Tratamento Endodôntico em Canino Inferior Birradicular: Relato de Caso Clínico

Endodontic Treatment in Biradicular Lower Canine: Clinical Case Report

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10144586


Savilla Cristina alves lima1
Ayra carollinny lima Sindeaux2
Orientadora Patrícia Arantes e Silva3


Paciente do sexo feminino, parda, 47 anos de idade, foi encaminhada para clínica odontológica do UNITPAC. Após a anamnese e testes de sensibilidade pulpar (TVP), mostrou que o dente 43 apresentou uma resposta positiva exacerbada e declínio lento. Após o relato de sintomatologia da paciente a hipótese de diagnóstico pulpar foi pulpite irreversível. As radiografias revelaram que o dente 43 apresentava duas raízes. Diante ao diagnóstico, a paciente foi submetida ao tratamento endodôntico. Este relato de caso é relevante pois retrata a importância do cirurgião dentista ter domínio sobre anatomia dental e suas possíveis variações. Para isso, a importância de realizar uma anamnese minuciosa juntamente com exame clínico e radiográfico, obtendo um correto diagnóstico e sucesso no tratamento endodôntico.

Palavras-chaves: Anatomia dental. Birradicular. Canino. Endodontia. Obturação.

Female patient, mixed race, 47 years old, was referred to the UNITPAC dental clinic. After anamnesis and pulp sensitivity tests (TVP), it showed that tooth 43 showed an exacerbated positive response and slow decline. After reporting the patient’s symptoms, the pulp diagnosis hypothesis was irreversible pulpitis. X-rays revealed that tooth 43 had two roots. Given the diagnosis, the patient underwent endodontic treatment. This case report is relevant because it portrays the importance of the dental surgeon having knowledge of dental anatomy and its possible variations. To achieve this, it is important to carry out a thorough anamnesis together with a clinical and radiographic examination, obtaining a correct diagnosis and successful endodontic treatment.

Keywords: Biradicular. Canine. Dental anatomy Endodontics. Obturation

1.INTRODUÇÃO

O canino inferior geralmente apresenta-se de raiz única com um único conduto radicular, porém, pode acontecer dele obter uma raiz com dois canais – reportado em apenas 15% dos casos; e mais raramente ainda, duas raízes (Victorino et al., 2009).

É de suma importância o conhecimento adquirido pelo cirurgião-dentista à respeito da anatomia radicular e a consciência das inúmeras variações anatômicas que um dente pode apresentar, sabendo as maiores incidências. Ao realizar um tratamento endodôntico o cirurgião dentista pode deparar-se com anatomias complexas que dificultarão a completa instrumentação e desinfecção dos canais radiculares e, conhecendo-as, o profissional estará melhor preparado para enfrentá-las e realizar um tratamento adequado com excelência (VERSIANI et al., 2011).

Ao deparar-se com uma complexidade no tratamento, o profissional pode solicitar outros exames que estão disponíveis atualmente, como a tomografia computadorizada ou realizar o exame clínico com o auxílio do microscópio clínico. Ambos recursos possibilitam um melhor reconhecimento e visualização da forma radicular e número de canais em um dente, tornando mais eficaz a capacidade de tratá-los corretamente (SCHWARZE, BAETHGE, STECHER, GEURTSEN, 2002; STROPKO, 1990). Radiografias em angulações diferentes fornecem muitas informações necessárias sobre a morfologia do canal. A avaliação cuidadosa de duas ou mais radiografias periapicais é essencial (VERTUCCI et al.,2005).

 2. CASO CLÍNICO

Paciente R.M.G.N, 47 anos de idade, sexo feminino, procurou a clínica odontológica do

UNITPAC, relatando estar sentindo dor no dente 43, que ao examinar, o mesmo se encontrava cariado e fraturado. Durante a anamnese, a paciente relatou que seu dente estava sensível, que sentia dor ao beber água gelada e sensível na mastigação. Após a coleta de dados subjetivos, concluiu-se que se tratava de uma sensibilidade localizada, espontânea, longa, contínua e severa, características de uma pulpite irreversível. Durante o teste de sensibilidade pulpar, respondeu de maneira exarcebada para frio, respondeu positivo aos testes de palpação, percussão horizontal e vertical e ausente para palpação periapical. Ao examinar a radiografia, nota-se a presença de dois canais, canal vestibular e lingual (imagem 1).

Imagem 1: radiografia inicial mostrando a presença de dois canais.

Após anestesia do bloqueio do nervo alveolar inferior e complementares, foi realizada a abertura coronária com brocas diamantadas esféricas nº 1012 e 1013, sob isolamento absoluto. Foi realizado o esvaziamento com limas especiais, no CDR -3mm, sendo estabelecido o CRT(comprimento real de trabalho) em 25mm, o preparo químico mecânico, realizado pela técnica escalonada, onde a lima memória no canal vestibular foi a K-flexofile nº40 e no lingual foi a lima K-flexofile nº45, lima final K-flexofile nº55 e K-flexofile nº60, sempre irrigando os condutos com solução de hipoclorito de sódio á 1%, a cada troca de lima.

Imagem 2: odontometria, CRT= 25mm

Após o preparo químico mecânico, os condutos foram preenchidos com medicação intracanal pasta de hidróxido de cálcio com PMCC(Calen PMCC), com permanência de 15 dias(imagem 3). Após os 15 dias de mdedicação a paciente retornou para o procedimento de obturação. A medicação foi removida com irrigação e aspiração da solução de hipoclorito de sódio à 1% e foi realizado o PQM novamente, após os condutos serem inundados com E.D.T.A. por 3 a 5 minutos para remoção da lâmina dentinária, foi realizado a remoção do E.D.T.A. com solução de hipoclorito de sódio à 1%, secagem dos condutos com papéis absorventes e início da obturação.

Imagem 3: medicação intracanal.

Os canais radiculares foram obturados com cones de guta-percha principais nº40 e nº45 no canal vestibular e lingual, respectivamente e acessórios xf, pela técnica de condensação lateral vertical clássica, com auxílio de espaçadores a cada inserção de cone,  utilizando o sealer 26, como cimento endodôntico obturador. A radiografia periapical final mostra a completa obturação de ambos os canais, respeitando o comprimento real de trabalho (imagem 4). 

Imagem 4: radiografia final.

3. CONCLUSÃO

Para realizar um tratamento endodôntico é necessário que o cirurgião dentista tenha um diagnóstico correto para estabelecer o plano de tratamento para o caso. Para isso é necessário realizar uma boa anamnese, um minucioso exame clínico, como testes de sensibilidade pulpar, percussão, palpação e sondagem. Além de outros recursos tecnológicos como, radiografia, tomografia computadorizada e microscópio clínico para melhor visualização do conduto radicular e reconhecimento do número de raízes presentes.

O conhecimento do cirurgião dentista sobre as variações anatômicas que um dente pode apresentar é de suma importância, pois ao atender casos clínicos mais complexos o conhecimento do profissional lhe dará segurança para realizar um trabalho com excelência.

O cirurgião dentista deve acompanhar o caso após a finalização da obturação e ficar atento se possui ausência de sintomatologia dolorosa e alterações nos exames radiográficos para considerar um sucesso no tratamento endodôntico.

[1] OPORTO, Gonzalo H.; FUENTES, Ramón E.; SOTO, Camila C. Variaciones anatómicas radiculares y sistemas de canales. International Journal of Morphology, v. 28, n. 3, p. 945-950, 2010.

[2] ANDREI, Oana Cella; MARGARIT, Ruxandra; GHEORGHIU, Irina Maria. Endodontic treatment of a mandibular canine with two roots. Rom J Morphol Embryol, v. 52, n. 3, p. 923-6, 2011.

[3] VERSIANI, M. A.; PE´CORA, J. D.; SOUSA-NETO, M. D. The anatomy of two-rooted mandibular canines determined using micro-computed tomography. International Endodontic Journal, v. 44, p. 682–687, 2011.

[4] SCHWARZE, T.; BAETHGE, C.; STECHER, T.; GEURTSEN, W. Identification of second canals in the mesiobuccal root of maxillary first and second molars using magnifying loupes or an operating microscope. Australian Endodontic Journal. Austrália. v 28, p. 57-60, ago. 2002.

[5] VERTUCCI, F. Root canal anatomy of the human permanent teeth. Oral Surgery, Oral Medicine, Oral Pathology. v. 58, p. 589-599, 1984.

[6] LOPES, Hélio Pereira; SIQUEIRA JUNIOR, José Freitas. Endodontia: biologia e técnica. In: Endodontia: biologia e técnica. 1999. p. 650-650.

Savilla Cristina alves lima Centro Universitário Presidente Antônio Carlos – UNITPAC, Araguaína/TO, Brasil.cristinasavilla@gmail.com1
Ayra carollinny lima Sindeaux Centro Universitário Presidente Antônio Carlos – UNITPAC, Araguaína/TO, Brasil. ayracls@gmail.com2
Orientadora Patrícia Arantes e SilvaCentro Universitário Presidente Antônio Carlos – UNITPAC, Araguaína/TO, Brasil.patriciaarantes.odontologia@gmail.com3