PANCREATITE AGUDA E SUAS COMPLICAÇÕES

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10138602


Isadora Coelho Martins
Diulio Da Silva Portela
Ana Karine Coelho Ponte
Ana Joyce Andrade Afonso
Luana Davila Rodrigues Carneiro
Yanka Linhares Prado Carneiro
Luís André Nóbrega Bastos Filho
Blenda Lanessa Marques Coelho
Livia Carvalho De Queiroz Rocha
Caio Brígido De Oliveira


INTRODUÇÃO

Epidemiologia: A pancreatite aguda (PA) grave é uma patologia que possui alta mortalidade e é uma das doenças mais comuns do trato gastrointestinal. Estudos recentes mostram que a incidência de pancreatite aguda varia entre 4,9 e 73,4 casos por 100.000 habitantes mundialmente. Além disso, um aumento na incidência anual de PA tem sido observado nos estudos mais recentes. Sabe-se que tal patologia é definida como um estado inflamatório do pâncreas que tem como principais etiologias: cálculos biliares e etilismo, correspondendo a 70% dos casos, mas podendo também ser causada por hipertrigliceridemia, drogas, hipercalcemia e outros. Vale salientar que a pancreatite aguda pode evoluir com necrose do pâncreas e do tecido adiposo nos espaços peripancreáticos e infecção secundária à necrose. Diante desses casos, pode-se optar por tratamento conservador ou por realização de cirurgia, a depender da gravidade do caso e se há fatores que contribuem para realização de procedimento cirúrgico, como falência múltipla de órgãos ou sepse que indicam um quadro mais exacerbado. OBJETIVO: Discutir acerca da epidemiologia e fisiopatologia da pancreatite aguda. Além de orientar quanto os critérios diagnósticos e as suas possíveis complicações, tais como suas características e prognósticos.

METODOLOGIA

O diagnóstico da pancreatite é feito com a confirmação de pelo menos dois dos três critérios: Dor abdominal em epigástrio que irradia para dorso, amilase e/ou lipase três vezes acima do limite da normalidade e achados indicativos de pancreatite aguda visualizados em exame de imagem, normalmente feito com tomografia computadorizada de abdome por ser um exame de mais fácil acesso. No que se refere à gravidade da pancreatite, a tomografia de abdome pode auxiliar no prognóstico e na estratificação de risco com o auxílio da Classificação de Atlanta revisada de 2007 que classifica o paciente de acordo com os achados tomográficos em pancreatite edematosa intersticial, que evidencia aumento localizado ou difuso do pâncreas com impregnação homogênea pelo contraste e infiltração da gordura peripancreática e possui prognóstico favorável e não necessita de abordagem cirúrgica, outra possível classificação seria a formação de coleções adjacentes ao pâncreas ou pancreatite necrosante ocorrendo necrose pancreática e/ou peripancreática sendo subdivida em: necrose estéril, necrose infectada e extensão da necrose que varia entre <30%, 30-50% e >50%. Nota-se que o processo de morte celular resulta na perda da integridade celular e o fluxo de sangue cessa nessas regiões, impedindo a penetração do contraste. Assim, a TC com contraste revela aumento localizado ou generalizado do parênquima com uma ou mais áreas de parênquima pancreático não realçado, sendo um achado essencial para a diferenciação diagnóstica entre pancreatite necrosante e edematosa intersticial.

RESULTADOS

Os estudos observaram que pacientes que apresentam de quadro de sepse, choque cardiovascular, síndrome de falência multissistêmica de órgãos, abdome agudo cirúrgico e íleo persistente ou progressivo foram candidatos ao tratamento cirúrgico. Um dos métodos de abordagem da necrose pancreática é a necrosectomia com lavagem local pós-operatória que propiciam a remoção eficaz de tecido necrótico, infectado e exsudato Nos casos em que foi realizado esse procedimento, a taxa de mortalidade hospitalar foi inferior a 10%. Sabe-se também que a falha no tratamento cirúrgico, na maioria dos casos, ocorre devido à ausência de melhora do quadro séptico.

Vale salientar que um artigo recente relatou que em pacientes com necrose estéril, a extensão da necrose correlacionou-se com a frequência de falência de órgãos, enquanto a necrose infectada teve associação com a falência de órgãos, independentemente da extensão da necrose, desse modo, foi confirmado o conceito de que a infecção é o principal determinante do resultado. De acordo com alguns ensaios prospectivos controlados recentes, foi visto que a prevalência de pancreatite necrozante poderia ser reduzida com significância para cerca de 30% se antibioticoterapia fosse administrada no momento adequado de forma precoce. Por esse motivo, muitos médicos prescrevem antibioticoprofilaxia na terapêutica inicial de pacientes que tem patologia grave prevista.

CONCLUSÃO

A pancreatite aguda é uma patologia que necessita de abordagem multidisciplinar, estratificação de risco e tratamento adequado de forma precoce para que o paciente tenha o melhor suporte possível, seja clínico ou cirúrgico, a depender da gravidade do paciente. Além disso, a Classificação de Atlanta, definida de acordo com o resultado do exame tomográfico, contribui para que haja um diálogo uniforme entre todos os profissionais responsáveis pelo cuidado e para o benefício do paciente, facilitando o manejo da doença, já que a TC contribui no estadiamento e diagnóstico da pancreatite.