetos humanos ou animais, que entram no abastecimento de água, tornando-a imprópria para consumo humano (Onias, 2014).

A transmissão dessas doenças pode ocorrer direta ou indiretamente: ingestão direta de água, preparo de alimentos, higiene pessoal, agricultura, indústria e lazer. As bactérias são os organismos mais amplamente distribuídos na natureza e os microrganismos mais amplamente distribuídos na água. Algumas bactérias têm formas resistentes e formadoras de esporos que podem permanecer inativas em condições inadequadas e podem ser reativadas quando as condições favoráveis retornarem (Vergínia, 2017).

Em geral, eles podem ser usados para degradar matéria orgânica morta, tratar águas residuais e muito mais. No entanto, são mais conhecidos devido às propriedades patogênicas de várias espécies que causam doenças em humanos, animais e plantas. São os principais agentes causadores de doenças de veiculação hídrica. Os principais microorganismos presentes na água contaminada são Salmonella, Shigella, Escherichia coli e Vibrio cholerae, que são responsáveis por muitos casos de enterite, diarreia em crianças e epidemias como a febre tifóide, que representam uma séria ameaça à saúde humana. saúde humana (Yamaguchi et al., 2013).

Existem outras formas de contaminação relacionadas à água, presença de protozoários e helmintos, que causam a maioria das infecções parasitárias em humanos. Como esses protozoários podem causar uma variedade de infecções, podemos citar amebíase, giardíase e balandiase (Vergínia, 2017). Algumas doenças helmínticas, como a esquistossomose, são endêmicas no Brasil e representam um grave problema de saúde pública. As helmintíases intestinais também podem ser transmitidas pela água (ascaridíase e ascaridíase craniana), embora o modo usual de transmissão seja pela ingestão de alimentos contaminados. A água também desempenha um papel importante na transmissão de algumas doenças endêmicas, sendo um ambiente favorável para os ciclos evolutivos de vetores que levam à transmissão da malária, dengue, filariose e febre amarela (Silva Filho; Morais; Silva, 2013).

Diante disso, vale ressaltar a importância trazida pelo tratamento da água, pois é improvável que níveis tóxicos de matéria dissolvida ou a presença de microrganismos em suspensão estejam presentes na água para consumo humano, porém, águas naturais podem apresentar doenças características patógenos causadores. Portanto, é muito importante ter esse tipo de avaliação da qualidade da água, pois testes e tratamentos são realizados em todas as etapas para manter a água microbiologicamente segura do ponto de vista da saúde pública (MOURA, 2017).

3.3 A  ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO E SUA IMPORTÂNCIA

As discussões sobre a disponibilidade de água ganharam força no final do século XXI, essas discussões tornaram-se parte fundamental dos cenários internacionais e nacionais que existem hoje, no que diz respeito aos meios de garantir a quantidade e qualidade da água, bem como a forma que a água é utilizada. Todos os cidadãos do mundo estão agora envolvidos num acordo global que visa preservar os recursos hídricos naturais, o que garantirá a disponibilidade de água para todas as pessoas do planeta e também preservará a qualidade e a quantidade da água potável e do saneamento (Ribeiro, Rolim, 2017).

A água potável foi reconhecida como recurso hídrico e não mais como recurso natural, acessível ao homem, animais e plantas, e utilizada para atividades econômicas. A sociedade humana a emprega sem preocupação com as consequências ambientais, sempre encontrando novos usos para ela, sem avaliar a qualidade ou quantidade da água em relação aos novos usos (Macedo; Shinohara; Oliveira, 2020).

Várias etapas do processo de abastecimento, incluindo tratamento e distribuição ao público, garantem a segurança e a potabilidade da água. Se alguma das etapas não for bem sucedida, pode haver um processo biológico ou químico de contaminação. Nesse sentindo, a água destinada ao consumo humano é considerada potável, as propriedades microbiológicas, físicas, químicas e radioativas desta água são comprovadamente seguras e não representa uma ameaça à saúde (BRASIL, 2017).

Quando não há dados definitivos sobre a estabilidade da potabilidade por meio de relatórios técnicos, a água pode ser utilizada como veículo de transferência de doenças para o trato intestinal. Entre esse conjunto de agentes estão os causadores da cólera, da febre tifóide, da leptospirose e da giardíase. Estas doenças podem afetar um grande número de indivíduos, principalmente aqueles com os imunossuprimidos, crianças, mulheres grávidas e idosos, estes indivíduos são mais suscetíveis à infecção por microrganismos patogênicos e oportunistas em fontes de alimentos e água (Shinohara et al., 2019).

A avaliação da presença de organismos patogênicos na água é baseada na presença ou ausência de organismo indicador fecal e sua concentração nas células, esta é determinada pelo microbiologista. As doenças relacionadas com a água, causadas por bactérias, vírus, parasitas e outros microrganismos patogênicos, são os problemas de saúde pública mais comuns nos países em desenvolvimento. A maioria dos microrganismos na água poluída são Salmonella spp., Shigella spp., E. coli e V. cholerae, todos associados à maioria dos casos de enterite, diarreia infantil e epidemias, como febre tifóide, que representam uma ameaça significativa à saúde, que pode evoluir para surtos generalizados devido à simples propagação em reservatórios de água (Germano; Germano, 2015).

Os coliformes estão amplamente distribuídos na natureza e são transmitidos com maior frequência em corpos hídricos, especialmente os coliformes termotolerantes derivados de fezes, que têm recebido grande preocupação de saúde pública e estão associados a altas taxas de contaminação transmitida. O principal representante dessas bactérias intestinais é a Escherichia coli, cujo principal habitat são os intestinos de humanos e animais superiores (Santos, 2013).

A análise microbiológica deve ser capaz de indicar a presença de coliformes totais e E. coli e ser biosegura. A Portaria 05/2017 do Ministério da Saúde do Brasil destaca essa preocupação com a saúde, afirmando que a água potável deve estar livre de E. coli e outras bactérias do grupo coliformes totais em uma amostra de 100 ml para ser considerada segura (Brasil, 2017).

Um estudo sobre a qualidade da água em serviços de alimentação realizado por Macedo, Shinohara e Oliveira (2020) constatou que aproximadamente 53,3% das amostras não atendiam às normas vigentes, o que é uma situação preocupante por se tratar de um serviço de alimentação. A análise bacteriológica da água é, portanto, de grande importância para determinar a qualidade da água para consumo humano e o correto funcionamento dos abastecimentos de água, verificando a segurança da água para beber e investigando possíveis surtos de doenças de veiculação hídrica. Deve-se prestar atenção à prevenção de muitas dessas doenças gastrointestinais para evitar distúrbios de saúde pública (Peroni; Carvalho; Lannes, 2021).

Beber água não tratada ou contaminada pode causar uma variedade de doenças. Isto é devido à presença de microrganismos patogênicos. Muitas destas doenças causam diarreia aguda, levando à desidratação, sendo a nona principal causa de morte a nível mundial e a segunda principal causa de morte em crianças com menos de 5 anos, matando 361.000 crianças com menos de 5 anos de idade todos os anos, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Vale destacar que 85% da diarreia aguda é causada pela ingestão de água imprópria, ela é responsável pela morte de 2 milhões de pacientes todos os anos em países onde os sistemas básicos de saúde são instáveis ou inexistentes e onde faltam práticas de higiene (Moraes; Castro, 2014).

Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 15 mil pessoas morrem de diarreia todos os anos no Brasil. Por exemplo, em países como a Áustria, Itália e Dinamarca, apenas 0,1% das mortes são causadas por doenças causadas por água contaminada. A Índia ocupa o primeiro lugar no número de mortes infantis devido à

diarreia, com 386.600 mortes anualmente. O Ministério da Saúde disse que no país as mortes por doenças diarreicas entre crianças menores de 5 anos estão concentradas nas regiões Norte e Nordeste, principalmente devido a indicadores socioambientais relacionados à pobreza e ao saneamento básico (Richter; De Azevedo Netto, 2021).

A análise microbiológica da água é muito importante, pois é um dos parâmetros exigidos pela legislação brasileira para garantir água de qualidade para a população. Por outro lado, muitas famílias de baixa renda, mesmo nos centros urbanos, não conseguem comprar água mineral e utilizam a água da torneira para beber. Portanto, realizar análises e verificar se os padrões microbiológicos estão garantidos é fundamental para esta população e também pode auxiliar no desenvolvimento de políticas de controle e prevenção de doenças de veiculação hídrica e demonstrar eficiência de outros métodos acessíveis de tratamento de água, como filtração e cloração (Guedes et al., 2017).

4 CONCLUSÃO

Se observou que é fundamental que as cidades com sistemas de abastecimento de água forneçam aos moradores água de qualidade, cujos parâmetros devem atender aos padrões de consumo recomendados pela Portaria nº 2.914/11 do Ministério da Saúde. No entanto, nem todos têm abastecimento de água, sendo o acesso a essa água é inacessível, seja pela falta de infraestrutura da cidade, pela busca de fontes alternativas de água ou pela falta de confiança na qualidade da água fornecida. Assim, essa pesquisa conseguiu alcançar o objetivo proposto, trazendo a importância de fazer a análise microbiológica da água consumida pela população, o que pode evitar muitas doenças.

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1Acadêmico do curso de Biomedicina do Centro Universitário Fametro.
2Professor do curso de Biomedicina do Centro Universitário Fametro.