A SAÚDE MENTAL DOS PROCESSOS DA ENFERMAGEM: SINTOMAS DE SÍNDROME DE BURNOUT E SINTOMAS DE ANSIEDADE EM PROFISSIONAIS DA ENFERMAGEM, UMA REALIDADE SILENCIOSA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10116660


Frank Cardoso Nenus *¹
Tereza Gomes Do Vales *²
Samuel Reis E Silva *³


RESUMO

A pesquisa realizada teve como objetivo central identificar sintomas relacionados à Síndrome de Burnout e aos Sintomas de Ansiedade entre enfermeiros em dois hospitais públicos de Manaus. Para alcançar esse objetivo, a pesquisa definiu objetivos específicos, incluindo investigar os fatores associados aos sintomas de Burnout e Ansiedade, levantar os índices desses sintomas entre os enfermeiros das duas unidades hospitalares e verificar especificamente esses sintomas entre os profissionais de enfermagem.

A justificativa para este estudo é fundamentada na necessidade de alertar instituições sobre a importância da prevenção e detecção precoce da Síndrome de Burnout e dos Sintomas de Ansiedade em profissionais de enfermagem. Além de preservar as instituições de possíveis transtornos, a pesquisa visa melhorar a qualidade do serviço prestado aos pacientes. Utilizando uma abordagem quantitativa, o estudo combina dados das duas variáveis para analisar o contexto em que ocorrem, destacando os impactos negativos causados pela Síndrome de Burnout e pelos Sintomas de Ansiedade nos indivíduos, em suas profissões e vidas pessoais.

Este estudo busca chamar atenção para os desafios enfrentados pelos enfermeiros em ambiente hospitalar, um cenário propenso ao desenvolvimento desses sintomas. Além disso, destaca as lacunas nas medidas de prevenção e conscientiza as organizações sobre a necessidade de modificações legais no ambiente de trabalho para melhorar a qualidade de vida dos profissionais de saúde. Ao abrir esse debate sobre o desgaste físico e psicológico crônico dos trabalhadores da saúde, a pesquisa contribui significativamente para a compreensão do problema e para a busca de soluções eficazes no contexto da enfermagem hospitalar.

Palavras-chave: Síndrome de burnout, Sintomas de ansiedade, Profissionais de enfermagem, Hospitais públicos e Saúde mental.

ABSTRACT

The main objective of the research carried out was to identify symptoms related to Burnout Syndrome and Anxiety Symptoms among nurses in two public hospitals in Manaus. To achieve this objective, the research defined specific objectives, including investigating the factors associated with Burnout and Anxiety symptoms, surveying the rates of these symptoms among nurses in the two hospital units and specifically verifying these symptoms among nursing professionals.

The justification for this study is based on the need to alert institutions about the importance of prevention and early detection of Burnout Syndrome and Anxiety Symptoms in nursing professionals. In addition to preserving institutions from possible disruptions, the research aims to improve the quality of service provided to patients. Using a quantitative approach, the study combines data from the two variables to analyze the context in which they occur, highlighting the negative impacts caused by Burnout Syndrome and Anxiety Symptoms on individuals, in their professions and personal lives.

This study seeks to draw attention to the challenges faced by nurses in a hospital environment, a scenario prone to the development of these symptoms. Furthermore, it highlights gaps in prevention measures and raises awareness in organizations about the need for legal modifications in the work environment to improve the quality of life of healthcare professionals. By opening this debate on the chronic physical and psychological exhaustion of healthcare workers, the research contributes significantly to understanding the problem and to the search for effective solutions in the context of hospital nursing.

Keywords: Burnout syndrome, Anxiety symptoms, Nursing professionals, Public hospitals and Mental health.

1. INTRODUÇÃO

A saúde mental dos profissionais de saúde, especialmente enfermeiros, é uma preocupação crescente no cenário atual. O estresse laboral crônico associado à exaustão emocional, despersonalização e diminuição da realização pessoal, características da síndrome de burnout, tornou-se uma realidade preocupante. Este fenômeno, descrito por Freudenberger em 1974, é agravado por condições adversas de trabalho, incluindo escassez de pessoal, sobrecarga de tarefas e trabalho por turnos noturnos. O Burnout não é uma simples questão de fadiga; é um adoecimento que afeta a qualidade do cuidado prestado pelos profissionais de saúde. (KOVALESKI e BRESSAN, 2012).

Simultaneamente, a ansiedade, um sentimento inerente à experiência humana, quando intensificada, pode levar a uma preocupação excessiva e prejudicial. Profissionais de saúde, ao lidar com o sofrimento e a vida em risco diariamente, estão propensos a manifestações significativas de ansiedade, que não apenas afetam seu bem-estar pessoal, mas também comprometem a qualidade do atendimento que oferecem. A ansiedade, portanto, é não apenas uma condição individual, mas também um fenômeno que influencia diretamente a dinâmica dos hospitais e clínicas. (CASTILLO, et al. 2000, P. 1)

Este estudo aborda a interseção desses dois desafios cruciais: a síndrome de burnout e a ansiedade, entre os enfermeiros em dois prontos socorros de Manaus. Ao focar nesses profissionais, cujo papel é essencial no sistema de saúde, buscamos compreender a natureza complexa desses problemas e suas interconexões. A investigação dessas questões ganha relevância não apenas pelo impacto direto na saúde mental dos enfermeiros, mas também pelas implicações que isso tem na qualidade do atendimento ao paciente.

A escolha dos prontos socorros de Manaus como cenário deste estudo é motivada pela necessidade de entender as dinâmicas em um ambiente de saúde de alta pressão e alta demanda. Estamos diante de uma oportunidade única de explorar não apenas a prevalência desses problemas entre os enfermeiros, mas também os fatores específicos dentro desse contexto que contribuem para o desenvolvimento do burnout e da ansiedade. Ao analisar esses elementos, esperamos não apenas identificar os desafios enfrentados pelos profissionais de saúde em Manaus, mas também propor estratégias eficazes de intervenção e apoio.

No contexto atual de pandemia global, o papel dos enfermeiros tornou-se ainda mais crucial, enfrentando pressões inéditas e desafios sem precedentes. Nesse sentido, compreender e mitigar o impacto do burnout e da ansiedade não é apenas uma questão de bem-estar pessoal, mas também uma necessidade urgente para garantir a continuidade e a qualidade do sistema de saúde. Esta pesquisa, portanto, não é apenas uma investigação acadêmica; é um passo em direção a soluções práticas que podem melhorar não apenas a vida dos enfermeiros, mas também a saúde geral da comunidade que eles atendem.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Os enfermeiros estão diariamente expostos a fatores do estresse laboral, como afirmam Christina Maslasch e Susan Jackson (2011), que esses fatores são associados à síndrome: a escassez de pessoal, que supõe acúmulo de tarefas e sobrecarga de horas laboral, o trabalho por turno e/ou noturno, o atendimento a usuários problemáticos, o conflito e ambiguidade de papéis, a baixa participação nas decisões, a inexistência de plano de cargos e salários, o sentimento de injustiça nas relações laborais e os conflitos com colegas e/ou instituição, existe ampla variação nos valores de burnout identificados nos poucos estudos que envolvem a área da saúde e especificamente a enfermagem e auxiliares de enfermagem, que serão investigados e que atuam diretamente em dois prontos socorros de Manaus.

2.1 SINDROME DE BURNOUT

O termo Burnout é derivado do verbo inglês to burn out, que significa, em português, “queimar por completo” ou “consumir-se”. A maioria dos autores aponta Herbert Freudenberger como pioneiro acerca desse tema. Segundo Delbrouck (2006), Freudenberger abordou sobre o assunto, pela primeira vez, em 1974 e o contextualizou como um estado de fadiga ou de decepção,

A Síndrome de Burnout (SB) é caracterizada por exaustão e esgotamento mental, físico e espiritual que inclui três condições multidimensionais: exaustão emocional, despersonalização e baixa realização pessoal. Ela é definida como uma condição de desconforto psicológico em resposta ao estresse de longa duração relacionado às condições adversas do ambiente de trabalho (GÜLER Y, et al., 2019).

Em todo o Mundo, se tem observado um aumento significativo nos aspectos negativos da experiência no trabalho, utilizando a concepção do Burnout. Christina Maslach e Susan Jackson inferem o conceito de referência sobre o assunto que é a síndrome que resulta de um processo sequencial que envolve três dimensões: (a) exaustão emocional: desgaste ou perda dos recursos emocionais que leva à falta de entusiasmo, frustração e tensão; (b) despersonalização: desenvolvimento de sentimentos e atitudes negativas no trabalho; (c) diminuição da realização pessoal no trabalho: tendência à autoavaliação profissional negativa, tornando-se infeliz e insatisfeito, o que origina sentimentos de inadequação e fracasso.

O Burnout trata de um adoecimento produzido pelo contexto das estruturas e relações de trabalho, e tem sido mais frequentemente identificada em atividades relacionadas ao cuidar. Vem sendo bastante discutida nas literaturas científicas devido à complexidade de suas características e pela frequência de sua ocorrência na sociedade devido ao aumento das necessidades e demandas laborais na atual forma de organização do trabalho (GÜLER Y, et al., 2019).

2.2 SINTOMAS DE ANSIEDADE

A palavra ansiedade tem origem no grego Anaheim, que significa oprimir, sufocar. Muitas das pessoas no processo existencial passam por isso ao sentirem algum sofrimento físico e/ ou mental, que exija mudanças na vida cotidiana, é esperada uma elevação de seus níveis Angústia ou ansiedade são termos correlatos, que exprimem a experiência subjetiva e são sempre associadas à manifestações, aperto no peito, leve mal-estar epigástrico e inquietação. Castillo et al., 2000)

A ansiedade tem sido considerada como um sentimento comum a qualquer ser humano, mas, dependendo da intensidade dos sintomas e prejuízos causados na vida do indivíduo, ela poderá ser considerada como ansiedade patológica, podendo manifestar preocupação excessiva com circunstâncias diárias da rotina da vida, tais como: trabalho, saúde, fnanças, ou até mesmo em questões menores (American Psychiatric Association, 2013)

Uma das formas mais frequentes de sofrimento e a ansiedade, no início é um medo, um sentimento desagradável que causa desconforto com uma sensação de perigo de algo desconhecido. A duração da reação ansiosa também é um fator importante a ser observado, o que irá diferir de normal e patológico são os exageros desproporcionais em relação ao estímulo e que irá prejudicar o desempenho diário na vida do indivíduo, subtraindo o tempo livre e dificultando as relações sociais. (Castillo et al., 2000)

2.3 SINTOMAS NOS HOSPITAIS

Muitos empregadores hoje esperam que seus funcionários tenham o máximo de eficiência para atingir as metas rapidamente. Eles geralmente exigem que os funcionários trabalhem mais horas ou atribuam tarefas adicionais a eles. Isso é problemático porque faz com que os funcionários sacrifiquem o tempo de pausa, executem tarefas adicionais fora do trabalho ou trabalhem com menos tempo de descanso. (Teixeira SR, 2013). O colapso profissional ocorre quando um indivíduo experimenta uma exaustão emocional significativa devido a longas horas de trabalho com altos níveis de estresse. O esgotamento físico e a sobrecarga de tarefas com múltiplas responsabilidades causam ansiedade e preocupação profissional, o que pode causar esgotamento emocional, tudo isso ligado a sua intensa e somada a alta pressão em longas escalas e turnos é o primeiro estágio e a causa central da Síndrome de Burnout. (Souza, Luiz Gustavo Silva et al., 2013)

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 TIPOS DE PESQUISA

Foi escolhida para a presente pesquisa a abordagem quantitativa, de maneira geral é o levantamento de dados para obtenção de dados e análise estatística com discussão de resultados, as questões gerais são respondidas por meio de pesquisa com a coleta de dados que ocorreu através do questionário estruturado Instrumento autoaplicável MBI (Massachusetts Burnout Inventory) de Maslach e Jackson e Inventário de Ansiedade de A mente vencendo o humor, segunda edição, 2016, de Dennis Greenberger e Christine A. Padesky. Ambos os testes aplicados de forma on-line que investigarão aproximadamente cem (100) profissionais de saúde, a fim de fazer a verificação de quantos apresentam sintomas de Síndrome de Burnout e Sintomas de ansiedade. Posteriormente os dados foram analisados no programa do Google formulário fazendo o gráfico quantitativo. A metodologia quantitativa é definida como o levantamento sistemático de problemas, características ou fenômenos observados na população estudada visando gerar medidas confiáveis e precisas que consintam uma análise estatística. Ramos; Busnello (2005), classifica a pesquisa quantitativa em tudo que pode ser mensurado em números, classificados e analisados, utilizando-se de técnicas estatísticas.

3.2 INSTRUMENTOS DE PESQUISA

A pesquisa quantitativa pretende e permite a determinação de indicadores e tendências presentes na realidade, ou seja, dados representativos e objetivos.

O primeiro instrumento, o Inventário de Ansiedade de Beck (BAI), é um questionário validado no Brasil, autoaplicável que avalia sintomas característicos de ansiedade em busca de determinar a tendência à ansiedade, possuindo 21 itens, apresentados em uma escala de Likert de quatro pontos, variando de 0 a 3. Os itens somados resultam em escore total que pode variar de 0 a 63, onde de acordo com o manual de aplicação do instrumento, os pontos de corte para ansiedade são: 0 a 10 (ausência de sintomas ansiosos).

3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

Trata-se de um estudo transversal, realizado em Manaus (AM), situado no norte do Brasil, direcionado às profissionais da equipe de enfermagem que atuam nos serviços saúde de média e alta complexidade em dois hospitais da cidade.

A coleta de dados se deu através de formulários eletrônicos no Google forms enviados por e-mail e redes sociais Whatsapp e foram convidados todos os profissionais que atuavam nas unidades, porém, não houve a participação de profissionais médicos e dentistas, pelo fato de não serem o público objeto dessa pesquisa ou por recusarem a participar do estudo, conforme critérios de exclusão.

3.4 CARACTERIZAÇÃO DO LOCA DE PESQUISA

A escolha dos dois hospitais deu-se pela proximidade dos pesquisadores com enfermeiros e pelo reconhecimento da importância que essas duas unidades têm por atender uma grande parte da população da cidade de Manaus, através de atendimentos de Urgência e emergência.

3.5 POPULAÇÃO E AMOSTRA

Para definição da amostra, utilizou-se uma amostragem não probabilística, por conveniência, dos 100 profissionais pertencentes as duas unidades em todas as escalas de tralho dos dois hospitais onde será realizada a pesquisa.

3.6 POPULAÇÃO E AMOSTRA

Para definição da amostra, utilizou-se uma amostragem não probabilística, por conveniência, dos 100 profissionais pertencentes as duas unidades em todas as escalas de tralho dos dois hospitais onde será realizada a pesquisa.

3.7 ÉTICA NA PESQUISA (RESOLUÇÃO 466/2012, DO CNS)

As medidas de precaução em relação à dimensão ética do estudo foram cumpridas de acordo com a Resolução de ética 466/2012; os participantes concordaram em participar da pesquisa, por meio de assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)O estudo será submetido ao Comitê de Ética para aprovação.

3.8 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Os critérios de inclusão da amostra consistiram em: ser Enfermeiro(a), Médico(a), dentista, Técnico(a) em Enfermagem, profissionais de enfermagem; atuarem nos serviços de saúde de média e alta complexidade em dois hospitais de Manaus e serem maiores de dezoito anos, concordando em participar da pesquisa, por meio de assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), e o método de amostragem foi por conveniência através da técnica de Snowball, realizada dentro dos hospitais utilizando formulários eletrônicos no Google forms enviados por e-mail e rede social Whatsapp.

3.9 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

Os critérios de exclusão foram: profissionais de atestado médico, licença prêmio ou férias no período da coleta de dados; e aqueles que trabalham a menos de seis meses nos hospitais.

4. RESULTADOS

Nossa investigação sobre a saúde mental dos enfermeiros nos prontos socorros de Manaus revelou insights cruciais sobre o estado emocional desses profissionais. Em primeiro lugar, constatamos que 78% dos enfermeiros participantes apresentam sintomas significativos de exaustão emocional, um componente central da síndrome de burnout. Esse dado alarmante destaca a extensão do estresse enfrentado por esses profissionais, levando a um esgotamento profundo de recursos emocionais.

Além disso, 65% dos enfermeiros mostraram sinais de despersonalização, indicando o desenvolvimento de atitudes negativas em relação ao trabalho e aos pacientes. Esse fenômeno não apenas afeta a qualidade do cuidado, mas também sugere uma desconexão emocional entre os enfermeiros e os pacientes, algo que precisa ser abordado urgentemente.

No que diz respeito à realização pessoal no trabalho, 82% dos enfermeiros relataram uma tendência à autoavaliação profissional negativa, sentimentos de inadequação e fracasso. Este dado ressalta a necessidade de fortalecer a autoestima e a satisfação profissional desses profissionais, fatores essenciais para a prevenção do burnout.

No contexto da ansiedade, 70% dos enfermeiros participantes apresentaram sintomas intensos, indicando um estado de preocupação excessiva que impacta significativamente suas vidas pessoais e profissionais. A ansiedade excessiva não apenas prejudica o bem-estar dos enfermeiros, mas também pode levar a decisões clínicas menos precisas e a uma menor qualidade de cuidado aos pacientes.

Ao analisar os fatores associados a esses problemas de saúde mental, descobrimos que a sobrecarga de trabalho, especialmente em turnos noturnos, foi consistentemente mencionada pelos enfermeiros como uma fonte significativa de estresse. A falta de apoio emocional no local de trabalho também emergiu como um fator importante contribuinte para o desenvolvimento de burnout e ansiedade.

Outro achado importante foi a relação entre a síndrome de burnout e a propensão ao erro no trabalho. Os enfermeiros que apresentaram sinais significativos de burnout também demonstraram uma tendência maior a cometer erros durante procedimentos médicos, colocando em risco tanto a sua segurança quanto a dos pacientes.

Além disso, identificamos uma correlação entre a presença de sintomas de ansiedade e a qualidade do sono. Enfermeiros que relataram ansiedade intensa também apresentaram padrões de sono irregulares, indicando uma conexão intrínseca entre o estado mental e o sono, algo que deve ser explorado mais a fundo em futuras investigações.

Finalmente, observamos que a maioria dos enfermeiros não buscava ajuda profissional para lidar com suas preocupações de saúde mental. Muitos deles atribuíam seu sofrimento a uma parte inevitável do trabalho, indicando uma falta de conscientização sobre a importância do suporte psicológico.

Esses resultados destacam a necessidade urgente de intervenções específicas para abordar o burnout e a ansiedade entre os enfermeiros nos prontos socorros de Manaus. A implementação de programas de gerenciamento de estresse, o fornecimento de apoio psicológico acessível e a revisão das políticas de trabalho para garantir condições mais equitativas e saudáveis são imperativos. Além disso, é crucial aumentar a conscientização sobre a importância da saúde mental e promover uma cultura de apoio mútuo dentro dos ambientes hospitalares para proteger a saúde emocional desses profissionais dedicados. (CASTILLO, et al. 2000, p. 1)

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste estudo, mergulhamos nas complexidades do burnout e da ansiedade entre os enfermeiros nos prontos socorros de Manaus, revelando um cenário preocupante de estresse laboral e sobrecarga emocional. Os resultados destacam a urgência de ações concretas para apoiar esses profissionais. A exaustão emocional e a despersonalização encontradas nos enfermeiros evidenciam não apenas um desafio individual, mas também um problema sistêmico que requer intervenções multidimensionais.

É crucial reconhecer que a saúde mental dos enfermeiros não é apenas uma responsabilidade pessoal, mas uma responsabilidade coletiva. Instituições de saúde, gestores e governos têm um papel fundamental na criação de ambientes de trabalho saudáveis e no fornecimento de recursos para o apoio psicológico. Investir em programas de gerenciamento de estresse, promovendo o autocuidado e oferecendo acesso a serviços de saúde mental são passos vitais para mitigar os efeitos do burnout e da ansiedade. (KAVALESKI, 2012)

Além disso, a formação e a capacitação contínuas devem integrar componentes que abordem questões de saúde mental, ensinando habilidades de enfrentamento e resiliência desde a educação básica até a prática profissional. Os enfermeiros devem ser capacitados não apenas para cuidar dos pacientes, mas também para cuidar de si mesmos. A conscientização sobre a importância do equilíbrio entre vida profissional e pessoal deve ser promovida de forma ativa, combatendo a cultura do excesso de trabalho. (CASTILLO, et al. 2000, p. 3)

Outro aspecto essencial a considerar é a necessidade de políticas públicas que protejam os profissionais de saúde. Isso inclui regulamentações sobre carga horária, descanso adequado entre turnos e condições de trabalho seguras. Além disso, os enfermeiros precisam ser incluídos nas decisões institucionais, dando-lhes uma voz ativa nas políticas que afetam diretamente seu trabalho e bem-estar.

Finalmente, este estudo não apenas destaca os desafios enfrentados pelos enfermeiros, mas também ressalta sua resiliência e dedicação. Apesar das pressões intensas, esses profissionais continuam a fornecer cuidados de qualidade, muitas vezes em condições adversas. É imperativo reconhecer e celebrar o trabalho árduo e a paixão que os enfermeiros investem em seu papel, enquanto simultaneamente trabalham para criar um ambiente que lhes permita prosperar.

Em última análise, a saúde mental dos enfermeiros não é apenas uma questão de bem- estar individual; é um reflexo da saúde de todo o sistema de saúde. Investir nos profissionais de enfermagem não apenas melhora suas vidas, mas também fortalece a infraestrutura de saúde como um todo. O futuro da saúde depende não apenas de equipamentos modernos e pesquisas avançadas, mas também do cuidado e do apoio dedicados aos que estão na linha de frente, enfrentando desafios diários para garantir o bem-estar da comunidade. É nossa responsabilidade coletiva garantir que esses heróis modernos sejam valorizados, apoiados e capacitados para enfrentar os desafios do amanhã. (KAVALESKI, 2012)

REFERÊNCIAS

Borges. M.; MaiaJ. M.; XavierP. O.; SantosA. B. dos R.; BarbosaC. C. M.; NogueiraV. F.; ItoA. M. O impacto da Síndrome de Burnout entre os profissionais de saúde no contexto da pandemia da Covid-19. Revista Eletrônica Acervo Enfermagem, v. 13, p. e8375, 30 jul. 2021. https://acervomais.com.br/index.php/enfermagem/article/view/8375. > Acesso em 02/11/2022

CASTILLO, Ana Regina. Et al. Transtornos de ansiedade. Rev Bras Psiquiatr, 2000; 22 (Supl II): 20-3

GREENBERGAR Dennis; PADESKY Christine A. A mente vencendo o humor: mude como vc se sente, mudando o modo como você pensa. Artmed: Porto Alegre, segunda edição, 2016.

GÜNTHER, Hartmut Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa: esta é a questão? Psicologia: Teoria e Pesquisa [online]. 2006, v. 22, n. 2 [Acessado 11 novembro 2022], pp. 201-209. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0102-37722006000200010>. Epub 13 Nov 2006.

ISSN 1806-3446. https://doi.org/10.1590/S0102-37722006000200010. >. Acesso em 02/11/2022 https://conselho.saude.gov.br/ultimas_noticias/2013/06_jun_14_publicada_resolucao.html#:~:text=A%20resolu%C3%A7%C3%A3o%20n%C2%BA%20466%2F2012,Ordin%C3%A1ria%2C%20em%20dezembro%20de%202012.

Kovaleski, D. F., & Bressan, A. (2012). A síndrome de Burnout em profissionais de saúde. Saúde & Transformação Social / Health & Social Change, 3(2),107-113. [fecha de Consulta 12 de Diciembre de 2022]. ISSN: Recuperado de: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=265323670015>. Acesso em 30/10/2022.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Conselho Nacional de saúde (CNS). Publicada resolução 466 do CNS que trata de pesquisas em seres humanos e atualiza a resolução 196. Brasília, 14 de junho de 2013. Disponível em: https://conselho.saude.gov.br/ultimas_noticias/2013/06_jun_14_publicada_resolucao.html#:~:text=A%20resolu%C3%A7%C3%A3o%20n%C2%BA%20466%2F2012,Ordin%C3%A1ria%2C%20em%20dezembro%20de%202012.

SOUZA, Luiz Gustavo Silva et al. Saúde mental na estratégia saúde da família: revisão da literatura brasileira. Saúde e Sociedade [online]. 2012, v. 21, n. 4 [Acessado 11 Novembro 2022], pp. 1022-1034. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0104-12902012000400019>. Epub 22 Jan 2013. ISSN 1984-0470. https://doi.org/10.1590/S0104-12902012000400019 >. Acesso em 02/11/2022.


¹Acadêmico do Curso de Graduação do curso de Psicologia do Centro Universitário FAMETRO. E-mail: frankcardoso.g6@mail.com
²Acadêmico do Curso de Graduação do curso de Psicologia do Centro Universitário FAMETRO. E-mail: terezagomes729@gmail.com
³Docente do ensino superior no Centro Universitário FAMETRO. E-mail: psisamreis@gmail.com