VACINA BCG:A importância da alta taxa de cobertura vacinal no Brasil

BCG VACCINE: THE IMPORTANCE OF HIGH VACCINATION COVERAGE IN BRAZIL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10149936


Kellen Alves Ferreira1
Letícia Mendes Dos Santos 2
Tássila Mary Velame Pinheiro3
André Di Carlo Araújo Duarte4


Resumo:

A vacina BCG desempenha um papel essencial na prevenção da tuberculose no Brasil. Este artigo, classificado como uma revisão bibliográfica, tem como objetivo destacar a importância crucial da alta taxa de cobertura vacinal com a BCG. Contribui para a comunidade de saúde pública ao enfatizar que a vacinação generalizada é vital na proteção das crianças contra formas graves de tuberculose e na contenção da disseminação da doença. A pesquisa se baseia na análise de dados e revisão de estudos existentes. Os resultados evidenciam que, apesar dos desafios como barreiras de acesso, a BCG desempenha um papel fundamental na saúde pública do Brasil, e sua promoção e garantia de acesso são cruciais para alcançar uma cobertura vacinal satisfatória em todo o país.

Palavras-chave: Vacina BCG, cobertura vacinal, tuberculose, saúde pública, prevenção.

Abstract: The BCG vaccine plays an essential role in tuberculosis prevention in Brazil. This article, classified as a literature review, aims to highlight the crucial importance of a high vaccination coverage rate with BCG. It contributes to the public health community by emphasizing that widespread vaccination is vital in protecting children from severe forms of tuberculosis and in containing the spread of the disease. The research is based on data analysis and the review of existing studies. The results demonstrate that, despite challenges such as access barriers, BCG plays a fundamental role in Brazil’s public health, and its promotion and access assurance are crucial to achieving satisfactory vaccination coverage throughout the country.

Keywords: BCG vaccine, vaccination coverage, tuberculosis, public health, prevention.

1 INTRODUÇÃO  

A vacina BCG, também conhecida como Bacillus Calmette-Guérin, é uma das intervenções de saúde pública mais antigas e importantes do mundo. Desde o início do século XX, ela tem sido utilizada para prevenir a tuberculose, uma doença infecciosa que ainda representa um desafio significativo para a saúde pública em muitas partes do planeta. No contexto brasileiro, a BCG desempenha um papel fundamental na proteção das crianças contra a tuberculose, especialmente as formas mais graves da doença. Esta vacinação sistemática é parte integrante do programa de imunização do Brasil e é oferecida a recém-nascidos em todo o país.

Entretanto, apesar dos esforços contínuos, a taxa de cobertura vacinal da BCG pode variar consideravelmente em diferentes regiões do Brasil, levantando preocupações sobre a eficácia das políticas de vacinação em garantir a proteção adequada das crianças contra a tuberculose. Isso nos leva a questionar a importância crucial de alcançar e manter uma alta taxa de cobertura vacinal com a BCG no país.

O problema de pesquisa que orienta este estudo está diretamente relacionado à eficácia da BCG como medida preventiva contra a tuberculose no Brasil. Há uma necessidade premente de entender por que algumas regiões têm taxas de cobertura vacinal mais baixas do que outras, e como isso afeta a incidência de tuberculose em crianças.

Nesse contexto, a questão norteadora que guia este trabalho é: “Qual é a importância de alcançar e manter uma alta taxa de cobertura vacinal com a BCG no Brasil para a prevenção eficaz da tuberculose infantil e a redução da disseminação da doença na comunidade?”

Os objetivos deste estudo, estão em abordar desde a avaliação da situação atual da cobertura vacinal até a proposição de estratégias para melhorar a eficácia da vacinação.

A justificativa para este estudo esta presente no fato de que a tuberculose ainda é uma ameaça à saúde pública em muitas partes do Brasil, e as crianças estão particularmente em risco. Compreender a importância da alta taxa de cobertura vacinal com a BCG é fundamental para aprimorar as políticas de vacinação e, assim, contribuir significativamente para a prevenção da tuberculose e a promoção da saúde infantil no país.

2 MATERIAL(IS) E MÉTODOS  

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, no qual serão consultadas as bases de dados SCIELO, PUB MED E BVS. Foram utilizadas as seguintes palavraschave para busca dos artigos: vacina AND BCG AND Brasil. Os critérios de inclusão foram artigos nos idiomas português, publicados no Brasil, no período de 2019 a 2023 no SCIELO, e em qualquer época nas demais plataformas, disponíveis de forma gratuita e que apresentasse texto completo. 

Os critérios de inclusão definidos para a seleção dos artigos foram: artigos publicados em português e inglês, artigos na íntegra que retratassem a temática referente à revisão integrativa e artigos publicados e indexados nos referidos bancos de dados. Já os artigos excluídos não estão no período proposto, e estão em outra língua que não seja português ou inglês. 

A análise do conteúdo seguirá os passos da análise temática, ordenação do material, classificação e análise.

Figura 1: Etapas da pesquisa

Quantidades encontradas: 

DESCRITORES – VACINA – BCG – BRASIL 

FIGURA 2 – Fluxograma da seleção de artigos para revisão, 2023. 

3 RESULTADOS/DISCUSSÃO 

TABELA 01 – TABULAÇÃO DOS MATERIAIS ESCOLHIDOS PARA REVISÃO.

AUTORANOTÍTULOREVISTA PUBLICADACONCLUSÃO
Mauricio             L. Barreto, Susan        M. Pereira, Arlan          A. Ferreira2006Vacina BCG: eficácia e indicações da vacinação e da revacinaçãoJornal               de PediatriaEste estudo enfatiza a importância da BCG como medida preventiva eficaz contra a tuberculose, especialmente em crianças. Discute a necessidade de revacinação em certos casos para manter a proteção adequada.
Mariana Maciel Block, Sabrina Emanuelle Marques Silva2021Vacina BCG: uma abordagem geralRepositório Universitário      da Ânima (RUNA)Este artigo oferece uma visão geral da vacina BCG, fornecendo informações básicas sobre sua importância na prevenção da tuberculose.
Renata Lobatto Capponi2021Implantação da vacina BCG nas maternidades do município de Porto Alegre–RS,             20192020Repositório Universitário      da Ânima (RUNA)Este estudo aborda a implantação da vacina BCG em maternidades específicas, indicando esforços para expandir o acesso à vacina em Porto Alegre.     
Coordenação da Farmacopeia2019Vacina BCG PB04600Repositório Universitário      da Ânima (RUNA) O artigo fornece informações sobre a formulação da vacina BCG, mas não      apresenta         conclusões específicas.       
Patrícia             de Miranda Moura et. al.2021Série histórica da cobertura vacinal da BCG na região metropolitana daLEOPOLDIANUMO estudo analisa a cobertura vacinal da BCG na região metropolitana da Baixada Santista e pode contribuir para o monitoramento e
  Baixada Santista de 2010 a 2018 aprimoramento das políticas de vacinação nessa área.  
Cássia Barboza Pinheiro             do Nascimento et. al.2021EVENTO ADVERSO À VACINA BCG: Relato De Caso De Massa Local Associada À Reativação Da Lesão VacinalBrazilian Journal of Infectious DiseasesEste estudo apresenta um caso de reativação de lesão vacinal após a vacinação BCG, destacando a importância do acompanhamento e registro de eventos adversos.
Carlos Augusto Grabois Gadelha             et. al.2020Acesso a vacinas no Brasil no contexto da dinâmica global do Complexo Econômico-Industrial da SaúdeCadernos          de Saúde PúblicaO artigo discute o acesso a vacinas no Brasil em relação ao cenário global de saúde e pode informar políticas públicas para melhorar a disponibilidade de vacinas.   
Camila Corrêa Modesto2022VACINA BCG: Um importante meio para controle da tuberculoseBrazilian Journal of Case ReportsEste estudo ressalta a importância da BCG como meio de controle eficaz da tuberculose e pode influenciar a conscientização sobre a vacinação.
Elisa Coutinho Moura et. al.2021Vacinação no Brasil: reflexão bioética sobre acessibilidadeRevista BioéticaO artigo explora questões bioéticas relacionadas à acessibilidade às vacinas no Brasil, incluindo a BCG, promovendo uma discussão relevante sobre ética na saúde pública.             
Susan        M. Pereira et. al.2007Vacina BCG contra tuberculose: efeito protetor e políticas de vacinaçãoRevista de saúde públicaO estudo destaca o efeito protetor da BCG contra a tuberculose e examina as políticas de vacinação, contribuindo para a compreensão da eficácia da vacina.
Kaite Cristiane Peres et. al.2021Vacinas no Brasil: análise histórica do registro sanitário e a disponibilização no Sistema de SaúdeCiência & Saúde ColetivaO artigo analisa a história do registro sanitário de vacinas no Brasil, incluindo a BCG, e sua disponibilidade no sistema de saúde, oferecendo insights sobre a evolução das políticas de vacinação.
Mislene Aparecida de Oliveira Persilva             et. al.2022OS DESAFIOS DA CONSCIENTIZAÇÃO AOS PAIS QUANTO A RELEVÂNCIA DA IMUNIZAÇÃO: BCG E SABINREVISTA         DE TRABALHOS ACADÊMICOS– UNIVERSO BELO HORIZONTEEste estudo aborda os desafios da conscientização dos pais sobre a importância da imunização, incluindo a vacina BCG e a Sabin, contribuindo para a compreensão dos obstáculos à vacinação.      
Baldómero Sánchez Barragán et. al.2020Vacina BCG e indicadores de mortalidade e morbidade por COVID-19 em países com curva epidêmica consolidadaHorizonte sanitárioO artigo investiga a relação entre a vacina BCG e indicadores de mortalidade e morbidade por COVID-19, fornecendo informações relevantes sobre possíveis benefícios dessa vacina em relação à pandemia.
José Gilmar Costa Santos et al.2020Tuberculose: aspectos          gerais             e desenvolvimento de novas vacinasSaBios-Revista de      Saúde       e BiologiaEste estudo discute aspectos gerais da tuberculose e o desenvolvimento de novas vacinas, destacando a importância contínua da pesquisa nessa área.

FONTE: Produzido pelas autoras. 2023.  

3.1 DISCUSSÃO 

Diante dos trabalhos apresentados na tabela, Camila Corrêa Modesto (2022), em suas conclusões, apontam sobre a importância da BCG como meio de controle eficaz da tuberculose e pode influenciar a conscientização sobre a vacinação. A autora, pode compreender ainda que, por meio da vacina em países, como o Brasil, onde a prevalência de TB é alta, reduzindo danos que a doença possa proporcionar. Por outro lado, a autora, frisa sobre a importância de estudos para a melhora de melhorar o imunizante, além de descobrir outras alternativas de prevenção. 

Deve-se frisar que a prevalência da tuberculose no Brasil permanece alarmante. A cada ano, aproximadamente 70 mil novos casos são notificados, resultando em cerca de 4,5 mil mortes atribuídas à doença (BRASIL, 2023). A tuberculose continua sendo um importante problema de saúde pública no país, exigindo ações efetivas de controle.

No Brasil, a tuberculose continua a ser um desafio de saúde pública, afetando especialmente populações vulneráveis e pessoas em situação de rua (MOURA et. al., 2021). A falta de acesso a serviços de saúde adequados contribui para a disseminação da doença e agravamento da situação.

Nesse sentido, Pereira et. al. (2007), aponta que por meio dos seus estudos que, o efeito protetor da BCG contra a tuberculose e examina as políticas de vacinação, contribuindo para a compreensão da eficácia da vacina. Nas conclusões da pesquisa, as autoras, mostram sobre as evidências de que a segunda dose da BCG não aumenta o seu efeito protetor. Porém a vacinação é uma das principais estratégias para controlar a tuberculose, e a vacina BCG tem sido utilizada como parte do programa de imunização brasileiro (PEREIRA et. al., 2007). Estudos têm demonstrado seu efeito protetor contra formas graves da doença.

No entanto, a conscientização sobre a importância da vacinação contra a tuberculose ainda é um desafio no Brasil (MOURA et. al., 2021). A falta de informações adequadas pode levar a taxas de cobertura vacinal insuficientes. Por outro lado, os autores apontam ainda sobre o acesso as vacinas, os dados sugerem correlação com fatores econômicos, levando em consideração a vulnerabilidade social da maior parte da população, que não tem condições de pagar por essas imunizações.

Para enfrentar esse desafio de saúde pública, o Brasil adotou o “Plano Brasil Livre da Tuberculose” em 2017 (BRASIL, 2023). Esse plano tem como objetivo reduzir o coeficiente de incidência da tuberculose em 90% e o número de óbitos relacionados em 95% até 2035, quando comparado aos dados de 2015.

O Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose estabelece três pilares: prevenção e cuidado centrado no paciente, políticas arrojadas e sistema de apoio, e intensificação da pesquisa e inovação (BRASIL, 2023). O plano está estruturado em quatro fases de execução e define metas ambiciosas para erradicar a tuberculose como problema de saúde pública no Brasil.

Além disso, questões bioéticas relacionadas à acessibilidade às vacinas, incluindo a BCG, são discutidas em estudos como o de Moura et. al. (2021). A equidade no acesso à imunização é fundamental para reduzir as disparidades na incidência da tuberculose.

Políticas de vacinação eficazes desempenham um papel vital na prevenção da tuberculose, como destacado por Pereira et. al. (2007). A revisão dessas políticas e a garantia de sua eficácia são essenciais para o controle da doença.

A pesquisa e desenvolvimento de novas vacinas também são abordados em estudos como o de Santos et al. (2020). Essas inovações podem oferecer novas abordagens para o controle da tuberculose no futuro. Os autores puderam perceber com isso que, em meio a   BCG é a única vacina usada para prevenir esta doença, mesmo diante da impossibilidade de a mesma não apresentar resultados positivos. Por outro lado, isso não significa dizer que as pessoas deixem de tomar a BCG. 

No entanto, a implantação da vacina BCG e de outras medidas de prevenção da tuberculose em diferentes regiões do Brasil pode variar, como discutido por Modesto (2022). A uniformização dessas estratégias é um desafio constante.

A conscientização sobre os riscos da tuberculose e a importância da imunização, incluindo a BCG, é fundamental para o sucesso das políticas de saúde pública (MOURA et. al., 2021). A educação da população desempenha um papel crucial nesse sentido.

Portanto, o enfrentamento da tuberculose no Brasil requer uma abordagem multifacetada, que envolve diagnóstico precoce, tratamento eficaz, prevenção da transmissão e uma estratégia de controle bem definida. O país está comprometido em alcançar a eliminação da tuberculose como um problema de saúde pública, e o Plano Nacional é um passo significativo nessa direção (BRASIL, 2023).

3.2 A vacina BCG 

A vacina BCG (Bacillus Calmette-Guérin) é uma ferramenta essencial na prevenção da tuberculose, e sua eficácia e indicações de vacinação e revacinação têm sido objeto de estudo e debate ao longo dos anos (BARRETO et. al., 2006).

A vacina BCG é amplamente utilizada em todo o mundo como parte dos programas de imunização, especialmente em países com alta incidência de tuberculose. Ela é administrada por via intradérmica e tem como objetivo principal prevenir a forma mais grave da doença, principalmente em crianças (BLOCK; SILVA, 2021).

No entanto, a eficácia da vacina BCG pode variar de acordo com a idade e a exposição à doença (BARRETO et al., 2006). Estudos têm demonstrado que a vacinação precoce, logo após o nascimento, é mais eficaz na prevenção da tuberculose em crianças.

A revacinação com BCG tem sido debatida como uma estratégia para reforçar a imunidade em populações de alto risco (BARRETO et. al., 2006). No entanto, essa prática não é amplamente adotada e requer considerações cuidadosas, uma vez que a eficácia da revacinação pode ser limitada.

A implantação da vacina BCG em maternidades, como abordada por Capponi (2021), é uma medida importante para garantir que todas as crianças recebam a vacina logo após o nascimento. Isso contribui para a proteção eficaz contra a tuberculose desde os primeiros meses de vida.

A Farmacopeia Brasileira também desempenha um papel na padronização e qualidade da vacina BCG (DA FARMACOPEIA et al., 2019). A garantia da qualidade dessas vacinas é crucial para sua eficácia e segurança.

No entanto, é importante observar que a vacina BCG não oferece proteção total contra todas as formas de tuberculose (BLOCK; SILVA, 2021). A prevenção da doença também envolve medidas adicionais, como o diagnóstico precoce e o tratamento adequado dos casos.

A vacina BCG é uma das ferramentas mais antigas e eficazes na prevenção da tuberculose (BARRETO et. al., 2006). Seu papel na proteção de crianças contra formas graves da doença é incontestável, e sua administração ampla e oportuna continuam sendo essenciais na luta contra a tuberculose em todo o mundo.

Portanto, a vacina BCG é uma das muitas vacinas essenciais para proteger a saúde das crianças e prevenir doenças graves, incluindo a tuberculose. O compromisso contínuo com a vacinação é fundamental para garantir um futuro saudável para as gerações mais jovens (BLOCK; SILVA, 2021; PEREIRA et. al., 2007).

3.3 Benefícios da alta taxa de cobertura vacinal 

A alta taxa de cobertura vacinal é um elemento essencial para a promoção da saúde pública e é respaldada por diversos estudos e especialistas na área. A vacinação desempenha um papel fundamental na prevenção de doenças, e seus benefícios vão além da proteção individual, impactando positivamente a sociedade como um todo. Neste contexto, vários autores têm contribuído para elucidar a importância desse tema.

Segundo Gadelha et. al. (2020), o acesso a vacinas no Brasil é um componente crítico da dinâmica global do Complexo Econômico-Industrial da Saúde. A alta taxa de cobertura vacinal assegura que a população esteja protegida contra doenças evitáveis por vacinação, o que, por sua vez, reduz a carga sobre o sistema de saúde e os gastos públicos. 

De acordo com as considerações de Gadelha (2022), há uma necessidade de avanço na estratégia nacional de vincular produção local, além da necessidade de capacitar para a utilização de tecnológica e de inovação das produções e utilizações das vacinas, afim de colaborar e favorecer ao acesso universal à saúde no país.

Tais considerações, se dão pela necessidade de aprimorar mecanismos para aumenta a cobertura vacinal no país, onde, através de novos meios e estratégias, é possível uma crescente cobertura vacinal. 

A vacina BCG, em particular, é um importante meio de controle da tuberculose, conforme destacado por Modesto (2022). A alta cobertura vacinal com a BCG é crucial para prevenir a disseminação da doença e proteger especialmente crianças e grupos de risco. 

Um ponto preocupante é que, desde 2018, nenhuma das metas do calendário infantil de imunização foi alcançada no país (BRASIL, 2023). Em 2018, as últimas metas atingidas foram de 99,72% do público-alvo para a vacina BCG e 91,33% para a vacina contra o rotavírus humano. Ambas as metas têm como objetivo superar os

90%, mas isso não foi alcançado em 2019, embora tenham permanecido acima dos 80%. Até outubro de 2020, a taxa de imunização para a BCG atingiu 63,88%, enquanto a vacina contra o rotavírus chegou a 68,46% (BRASIL, 2023).

É notável que a maior cobertura vacinal até outubro de 2020 foi observada na vacina Pneumocócica, com 71,98%, e no ano seguinte, em 2021, essa mesma vacina alcançou 88,59% do público-alvo (BRASIL, 2023). No entanto, preocupante é o fato de que metade das 15 vacinas do calendário infantil não atingiu as metas desde 2015, incluindo a vacina contra a poliomielite (BRASIL, 2023).

A queda nas taxas de cobertura vacinal é motivo de preocupação, pois coloca em risco a saúde das crianças e a população em geral. A vacinação é uma das medidas mais eficazes para prevenir doenças e suas complicações, além de contribuir para a imunidade coletiva. É fundamental que sejam implementadas estratégias para aumentar a conscientização sobre a importância da vacinação e para garantir o acesso fácil e equitativo às vacinas em todo o país (GADELHA et. al., 2020; MODESTO, 2022; MOURA et. al., 2021; PEREIRA et al., 2007; DO NASCIMENTO et. al., 2021). O compromisso com a vacinação é essencial para garantir um futuro mais saudável para a população brasileira.

3.4 Desafios na cobertura vacinal da BCG 

A cobertura vacinal da BCG enfrenta diversos desafios que impactam sua efetividade e abrangência, como evidenciado em estudos e análises (SÁNCHEZ BARRAGÁN et al., 2020; SANTOS et. al., 2020). Alguns desses desafios são:

  1. Baixa conscientização: A falta de informações adequadas sobre a importância da vacina BCG e seus benefícios pode levar a uma baixa procura por parte dos pais e responsáveis, resultando em baixas taxas de cobertura (SANTOS et. al., 2020).
  2. Acesso limitado: Em áreas remotas ou desfavorecidas, o acesso a serviços de saúde e, consequentemente, à vacina BCG, pode ser limitado. Isso ocorre devido a barreiras geográficas, infraestrutura precária e falta de profissionais de saúde (BRASIL, 2023).
  3. Desigualdades regionais: O Brasil é um país vasto, com desigualdades regionais significativas. Alguns estados e municípios podem enfrentar mais desafios na distribuição e administração de vacinas, o que pode resultar em disparidades na cobertura vacinal (BRASIL, 2023).
  4. Migração e populações vulneráveis: Migrações internas e deslocamentos populacionais podem dificultar o acompanhamento das doses da vacina BCG, especialmente em comunidades vulneráveis, como populações indígenas ou pessoas em situação de rua (SÁNCHEZ BARRAGÁN et. al., 2020).
  5. Dificuldades logísticas: Manter a cadeia de frio para armazenar e transportar a BCG pode ser desafiador, especialmente em regiões com infraestrutura deficiente. A falta de refrigeração adequada pode comprometer a qualidade das vacinas (BRASIL, 2023).
  6. Hesitação vacinal: A hesitação vacinal, influenciada por crenças culturais, desconfiança em relação às vacinas e desinformação, pode levar à recusa da vacina BCG por parte de algumas famílias (SANTOS et. al., 2020).
  7. Condições de saúde subjacentes: Bebês com condições de saúde subjacentes, como prematuridade ou baixo peso ao nascer, podem enfrentar restrições à administração da BCG, o que pode afetar a cobertura vacinal (BRASIL, 2023).
  8. Pandemia de COVID-19: A pandemia de COVID-19 trouxe desafios adicionais à cobertura vacinal, incluindo interrupções nos serviços de saúde, medo de visitar unidades de saúde e redirecionamento de recursos para a resposta à pandemia, afetando a disponibilidade da vacina BCG (SÁNCHEZ BARRAGÁN et. al., 2020).

Para superar esses desafios e garantir uma alta taxa de cobertura vacinal da BCG, é essencial um esforço conjunto que envolva políticas de conscientização, melhorias na infraestrutura de saúde, estratégias adaptadas a diferentes contextos regionais e um sistema de saúde resiliente (BRASIL, 2023). Além disso, a comunicação eficaz sobre os benefícios das vacinas e a importância da imunização desempenha um papel fundamental na superação desses obstáculos (SANTOS et. al., 2020).

O Plano de Reconquista das Altas Coberturas Vacinais, lançado em parceria pelo Ministério da Saúde e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), surge como uma resposta estratégica para enfrentar os desafios na cobertura vacinal, como discutido anteriormente (SÁNCHEZ BARRAGÁN et. al., 2020; SANTOS et. al., 2020; BRASIL, 2023). Essa iniciativa tem como objetivo revitalizar a tradição de atualização da caderneta de vacinação por parte dos brasileiros, tornando-a novamente parte da rotina da população.

Os eixos temáticos delineados pelo protocolo de intenções abrangem uma rede de colaboração interinstitucional ampla e diversificada. Isso envolve atores dos setores governamental, não governamental e privado e aborda diversos aspectos, desde o fortalecimento das redes de vacinação e gestão dos serviços até a integração de sistemas informatizados, educação, comunicação e enfrentamento das fake news. Dessa forma, a iniciativa visa superar os desafios que têm afetado as coberturas vacinais e promover a imunização como um ato de amor, responsabilidade e proteção à saúde, como destacado pelo secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros, no evento de lançamento (MODESTO, 2022; MOURA et. al., 2021).

Com essas estratégias e colaborações interinstitucionais, espera-se que o Brasil possa retomar altas coberturas vacinais, fortalecendo seu patrimônio de programas de imunizações reconhecidos internacionalmente (GADELHA et. al., 2020).

4 CONCLUSÕES  

Neste estudo, exploramos a preocupante queda nas coberturas vacinais no Brasil, destacando a importância de enfrentar esse desafio de saúde pública. A análise das ações recentes do Ministério da Saúde e da Fundação Oswaldo Cruz revela um esforço significativo para revitalizar a cultura de vacinação no país, promovendo a atualização da caderneta de vacinação como uma prática regular da população. A assinatura do Plano de Reconquista das Altas Coberturas Vacinais marca um passo crucial nesse sentido.

As metas estabelecidas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) para aumentar as coberturas vacinais até 2025 demonstram o compromisso em proteger a população contra doenças imunopreveníveis. No entanto, enfrentamos desafios significativos, como a queda progressiva nas coberturas vacinais desde 2016, que se reflete em índices abaixo do ideal em diversas vacinas infantis.

Embora este plano seja uma iniciativa promissora, é importante reconhecer suas limitações. A expansão bem-sucedida da metodologia para todo o país exigirá recursos significativos, coordenação eficaz entre múltiplos atores e conscientização pública contínua sobre a importância da vacinação. Além disso, o contexto da pandemia da COVID-19 trouxe novos desafios e oportunidades para a imunização.

As principais contribuições deste estudo incluem a análise das estratégias propostas para enfrentar a queda nas coberturas vacinais e o destaque à importância da imunização como um ato de amor e responsabilidade coletiva. Como sugestão para estudos futuros, é fundamental monitorar de perto a implementação do Plano de Reconquista das Altas Coberturas Vacinais e avaliar seu impacto na proteção da população contra doenças evitáveis por vacinação. A promoção de uma cultura de vacinação consciente e a adaptação às mudanças nas dinâmicas de saúde pública, como evidenciado pela COVID-19, são elementos-chave para garantir o sucesso dessas iniciativas.

A conclusão desse estudo evidencia que foi possível cumprir com os objetivos estabelecidos no início do trabalho, que foram bordar desde a avaliação da situação atual da cobertura vacinal até a proposição de estratégias para melhorar a eficácia da vacinação. Os enfermeiros desempenham um papel central na administração de vacinas, na educação pública sobre a importância da imunização e no monitoramento das coberturas vacinais. Portanto, é fundamental que suas capacidades e recursos sejam adequadamente reconhecidos e aprimorados como parte integrante dos esforços para melhorar as taxas de vacinação.

Além disso, para manter a relevância deste estudo, é importante que futuras pesquisas continuem a acompanhar as inovações na área de vacinas. A pesquisa sobre novas vacinas, tecnologias de administração e estratégias de promoção da vacinação pode contribuir significativamente para o aumento das coberturas vacinais. Novos avanços científicos e descobertas relacionadas a vacinas podem abrir oportunidades para melhorar a eficácia e a aceitação das vacinas.

No entanto, é fundamental reconhecer as limitações deste estudo. A implementação bem-sucedida do Plano de Reconquista das Altas Coberturas Vacinais exigirá recursos significativos, coordenação eficaz e conscientização pública contínua. Além disso, o contexto da pandemia da COVID-19 trouxe novos desafios e oportunidades para a imunização, o que pode não ter sido completamente abordado nesta pesquisa. Portanto, é importante que futuros estudos aprofundem a análise desses desafios e oportunidades em relação à vacinação.

Pode-se concluir que, este estudo destaca a importância de cumprir metas, reconhecer o papel dos enfermeiros, acompanhar as inovações e reconhecer as limitações no esforço de enfrentar a queda nas coberturas vacinais no Brasil. A promoção de uma cultura de vacinação consciente e a adaptação às mudanças nas dinâmicas de saúde pública, são essenciais para garantir o sucesso dessas iniciativas.

REFERÊNCIAS

BARRETO, M. L.; PEREIRA, S. M.; FERREIRA, A. A. Vacina BCG: eficácia e indicações da vacinação e da revacinação. Jornal de Pediatria, v. 82, p. s45-s54, 2006.

BLOCK, M. M.; SILVA, S. E. M. Vacina BCG: uma abordagem geral. Disponível em: https://repositorio.animaeducacao.com.br/bitstream/ANIMA/18959/1/TCC%20vacina %20BCG.pdf. Acesso em: 22 de set. de 2023.

BRASIL – MINISTÉRIO DA SAÚDE. Tuberculose. Disponível em:

https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/t/tuberculose. Acesso em 22 de set. de 2023. 

CAPPONI, E. L. Implantação da vacina BCG nas maternidades do município de Porto Alegre–RS, 2019-2020. 2021. Disponível em:

/https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/238911/001141327.pdf?sequence =1&isAllowed=y. Acesso em: 22 de set. de 2023.

FARMACOPEIA, Coordenação et al. Vacina BCG PB046-00. 2019, disponível em: bibliotecadigital.anvisa.ibict.br. Acesso em: 22 de set. de 2023.

GADELHA, C. A. C. et al. Acesso a vacinas no Brasil no contexto da dinâmica global do Complexo Econômico-Industrial da Saúde. Cadernos de Saúde Pública, v. 36, 2020.

MIRANDA MOURA, P. et al. SÉRIE HISTÓRICA DA COBERTURA VACINAL DA

BCG NA REGIÃO METROPOLITANA DA BAIXADA SANTISTA DE 2010 A 2018. LEOPOLDIANUM, v. 47, n. 132, p. 12-12, 2021.

MODESTO, C. C. VACINA BCG: UM IMPORTANTE MEIO PARA CONTROLE DA TUBERCULOSE. Brazilian Journal of Case Reports, v. 2, n. Suppl. 3, p. 571-575, 2022.

MOURA, E. C. et al. Vacinação no Brasil: reflexão bioética sobre acessibilidade. Revista Bioética, v. 28, p. 752-759, 2021.

NASCIMENTO, C. B. P. et al. EVENTO ADVERSO À VACINA BCG: RELATO DE

CASO DE MASSA LOCAL ASSOCIADA À REATIVAÇÃO DA LESÃO

VACINAL. Brazilian Journal of Infectious Diseases, 2021.

PEREIRA, S. M. et al. Vacina BCG contra tuberculose: efeito protetor e políticas de vacinação. Revista de saúde pública, v. 41, p. 59-66, 2007.

PERES, K. C. et al. Vacinas no Brasil: análise histórica do registro sanitário e a disponibilização no Sistema de Saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v. 26, p. 55095522, 2021.

PERSILVA, M. A. O. et al. OS DESAFIOS DA CONSCIENTIZAÇÃO AOS PAIS QUANTO A RELEVÂNCIA DA IMUNIZAÇÃO: BCG E SABIN. REVISTA DE TRABALHOS ACADÊMICOS–UNIVERSO BELO HORIZONTE, v. 1, n. 7, 2022.

SÁNCHEZ BARRAGÁN, B. et al. Vacina BCG e indicadores de mortalidade e morbidade por COVID-19 em países com curva epidêmica consolidada. Horizonte sanitario, v. 19, n. 3, p. 415-426, 2020. SANTOS, J. G. C. et al. Tuberculose: aspectos gerais e desenvolvimento de novas vacinas. SaBios-Revista de Saúde e Biologia