O USO DE ACUPUNTURA NA PREVENÇÃO DE MARCAS DE EXPRESSÃO FACIAL: UMA REVISÃO DE LITERATURA

THE USE OF ACUPUNCTURE TO PREVENT FACIAL EXPRESSION MARKS: A LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10146727


Lorrany Xavier de Souza¹
Valéria Ferreira²


RESUMO

Envelhecer é natural, mas pode ser acelerado pela exposição ao sol, fatores genéticos, estilo de vida, tabagismo, alcoolismo ou ainda a alimentação inadequada. Independente da causa, lidar com as mudanças na pele e no corpo pode ser desafiador. A busca por procedimentos que atenuem os sintomas do envelhecimento – e em especial às rugas –  apresenta em crescimento exponencial nas últimas décadas. Considerando o impacto que a aparência facial desempenha na autoestima dos indivíduos, e a busca por procedimentos estéticos menos invasivos, é que se mostra necessária a pesquisa sobre esse tema. Sendo assim, o presente trabalho tem por objetivo apresentar uma revisão integrativa de literatura sobre a aplicação da acupuntura no tratamento de rugas faciais. A literatura evidenciou que a acupuntura estética se dá pela introdução das agulhas finas em pontos específicos da face, como objetivos específicos de desbloqueio, relaxamento ou tonificação destes pontos, em busca do equilíbrio energético entre o externo e o interno do indivíduo. O uso desta técnica na face promove o aumento da circulação na região, o aumento na produção de colágeno, restitui a viscosidade e elasticidade da pele, e consequentemente trata manchas, flacidez, acnes entre outros distúrbios faciais, logo indo muito além do tratamento de rugas a marcas de expressão, somente. 

Palavras-chave: Acupuntura; Estética; Cosmética; Facial; Rugas.

ABSTRACT

Aging is natural, but it can be accelerated by exposure to the sun, genetic factors, lifestyle, smoking, alcoholism or even the food consumed. Regardless of the cause, dealing with changes to your skin and body can be challenging. The search for procedures that alleviate the symptoms of aging – and in particular wrinkles – has grown exponentially in recent decades. Taking into account the impact that facial appearance affects individuals’ self-esteem, and the search for less invasive aesthetic procedures, is why research on this topic is necessary. Therefore, the present work aims to present an integrative review of the literature on the application of acupuncture in the treatment of facial wrinkles. The literature shows that aesthetic acupuncture is carried out by introducing fine needles into specific points on the face, with specific objectives of unblocking, relaxing or toning these points, in search of energetic balance between the external and internal aspects of the individual. The use of this technique on the face promotes increased circulation in the region, increased collagen production, restores the details and details of the skin, and consequently treats blemishes, sagging, acne and other electrical disorders, thus going far beyond treating wrinkles. to expression marks only.

Keywords: Acupuncture; Aesthetics; Cosmetics; Facial; Wrinkles.

1. INTRODUÇÃO

O ser humano, em sua essência, sempre buscou melhorias estéticas, sejam elas corporais ou faciais. Em diversas culturas, essa busca se alinhava com padrões de beleza da época, o que não difere no que se vivência atualmente. Dentro dessa perspectiva, lidar com o envelhecimento e as mudanças provenientes deste processo se torna ainda um tabu, e muitas vezes desencadeia problemas com aspectos emocionais, autoestima e consequentemente a qualidade de vida (BALASTRELLI, 2018; SANCHEZ; TURRINI, 2019).

Envelhecer é natural, mas pode ser acelerado pela exposição excessiva ao sol, fatores genéticos, estilo de vida, tabagismo, alcoolismo ou ainda a alimentação inadequada. Independente da causa, lidar com as mudanças na pele e no corpo pode ser desafiador. A pele, o maior órgão do corpo humano, é sem dúvida a área que mais evidencia os sinais do envelhecimento, já que demonstra as alterações provenientes da degeneração das fibras elásticas e colágenas, resultando na desidratação da pele, redução na elasticidade e das camadas de gordura sob a pele (BALASTRELLI, 2018; PIEREZAN et al, 2019; LEAL et al, 2023). 

Essa associação de fatores relacionados ao envelhecimento da pele provocam o surgimento de irregularidades na pele, como rugas (popularmente conhecidas como marcas de expressão), depressões e/ou relevos, agravamento de sulcos. Quanto as rugas, estas podem ser subdivididas em três grupos, sendo as rugas estáticas ou profundas (surgem com o passar do tempo), as dinâmicas ou superficiais (originárias dos movimentos repetitivos faciais), e as gravitacionais (provenientes da flacidez da pele facial) (MONTAGNANA; BERNARDES, 2017; SOUZA et al, 2023).

A busca por procedimentos que atenuem os sintomas do envelhecimento – e em especial às rugas –  apresenta em crescimento exponencial nas últimas décadas. Essa procura aumentada vem estimulando a pesquisa de tratamentos não cirúrgicos e menos invasivos na área da estética. Neste cenário, uma das intervenções possíveis é a acupuntura. Essa técnica milenar da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) consiste na aplicação de micro agulhas em pontos estratégicos, proporcionando a melhora no fluxo sanguíneo local, alivio de tensões musculares e o desbloqueio do QI (circulação de energia) (BALASTRELLI, 2018; SANCHEZ, 2020; RIBEIRO, 2021; LEAL et al, 2023).

Na acupuntura estética e do rejuvenescimento facial, os pontos de inserção das agulhas – denominados acupontos – são determinados frente a presença de maior número de terminações nervosas, a fim de desencadear reações fisiológicas, que provocam o estímulo de produção de colágeno e elastina. Se destaca no mundo da estética por ser indolor, ausente de feitos colaterais e com custo reduzido quando comparado a outras técnicas. Como ponto negativo, se destaca o fato dos resultados não serem imediatos, necessitando de números maiores de sessão (SANTOS; NASCIMENTO, 2018; PROVENCIATO; CASTRO; CARVALHO, 2019; SOUZA et al, 2023).

Considerando o impacto que a aparência facial desempenha na autoestima dos indivíduos, e a busca por procedimentos estéticos menos invasivos, é que se mostra necessária a pesquisa sobre esse tema. Sendo assim, o presente trabalho tem por objetivo apresentar uma revisão integrativa de literatura sobre a aplicação da acupuntura no tratamento de rugas faciais.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

O presente trabalho se trata de uma revisão bibliográfica integrativa de caráter descritivo. Considerando essa premissa, o levantamento bibliográfico foi realizado entre os meses de agosto e setembro de 2023, utilizando como bases de pesquisa a plataforma do Google Acadêmico, com limite temporal definido entre 2000 e 2023 (com exceção de livros e autores renomados na área), a fim de obter produções científicas completas e publicadas, referentes à temática abordada.  Foram utilizados Descritores em Ciências da Saúde (DECs) para a pesquisa, sendo eles “acupuntura”, “facial” “rugas” “tratamento” e “prevenção”.

Como critério de inclusão, foram utilizados os seguintes: publicações que se tratavam sobre o tema e publicações dentro do limite temporal estabelecido (2013-2023). Como critérios de exclusão, foram definidos os seguintes: Publicações realizadas por fontes não fidedignas e com acesso restrito ou parcial. 

A partir das buscas realizadas, e destes critérios foram pré-selecionados 52 trabalhos, que passaram por uma prévia leitura do título e resumo. Posteriormente, através de uma leitura exploratória de todos os trabalhos, foram selecionados 18 trabalhos para a produção deste artigo, considerando que estes contribuiriam de maneira relevante para a revisão de literatura. 

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As 18 publicações selecionadas durante o processo de pesquisa (artigos, monografias, teses e livros), para embasar teoricamente a presente revisão de literatura estão dispostas no Quadro 1, a seguir: 

Quadro 1: Publicações selecionadas para a revisão de literatura. 

Nº do estudoTítuloAutor / anoNº do estudoTítuloAutor / ano
1Recursos Estéticos utilizados no tratamento do envelhecimento facial.Balastrelli (2018)10Acupuntura aplicada à estética facial para redução de rugas de expressão: ensaio clínico.Sanchez(2020)
2Acupuncture and facial rejuvenationBarrett (2005)11Elaboração e validação de um protocolo de acupuntura para rugas faciais.Sanchez;Turrini(2019)
3Terapias alternativas em estéticaBarroco; Tombi (2018)12Procedimentos estéticos realizados pelo enfermeiro: uma revisão da literatura.Santos (2021)
4Estética facial: acupuntura no tratamento de rugas.Cruz; Pereira (2018)13Acupuntura como tratamento do rejuvenescimento facial: uma revisão literária.Santos;Nascimento;Brito(2018)
5Aplicação da acupuntura estética e da ventosaterapia no tratamento de rugas estáticas faciais.Leal et al (2023)14Acupuncture for cosmetic use: a systematic review of prospective studies.Shin; Lim(2018)
6A acupuntura como abordagem terapêutica no envelhecimento facial.Montagnana;Bernardes (2017)15Estética facial: a eficácia da acupuntura no tratamento de rugas – revisão bibliográficaSilva; Souza; Pereira (2008)
7Acupuntura e a minimização de rugas faciais: uma revisão bibliográfica.Pierezan et al (2019)16Utilização da acupuntura estética e ventosaterapia no tratamento de rugas dinâmicas faciais.Souza et al.(2023)
8A eficácia da acupuntura no tratamento de rugas: revisão bibliográfica a partir de relatos clínicos.Provenciato;Castro;Carvalho (2019)17Acupuntura na estética: uma revisão de literatura sobre os benefícios e aplicações.  Vieira; Silva; Valente (2021)
9A eficácia da acupuntura no tratamento e prevenção de rugas: revisão bibliográfica.Ribeiro (2021)18Effect of facial cosmetic acupuncture on facial elasticity: An open-label, single-arm pilot study. Yun et al (2013)

Fonte: Autoria Própria.

3.1. Ponderações sobre as rugas e o processo de envelhecimento da pele

A pele é descrita como o maior órgão do corpo humano, representando cerca de 12% do peso seco do corpo. Possui como premissa a proteção dos sistemas internos. É um órgão complexo, e se subdivide em três camadas distintas e com funções específicas, sendo elas a epiderme, derme e a hipoderme (MONTAGNANA; BERNARDES, 2017; SANCHEZ; TURRINI, 2019; LEAL et al, 2023).

A epiderme é a camada mais externa da pele ausente de circulação sanguínea e linfática, onde há a produção e o acumulo da queratina, sendo capaz de sintetizar a melanina e proteger contra raios UV. A derme é a camada intermediária, vascularizada, caracterizada por ser mais resistente e possuir maior elasticidade, devido a sua produção de substancias como colágeno e elastina. A hipoderme por sua vez une a derme com a fáscia dos músculos, e tem como funções o isolamento térmico corporal e a absorção de impactos e choques mecânicos (BALASTRELLI, 2018; SANTOS; NASCIMENTO; BRITO, 2018; VIEIRA; SILVA; VALENTE, 2021).

Por ser uma camada externa, exposta a diversos fatores (ambientais e cronológicos, principalmente) a pele sofre diretamente os impactos das mudanças provocadas pelo processo de envelhecimento. Este processo é natural, dinâmico e progressivo, que ocorre desde o momento do nascimento de um indivíduo. Os sinais na pele surgem, entretanto, a partir da terceira década de vida, podendo adiantar frente aos cuidados e exposições diárias (MONTAGNANA; BERNARDES, 2017; SHIN; LIM, 2018; LEAL et al, 2023).

Envelhecer provoca modificações morfológicas, fisiológicas, bioquímicas, psicológicas e funcionais, afetando os tecidos do corpo de maneira geral. A pele possui um envelhecimento desarmônico, diferente de outros órgãos. Isso se justifica devido a diversos fatores que afetam tanto a velocidade quando a profundidade dos danos às estruturas da pele. Esses fatores podem ser subdivididos em dois grandes grupos: intrínsecos e extrínsecos (BALASTRELLI, 2018; PIEREZAN et al, 2019)

Os fatores intrínsecos, também denominados de fatores verdadeiros ou cronológicos, se relacionam com o tempo de vida do indivíduo e a genética, sendo, portanto, inevitáveis. Já os fatores extrínsecos se caracterizam pelo processo de envelhecimento acelerado pela exposição e influencia ao meio ambiente, como por exemplo a exposição excessiva a raios ultravioletas, poluição, contato com agentes patológicos e desenvolvimento de doenças de pele. Entretanto, existem outros fatores que possuem relação direta com o processo de envelhecimento, como o estilo de vida (consumo de álcool, hábito de fumar), alimentação e condições emocionais.  (SHIN; LIM, 2018; LEAL et al, 2023).

Com o passar dos anos e os fatores os quais a pele é exposta, ocorre o envelhecimento da derme e da hipoderme, sendo a principal característica desse processo a redução na espessura (volumes) destas camadas. Associado a isso, ocorre a redução na produção de colágeno, de elastina e de melanócitos. Em meio a esse processo evidencia-se ainda a degeneração das fibras elásticas e a redução de oxigenação, trazendo como consequência a desidratação das camas da pele, facilitando o desenvolvimento de rugas, depressões e relevos faciais e flacidez (SILVA; SOUZA; PEREIRA, 2008; BARROCO; TOMBI, 2018; CRUZ; PEREIRA, 2018; SANCHEZ, 2020).

Quanto as consequências do envelhecimento da pele facial, as rugas se apresentam como as maiores vilãs quanto a autoestima e bem-estar dos indivíduos. Apesar disso, são consequências inevitáveis do processo de envelhecer. Quanto a sua profundidade, podem ser classificadas em profundas (provenientes de alterações nas camadas inferiores, e que não sofrem alterações quando a pele é esticada) ou superficiais (geralmente com surgimento mais recente e que reduzem ou somem quando a pele é esticada). (BALASTRELLI, 2018; PIEREZAN et al, 2019; SANCHEZ; TURRINI, 2019; SANTOS, 2021).

Quanto a sua origem, as rugas podem ser divididas em estáticas, dinâmicas ou gravitacionais. As rugas estáticas são decorrentes do tempo, idade, cronologia e hereditariedade; as rugas dinâmicas surgem a partir do movimento repetitivo dos músculos faciais; e as rugas gravitacionais se originam com o desenvolvimento da flacidez e modificações na estrutura da pele facial (YUN et al, 2013; SANCHEZ, 2020; SOUZA et al, 2023).

Existe ainda uma outra classificação das rugas, que trata por graus as características e especificidades de cada tipo, sendo elas as rugas de Grau I (não possuem alterações dermoepidérmicas, provenientes da contração muscular); de Grau II ( possuem alterações dermoepidérmicas, mas possuem contornos finos ou pequenas ondulações);  e de Grau  III (caracterizada por alterações dermoepidérmicas e subcutâneas, sendo evidentes a presença de dobras e pregas com contornos bem definidos) (BARROCO; TOMBI, 2018; PROVENCIATO; CASTRO; CARVALHO, 2019; SANTOS, 2021).

Independente do grau, origem ou local da face que as rugas e linhas de expressões surgem, desenvolve-se nos indivíduos o desejo de mitigar o processo de envelhecimento e preservar a aparência jovem por mais tempo. Os tratamentos desses sinais do envelhecimento possuem como objetivo básico harmonizar os músculos da face, estimular a produção de colágeno, suavizar as rugas e aumentar a elasticidade. Tratar esses sintomas vai muito além do teor puramente estético, mas engloba a melhora da autoestima e da qualidade de vida (SILVA; SOUZA; PEREIRA, 2008; CRUZ; PEREIRA, 2018; PIEREZAN et al, 2019)

3.2. Origem da acupuntura e suas aplicações

A acupuntura, pode ser definida como uma técnica terapêutica da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) que tem o objetivo de manter ou restaurar a saúde um indivíduo a partir da aplicação de micro agulhas em pontos estratégicos no corpo. A sua origem não é exata, mas estima-se que essa técnica possua mais de quatro mil e quinhentos anos (PIEREZAN et al, 2019; SOUZA et al, 2023).

No Brasil, essa técnica foi introduzida pelos imigrantes chineses (em meados de 1800), e foi reconhecida como profissão no ano de 1977. No ano de 1955, foi reconhecida como uma especialidade médica, pelo Conselho Federal de Medicina, já que muitos estudos comprovaram os efeitos positivos para a fisiologia humana, associada ou não a técnicas da ciência moderna (PROVENCIATO; CASTRO; CARVALHO, 2019; RIBEIRO, 2021).

Mesmo sendo uma prática tão antiga, vem sendo cada vez mais procurada para prevenir ou tratar doenças do século XXI, apresentado excelentes resultados a médio e longo prazo. Se trata de uma terapia reflexa, que visa provocar estímulos na pele por meio da inserção das agulhas (filiformes metálicas) em pontos específicos conhecidos por acupontos, que são determinantes para direcionar e harmonizar as energias do corpo (BARRETT, 2005; BARROCO; TOMBI, 2018; RIBEIRO, 2021).

Os acupontos são pequenas regiões distribuídas ao longo da superfície do corpo, que ao serem estimuladas desencadeiam reações na parte fisiológica do indivíduo.  Nesta técnica, adota-se a teoria de que o organismo como um todo, de modo original, está sob influencias de energias Yin (negativas) e Yang (positivas), que são fatores trabalhados durante a aplicação da acupuntura, com o objetivo de restabelecer esse equilíbrio, afetados por diversos motivos, físicos ou emocionais (SANCHEZ; TURRINI, 2019; SANTOS, 2021; VIEIRA; SILVA; VALENTE, 2021).

O princípio básico que rege a MTC e da acupuntura é que cada para cada distúrbio ou doença que surge no corpo, existem um ou mais pontos que podem ser estimulados como forma de tratamento, através da liberação das substancias ao realizar o procedimento, que como consequência promove o aumento da circulação, da movimentação e do fortalecimento da energia humana, como descreve as origens da MTC, que resulta na prevenção ou na cessação de uma doença ou desconforto (MONTAGNANA; BERNARDES, 2017; BARROCO; TOMBI, 2018; CRUZ; PEREIRA, 2018).

Considerando a abrangência dessa técnica, podem ser listadas diversas aplicações. Apresenta grandes benefícios em tratamento de dores crônicas musculoesqueléticas, cefaleias, enxaquecas, artrite e artrose, sequelas de acidente vascular cerebral, doenças do trato respiratório (sinusite, rinite e asma) e cicatrização de ferimentos. Além da parte física dos indivíduos, a acupuntura mostra evidencias do seu benefício em casos de depressão, ansiedade, estresse e insônia (BARRETT, 2005; RIBEIRO, 2021; VIEIRA; SILVA; VALENTE, 2021).

3.3. Acupuntura como tratamento não convencional para rugas

No tratamento convencional para os sinais do processo de envelhecimento, muitas vezes são utilizadas abordagens invasivas e que requerem grande tempo de recuperação e cuidados extremos. A busca por procedimentos menos invasivos vêm ganhando destaque (BALASTRELLI, 2018; SANCHEZ; TURRINI, 2019; SANTOS, 2021).

Entre eles, a acupuntura cosmética facial (ou estética facial) vem sendo amplamente utilizada como uma intervenção possível para promover o rejuvenescimento da pele, em especial das áreas da cabeça, rosto e pescoço. Apesar de todo o percurso e tempo de existência da acupuntura, essa técnica voltada para a estética é relativamente nova, e vêm sendo estudada e aplicada somente desde o século 20 (YUN et al, 2013; SHIN; LIM, 2018).

Em relação a face, a aplicação da acupuntura se relacionada com a descoberta dos desequilíbrios que geram o aparecimento das rugas, sulcos, redução na elasticidade e outros sintomas do envelhecer. De maneira geral, dentro dos conceitos da MTC, a acupuntura estética possui como premissa reestabelecer o equilíbrio energético no organismo do indivíduo, focando em acupontos que permitam o processo de renovação celular e consequentemente o aumento da elasticidade da pele (BARRETT, 2005; PIEREZAN et al, 2019; LEAL et al, 2023).

Este processo se dá por técnicas que buscam equilibrar o qi, os órgãos internos Zang Fu, melhorar o fluxo sanguíneo e aumentar os tônus ​​​​muscular. A base dessa área é a mesma da acupuntura tradicional, que considera o organismo dependente de energias Yin (negativas) e Yang (positivas), e que o seu desequilíbrio desencadeia as doenças e desordens no organismo, se aplicando também à pele (SILVA; SOUZA; PEREIRA, 2008; YUN et al, 2013; CRUZ; PEREIRA, 2018; VIEIRA; SILVA; VALENTE, 2021).

A introdução das agulhas finas em pontos específicos da face (conforme figura 1), portanto, busca equilibrar e potencializar a energia corporal como um todo. Sendo assim, o tratamento engloba corrigir os equilíbrios interiores e exteriores, considerando que um afeta diretamente o outro, considerando as abordagens preventivas e curativas (SANTOS; NASCIMENTO; BRITO, 2018; SANTOS, 2021; SOUZA et al, 2023).

Figura 1: Acupontos Faciais.

Fonte: Ribeiro (2021).

Na MTC, as rugas se originam a partir de sobrecargas provenientes de sofrimentos de cunhos psicológicos associados ao excesso ou redução do uso de determinados grupamentos musculares da face, se relaciona com os órgãos e vísceras de maneira direta, onde por exemplo as olheiras se associam com distúrbios renais, linhas próximas aos lábios se relacionam com ovário e útero, a redução do tônus muscular e a perda de elasticidade se associam ao fígado, ao baço e pâncreas  (SILVA; SOUZA; PEREIRA, 2008; CRUZ; PEREIRA, 2018; RIBEIRO, 2021).

A acupuntura estética abrange não somente o tratamento das rugas, marcas de expressão acnes e outras afecções de pele, mas identifica e trata as desarmonias internas responsáveis por tais problemas.  Considerando tais perspectivas, é fundamental que para dar início ao tratamento, seja realizada uma anamnese do paciente, a fim de identificar a sua necessidade, o diagnostico energético, o seu objetivo e o tempo que dispõe para o alcance dos resultados desejados.  Nesta anamnese é imprescindível que se identifique a etiologia do agravo, para que a causa também seja tratada. Esse primeiro momento deve ser associado a orientações importantes para o sucesso do tratamento, como a ingestão de água, a adoção de hábitos alimentares saudáveis, a exposição consciente ao sol e controle emocional (BARRETT, 2005; YUN et al, 2013; BARROCO; TOMBI, 2018).

Considerando as informações obtidas, são estabelecidos o melhor método e o melhor acesso aos pontos locais e sistêmicos, um número específico de sessões, e também é avaliada a necessidade de se associar com outras técnicas não invasivas, para a potencialização do resultado esperado, como exercícios locais, o uso de cremes cosméticos, eletroterapia, ventosaterapia, entre outros (BARROCO; TOMBI, 2018; CRUZ; PEREIRA, 2018;).

De maneira geral a acupuntura na face precisa levar em consideração a atuação dos músculos agonistas (que executam os movimentos) e antagonistas (ação oposta). É importante sempre sedar o músculo agonista, para que seja tonificado o antagonista, promovendo um equilíbrio entre aqueles que se contraem demais (gerando dobras e marcas na pele) e aqueles com pouca movimentação (causando flacidez). Somente assim, é possível obter uma maior harmonização das rugas, por exemplo (SILVA; SOUZA; PEREIRA, 2008; MONTAGNANA; BERNARDES, 2017; RIBEIRO, 2021).

A aplicação desta técnica da MTC pode produzir dois tipos distintos de reações no organismo do indivíduo. A primeira se associa a reação da aplicação das agulhas de maneira local, a qual desencadeia uma série de reações fisiológicas, onde o corpo entende a perfuração com uma espécie de agressão e estimula no local a elastina e o colágeno para recuperação da área. Já a segunda reação se associa a mudanças provocadas nos órgãos e vísceras (Zang Fu) com a aplicação dos acupontos associados na face (BARRETT, 2005; CRUZ; PEREIRA, 2018; RIBEIRO, 2021).

Essas reações podem tratar ou prevenir uma série de doenças, bem como atua de maneira eficaz em tratamento estéticos faciais, atenuando rugas, flacidez, marcas de expressão, melhorando a qualidade e textura da pele. Autores relatam que a aplicação desta técnica promove um lifting natural da face, de maneira progressiva, e de acordo com o número de sessões (SHIN; LIM, 2018; VIEIRA; SILVA; VALENTE, 2021)

A acupuntura como estética facial não trata somente das rugas, mas também apresenta resultados positivos em outras doenças, como melasmas, acnes, vitiligo e olheiras. Além disso, essa técnica promove de maneira associada a redução do estresse e da ansiedade, contribuindo para a prevenção de novos problemas relacionados a pele e ao processo de envelhecimento (YUN et al, 2013; MONTAGNANA; BERNARDES, 2017; RIBEIRO, 2021).

Apesar de ser um procedimento não-invasivo, e assim precisar de mais tempo para mostrar seus resultados, a acupuntura no tratamento das rugas e marcas de expressão apresenta diversas vantagens, entre as quais não precisar de tempo para a recuperação, não possuir efeitos colaterais, e ter o custo acessível. Além disso, não se restringe aos efeitos puramente estéticos, abrangendo as origens sistêmicas dos sintomas apresentados. (BARROCO; TOMBI, 2018; CRUZ; PEREIRA, 2018).

4. CONCLUSÃO

A literatura evidenciou que a acupuntura estética se dá pela introdução das agulhas finas em pontos específicos da face, como objetivos específicos de desbloqueio, relaxamento ou tonificação destes pontos, em busca do equilíbrio energético entre o externo e o interno do indivíduo, já que a MTC considera que o surgimento de rugas e marcas de expressão faciais são provenientes de sobrecargas de energia vital, causadas pelo processo de envelhecimento, hábitos de vida e emoções.  

O uso desta técnica na face promove o aumento da circulação na região, o aumento na produção de colágeno, restitui a viscosidade e elasticidade da pele, e consequentemente trata manchas, flacidez, acnes entre outros distúrbios faciais, logo indo muito além do tratamento de rugas a marcas de expressão, somente. 

Além do evidenciado quanto aos benefícios à pele, a acupuntura estética, por trabalhar também a relação dos órgãos e vísceras com os acupontos faciais, pode promover melhorar significativas no que tange a saúde física, mental e emocional do paciente. Sendo assim, estimula os processos naturais frente ao crescimento e reprodução celular, diminuindo os sintomas estéticos do envelhecimento. 

Nesse contexto, os autores pesquisados afirmam que a acupuntura se apresenta como uma excelente alternativa para a prevenção e tratamento de cunho facial e estético. Entretanto, se faz necessário a realização de estudos e trabalhos de campo direcionados, com o objetivo de avaliar os benefícios a médio e longo prazo da acupuntura estética, evidenciando os efeitos preventivos e curativos desta técnica, e direcionando os profissionais que pretendem oferecer esse tipo de procedimento não tradicional.  

REFERÊNCIAS

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Lorrany Xavier de Souza¹
Graduanda em Biomedicina
Instituição: Centro Universitário São Lucas de Ji-Paraná
Endereço: Av. Eng. Manfredo Barata Almeida da Fonseca, Jardim Aurélio Bernardi, Ji-Paraná – RO, CEP: 76907-524.
E-mail: lor-xavier123@hotmail.com.

Valéria Ferreira² 
Professora Especialista Graduada em Biomedicina
nstituição: Centro Universitário São Lucas de Ji-Paraná
Endereço: Av. Eng. Manfredo Barata Almeida da Fonseca, Jardim Aurélio Bernardi, Ji-Paraná – RO, CEP: 76907-524.
E-mail: valeriaferreirabiomed@gmail.com