ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS E DIAGNÓSTICOS DO CÂNCER DE COLO DE ÚTERO: REVISÃO DE LITERATURA

EPIDEMIOLOGICAL ASPECTS AND DIAGNOSIS OF CERVICAL CANCER: LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10125832


Denise Giuberti¹
Andressa Bahia Martins da Trindade¹
Amanda Zilio Moschen¹
Mariana Knop Belli¹
Maria Eduarda Simas Seide¹
George Antonios Ferreira Issa Haonat¹
Renata de Andrade Marques¹
Antonios George Issa Haonat Neto¹
Ana Paula Costa Trajano¹
Caroline Sá de Morais Aquino¹


Resumo

Introdução: O câncer de colo de útero é o terceiro tipo de câncer mais frequente entre a população feminina. O principal fator etiológico para seu desenvolvimento é a infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV). Entre os principais fatores de risco, destacam-se: múltiplos parceiros sexuais, sexarca precoce, multiparidade, tabagismo, idade e coinfecção por outras infecções sexuais. O processo evolutivo da doença é de caráter lento, podendo durar por até 20 anos. Em seus estágios iniciais, é uma doença assintomática. No entanto, em casos mais avançados, há o surgimento de alguns sintomas. O exame citológico Papanicolau é capaz de fazer diagnóstico e rastreamento da patologia, estando disponível na atenção básica. Além disso, a vacinação profilática também é um importante método de prevenção. Objetivos: o seguinte estudo visa abordar o câncer de colo de útero com foco nos aspectos epidemiológicos e diagnósticos. Metodologia: trata-se de uma revisão de literatura descritiva realizado através da coleta de dados bibliográficos dispostos em artigos detectados no Google Acadêmico, PubMed e Scielo. Além disso, também foi consultado o portal do Instituto Nacional de Câncer. Resultados e discussões: o câncer de colo de útero é a principal causa de mortalidade entre as mulheres, representando uma condição que necessita de rastreamento periódico em grupos populacionais que estão sujeitos a desenvolver a doença. Considerações finais: conclui-se que a adoção de métodos de prevenção e de rastreamento são medidas eficazes para a saúde pública, desde que alcancem com eficácia as populações que se encaixam nos grupos de risco.

Palavras-chave: Câncer. HPV. Papanicolau. Rastreio. Prevenção.

Abstract

Introduction: Cervical cancer is the third most common type of cancer among the female population. The main etiological factor for its development is infection with the Human Papillomavirus (HPV). Among the main risk factors, the following stand out: multiple sexual partners, early sexual intercourse, multiparity, smoking, age and co-infection with other sexual infections. The evolutionary process of the disease is slow and can last up to 20 years. In its initial stages, it is an asymptomatic disease. However, in more advanced cases, some symptoms appear. The Pap smear is capable of diagnosing and tracking the pathology, and is available in primary care. Furthermore, prophylactic vaccination is also an important prevention method. Objectives: the following study aims to address cervical cancer with a focus on epidemiological and diagnostic aspects. Methodology: this is a descriptive literature review carried out through the collection of bibliographic data arranged in articles detected in Google Scholar, PubMed and Scielo. In addition, the National Cancer Institute portal was also used. Results and discussions: cervical cancer is the main cause of mortality among women, representing a condition that requires periodic screening in population groups that are prone to developing the disease. Final considerations: it is concluded that the adoption of prevention and screening methods are effective measures for public health, as long as they effectively reach populations that fall into risk groups.

Keywords: Cancer. HPV. Pap smear. Tracking. Prevention.

INTRODUÇÃO


            O câncer de colo de útero é o terceiro tipo de câncer mais frequente entre a população feminina, representando um importante problema de saúde pública. O principal fator etiológico para seu desenvolvimento é a infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV), em que este apresenta dois principais tipos oncogênicos: 16 e 18. No entanto, apenas a infecção pelo HPV não é suficiente para ocasionar o câncer, visto que na maioria das vezes essa infecção é temporária e retrocede espontaneamente. Sendo assim, para o desenvolvimento do estado oncogênico, são necessários fatores correspondentes a capacidade viral, imunidade do hospedeiro e comportamento sexual. (SILVA et al, 2014)

A patologia apresenta alguns fatores de risco, os quais são em sua maioria associados a maior exposição ao HPV. Entre os principais fatores de risco, destacam-se: múltiplos parceiros sexuais, sexarca precoce, multiparidade, tabagismo, idade e coinfecção por outras infecções sexuais, como o HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) e Chlamydia trachomatis. (INCA, 2023)

A evolução do câncer de colo uterino é lenta, através de alterações progressivas do epitélio cervical uterino, que transformam seu estágio inicial benigno em um carcinoma potencialmente invasor. Todo esse processo pode perdurar por até 20 anos. Há maior prevalência da patologia em mulheres mais jovens que são sexualmente ativas. Observa-se também um segundo pico de incidência, este concentrado na faixa etária de 45 a 65 anos de idade. No entanto, normalmente a incidência do câncer de colo uterino tende a decair com o avançar da idade. (NAKAGAWA; SCHIRMER; BARBIERI, 2010)

Inicialmente, o desenvolvimento do câncer de colo de útero é de caráter assintomático, em que os sintomas aparecem em quadros mais avançados, sendo os sintomas principais a metrorragia, dor pélvica e dispareunia. (INCA, 2023)

Devido seu caráter evolutivo lento, o câncer de colo de útero apresenta capacidade de ser diagnosticado em estágios iniciais ou em suas lesões precursoras, e de ser passível de prevenção eficaz. Dessa forma, o exame habilitado a fazer diagnóstico e rastreamento é o Papanicolau, que é ofertado pelo sistema de saúde e disponível na atenção básica. (LOPES; RIBEIRO, 2019)

Além disso, outro método de prevenção eficiente contra a infecção pelo HPV é a vacinação profilática. Essas podem ser bivalentes ou quadrivalentes, que são responsáveis pela proteção contra os tipos 16 e 18; 6, 11, 16 e 18, respectivamente. O Ministério da Saúde preconiza a vacinação de meninas e meninos, sendo duas doses vacinais entre nove a quatorze anos de idade. Tal método representa uma prevenção primária eficaz, desenvolvendo altos níveis de anticorpos contra o vírus. (BORSATTO; VIDAL; ROCHA, 2011)

OBJETIVOS

  • Objetivo geral

O seguinte estudo tem o objetivo de abordar o câncer de colo de útero com foco nos aspectos epidemiológicos e diagnósticos.

  • Objetivos específicos

  • Analisar o principal grupo acometido pelo câncer de colo de útero;
  • Conhecer o agente etiológico e as principais características da doença;
  • Discorrer a respeito dos métodos diagnósticos e de rastreamento;
  • Descrever as principais ferramentas utilizadas na prevenção primária.

REVISÃO DE LITERATURA

  • Aspectos epidemiológicos


            O câncer de colo de útero apresenta como agente etiológico o Papilomavírus Humano. Ocorre em mulheres sexualmente ativas, sendo mais suscetíveis em pessoas que apresentam algum fator de risco, sendo eles: idade, sexarca precoce, multiparidade, tabagismo, múltiplos parceiros sexuais e baixa ingesta de vitaminas. Além desses fatores mencionados, a não adesão ao uso de preservativos; o calendário vacinal incompleto, em especial as vacinas contra o HPV e a utilização de contraceptivos orais hormonais também favorecem a ocorrência de infecção pelo HPV. (SILVA et al, 2014)

Em relação a idade, há maior incidência da doença em mulheres jovens, que deram início à vida sexual recentemente. Além disso, a patologia também tem grande prevalência entre as mulheres mais velhas, em especial entre os 45 aos 65 anos de idade. No entanto, percebe-se que a incidência do câncer de colo uterino tende a diminuir com avançar da idade das pacientes. Os fatores que favorecem a sua ocorrência são justos os que conferem maior suscetibilidade a contrair infecção pelo HPV, sendo necessário a adesão de medidas públicas que incentivem o uso correto de preservativos e conscientizem a respeito da importância da vacinação contra o HPV. (NAKAGAWA; SCHIRMER; BARBIERI, 2010)

  • Diagnóstico e rastreamento


            O exame citopatológico Papanicolau é a principal ferramenta utilizada para rastreamento e diagnóstico do câncer de colo de útero. Como método de rastreio, o Ministério da Saúde preconiza sua realização em mulheres sexualmente ativas, dos 25 aos 64 anos de idade. Há indicação para realização anual do exame e, após dois exames negativos consecutivos, o próximo pode ser realizado em um intervalo de três anos. (BRITO et al, 2014)

Devido ao padrão evolutivo lento da doença, a realização do exame confere alto potencial de prevenção. Além do Papanicolau, outros exames podem ser realizados como métodos de prevenção secundária, os quais objetivam o diagnóstico precoce do câncer. Entre esses exames, encontram-se a colposcopia e colpocitologia oncótica. A efetividade dos meios de prevenção depende da adoção correta dos critérios de rastreamento, incluindo todas as mulheres que se encontram no protocolo difundido pelo Ministério da Saúde, e respeitando a periodicidade dos exames. (PINHO; JÚNIOR, 2003)

No entanto, percebe-se que mulheres com baixos níveis socioeconômicos e com baixa escolaridade apresentam uma maior prevalência do câncer de colo uterino, principalmente devido ao escasso acesso a unidade de saúde e pouco conhecimento acerca da patologia. Sendo assim, é indicado a realização semestral do Papanicolau nesse grupo, além da conscientização acerca da importância do rastreamento periódico.  (SILVA et al, 2014)

Para fins diagnósticos, a partir da realização do Papanicolau, o Ministério da Saúde indica a rastreamento anual para resultados citológicos normais e de alterações benignas, para resultados de lesões com potencial de malignidade o Papanicolau tem que ser realizado no intervalo de seis meses e, em casos de lesões malignas, é indicado a realização da colposcopia e biópsia imediatamente. (BRITO et al, 2014)

METODOLOGIA


            O presente trabalho se caracteriza como revisão de literatura descritiva, o qual foi realizado através da coleta de dados bibliográficos dispostos em artigos detectados no Google Acadêmico, PubMed e Scielo. Além disso, para consolidação bibliográfica, também foi utilizado o portal do Instituto Nacional de Câncer, disponibilizado pelo Ministério da Saúde.

Nas plataformas utilizadas foram pesquisadas as palavras-chave “câncer de colo de útero”, “HPV” e “Papanicolau”. Os critérios de inclusão desfrutados foram: artigos correspondentes às palavras-chave, artigos em Inglês e Português e artigos associados ao tema proposto. Já os critérios de exclusão abrangem artigos que não apresentam associação com o tema estudado.

RESULTADOS E DISCUSSÕES


            O câncer de colo de útero é o terceiro tipo de câncer mais prevalente entre as mulheres e a principal causa de mortalidade entre as mesmas, apresentando altos índices de morbidade. Trata-se de uma patologia considerada como uma importante problemática na saúde pública. Há dois fatores principais auxiliam para a manutenção desse cenário: a cobertura do exame Papanicolau, principalmente em países em desenvolvimento e o estadiamento de casos diagnosticados. (THULER, 2008)

Tal patologia analisada representa uma condição que necessita de rastreamento periódico em grupos populacionais que estão sujeitos a desenvolver a doença, sendo necessário a realização do exame de Papanicolau desde as mulheres mais jovens até as mais velhas (64 anos), desde que tenham vida sexual ativa, como disposto pelo Ministério da Saúde. (BRITO et al, 2014)

Além disso, é de extrema importância a manutenção do calendário vacinal entre os adolescentes, incentivando a realização da vacina contra o HPV como medida de prevenção primária, pois além de evitar possíveis evoluções para o câncer, também contribui para que o indivíduo vacinado corretamente adquira imunidade ao vírus, evitando lesões pelo mesmo. (BORSATTO; VIDAL; ROCHA, 2011)

CONSIDERAÇÕES FINAIS


            A adoção de métodos de prevenção e de rastreamento quanto ao câncer de colo de útero são medidas eficazes para a saúde pública, desde que alcancem com eficácia as populações que se encaixam nos grupos de risco, principalmente as mulheres em situações de pobreza com baixos níveis de escolaridade, que apresentam pouco acesso ao sistema de saúde.

Os resultados dispostos na seguinte revisão de literatura confirmam a importância que deve ser dada ao tema, visto que o mesmo apresenta uma importante causa de mortalidade. Sendo assim, conclui-se que medidas rigorosas de conscientização da população acerca dos meios de prevenção e de rastreamento devem ser realizadas, afim de contribuir para a diminuição da patologia.

Referências


BRITO, Keila Silva et al. Integralidade no cuidado ao câncer do colo do útero: avaliação do acesso. Revista de Saúde Pública, v. 48, p. 240-248, 2014.

BORSATTO, Alessandra Zanei; VIDAL, Maria Luiza Bernardo; ROCHA, Renata Carla Nencetti Pereira. Vacina contra o HPV e a Prevenção do Câncer do Colo do Útero: Subsídios para a Prática. Revista Brasileira de Cancerologia, [S. l.], v. 57, n. 1, p. 67–74, 2011. Disponível em: https://rbc.inca.gov.br/index.php/revista/article/view/690. Acesso em: 2 nov. 2023.

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Câncer Colo de Útero. Rio de Janeiro: INCA, 2023. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/colo-do-utero. Acesso em: 02 nov, 2023.

LOPES, Viviane Aparecida Siqueira; RIBEIRO, José Mendes. Fatores limitadores e facilitadores para o controle do câncer de colo de útero: uma revisão de literatura. Ciência & Saúde Coletiva, v. 24, p. 3431-3442, 2019.

NAKAGAWA, Janete Tamani Tomiyoshi; SCHIRMER, Janine; BARBIERI, Márcia. Vírus HPV e câncer de colo de útero. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 63, p. 307-311, 2010.

PINHO, Adriana de Araujo; JUNIOR, Ivan França. Prevenção do câncer de colo do útero: um modelo teórico para analisar o acesso e a utilização do teste de Papanicolaou. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, v. 3, p. 95-112, 2003.

SILVA, Diego Salvador Muniz da et al. Rastreamento do câncer do colo do útero no Estado do Maranhão, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 19, p. 1163-1170, 2014.

THULER, Luiz Claudio Santos. Mortalidade por câncer do colo do útero no Brasil. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 30, p. 216-218, 2008.