ANÁLISE DA GESTÃO DE ATIVO DE TI EM UMA EMPRESA PÚBLICA E PRIVADA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10158175


Âmila Silva De Jesus1,
Orientador: Me. Lucas Gabriel2


RESUMO

Esta pesquisa investigou a gestão de ativos de Tecnologia da Informação (TI) em 11 (onze)  diferentes instituições públicas e privadas. O objetivo principal foi analisar e comparar as práticas  de gestão de ativos de TI nessas duas organizações, identificando semelhanças, diferenças e  oportunidades de melhoria. A metodologia utilizada adotou uma abordagem mista, combinando  aspectos qualitativos e quantitativos. A coleta de dados envolveu questionários aprofundados  aplicados aos profissionais responsáveis pela área de TI, além de análise bibliográfica de políticas,  normas e ISO voltadas ao gerenciamento desses ativos. Os resultados da pesquisa forneceram  informações valiosas sobre as práticas adotadas por essas organizações. Foram identificadas  estratégias de coleta, armazenamento, análise e utilização de dados na gestão, revelando  convergências e divergências entre nichos organizacionais. A análise dos resultados permitiu  recomendações específicas para melhorar a gestão destes ativos, alinhadas com as melhores  práticas do setor. Estas recomendações visam otimizar a utilização dos recursos de TI, aumentar  a eficiência operacional e melhorar a segurança da informação em organizações públicas e  privadas. No entanto, esta pesquisa contribui para uma compreensão mais profunda da gestão de  ativos de TI, fornecendo diretrizes concretas para melhorar a governança e a eficácia de TI em  organizações com perfis diversos. Representa um passo significativo na busca por práticas de  gestão de ativos de TI mais eficientes e seguras. 

Palavras-chave: TI. Gestão. Organizações. Públicas. Privadas.  

ABSTRACT

This research investigated the management of Information Technology (IT) assets in 11 different  public and private institutions. The main objective was to analyze and compare the practices of IT  asset management in these two types of organizations, identifying similarities, differences, and  improvement opportunities. The methodology employed a mixed approach, combining qualitative  and quantitative aspects. Data collection involved in-depth questionnaires administered to professionals responsible for the IT area, as well as a bibliographic analysis of policies, standards,  and ISO related to asset management. The research results provided valuable insights into the  practices adopted by these organizations. Strategies for data collection, storage, analysis, and  utilization in management were identified, revealing both convergences and divergences across  organizational sectors. The analysis of the results allowed for specific recommendations to  enhance asset management, aligning with industry best practices. These recommendations aim to  optimize the use of IT resources, increase operational efficiency, and enhance information security  in both public and private organizations. Nevertheless, this research contributes to a deeper  understanding of IT asset management, providing concrete guidelines to improve IT governance  and effectiveness in organizations of diverse profiles. It represents a significant step towards more  efficient and secure IT asset management practices. 

Keywords: IT. Management. Organizations. Public. Private. 

INTRODUÇÃO

A gestão eficaz dos ativos de Tecnologia da Informação (TI) desempenha  um papel de extrema importância nas organizações públicas e privadas, pois a TI  se consolida como uma ferramenta estratégica que determina o sucesso das  operações. O gerenciamento adequado desses ativos pode resultar em melhorias  nos processos de negócios, redução de despesas e aumento de eficiência. No  entanto, superar os desafios associados à governação e à segurança dos ativos  de TI pode revelar-se um obstáculo considerável. 

Neste contexto, existe uma necessidade premente de compreender como  as organizações, independentemente da sua natureza, gerem os seus ativos de  TI, apostando na recolha e análise de dados neste sentido. O núcleo deste estudo  centra-se na identificação e análise de práticas relacionadas com a recolha e  análise de dados de gestão de ativos de TI em 11 empresas, abrangendo os  setores público e privado. 

O cerne da pesquisa está na compreensão das práticas de coleta e análise  de dados relacionados aos ativos de TI em organizações de diferentes esferas. O  escopo visa investigar como essas entidades capturam, armazenam, examinam e  aplicam dados relativos aos seus ativos de TI. O objetivo principal é compreender  as práticas adotadas por essas organizações e identificar possíveis oportunidades  de melhoria.

De forma mais ampla, o objetivo deste estudo é analisar práticas de coleta  e análise de dados na gestão de ativos de TI em 11 (onze) organizações  diferentes, visando identificar oportunidades de melhoria e contribuir para uma  gestão mais eficaz desses ativos. 

A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas realizadas com  profissionais responsáveis pela gestão dos ativos de TI dessas entidades. As  entrevistas foram complementadas com uma análise bibliográfica, abrangendo  artigos, monografias, normas ISO e revistas especializadas. 

A estrutura deste artigo está dividida da seguinte forma: na próxima seção  será apresentada uma revisão da literatura a respeito de gerenciamento de ativos  de TI. Posteriormente, na seção dedicada à metodologia, detalharemos a  abordagem da pesquisa, métodos de coleta de dados e posterior análise. A  secção de resultados e discussão abordará os principais resultados da  investigação com base nas entrevistas, interpretando estes resultados à luz das  questões de investigação e discutindo as implicações práticas que deles  decorrem. Por fim, a conclusão resumirá as principais conclusões e destacará as  contribuições deste estudo para a gestão de ativos de TI em organizações, sejam  elas públicas ou privadas. 

Análise da gestão de ativos de TI 

A Tecnologia da Informação (TI) é um conjunto de recursos que engloba  hardware, software e pessoas, que são responsáveis pela obtenção,  armazenamento, processamento, comunicação e disponibilização de informações  dentro de um contexto organizacional (Albertin, 2004). Neste trabalho,  adotaremos essa perspectiva ampla da TI para compreender sua aplicação  abrangente nas organizações. 

A gestão de ativos de TI envolve o gerenciamento eficaz de todos os ativos  relacionados à tecnologia, como hardware, software, dados e redes. O objetivo  principal é otimizar o valor dos ativos de TI, garantindo seu uso eficiente,  minimizando riscos e maximizando o retorno sobre o investimento (FIGUEIREDO  et al. 2018). 

A gestão de ativos de Tecnologia da Informação (TI) passou por um  processo evolutivo ao longo do tempo, desde suas origens até sua forma atual. 

Inicialmente, a gestão de ativos de TI estava predominantemente voltada para o  controle e manutenção de hardware. No entanto, à medida que a TI se tornava  mais integrada aos processos de negócio, houve uma expansão para incluir  software, redes, dados e outros componentes tecnológicos. Para Albertin (2004),  a TI é um dos componentes organizacionais mais importantes e tem permeado  praticamente todas as ações internas e externas. 

De acordo com Albertin e Albertin (2008), a gestão de ativos de TI  progrediu de abordagens baseadas em manutenção preventiva para uma  perspectiva mais estratégica. Essa mudança ocorreu devido ao reconhecimento  dos ativos de TI como recursos estratégicos que precisam ser gerenciados de  forma eficaz para agregar valor às organizações. Com a rápida evolução da  tecnologia, as empresas passaram a adotar uma abordagem proativa na gestão  de seus ativos de TI, a fim de acompanhar as mudanças e obter vantagem  competitiva Os autores afirmam que “as organizações devem definir as suas  diretrizes, estratégias e operacionalização, considerando o contexto em que  atuam, aproveitando as oportunidades e vencendo os desafios apresentados”. 

A evolução da gestão de ativos de TI também foi influenciada pelo  surgimento de normas e padrões internacionais. Segundo Figueiredo et al. (2018),  a ABNT NBR ISO/IEC 38500 é uma norma brasileira que adota a norma  internacional ISO/IEC 38500. Ela estabelece princípios, diretrizes e boas práticas  para o uso efetivo e responsável da governança de tecnologia da informação (TI)  nas organizações. Essa norma visa auxiliar os gestores na tomada de decisões  relacionadas à TI, garantindo que as atividades de governança sejam alinhadas  aos objetivos estratégicos da organização, promovendo a maximização de  benefícios e a minimização de riscos relacionados à TI. Essa norma se tornou  uma referência para muitas organizações que buscam adotar boas práticas nessa  área. 

Segundo Chiavenato (1999), a gestão de ativos de TI transcende o aspecto  técnico e se tornou um componente essencial da governança de TI. A gestão  eficaz dos ativos de TI está diretamente relacionada à tomada de decisão  estratégica e ao cumprimento de regulamentações e padrões. 

Nesse sentido, é importante ressaltar que a gestão de ativos de TI não se  restringe apenas a aspectos técnicos, mas também envolve considerações econômicas, organizacionais e de segurança. A abordagem correta deve levar em  conta a maximização do valor dos ativos, o controle de custos, a mitigação de  riscos e a otimização do desempenho dos processos de negócio (REZENDE &  ABREU, 2001). 

A análise histórica da gestão de ativos de TI revela sua evolução  significativa, indo além do foco em hardware para uma perspectiva estratégica e  abrangente. A adoção de normas e padrões internacionais desempenhou um  papel crucial nessa evolução, fornecendo diretrizes e boas práticas para a gestão  eficaz dos ativos de TI. Além disso, a gestão de ativos de TI tornou-se um  componente essencial da governança de TI, contribuindo para a tomada de  decisão estratégica e o controle dos recursos tecnológicos. 

Análise Comparativa NBR e ISO de Gestão de Ativos de TI

A família de padrões ISO 19770, desenvolvida pela ISO (Organização  Internacional de Normalização), tem como objetivo principal o gerenciamento de  ativos de Tecnologia da Informação (TI). Ela consiste em cinco partes que  abordam diferentes aspectos desse gerenciamento, como abordado Sodré,  (2018): 

A primeira parte, ISO/IEC 19770-1, fornece diretrizes e práticas  recomendadas para o gerenciamento de ativos de TI em uma organização. Essa  norma auxilia na conformidade com requisitos de governança e suporta as  atividades de TI por meio do estabelecimento de processos eficazes de  gerenciamento de ativos (Sodré, 2018). 

A segunda parte, ISO/IEC 19770-2, trata da identificação de programas de  software em dispositivos específicos. Ela estabelece um padrão para a  identificação de software, facilitando o inventário e a gestão de licenças nas  empresas (Sodré, 2018). 

A terceira parte, ISO/IEC 19770-3, detalha as atribuições associadas ao  software e estabelece um método de medição para o consumo desse software.  Isso auxilia as organizações no controle e na otimização do uso de software em  seus ambientes (Sodré, 2018). 

A quarta parte, ISO/IEC 19770-4, permite a geração de relatórios  padronizados sobre o uso de recursos, sendo especialmente relevante no gerenciamento de licenças de software complexas e de software e hardware  baseados em nuvem. Esses relatórios fornecem informações valiosas para  tomada de decisões e auditorias (Sodré, 2018). 

A quinta parte, ISO/IEC 19770-5, fornece uma visão geral dos padrões e do  vocabulário utilizados na família de normas ISO 19770 para o gerenciamento de  ativos de TI. Ela auxilia na compreensão e na aplicação consistente dos padrões  relacionados ao gerenciamento de ativos de TI (Sodré, 2018). 

As normas NBR e ISO são referências importantes para a gestão de ativos  de TI. Um exemplo de norma brasileira baseada em uma norma internacional é a  NBR ISO/IEC 20000-1, que se baseia na ISO/IEC 20000, a norma internacional  para a gestão de serviços de TI. Essas normas estabelecem requisitos para a  gestão de serviços de TI, incluindo a gestão de ativos. 

A NBR ISO/IEC 20000-1:2020 define requisitos para o estabelecimento,  implementação, manutenção e melhoria de um sistema de gestão de serviços de  TI. No contexto da gestão de ativos de TI, essa norma estabelece requisitos para  a identificação, controle, propriedade, responsabilidade e proteção dos ativos de  TI. 

Por outro lado, a ISO/IEC 19770-1 é uma norma internacional que se  concentra especificamente na gestão de ativos de software ao longo de seu ciclo  de vida. Ela define processos e atividades relacionados à aquisição,  implementação, uso, manutenção e descarte de ativos de software. 

Ao comparar essas normas, é possível identificar algumas semelhanças.  Ambas enfatizam a necessidade de identificação, controle e responsabilidade dos  ativos de TI. Por exemplo, tanto a NBR ISO/IEC 20000-1 (2020) quanto a ISO/IEC  19770-1 abordam a identificação e o controle dos ativos de TI, além de ressaltar a  importância da documentação e do registro adequados (BARROSO, 2022). 

No entanto, também existem diferenças entre as normas. Enquanto a NBR  ISO/IEC 20000-1 aborda a gestão de serviços de TI de forma mais ampla, a  ISO/IEC 19770-1 se concentra especificamente na gestão de ativos de software.  Essa diferença reflete a natureza específica dos ativos de software e a  necessidade de abordagens e requisitos específicos para sua gestão (BARROSO,  2022).

É importante destacar que as normas ISO são amplamente reconhecidas  internacionalmente, facilitando a conformidade com padrões globais e permitindo  a comparação e o alinhamento entre organizações de diferentes países. 

Desafios na gestão de ativos de TI 

A gestão de ativos de Tecnologia da Informação (TI) apresenta uma série  de desafios complexos para as empresas. Esses desafios abrangem diferentes  aspectos, como aspectos técnicos, organizacionais, estratégicos e de  conformidade regulatória. Vários autores contribuem para a compreensão desses  desafios. 

Um dos desafios enfrentados pelas organizações na gestão de ativos de TI  é a capacidade de aprendizado, conforme observado por Figueiredo (2018). Isso  implica na habilidade de identificar, compreender e aplicar conhecimentos e  práticas que promovam um gerenciamento eficiente dos ativos de TI. 

Adachi (2008) destaca que a gestão de TI no contexto governamental  enfrenta desafios relacionados ao desperdício de recursos públicos e à  necessidade de estabelecer estratégias e alcançar metas organizacionais. Isso  ocorre devido às prioridades políticas muitas vezes sobrepostas aos interesses  organizacionais e aos benefícios para os cidadãos. Nesse sentido, a aplicação de  conceitos como estratégia, avaliação de desempenho e Governança de TI em  empresas estatais contribui para o avanço do conhecimento nessa área. 

Abertin e Albertin (2005) destacam a importância de identificar o impacto  da TI nos objetivos e no desempenho organizacional como um desafio crítico na  gestão de ativos de TI. Compreender e medir de forma precisa esse impacto é  fundamental para avaliar o valor real da TI e maximizar seu potencial de  agregação de valor para a organização. 

Além dos desafios mencionados, Figueiredo (2018) identificou outros  desafios na governança de ativos de TI, como o aprimoramento do alinhamento  da TI com o negócio e a estratégia de comunicação, a tomada de decisões  objetivas, a divulgação das atividades de TI e a adequação dos projetos às  exigências da arquitetura existente. Esses desafios ressaltam a importância de  uma gestão eficiente e alinhada com as demandas e metas organizacionais no  contexto da TI.

A implementação da Governança de TI em uma organização é outro  desafio crítico, como mencionado por Adachi (2008, apud PATEL, 2004). Cada  organização possui características únicas, exigindo abordagens personalizadas e  sustentáveis para a implementação adequada da Governança de TI. 

França (2012) destaca que a Governança de TI enfrenta desafios além do  alinhamento com os objetivos da organização. É necessário sincronizar os  componentes da TI, garantir a melhor utilização desses componentes e assegurar  a continuidade dos negócios da empresa. 

Outros desafios incluem a gestão de fornecedores, a restrição  orçamentária que requer escolhas criteriosas no portfólio de serviços de TI, a  necessidade de soluções improvisadas devido a recursos limitados e a gestão  adequada dos ativos ao longo de seu ciclo de vida. Além disso, a segurança, a  conformidade regulatória, a integração de sistemas, a cultura organizacional, a  conscientização dos funcionários e a identificação e rastreamento dos ativos são  desafios adicionais que as empresas enfrentam na gestão de ativos de TI. 

Superar esses desafios requer uma abordagem holística que envolva a  adoção de melhores práticas, o uso de tecnologia adequada, a definição de  políticas claras e o envolvimento de todos os níveis da organização. A busca por  soluções eficazes para esses desafios contribui para um gerenciamento mais  eficiente e alinhado com as necessidades e metas da organização no contexto da  TI. 

Processos e procedimentos adotados pelas empresas A gestão de ativos de TI envolve a implementação de processos e  procedimentos para garantir um controle efetivo e uma utilização adequada dos  recursos de TI. Diversas referências relevantes abordam os principais processos  e práticas adotadas pelas empresas nessa área. 

Uma importante medida adotada pelo governo norte-americano para  controlar a situação foi a implementação da lei Sarbanes-Oxley, como  mencionado por França (2018). Essa legislação estabeleceu diretrizes, processos  e responsabilidades relacionadas à geração e divulgação de informações  financeiras, visando garantir a veracidade e a transparência nas transações. 

Processos de auditoria e fiscalização foram estabelecidos para prevenir práticas  indevidas e fraudulentas. 

Além disso, muitas empresas de software adotam procedimentos de  acompanhamento dos usuários durante a fase inicial de utilização do software,  conforme destacado por França (2018). Essa prática busca mitigar o risco de  rejeição do produto, permitindo a identificação e correção de problemas ou  dificuldades encontrados pelos usuários. Dessa forma, busca-se proporcionar  uma melhor experiência e aceitação do software. 

No contexto das empresas estatais, o Ministério do Planejamento,  Desenvolvimento e Gestão (2018) menciona diversos processos e procedimentos  relacionados à gestão de ativos de TIC. Destacam-se a identificação e registro  dos ativos de TIC correntes, o gerenciamento dos ativos de TIC críticos, o  gerenciamento do ciclo de vida desses ativos, o gerenciamento de licenças de  software e o gerenciamento da capacidade e desempenho dos ativos de TIC  relacionados ao hardware. Esses processos são fundamentais para garantir um  controle eficiente e uma utilização adequada dos recursos tecnológicos nas  empresas estatais. 

Além dos processos, são mencionados diversos artefatos/documentos  relacionados à gestão de ativos de TIC. O Relatório dos Ativos de TIC lista e  identifica os ativos, incluindo informações sobre tipo, nome, características,  localização e responsável. O Relatório das Licenças de Software lista e identifica  as licenças de software, enquanto o Plano de Gerenciamento de Licenças define  os procedimentos para manter o controle sobre essas licenças, evitando  desperdícios orçamentários e penalidades por direitos de licença indevidos. Além  disso, são mencionados documentos que estabelecem métricas e indicadores  para avaliar o desempenho dos ativos de hardware, como o documento de  Métricas e Indicadores para Gerenciar a Capacidade e Desempenho dos Ativos  de Hardware, bem como o Relatório de Desempenho dos Ativos de Hardware, que registra o desempenho avaliado dos ativos de hardware, analisando-os de  acordo com os resultados esperados. 

Esses são apenas alguns exemplos de processos e procedimentos  adotados pelas empresas na gestão de ativos de TI. É importante ressaltar que  cada organização pode adaptar e personalizar esses processos de acordo com suas necessidades e contexto específico. A gestão eficaz de ativos de TI contribui  para a melhoria do desempenho e da governança das empresas, garantindo o  uso adequado e o máximo aproveitamento dos recursos tecnológicos disponíveis. 

Impacto da gestão de ativos de TI  

A avaliação do impacto da gestão de ativos de TI é fundamental para  compreender os benefícios e melhorias alcançados por meio da implementação  de práticas eficazes. A Manage Engine destaca que a implementação de um  processo de gerenciamento de ativos de TI traz resultados significativos para as  organizações. Com um plano sólido e um processo simplificado, é possível  rastrear e gerenciar todos os ativos de hardware, software e virtuais em um único  local, o que resulta em benefícios como a redução de custos de manutenção, o  uso otimizado de licenças, a diminuição de ativos não utilizados e riscos de  segurança, além da preparação para auditorias e o aumento da eficiência de  outros processos. 

Em relação à governança de TI na administração pública federal,  Figueiredo (2018) destaca que essa abordagem traz benefícios, pois resulta na  entrega de produtos e serviços de qualidade para o cidadão. A governança de TI  permite a otimização dos riscos e o uso eficiente dos recursos disponíveis, o que  promove uma gestão mais eficaz da tecnologia da informação. Assim, é possível  obter melhores resultados no atendimento às demandas da sociedade e na  utilização adequada dos recursos públicos. 

Albertin e Albertin (2008) destacam que a utilização da Tecnologia da  Informação traz uma série de benefícios para os negócios, tais como redução de  custos, aumento da produtividade, melhoria da qualidade, flexibilidade e inovação.  No entanto, o desafio para as organizações está em identificar de forma precisa  quais benefícios são realmente oferecidos e desejados em sua realidade  específica. Essa identificação é fundamental para confirmar os benefícios no  desempenho empresarial. 

No contexto da gestão de ativos de TI, esses benefícios podem ser  evidenciados por meio de diversos impactos na organização, tais como:

Visibilidade e controle: A gestão de ativos de TI proporciona uma visão  clara e abrangente de todos os ativos, permitindo um maior controle sobre eles e  facilitando sua gestão de forma eficiente. 

Otimização de recursos: Através do gerenciamento adequado dos ativos  de TI, é possível otimizar o uso dos recursos disponíveis, evitando desperdícios e  garantindo que sejam alocados de maneira adequada e eficaz. 

Conformidade e gerenciamento de riscos: A gestão de ativos de TI  contribui para garantir a conformidade com regulamentações e políticas internas,  além de auxiliar na identificação e mitigação de riscos relacionados à segurança  da informação e governança de TI. 

Planejamento estratégico: Ao conhecer e compreender os ativos de TI, é  possível planejar estrategicamente a sua utilização, alinhando-os aos objetivos e  metas da organização e contribuindo para o sucesso dos projetos e iniciativas. 

Suporte a decisões informadas: A gestão de ativos de TI fornece  informações relevantes e atualizadas sobre os ativos, permitindo que as decisões  sejam tomadas com base em dados concretos e precisos. 

Suporte a processos de suporte técnico: Através do gerenciamento  adequado dos ativos, é possível fornecer um suporte técnico eficiente, facilitando  a resolução de problemas e garantindo a disponibilidade e funcionalidade dos  recursos de TI. 

Dessa forma, a avaliação do impacto da gestão de ativos de TI é essencial  para medir os resultados e benefícios alcançados, bem como para validar a  eficácia das práticas adotadas e identificar áreas de melhoria. A combinação de  indicadores quantitativos e qualitativos, estudos de caso e comparações de  resultados proporciona uma visão abrangente do impacto da gestão de ativos de  TI na organização. 

RESULTADOS E DISCUSSÃO 

A pesquisa revelou uma notável diversidade de abordagens e desafios na  gestão de ativos de TI entre as 11 empresas investigadas, que atuam nos setores  público e privado. A maioria destas organizações têm entre 50 e 100 funcionários  e um histórico operacional superior a 5 anos, sendo que a maioria delas acumula  mais de uma década de operação. 

A prioridade dada à gestão de ativos de TI varia, mas muitas empresas  classificam esta área como de importância “alta” ou “muito alta”. No entanto, estas  empresas enfrentam desafios diferentes, surgindo a “falta de orçamento” e a “falta  de pessoal qualificado” como obstáculos comuns. Além disso, algumas empresas  citam a “falta de ferramentas adequadas”, enquanto outras enfrentam uma série  de desafios. 

Em relação às práticas operacionais, a pesquisa mostra que a maioria das  empresas realiza backups diários dos seus dados, embora haja algumas que  optam por backups semanais ou mensais. Em relação ao gerenciamento do ciclo  de vida dos ativos de TI, alguns utilizam ferramentas automatizadas, enquanto  outros ainda monitoram manualmente o inventário. Surpreendentemente, uma  das empresas pesquisadas não possui um sistema de gestão do ciclo de vida.  

Os objetivos da gestão de ativos de TI variam, mas “melhorar a eficiência  operacional” é o mais comum, seguido de “cumprir requisitos regulamentares” e  “reduzir custos”. A pesquisa também destaca que a maioria das empresas vê um  impacto positivo da gestão de ativos de TI no desempenho geral das suas  operações.  

No que diz respeito à segurança dos ativos de TI, a maioria das empresas  definiu políticas e processos para garantir a proteção contra ameaças e  vulnerabilidades. Contudo, a implementação de práticas para reduzir o impacto  ambiental dos ativos de TI ainda não é amplamente adotada, como apresentada  na Figura 1.  

Figura 1– Pergunta: A empresa possui práticas definidas para reduzir o  impacto ambiental de seus ativos de T.I?

Fonte: próprio autor, adaptado com Power BI. 

Com base nos resultados da investigação, apresentados no gráfico da  Figura 1, de uma forma geral, verifica-se que algumas organizações definiram  práticas para reduzir o impacto ambiental dos seus ativos de TI (indicadas como  “Sim”). Esta é uma indicação positiva de que estas empresas estão a levar a sério  a sustentabilidade ambiental e a tomar medidas para reduzir o seu impacto no  ambiente.  

Contudo, também é notável que algumas organizações não possuem  práticas definidas para reduzir o impacto ambiental dos seus ativos de TI  (indicado como “Não”). Isto sugere que há espaço para melhorias nesta área,  especialmente considerando a crescente importância da responsabilidade  ambiental nas operações empresariais.  

No entanto, outras empresas que responderam (indicadas como “Não  sei/não tenho certeza”) podem estar em um estado intermediário, e é importante  considerar a avaliação e implementação de práticas sustentáveis em seus ativos  de TI.  

No geral, a sustentabilidade ambiental é uma preocupação crítica nas  empresas modernas, e as empresas que adotam práticas e políticas  ambientalmente responsáveis obtêm frequentemente benefícios a longo prazo,  incluindo a poupança de recursos, a melhoria da imagem corporativa e a redução  dos riscos relacionados com o ambiente, e a segurança. 

A segurança e a realização de backups são aspectos críticos quando se  trata de armazenamento de dados e informações. Fazer backups regulares é uma  prática fundamental para garantir a integridade e disponibilidade dos dados em  caso de falhas de sistema, desastres naturais, ataques cibernéticos ou erros  humanos. A Figura 2 apresenta os resultados da pesquisa, quando o entrevistado  foi questionado sobre a política de backup de dados da empresa. 

Figura 2- Políticas de Backups nas empresas 

Fonte: próprio autor, adaptado com Power BI. 

Portanto, todas as organizações podem considerar a integração de práticas  sustentáveis nas suas operações de TI como uma estratégia benéfica.  Por fim, a pesquisa mostra que as empresas variam consideravelmente em  termos de faturamento, desde aquelas com faturamento menor, “Inferior ou igual  a R$ 360 mil”, até aquelas com faturamento substancial, “Superior a R$ 300  milhões”. Esta variação na faixa de receitas também parece influenciar a forma  como as empresas abordam a gestão de ativos de TI. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Nesta pesquisa envolvendo 11 empresas, dos setores público e privado,  realizamos uma análise minuciosa de diversas variáveis relacionadas à gestão de ativos de Tecnologia da Informação (TI). Cada organização contribuiu com  perspectivas únicas que refletem a natureza complexa deste campo. Na esfera pública destacamos a participação de entidades como CEG,  REP, PPV, SDC e SPL cada uma enfrentando desafios diferentes devido à sua  dimensão e recursos disponíveis. O primeiro enfatizou a otimização operacional e  o uso de ferramentas automatizadas, enquanto o segundo comparou as  especificações orçamentárias, priorizando a melhoria da eficiência e segurança  operacional. Por sua vez, SPL concentrou esforços na eficiência operacional e na  automação de processos. 

No setor privado, organizações como PSL, NTL, JDT, KSL, PMS e OAE  partilharam as suas práticas, cada uma descrita por particularidades distintas.  Estes incluíram desafios como a escassez de competências de pessoal e a  necessidade de cumprir os requisitos regulamentares. Suas prioridades incluíam  o fortalecimento da segurança da informação, o aumento da eficiência  operacional e a busca pela conformidade regulatória. 

A análise resultou na complexidade inerente à gestão de ativos de TI e na  necessidade prévia de adaptação às especificações específicas de cada  organização. Independentemente do setor de atividade, dimensão ou área de  especialização, cada empresa enfrenta desafios únicos, o que atribui prioridades  diferentes e prossegue objetivos específicos no âmbito do gerenciamento de  ativos. Isso enfatiza a importância da flexibilidade e da busca por soluções sob  medida para atender às necessidades únicas de cada empresa. 

Este estudo fornece uma visão mais aprofundada do gerenciamento de  ativos de TI e estabelece as bases para pesquisas futuras nesta área, que devem  explorar abordagens personalizadas que atendam às necessidades em evolução  das organizações. 

REFERÊNCIAS 

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1Graduando em Sistema de Informação pela Faculdade Sapiens. E-mail:  amila@faculdadesapiens.com.br 

2Mestrando em Ciência da Computação pela Universidade Estadual de Londrina (início  2021). Possui graduação em Ciência da Computação pela Universidade Estadual de Londrina  (1998), pós-graduação em Desenvolvimento de Sistemas em Software Livre pela Universidade  Católica de Brasília (2011). E-mail: marcus@faculdadesapiens.com.br