DIAGNOSIS IN CHILDREN WITH ADHD: A SURVEY OF THE MAIN INSTRUMENTS USED IN SOUTHWEST PARÁ
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10078365
Surama Cunha de Souza1
Juliana Reis de Alcantara Barros2
Resumo
O TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) é uma condição médica real e caracteriza-se por apresentar um comportamento distraído, hiperativo e impulsivo. Não há marcadores biológicos que possam confirmar sua presença, desta forma o diagnóstico é realizado por meio de uma avaliação clínica abrangente que envolve a coleta de informações de várias fontes, dentre os quais, pode-se destacar o uso de algumas ferramentas psicológicas. Sendo assim, este estudo fez um levantamento de quais instrumentos os profissionais de psicologia da cidade de Marabá – PA, fazem uso. Para isto foi realizada uma pesquisa qualitativa, com método de coleta de dados em formato Focus Group, no mês de agosto de 2023 com profissionais de psicologia atuantes na região da pesquisa. Foi observada uma grande prevalência do uso da escala ETDAH dentre os profissionais, bem como a necessidade de criação de instrumentos psicológicos específicos. Cabe destacar que, apesar de a escala ETDAH não ser uma ferramenta de uso restrito do psicólogo, a prevalência dos demais instrumentos psicológicos usados para o diagnóstico TDAH, são de uso restritivo desta categoria.
Palavras-chave: Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Instrumentos Avaliativos. Diagnósticos. Avaliação Psicológica.
Abstract
ADHD (Attention Deficit Hyperactivity Disorder) is a real medical condition and is characterized by distracted, hyperactive and impulsive behavior. There are no biological markers that can confirm its presence, so the diagnosis is made through a comprehensive clinical assessment that involves collecting information from various sources, among which the use of some psychological tools can be highlighted. Therefore, this study surveyed which instruments psychology professionals in the city of Marabá – PA use. For this, qualitative research was carried out, using a Focus Group data collection method, in August 2023 with psychology professionals working in the research region. A high prevalence of use of the ETDAH scale among professionals was observed, as well as the need to create specific psychological instruments. It is worth noting that, although the ETDAH scale is not a tool for restricted use by psychologists, the prevalence of other psychological instruments used to diagnose ADHD are restricted for use in this category.
Keywords: Attention Deficit Hyperactivity Disorder. Assessment Instruments. Diagnostics. Psychological Assessment.
1 INTRODUÇÃO
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico que afeta a capacidade de prestar atenção, controlar impulsos e moderar o comportamento. Caracteriza-se por comportamento distraído, hiperativo e impulsivo. O diagnóstico geralmente é feito na infância, mas pode persistir na adolescência e na vida adulta. É importante ressaltar que o TDAH é uma condição médica real e não resultado de comportamento indisciplinado.
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, em sua quinta Edição (DSM-5), o diagnóstico do TDAH é baseado exclusivamente em critérios comportamentais, considerando a relação da criança com o ambiente. Não existem exames clínicos ou marcadores biológicos que confirmem sua presença. Para o diagnóstico, a criança deve apresentar pelo menos 6 sintomas dos 18 mais comuns em dois ambientes frequentes, como casa e escola, por um período mínimo de seis meses.
O diagnóstico do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é feito por profissionais de saúde mental, como psicólogos, psiquiatras e neuropediatras, de preferência por todos eles via equipe multidisciplinar, por meio de uma avaliação clínica abrangente que envolve a coleta de informações de várias fontes, como pais, professores e o próprio indivíduo.
O TDAH, juntamente com o Transtorno Desafiador Opositivo e o Transtorno de Conduta, é um dos três transtornos mais comuns encontrados no dia-a-dia de pediatras, psicólogos e psiquiatras (ALTHOFF, RETTEW & HUDZIAK, 2003). Sua prevalência é estimada entre 3% e 6% na população infantil em geral (APA, 2002; ROHDE & KETZER, 1997), porém estudos adicionais (BARBARESI ET AL., 2002; GUARDIOLA, FUCHS & ROTTA, 2000; VASCONCELOS ET AL., 2003) encontraram variações significativas nos índices de prevalência (de 3% a 26%) na mesma população.
Nos últimos anos, a conscientização sobre o TDAH aumentou, levando a um maior interesse dos pais e instituições em buscar o diagnóstico e tratamento do transtorno. No entanto, essa busca tem levantado preocupações entre as autoridades médicas em relação ao possível risco de banalização do diagnóstico e tratamento, o que justifica a relevância do estudo em questão.
No que tange a avaliação psicológica, atualmente não existe um teste psicológico específico que que meça o TDAH, por isso mais de um instrumento deve ser utilizado, a avaliação psicológica para fins diagnóstico tem que ser estruturada por um raciocínio clínico e uso completo de vários instrumentos. Embora não sejam decisivos para o diagnóstico, os testes psicológicos podem ser úteis para os profissionais, para compor o processo. Este estudo busca fazer um levantamento de quais instrumentos os profissionais de psicologia da cidade de Marabá – PA, vem fazendo uso no processo de avaliação psicológica para diagnóstico de TDAH.
O interesse por esta temática deu-se a partir da minha experiência no trabalho desenvolvido na sala de recurso de uma escola pública do município de Marabá com segmento do Ensino Fundamental, tendo observado nos processos que cada aluno ali envolvido tem um tipo de diagnóstico, ou seja, a partir da prática cotidiana profissional com os conhecimentos acerca da psicologia, identifiquei uma variável e decide investigá-la cientificamente, aprofundando junto aos psicólogos da região os principais instrumentos de avaliação que os mesmos utilizam para avaliação de crianças com TDAH. Nesse sentido, identificar se existe algum padrão ou critério básico utilizado pelos psicólogos da região na aplicação dos instrumentos para o diagnóstico de TDAH, na região Sudoeste do Pará.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, em sua quinta Edição (DSM-5), uma das principais referências usadas por profissionais de saúde mental para o diagnóstico de transtornos, incluindo o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) traz as seguintes características para o TDAH:
1) Desatenção: Pessoas com TDAH frequentemente têm dificuldade em prestar atenção a detalhes, cometem erros por descuido, têm dificuldade em manter o foco em tarefas ou atividades, são desorganizadas, evitam tarefas que exigem esforço mental constante e muitas vezes perdem objetos importantes;
2) Hiperatividade: Se manifesta como inquietude, fala excessivamente e dificuldade em manter-se quieto em situações de espera;
3) Impulsividade: Toma atitudes sem pensar nas consequências, dificuldade em esperar sua vez, apresenta dificuldade em controlar comportamentos impulsivos.
O DSM 5 também categoriza o TDAH em três subtipos a partir dos sintomas predominantes:
1) Predominantemente Desatento (Caracterizado principalmente pelo sintoma da desatenção);
2) Predominantemente Hiperativo-Impulsivo (Caracterizado principalmente pelos sintomas de hiperatividade e impulsividade);
3) Combinado (Caracterizado pela presença de sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade.
Para Cruz et. al. (2016) é necessário ter um olhar crítico sobre o diagnóstico do TDAH realizados apenas pelos manuais de diagnósticos como o DSM 5 pois influenciam tanto na intervenção quanto nas intervenções pedagógicas.
Para Richters et. al. (1995), o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) se trata de uma desordem comportamental muito presente na infância, é caracterizado por sintomas como desatenção, hiperatividade e impulsividade.
A desatenção pode ser identificada pelos seguintes sintomas: Dificuldade em prestar atenção aos detalhes ou cometer equívocos por descuido na escola e no trabalho; Dificuldade em manter a atenção em tarefas ou atividades recreativas; parecendo não ouvir quando alguém fala com você; falha em seguir formações e concluir tarefas escolares, domésticas ou de trabalho; dificuldade em organizar tarefas e atividades; evitar ou relutar em realizar tarefas que exigem esforço mental constante; perder itens necessários para tarefas ou atividades; distrair-se facilmente com estímulos irrelevantes para a tarefa e esquecer-se das atividades diárias.
Segundo a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da American Psychiatric Association (2014) reconhece dezoito sintomas entre categorias de Desatenção e Hiperatividade/Impulsividade, apresentados até a idade de dezesseis anos e, para que haja o diagnóstico se faz necessário que o indivíduo apresente o mínimo de seis sintomas, além da presença desses no período de seis meses, “as crianças com TDAH demonstram níveis de atenção inapropriados para a idade, são impulsivas e geralmente hiperativas, apresentam dificuldades para seguir regras e normas” (BENCZIK, 2000, p.26).
Ressaltamos que a desatenção, a hiperatividade ou a impulsividade, como sintoma isolado, é resultado de diversos fatores implícitos no relacionamento social da criança. É importante considerar suas relações no ambiente escolar e familiar e outros espaços de relacionamentos. No entanto, para diagnosticar o TDAH é necessário analisar os sintomas a elementos presentes na história de vida da criança, considerar seu histórico escolar desde a idade pré-escolar com o tempo em que estes sintomas se fizeram ou estão presentes. Segundo Rohde, L. A., et al (2000), os sintomas de desatenção e/ou hiperatividade/impulsividade precisam ocorrer em vários ambientes da vida da criança e devem se manter durante o período avaliado.
Para Caliman (2010), alguns analistas sociais entendem que a construção do distúrbio do TDAH perpassa pelo excesso de estímulos ou informações que esse sujeito recebe e pelo consumo exacerbado da cultura somática, da perda de autoridade da família, da igreja e do Estado.
Um outro ponto que merece atenção é a diversidade de informações a respeito do transtorno de déficit de atenção com hiperatividade o que tem ocasionado em adultos a busca de maiores informações sobre o diagnóstico e tratamento. Ao mesmo tempo, o diagnóstico aleatório tem chamado a atenção de médicos e especialistas e em algumas situações a banalização do diagnóstico e tratamento do transtorno. Atualmente percebe-se uma grande quantidade de anúncios on-line com testes rápidos convencendo o leitor de um possível diagnóstico de TDAH.
Segundo Lopes et. al. (2005) o processo de avaliação para TDAH é de grande importância no atendimento com psicólogo, neurologista ou psiquiatra. Garantindo uma avaliação mais abrangente como o uso de escalas de sintomas e testes psicológicos para identificar uma possível deficiência cognitiva e colaborar no diagnóstico mais eficiente para TDAH.
A avaliação psicológica seja para diagnóstico de TDAH ou outros diagnósticos é um procedimento técnico e científico, restritivo do psicólogo, que envolve indivíduos ou grupos, requerendo metodologias específicas de acordo com cada área de conhecimento. É um processo dinâmico que fornece informações explicativas sobre os fenômenos psicológicos, subsidiando o trabalho do psicólogo em diversos campos como saúde, educação, trabalho e outros setores quando necessário, segundo a Resolução CFP nº 007/2003 (2003).
Diante disso é importante verificar as informações durante o processo de avaliação nos diversos contextos de vivência familiar, e no contexto escolar e trabalho, não descartando as dificuldades nos aspectos da concentração, distração e memória.
Por isso, na elaboração da avaliação, é responsabilidade do psicólogo planejar e executar o processo avaliativo considerando aspectos técnicos e teóricos. A escolha dos instrumentos e técnicas de avaliação a serem utilizados será baseada nos seguintes elementos: contexto no qual a avaliação psicológica se insere; propósitos da avaliação psicológica; construtos psicológicos a serem investigados; adequação das características dos instrumentos/técnicas aos indivíduos avaliados; condições técnicas, metodológicas e operacionais do instrumento de avaliação, conforme a Cartilha avaliação psicológica (2007).
Ressaltamos ainda pontos a serem considerados sobre os instrumentos utilizados para a avaliação do TDAH. Segundo a cartilha do Conselho Federal de Psicologia (2022) o teste psicológico é um instrumento profissional que tem como foco identificar, descrever, qualificar e mensurar características psicológicas, por meio de procedimentos sistemáticos de observação e descrição do comportamento humano, nas suas diversas formas de expressão, fundamentados na ciência psicológica. Esses instrumentos necessitam estar em condições favoráveis às orientações do CRP obedecendo os requisitos mínimos da Resolução CFP 9/2018 (2018).
A escolha dos instrumentos avaliativos é de total responsabilidade do profissional de psicologia, este deve fazer a seletiva dos testes mediante ao objetivo que se pretende alcançar na avaliação. Visto que o CFP da total autonomia para o profissional na escolha dos seus instrumentos uma vez que estejam de acordo com a Resolução CFP nº 9/2018 (2018), em vigência. Como orientação, o CFP disponibiliza no Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI) os testes considerados favoráveis ou não, bem como todas as informações necessárias sobre a validade e normatização do teste.
Levando em consideração a relevância de um diagnóstico preciso, o papel dos profissionais da saúde, como psiquiatras, neuropsicólogos e psicopedagogos, é fundamental. Eles possuem prática e conhecimento teórico para analisar de maneira ética e comprometida a entrega do diagnóstico. Como exemplo, avaliando no processo, a presença ou não de comorbidades como: ansiedade, depressão, transtorno do humor, dificuldades de aprendizagem e assim realizar um diagnóstico diferencial que fundamente os sintomas apresentados.
Para Graeff e Vaz (2008) a avaliação responsável e minuciosa de uma criança ou adulto com suspeita de TDAH é necessária frente à popularização das informações, e nem sempre são claras para a população em geral, e, principalmente, no contexto em que esses sujeitos estão inseridos. Informações guiadas apenas pelas redes sociais TIKTOKs e outros ou a falta de conhecimento sobre a patologia ocasiona grandes prejuízos na vida do sujeito, visto que a crianças, adolescentes ou o adulto podem receber, diagnósticos de forma equivocada, sendo até mesmo rotulada como TDAH da mesma forma indivíduos com TDAH podem passar despercebido sem receber as devidas intervenções ocasionando sérios danos na sua vida.
3 METODOLOGIA
A fim de alcançar os objetivos supracitados, foi realizada uma pesquisa qualitativa. Não empregando instrumental estatístico, apenas usando dados do cotidiano, que teve como objetivo estudar as questões em profundidade e detalhe, buscando entender os fenômenos de acordo com a perspectiva dos participantes. A pesquisa tem fins explicativos, pois busca esclarecer quais fatores contribuirão para a ocorrência de determinado fenômeno em questão.
A amostragem utilizada foi a não probabilística por conveniência, usada para criar amostras de acordo com a facilidade de acesso. Como critérios de inclusão foram selecionados os psicólogos que já fazem parte da rede profissional da pesquisadora, que tinham cadastro no CRP – 10, na lista ativa do Sudoeste do Pará. Para critérios de exclusão, foram desconsiderados psicólogos inativos com o conselho, bem como aqueles que não tinham especialidade em Neuropsicologia.
A modalidade de coleta de dados foi em formato Focus Group, profissionais que já se reuniam com a pesquisadora para discutir o tema da pesquisa ao longo da sua atividade profissional. A partir da opinião de cada participante sobre o assunto em questão foi elaborado os dados que constam na apresentação de Resultados e Discussões. Essas opiniões foram coletadas entre os meses de no mês de agosto de 2023. Após aplicado os critérios de inclusão e exclusão, foi considerado um total de 5 participantes.
Os dados levantados, foram tabulados, compilados e apresentados em formato de tabelas. A tabela foi construída sem a identificação dos participantes, respeitando a ética profissional, para preservação dos participantes. Após a elaboração da tabela utilizou-se o aplicativo Wordle para a construção de Nuvens de Palavras. A técnica serve como ferramenta de apoio ao processamento de dados na pesquisa qualitativa, de forma a permitir identificar rapidamente as palavras-chave mais relevantes.
A pesquisa não foi submetida ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP), pois de acordo com a Resolução nº 510, de 07 de abril de 2016, parágrafo único, que trata das pesquisas que não serão registradas nem avaliadas pelo sistema CEP/CONEP, de acordo com o inciso VII, “pesquisa que objetiva o aprofundamento teórico de situações que emergem espontânea e contingencialmente na prática profissional, desde que não revelem dados que possam identificar o sujeito.” Refere-se a situações em que, a partir da prática cotidiana, da profissional, identifica uma variável e/ou temática e decide investigá-la cientificamente, que é o caso em questão.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS
A tabela criada a partir dos dados coletados nesse estudo foi distribuída em: Código do Psicólogo que forneceu a informação para preservar os critérios éticos, instrumentos que o mesmo usa para diagnóstico TDAH, como está sua apresentação no sistema SATEPSI e sua classificação se favorável ou desfavorável.
Tabela 1: Levantamento de instrumentos para diagnósticos de TDAH
Fonte: Elaboração Própria
Como uma melhor forma de visualização das palavras mais frequentes que surgiram na tabela, foi gerada uma nuvem de palavras para cada coluna, como uma forma de visualização das palavras mais frequentes.
Figura 1: Instrumentos utilizados pelos psicólogos para diagnósticos de TDAH
Fonte: Elaboração Própria
A primeira nuvem de palavras representada acima pela figura 1, trata dos principais instrumentos utilizados pelos psicólogos para fins diagnósticos de TDAH. Segundo a Cartilha do conselho Federal de Psicologia, os instrumentos psicológicos têm o propósito de identificar, descrever, qualificar e mensurar características psicológicas por meio de procedimentos sistemáticos de observação e descrição do comportamento humano em suas várias formas de expressão, seguindo os padrões estabelecidos pela comunidade científica. Esses instrumentos são fundamentados em estudos científicos e cada teste psicológico tem como objetivo avaliar um construto específico.
Ao observar a nuvem, as palavras maiores e mais intensamente coloridas indicam aquelas com maior frequência de ocorrência. Isso é essencial para entender o foco, e observamos a maior incidência do instrumento ETDAH.
O instrumento em evidência, não é um teste psicológico, e sim uma escala, não restritiva de uso do psicólogo, que tem por objetivo fornecer uma avaliação concisa, ágil e conveniente dos diferentes sintomas associados ao TDAH, permitindo discernir a manifestação do transtorno, sua intensidade e o grau de impacto presente (leve, moderado ou grave). Pode ser utilizado em adolescentes e adultos com idades entre 12 e 87 anos.
Segundo Benczick (2013), a ETDAH engloba cinco fatores distintos: desatenção, que está relacionada às habilidades de atenção, persistência, organização e ritmo no desempenho de tarefas; Impulsividade, que se refere ao déficit no sistema inibitório e ao baixo autocontrole; aspectos emocionais, que avaliam a presença de dificuldades emocionais, como humor deprimido e sensação de fracasso; autorregulação da atenção, motivação e ação, que envolve a capacidade de manter a organização e o planejamento; hiperatividade, que se refere ao comportamento agitado, apressado e instável.
Figura 2: Principais instrumentos restritivos
Fonte: Elaboração Própria.
Quanto à coluna no que se refere se o instrumento é restritivo ao uso do psicólogo, a nuvem de palavras acima representada pela figura 2, gerada a partir da análise dos dados revelou que a palavra ‘restritivo’ foi a mais frequente, dentre os instrumentos usados pelos participantes.
A lista com os nomes dos instrumentos para o uso profissional encontra-se no site do Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos- SATEPSI, plataforma criada em 2003 pelo Conselho Federal de Psicologia com objetivo de avaliar a qualidade técnico-científica de instrumentos psicológicos. O SATEPSI é um sistema composto por uma legislação, por um grupo de especialistas, por uma Comissão Consultiva e por um sistema operacional.
Esse mesmo sistema fornece a informação se os instrumentos são favoráveis ou desfavoráveis para uso dos profissionais, a partir de uma avaliação criteriosa. E na tabela do estudo em questão observamos que todos os instrumentos foram avaliados pelo sistema SATEPSI e aparecem de forma unânime como favorável ao uso, representada pela figura 3 abaixo.
Figura 3: Instrumentos utilizados pelo SATEPSI
Fonte: Elaboração Própria.
A utilização de testes psicológicos sem critérios técnicos pode resultar em dados não confiáveis. O uso de testes considerados desfavoráveis, de acordo com a Resolução CFP n.º 002/2003 (2003), é considerado antiético e pode levar a consequências administrativas para o profissional.
Segundo Wechsler et. al. (2019) a criação do Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos é considerada um avanço para a área, por focar no aumento da qualidade dos instrumentos e a redução dos processos éticos devido à utilização inadequada e/ou sem segurança na medição dos construtos por parte dos testes. Ainda segundo a autora, no Brasil, podemos observar um aumento significativo de laboratórios dedicados à criação e validação de testes, bem como a formação de grupos de pesquisa, associações e publicações na área. Isso mostra que a avaliação psicológica no país alcançou um nível de maturidade considerável, servindo como exemplo para outras nações da América do Sul.
É de extrema importância analisar que uma Avaliação Psicológica é composta de muitos instrumentos e técnicas como Entrevista Psicológica, Testes Psicológicas e Observação, e os instrumentos apenas estão dentro deste processo. A Resolução CFP Nº 31/2022 (2022) estabelece diretrizes para a realização de Avaliação Psicológica no exercício profissional do psicólogo e regulamenta o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos – SATEPSI, bem como estabelece quais requisitos mínimos os instrumentos devem apresentar para serem reconhecidos como testes psicológicos.
Considerando que o TDAH é um transtorno que afeta a função executiva, acredita-se que instrumentos psicológicos que avaliem essa disfunção possam auxiliar no diagnóstico de crianças e adultos. No entanto, é importante ressaltar que ainda há poucas pesquisas relevantes nesse sentido. E não existe um teste psicológico específico aprovado pelo sistema SATEPSI para compor a avaliação psicológica para diagnóstico do TDAH, de acordo com Silva (2003).
Os instrumentos de diagnóstico para TDAH são limitados e podem não refletir as dificuldades de alguns indivíduos. Não é correto atribuir o comportamento de uma pessoa ao seu diagnóstico ou transtorno de forma generalizada. É importante considerar outras variáveis e levar em conta o diagnóstico e o comportamento da pessoa com TDAH.
Segundo Graeff e Vaz (2008), os testes psicológicos fornecem resultados que podem enriquecer o processo de avaliação, mas suas evidências são pouco significativas e requerem mais estudos para validar um índice discriminatório do TDAH e padronizá-lo na população brasileira.
Ressalta-se também, que não só os instrumentos diagnósticos precisam de atenção, mas a formação dos psicólogos na área de avaliação psicológica. O nível de especialização para aqueles que vão atuar na área de avaliação psicológica foi reconhecido ao final de 2018 (Conselho Federal de Psicologia, 2018b), porém a avaliação para fins diagnósticos ainda não é restritiva para os psicólogos com essa especialização.
Como em qualquer pesquisa, o estudo realizado apresentou limitações quanto à amostra e tempo. Tratava-se de um grupo específico da rede de relacionamento da pesquisadora. Permitindo considerar os resultados encontrados apenas para a população em questão. Desta forma, é necessário novos estudos com ampliação da amostra e do território, que permitiriam ampliar o entendimento do fenômeno estudado e buscar confirmação empírica dos resultados obtidos. Sugerindo várias áreas de pesquisa e desenvolvimento a serem exploradas.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em virtude do aumento dos diagnósticos voltados para TDAH tem-se visto, naturalmente, o crescente aumento de casos, o que ocasiona uma preocupação para a saúde em razão do excesso de crianças e adultos diagnosticadas com esse tipo de transtorno, segundo Ministério da Saúde, gerando um aumento na demanda dos serviços de saúde e educação. Diante do exposto, faz-se necessária uma avaliação psicológica cuidadosa.
O trabalho teve como objetivo o levantamento dos principais instrumentos utilizados por profissionais de psicologia na avaliação psicológica para fins diagnóstico de TDAH, em uma cidade da região sudoeste do Pará. Bem como avaliar se estes instrumentos eram restritivos do uso do psicólogo e se estava caracterizado como favorável pelo Sistema SATEPSI.
Através do estudo foi possível confirmar que a maior incidência de uso entre os psicólogos é a Escala ETDAH, um instrumento não restritivo dos psicólogos. Porém, as demais ferramentas usadas para compor o processo avaliativo são de uso restritivo do psicólogo e todos esses instrumentos encontram-se como favoráveis à avaliação do sistema SATEPSI.
O TDAH é um transtorno que cada vez mais envolve instituições educacionais e de saúde em estudos e pesquisas com o objetivo de entender, esclarecer e diagnosticar comportamentos e atitudes, buscando novas possibilidades de trabalho com o indivíduo. Novos estudos sobre testes psicológicos seriam um diferencial metodológico no processo investigativo, ou seja, criar testes específicos em TDAH, seria uma possibilidade de investigação que muito acrescentaria ao processo do profissional de psicologia.
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1Discente do Curso Superior de Psicologia da Faculdade dos Carajás / Campus Marabá -PA
e-mail: suramaraba@gmail.com.br
2Docente do Curso Superior de Psicologia da Faculdade dos Carajás/Campus Marabá – PA. Mestre em Psicologia.
e-mail: julianareisalcantarabarros@gmail.com.br