ALÉM DAS ALEGRIAS DA MATERNIDADE: DESVENDANDO A COMPLEXIDADE DA DEPRESSÃO PÓS-PARTO

BEYOND THE JOYS OF MOTHERHOOD: UNRAVELING THE COMPLEXITY OF POSTPARTUM DEPRESSION

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10100833


Weverson Ferreira Tavares1; Luana Ghedin2; Washington Gomes de Menezes3; Glimer Dourado4; Barbara Suelen Catani5;  Jane Cris da Silva6; Charles Frederico Rocha7; Luana Vieira8; Maria Andréia Catânio Buffalo9; Bruno Oshiro Matsumura10


UNIVERSIDADE BRASIL FERNANDÓPOLIS-SP MEDICINA

RESUMO

A depressão pós-parto é uma condição amplamente reconhecida que afeta uma parcela significativa de mulheres após o parto. Este artigo de revisão de literatura busca uma compreensão aprofundada dessa condição, examinando suas causas, sintomas, diagnóstico, tratamento e estratégias de prevenção. As fontes utilizadas nesta revisão incluem estudos científicos confiáveis e informações do Ministério da Saúde do Brasil, com a abordagem rigorosamente seguindo as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A análise e síntese da literatura visam fornecer uma visão abrangente do tema, oferecendo informações valiosas para profissionais de saúde e pesquisadores interessados no campo da saúde mental pós-parto.

Palavras-chave: Depressão pós-parto, saúde mental, sintomas, diagnóstico, tratamento, prevenção, mulheres, bebês.

ABSTRACT

Postpartum depression is a widely recognized condition that affects a significant portion of women after childbirth. This literature review article seeks an in-depth understanding of this condition, examining its causes, symptoms, diagnosis, treatment, and prevention strategies. The sources used in this review include reliable scientific studies and information from the Brazilian Ministry of Health, with the approach rigorously following the norms of the Brazilian Association of Technical Standards (ABNT). The analysis and synthesis of the literature aim to provide a comprehensive view of the topic, offering valuable insights for healthcare professionals and researchers interested in the field of postpartum mental health.

Keywords: Postpartum depression, mental health, symptoms, diagnosis, treatment, prevention, women, infants.

1 INTRODUÇÃO

A maternidade é frequentemente descrita como um dos momentos mais especiais e emocionantes na vida de uma mulher. No entanto, essa jornada única também pode ser marcada por desafios que vão além das alegrias e encantos visíveis. Um desses desafios, que muitas vezes permanece oculto por trás do cenário de sorrisos e felicidade, é a depressão pós-parto. A depressão pós-parto é uma condição de saúde mental que afeta mulheres após o parto, impactando não apenas o bem-estar da mãe, mas também o desenvolvimento e a saúde do recém-nascido. Embora seja uma condição amplamente reconhecida, seu impacto e complexidade muitas vezes são subestimados (FÉLIX et al., 2013). 

Este artigo tem como objetivo explorar a depressão pós-parto de maneira abrangente, aprofundando a compreensão das causas, sintomas, diagnóstico, tratamento e estratégias de prevenção relacionadas a essa condição. Durante séculos, as experiências das mulheres após o parto foram frequentemente reduzidas ao clichê da “felicidade maternal,” ignorando as realidades emocionais e psicológicas complexas que podem surgir (GUEDES-SILVA et al., 2003). 

No entanto, a pesquisa e a conscientização nas últimas décadas trouxeram à tona a importância de abordar a saúde mental das mães, reconhecendo que a depressão pós-parto é uma realidade significativa que afeta uma parcela substancial de mulheres em todo o mundo. Além do sofrimento pessoal da mãe, essa condição está intrinsecamente ligada ao bem-estar do bebê e ao funcionamento da família como um todo. O impacto psicossocial da depressão pós-parto é substancial, e sua compreensão é fundamental para garantir que as mães recebam o apoio e o tratamento de que necessitam (BRASIL, 2019). 

Este artigo oferece uma revisão aprofundada da depressão pós-parto, explorando suas causas, sintomas, diagnóstico, tratamento e estratégias de prevenção. Ao fazê-lo, busca fornecer informações valiosas para profissionais de saúde e interessados na promoção da saúde mental pós-parto. A maternidade é uma experiência multifacetada que merece uma abordagem compassiva, considerando os aspectos físicos e emocionais desse período fundamental na vida das mulheres.

2 CAUSAS E FATORES DE RISCO

2.1   Causas da Depressão Pós-Parto:

A depressão pós-parto é uma condição complexa, e suas causas podem variar. Compreender essas causas é fundamental para o diagnóstico e tratamento eficazes. Algumas das causas identificadas incluem:

2.1.1. Fatores Hormonais:

As flutuações hormonais que ocorrem durante a gravidez e após o parto desempenham um papel significativo na depressão pós-parto. A queda acentuada nos níveis de estrogênio e progesterona após o parto pode afetar o equilíbrio químico do cérebro, contribuindo para sintomas depressivos.

2.1.2. Alterações Cerebrais:

Estudos neurocientíficos sugerem que as mudanças no cérebro durante a gravidez e o parto também desempenham um papel na depressão pós-parto. As áreas do cérebro relacionadas às emoções e ao processamento do estresse podem ser afetadas, tornando as mulheres mais suscetíveis a distúrbios do humor.

2.1.3. Fatores Genéticos:

A predisposição genética desempenha um papel importante. Mulheres com histórico familiar de transtornos do humor, como depressão ou transtorno bipolar, têm maior risco de desenvolver depressão pós-parto. A genética pode influenciar a resposta ao estresse e a regulação do humor.

2.2. Fatores de Risco para a Depressão Pós-Parto:

Além das causas subjacentes, vários fatores de risco podem aumentar a probabilidade de uma mulher desenvolver depressão pós-parto. Esses fatores de risco incluem:

2.2.1. Histórico Pessoal de Depressão:

Mulheres com histórico anterior de depressão têm um risco aumentado de desenvolver depressão pós-parto. É importante identificar mulheres com esse histórico durante o pré-natal para monitorar e intervir precocemente.

2.2.2. Falta de Suporte Social:

A falta de apoio social adequado durante a gravidez e no pós-parto é um fator de risco significativo. As mães que se sentem isoladas ou têm acesso limitado a redes de apoio têm maior probabilidade de desenvolver depressão pós-parto.

2.2.3. Estresse e Eventos de Vida Negativos:

Eventos de vida estressantes, como problemas financeiros, problemas de relacionamento ou eventos traumáticos, podem aumentar o risco de depressão pós-parto. A pressão adicional associada a esses eventos pode sobrecarregar as mães.

2.2.4. Complicações na Gravidez ou no Parto:

Complicações médicas durante a gravidez ou o parto, bem como experiências traumáticas no parto, podem aumentar o risco de depressão pós-parto. Essas situações adicionam estresse e preocupação às mães, que podem contribuir para a condição.

Compreender tanto as causas subjacentes quanto os fatores de risco é crucial para identificar e intervir precocemente na depressão pós-parto, visando proporcionar o melhor suporte possível às mães afetadas.

3 SINTOMAS

Os sintomas da depressão pós-parto podem variar em intensidade, mas geralmente incluem uma série de manifestações emocionais e físicas. Sentimentos de tristeza profunda e desespero são comuns entre as mães afetadas. Elas podem se sentir sobrecarregadas pela responsabilidade de cuidar do recém-nascido e podem experimentar exaustão física e emocional (Cox et al., 2015). 

A ansiedade é outro sintoma frequente da depressão pós-parto. Mães afetadas podem se preocupar excessivamente com o bem-estar do bebê e podem sentir-se incapazes de cumprir suas responsabilidades maternas (Lara-Cinisomo et al., 2017). 

Isso pode se manifestar em forma de irritabilidade e nervosismo. Distúrbios do sono são uma característica típica da depressão pós-parto, com mães frequentemente sofrendo de insônia ou, inversamente, dormindo em excesso. A perda de interesse nas atividades que antes eram apreciadas é um sintoma adicional da depressão pós-parto, resultando na falta de prazer e satisfação nas atividades diárias (Figueira et al., 2009).

4 DIAGNÓTICO

O diagnóstico da depressão pós-parto é baseado na avaliação dos sintomas da paciente por profissionais de saúde qualificados. A Escala de Depressão Pós-Natal de Edinburgo é uma ferramenta amplamente utilizada para triagem (Figueira et al., 2009). 

Essa escala avalia a gravidade dos sintomas e ajuda a determinar a presença de depressão pós-parto. No entanto, é crucial que o diagnóstico seja feito por um profissional de saúde capacitado, que leve em consideração a história clínica da paciente, a gravidade dos sintomas e a duração dos episódios depressivos (OLIVEIRA et al., 2016).

 5 TRATAMENTO

O tratamento da depressão pós-parto envolve uma abordagem multidisciplinar que leva em consideração a saúde mental da mãe e o bem-estar do bebê. O apoio psicossocial desempenha um papel fundamental no tratamento. A família e a rede de apoio são essenciais para oferecer suporte emocional e prático à mãe (FÉLIX et al., 2013). 

A terapia cognitivo-comportamental, como destacado por Cordioli (2004), é frequentemente utilizada para auxiliar as mães a desenvolverem estratégias para lidar com seus sintomas. Essa terapia se concentra em identificar padrões de pensamento negativos e comportamentos disfuncionais e trabalhar para modificá-los. Em casos mais graves, a terapia farmacológica pode ser indicada, mas deve ser cuidadosamente avaliada em relação aos riscos e benefícios, especialmente para mães que estão amamentando (Cox et al., 2015).

6 PREVENÇÃO

A prevenção da depressão pós-parto é de grande importância para reduzir o impacto dessa condição na mãe e no bebê. Estratégias de prevenção incluem a educação e conscientização das gestantes sobre os riscos e sintomas da depressão pós-parto. Programas de preparação para o parto e maternidade podem fornecer informações valiosas sobre como identificar os sinais precoces da depressão e onde buscar ajuda (GUEDES-SILVA et al., 2003). 

Além disso, incentivar o apoio social, tanto durante a gravidez quanto no pós-parto, pode reduzir o risco. Ter uma rede de apoio sólida, incluindo familiares e amigos, pode fornecer o suporte emocional e prático necessário para as mães enfrentarem os desafios do pós-parto (OLIVEIRA et al., 2016).

7 CONCLUSÃO

A depressão pós-parto é uma condição que merece atenção cuidadosa e uma abordagem multidisciplinar. Profissionais de saúde, pesquisadores e todos aqueles interessados na promoção da saúde mental pós-parto devem estar cientes da complexidade dessa condição, suas causas, sintomas, diagnóstico, tratamento e estratégias de prevenção. Por isso, é fundamental reconhecer que a maternidade é uma experiência multifacetada que vai além das alegrias visíveis, e a depressão pós-parto é uma realidade significativa que afeta muitas mulheres em todo o mundo. O impacto psicossocial dessa condição é substancial, e sua compreensão é crucial para garantir que as mães recebam o apoio e o tratamento de que necessitam.

A detecção precoce, o diagnóstico preciso e a intervenção adequada desempenham um papel crucial na melhoria da qualidade de vida das mães e na saúde do recém-nascido. A utilização de ferramentas de triagem, como a Escala de Depressão Pós-Natal de Edinburgo, é valiosa para identificar mulheres em risco. O tratamento da depressão pós-parto deve ser abordado de maneira holística, considerando a saúde mental da mãe e o bem-estar do bebê. Isso envolve apoio psicossocial, terapia cognitivo-comportamental e, em alguns casos, terapia farmacológica, com avaliação cuidadosa dos riscos e benefícios.

Além disso, a prevenção desempenha um papel crucial na redução do impacto dessa condição. A educação e conscientização das gestantes, programas de preparação para o parto e maternidade e o incentivo ao apoio social são estratégias eficazes para minimizar o risco de depressão pós-parto.

Em resumo, a depressão pós-parto é uma condição complexa que requer uma abordagem abrangente e compassiva. Ao continuar a avançar no entendimento dessa condição, estamos mais bem equipados para apoiar as mães em sua jornada pós-parto, promovendo a saúde mental e o bem-estar tanto delas quanto de seus bebês.

REFERÊNCIAS 

BRASIL. Ministério da Saúde. Depressão pós-parto: causas, sintomas, tratamento, diagnóstico e prevenção. 2019. Disponível em: http://ww.saude.gov.br/saude-de-a-z/saude-mental/depressao-pos-parto. Acesso em: 10 jul. 2023.

CORDIOLI, Aristides Volpato. Vencendo o transtorno obsessivo-compulsivo: manual da terapia cognitivo-comportamental para pacientes e terapeutas. Porto Alegre: Artmed, 2004.

COX EQ, Stuebe A, Pearson B, Grewen K, Rubinow D, Meltzer-Brody S. Oxytocin and HPA stress axis reactivity in postpartum women. Psychoneuroendocrinology. 2015; 55:164-72. doi: 10.1016/j.psyneuen.2015.02.009. 

FÉLIX, T.A. et al., Atuação da enfermagem frente à prevenção da depressão pós-parto nas consultas de puericultura. Revista Eletrónica Trimestral de Enfermeira, n. 29, p. 420-434, jan. 2013. Disponível em: http://scielo.isciii.es/pdf/eg/v12n29/pt_enfermeria1.pdf. Acesso em: 27 março 2023.

FIGUEIRA, Patrícia et al. Escala de Depressão Pós-natal de Edinburgo para triagem no sistema público de saúde. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 43, supl. 1, p. 79-84, ago. 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102009000800012&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 01 mai. 2023.

GUEDES-SILVA, D. et al. Depressão pós-parto: prevenção e consequências. Revista Mal-Estar e Subjetividade, Universidade de Fortaleza.Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=27130210. 

LARA-CINISOMO S, Mc Kenney K, Di Florio A, Meltzer-Brody S. Associations between postpartum depression, breastfeeding, and oxytocin levels in Latina mothers. Breastfeed Medicine. 2017.

OLIVEIRA, A.M. et al., Conhecimento de profissionais da estratégia saúde da família sobre depressão pós-parto. Revista Jornal de Enfermagem e Saúde, v. 6, n. 1, p. 17-26, 2016. Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/enfermagem/article/view/5957/5933. Acesso em: 27 out. 2017.

OLIVEIRA, A.P; BRAGA, T.L. Depressão pós-parto: consequências para a mãe e o recém-nascido ma revisão sistemática. Revista Estácio Saúde, v. 5, n. 1, p. 133-144, jan./ jun. 2016. Disponível em: http://revistaadmmade.estacio.br/index.php/saudesantacatarina/article/viewFile/2235/1060. Acesso em: 29 janeiro .2023.


1Graduando em Medicina pela Universidade Brasil – Fernandópolis-SP;
2 Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil – Fernandópolis-SP;
3 Graduando em Medicina pela Universidade Brasil – Fernandópolis-SP;
4 Graduando em Medicina pela Universidade Brasil – Fernandópolis-SP;
5 Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil – Fernandópolis-SP;
6 Graduando em Medicina pela Universidade Brasil – Fernandópolis-SP;
7 Graduando em Medicina pela Universidade Brasil – Fernandópolis-SP;
8 Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil – Fernandópolis-SP;
9 Graduando em Medicina pela Universidade Brasil – Fernandópolis-SP;
10 Graduando em Medicina pela Universidade Brasil – Fernandópolis-SP.