DESIGUALDADES DE ACESSO E COBERTURA NO SISTEMA DE SAÚDE DOS ESTADOS UNIDOS: GRANDE PARCELA DA POPULAÇÃO FICA DESASSISTIDA.  

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10124679


Samuel de Souza Ferreira[1]



RESUMO

O sistema de saúde dos Estados Unidos da América é um sistema de saúde complexo, fragmentado e dinâmico. Apesar de ser centro em processos de inovação, pesquisa de novos medicamentos, tratamentos e equipamentos que revolucionam o setor da saúde, quando comparado a outros países de primeiro mundo apresenta resultados inferiores. Os EUA possuem um sistema de saúde não universal, público-privado com lacunas importantes no que tange a cobertura e acessibilidade de diversos grupos populacionais. O acesso a saúde se dá através do setor privado financiado em sua maior parcela pelos empregadores e garantido por operadoras de planos de saúde. O setor público garante o acesso de populações específicas através do Medicare focado no acesso a saúde da população idosa e Medicaid que oferece seguro médico para famílias de baixa renda e os seguros para as forças armadas (TRICARE) e Veteran Healthcare. Tem-se complementarmente o sistema filantrópico que é de grande importância, e assegura a saúde para muitas pessoas. Segundo estimativa do US Bureau of Sensus cerca de 29 milhões de pessoas não apresentavam seguro de saúde em 2019. Além da lacuna no que tange a cobertura, esse sistema fragmentado de cobertura, prejudica a longitudinalidade do cuidado e as ações de prevenção e promoção a saúde, diminuindo a eficiência do sistema e tornando um dos países com mais gastos em saúde no mundo. Esse trabalho foi feito a partir da revisão de artigos e referências bibliográficas, pesquisados usando como descritores “Sistemas de Saúde” e “Estados Unidos”.

Palavras-chave: Desigualdade. Acesso. Sistema de Saúde. Estados Unidos. Cobertura. 

ABSTRACT:

The healthcare system in the United States of America is a complex, fragmented and dynamic healthcare system. Despite being a center for innovation processes, research on new drugs, treatments and equipment that revolutionize the health sector, when compared to other first world countries, it presents inferior results. The USA has a non-Universal, public-private health system with important gaps in terms of coverage and accessibility for different population groups. Access to health is provided through the private sector, mostly funded by employers and guaranteed by health plan operators. The public sector guarantees access for specific populations through Medicare focused on access to health for the elderly population and Medicaid that offers medical insurance for low-income families and insurance for the armed forces (TRICARE) and Veteran Healthcare. Complementarily, there is the philanthropic system, which is of great importance and ensures health for many people. According to an estimate by the US Bureau of Sensus, around 29 million people did not have health insurance in 2019. In addition to the gap in coverage, this fragmented coverage system impairs the longitudinality of care and prevention and health promotion actions , decreasing the efficiency of the system and making it one of the countries with the highest expenditure on health in the world. This work was done from the review of articles and bibliographical references,

researched using the descriptors “Health Systems” and “United States”.

Keywords: Inequality. Access. Health System. United States. Roof. 

1   Introdução 

Os Estados Unidos não possuem um sistema de saúde universal como a maioria das nações desenvolvidas. Seu sistema de saúde é altamente fragmentado e com um forte envolvimento do setor privado. A participação governamental é secundária, restrita principalmente a assistência a populações específicas: idosos e pobres por meio dos programas Medicare e Medicaid. (Liberato, 2021).

É importante ressaltar que a aprovação do Affordable Care Act (ACA) na era Obama procurou aproximar os EUA dos cuidados de saúde universais, expandindo a cobertura de saúde para milhões de americanos (por exemplo, através da expansão do Medicaid, lançamento de mercados de seguros de saúde para cobertura privada), incluindo para cidadãos de todos os níveis de renda, idade, raça e etnia. (Zief, 2020).

Esse trabalho tem por Objetivo fazer uma revisão bibliográfica a cerca do sistema de saúde dos Estados Unidos da América, com ênfase na desigualdade de acesso e cobertura inadequada do mesmo. Usou-se como metodologia a busca de artigos de revisão e referências bibliográficas, usando como descritores “Sistemas de Saúde” e “Estados Unidos”.

2   Acessibilidade e cobertura do sistema de saúde norte americano

2. 1 Como funciona atualmente o sistema de Saúde Norte Americano 

  A discussão a cerca de se mudar o modelo de assistência a saúde nos EUA, já vem de longa data. Um dos fatos mais questionados se diz respeito ao dever do Governo de aprovisionar, cuidados médicos para toda população de forma universal. (Pinto, 2020)

O sistema de saúde dos Estados Unidos é o resultado de políticas implementadas em 1965 pelo presidente democrata Lyndon B. Johnson, prosseguindo com aos ideais de John F.Kennedy. Assim fora criado o Medicare – programa de saúde exclusivo para os idosos a partir dos 65 anos – e o Medicaid – prestação de atendimento médico exclusivo para a população de baixa renda, existentes até hoje. (Liberato, 2021)

Os sistemas públicos podem ser ordenados, em ordem decrescente em número de beneficiários da seguinte forma: Medicaid, Medicare e Veterans Affairs (VA). Sendo o Veterans Affairs voltado para militares já aposentados. (Pinto, 2020).

A grande maioria da população americana possui assistência à saúde através do sistema privado, o qual domina o mercado,e é garantido por operadoras de planos de saúde, conhecidas como Health Maintenance Organizations (HMO), mantido por meio de despesas próprias diretas (não seguradas) e por doações. Nota-se que o sistema filantrópico é de grande importância, e assegura a saúde para muitas pessoas. Grande parte dos planos de saúde são subsidiados pelos empregadores, assumindo o empregado uma pequena parcela deste custo. Segundo estimativa do US Bureau of Sensus cerca de 29 milhões de pessoas não apresentavam seguro de saúde em 2019 (Shi, L 2019)

Nos dias atuais os EUA possuem o sistema de saúde com maior custo do planeta. Segundo Dados do Censo de Estatísticas de Saúde (2016), gastos foram de 3 trilhões de dólares em 2014. Apesar do alto custo, não há um maior acesso aos hospitais e visitas médicas não se garantindo uma assistência à saúde notavelmente superior. (Pinto, 2020)

2. 2. Vantagens de se instituir um sistema universal de saúde nos EUA

Instituir um sistema universal de saúde nos EUA , que pode ou não incluir opções baseadas no mercado privado, ofereceria várias vantagens notáveis em comparação com sistemas exclusivos com acesso desigual a cuidados de qualidade, incluindo: enfrentar a crescente crise das doenças crónicas; mitigar os custos económicos associados à referida crise; reduzir as vastas disparidades de saúde que existem entre os diferentes segmentos da população do SES; e aumentar as oportunidades para iniciativas de saúde preventiva. (Zief, 2020).

Dado que um plano de saúde universal forçaria o governo a pagar cuidados e tratamentos dispendiosos relacionados com complicações resultantes de doenças crónicas não transmissíveis evitáveis, o governo poderia ser mais incentivado a oferecer prevenção primária do risco de doenças crónicas antes do aparecimento de complicações irreversíveis e promover esforços preventivos generalizados em múltiplos domínios sociais. (Zief, 2020).

Também vale a pena reconhecer aqui que a resposta nacional de saúde pública ao 

Coronavírus-19 é um exemplo contemporâneo impressionante de uma situação em que necessita haver uma necessidade de coordenar rapidamente vários níveis de política, cuidados e prevenção. (Zief, 2020).

3   Considerações Finais 

 O sistema de saúde dos Estados Unidos é um sistema de saúde não universal, público privado que atende populações específicas através do Madicare, Madicaid e dos planos de saúde pagos pelos empregadores e instituições filantrópicas. Essa estruturação acaba por deixar parcelas da população sem acesso a saúde.

Importante salientar que essa estruturação da saúde dificulta a longitudinalidade do cuidado, realização de ações preventivas, e a coordenação dos cuidados a saúde, aumentando os custos a saúde e não oferecendo uma saúde na sua ampla concepção para a população, que segundo a OMS é: um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades. 

4   Referências Bibliográficas

1.Liberato, CCG. (2021). O Sistema de Saúde Americano, construído como “colcha de retalhos”. Brazilian Journal of Development v.7, n.5, p. 51093-51104.

2. Pinto RMF et al (2020). O SISTEMA DE SAÚDE AMERICANO E SEUS ASPECTOS

JURÍDICOS. Revista científica intr@ciência da faculdade do Guarujá.

3.Zief G et al (2020). Universal Healthcare in the United States of America:A Healthy Debate.

Mdpi Journal

4. Shi, L. & Shingh, D. (2019). Essentials of the U.S. Healthcare System. Burlington, Massachusetts: Jones & Bartlett Learning, 5th Edition.


Samuel de Souza Ferreira[Médico pela Universidade Federal do Tocantins. Especialista em Clínica Médica pela Sociedade Brasileira de Clínica Médica. Pós Graduado em Medicina Intensiva AMIB/UniRedentor. Mestrando em Gestão de Cuidados da Saúde pela Must University. Email: drsamueldesouzaferreira@gmail.com.1