A IMPLEMENTAÇÃO DE PRÁTICAS INTEGRATIVAS E complementares em pacientes oncológicos em estados de Paliação

THE IMPLEMENTATION OF INTEGRATIVE AND COMPLEMENTARY PRACTICES IN ONCOLOGICAL PATIENTS AND PALIATION PATIENTS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10075634


Laís Regina Velozo Gomes Silva1
, Maria Vitória Ferreira de Lima2
Vitória Régia de Araújo Serra Sêca3
Emmily Fabiana Galindo de França4


Resumo

INTRODUÇÃO: A Política Nacional das Práticas Integrativas e Complementares regida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) através da portaria GM/MS n° 971, de 3 de maio de 2006, é uma medicina natural ofertada pelo SUS. O entendimento a respeito das terapias complementares utilizadas para o tratamento e cuidados paliativos do câncer vem sendo cada vez mais abordado e utilizado para promover a melhora dos sintomas e conforto, tendo em vista que não oferece danos aos clientes. Os enfermeiros são os profissionais capacitados para implementar as PIC’s, pois são eles que têm maior convívio com os pacientes. OBJETIVO: Verificar como as práticas integrativas e complementares funcionam na qualidade de vida de pacientes oncológicos e em estado de paliação.MATERIAIS E MÉTODOS: Foi realizado um levantamento através de pesquisa em ambiente virtual, buscando e selecionando publicações de artigos científicos nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS) Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e Literatura Internacional em Ciências da Saúde (MEDLINE) utilizando-se o método de busca avançada, de acordo com o título, resumo e assunto em uma visão atualizada. Utilizamos os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) para os idiomas português e inglês com o operador booleano AND na seguinte combinação: oncologia, cuidados paliativos, terapias complementares e cuidados de enfermagem. RESULTADOS: Foram analisados 15 artigos subdivididos em três linhas de raciocínio, sendo elas: Práticas integrativas e complementares em oncologia, benefícios aos pacientes e por fim cuidados de enfermagem. CONSIDERAÇÕES FINAIS: As práticas integrativas e complementares têm um papel importante na qualidade de vida dos pacientes oncológicos e em estado de paliação tendo o profissional enfermeiro a necessidade de incluir essas práticas na rotina desse público alvo.

Palavras-chave: Oncologia. Neoplasias. Cuidados paliativos. Terapias complementares. Cuidados de enfermagem.

  1. Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário UNIFAVIP.
  2. Docente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário UNIFAVIP. 
1   INTRODUÇÃO

O câncer é uma expressão utilizada para descrever um grupo que possui mais de 100 formas distintas de doenças e que normalmente apresentam um aumento irregular das células que podem ser ou não capazes de acometer tecidos próximos ou órgãos que estão mais afastados (BRASIL, 2022). No Brasil, estima-se que ocorreram cerca de 600 mil novos casos de câncer entre os anos de 2018/2019 em cada respectivo ano. Neste país, nos anos citados anteriormente, os de maiores incidências são o câncer de próstata, nos homens e nas mulheres, o de mama. Esta condição de saúde faz com que um enorme número de pessoas adoeça e venha a falecer e devido a isso deve ser reconhecida e entendida por todos os profissionais de saúde, principalmente a enfermagem (ABC DO CÂNCER, 2019).

Dentro da oncologia temos os cuidados paliativos, que é uma assistência prestada aos pacientes para promover conforto e alívio do sofrimento. Neste contexto, o enfermeiro possui um papel de destaque frente a esses cuidados, pois está apto para aplicar as práticas integrativas e complementares com objetivo de fornecer uma assistência humanizada (CENZI; OGRADOWSKI, 2022). Implementado no Brasil em 2006 as práticas integrativas e complementares desempenham um papel muito importante nesta área, pois é uma terapia natural e não oferece danos ao paciente. Era uma prática não muito utilizada como alívio dos sintomas de certas doenças, mas, hoje em dia é muito usufruída (BRASIL, 2018). 

Alguns dos sintomas relatados desse público alvo são: dor, fadiga, náusea, insônia e ansiedade, os pacientes que já realizaram alguma das terapias complementares, relatam que após o procedimento obtiveram alívio dos sintomas (LATTE; MAO, 2019). Dentre as práticas mais realizadas, estão: aromaterapia, yoga, meditação, Tai chi chuan, terapia da arte, musicoterapia, massoterapia e acupuntura. Cada uma traz resultados e alívio em determinados sintomas, como por exemplo: a yoga vai atuar em casos de estresse, a massagem em dor, a acupuntura em náuseas (GOLDSTEIN; STEFANI; ZABBKA, 2018).  

Nas práticas integrativas e complementares existe uma política nacional regida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) através da portaria GM/MS n° 971, de 3 de maio de 2006, nesse processo houve a implementação dessas práticas no SUS, facilitando assim o acesso de todos os usuários. Segundo a PNPIC esses procedimentos estão, de início, inseridos na atenção primária, logo em seguida foram desenvolvidas as capacitações para os profissionais de saúde (BRASIL, 2006). De acordo com a resolução do Cofen 581/2018, os enfermeiros que possuem especialização em práticas integrativas e complementares estão   legalmente autorizados para realizar os procedimentos (COFEN, 2022). 

 O profissional enfermeiro desempenha uma função essencial no cuidado integral, limitando-se não apenas ao processo de adoecimento, mas considerando o paciente como um todo. Com base nisso, alguns profissionais incluem nos cuidados às orientações baseando-se em contexto cultural antepassados, como o uso de chás para diarréia e banho de assento para tratar inflamações, facilitando o entendimento do paciente, porém é importante a oferta de práticas com evidências científicas, para reduzir o uso de medicamentos devido aos efeitos colaterais (JALES, et al., 2020).

 Portanto, os mesmos detêm uma grande atuação na realização das terapias complementares, tendo em vista que são os profissionais que mais convivem com o paciente, tornando assim significativo o protagonismo da enfermagem na execução dessas práticas para trazer melhorias aos pacientes oncológicos e em estado de paliação (MOURA; GONÇALVES, 2020).

       Nesse sentido, o estudo teve como objetivo verificar como as práticas integrativas e complementares funcionam na qualidade de vida de pacientes oncológicos e em estado de paliação. Buscou-se compreender a seguinte pergunta norteadora: De que forma os enfermeiros ao utilizarem as práticas integrativas e complementares podem trazer melhorias aos pacientes oncológicos e em estado de paliação?

2   METODOLOGIA 

Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, do tipo qualitativa. Como critérios de inclusão, foram utilizados artigos científicos, que abordassem a temática sem privação de acesso no banco de dados, artigos publicados nos idiomas português e inglês, em texto na íntegra entre os anos de 2018 a 2022. Os critérios de exclusão se deram através de artigos, literaturas duplicadas, teses, trabalho de conclusão de curso, resumos e cartas de opinião que não estavam dentro dos últimos 5 anos, em que o título não abordava as práticas integrativas e complementares em pacientes oncológicos e em estado de paliação. 

Foram utilizados os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) para os idiomas português e inglês com o operador booleano AND na seguinte combinação: oncologia, cuidados paliativos, terapias complementares e cuidados de enfermagem.A pesquisa ocorreu em ambiente virtual, sendo selecionados publicações de artigos científicos nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS) Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e Literatura Internacional em Ciências da Saúde (MEDLINE) utilizado o método de busca avançada, de acordo com o título, resumo e assunto em uma visão atualizada conforme exposto no Quadro 1.

Quadro 1– Estratégias de busca nas bases de dados, 2023.

Bases de dadosEstratégias de busca Resultados
BVS1.Práticas integrativas AND Câncer AND cuidados paliativos;
2.Práticas Integrativas e Complementares AND Oncologia AND Cuidados de Enfermagem; 
3. Terapias complementares AND oncologia AND enfermagem.
39


09


17
LILACS1.Práticas integrativas e complementares AND Oncologia AND Cuidados paliativos; 2.Oncologia AND Cuidados de Enfermagem; 3. Terapias complementares AND oncologia AND enfermagem.                         02  


146

11
SCIELO1. Câncer AND Práticas integrativas e complementares;
2.Câncer AND Práticas integrativas e complementares AND Enfermagem;
3. Terapias complementares AND oncologia AND enfermagem.
01                            01  

00
MEDLINE1.Práticas Integrativas e complementares AND Oncologia AND Cuidados Paliativos AND Enfermagem;
2.Práticas integrativas e complementares AND Cuidados de enfermagem; “
3 Terapias complementares” AND “Neoplasias”.
4 Terapias complementares AND oncologia AND enfermagem.
02                              50
 
16

  04
TOTAL: 10298

Fonte: elaborado pelas autoras, 2023.

3   RESULTADOS E DISCUSSÕES

A seguir, o Quadro 2, representa os 15 artigos dispostos para fins desta pesquisa, caracterizados quanto ao autor (es)/ano de publicação, título do artigo, objetivo do estudo e desfecho do estudo.  

Quadro 2: Identificação dos artigos quanto ao seu autor (es)/ano de publicação, título do artigo, objetivo do estudo e desfechos da pesquisa, 2023.

IDENTIFICAÇÃ O DO ARTIGOAUTOR(ES)/ ANOTÍTULO DO ARTIGOOBJETIVO DO ESTUDODESFECHOS DA PESQUISA
1Minuto et al.,  2021.Práticas de cuidado realizadas             por pessoas que convivem                 com        o câncer.Conhecer as práticas de cuidado realizadas por pessoas que convivem com o câncer.As práticas de cuidado são utilizadas conforme a necessidade de cada pessoa, sendo observado o incremento das práticas integrativas e complementares. Essas práticas podem ser utilizadas simultaneamente, tanto aquelas oferecidas pelo sistema formal, quanto pelo sistema informal de saúde. 
2Mendes et al., 2021.Reiki no cuidado de enfermagem: imaginário e cotidiano de pessoas e de famílias vivenciando o câncer. Compreender o imaginário do Reiki integrado ao cuidado de enfermagem no quotidiano de pessoas e de famílias em vivência do câncer. O imaginário sobre o Reiki mostrou uma experiência que permitiu vivenciar               a desmistificação da doença, a atitude positiva – enquanto potência para o seu enfrentamento, possibilitou emergir a força vital de cada pessoa e família, promovendo a saúde no viver e conviver, a partir da razão sensível. 
3Grant et al., 2021.Characteristics and symptom burden of patients accessing acupuncture services at a cancer hospital.  Fornecer uma melhor compreensão das características demográficas e dos sintomas vivenciados por pacientes com câncer que acessam serviços de acupuntura em um hospital terciário na Austrália.Esta auditoria destaca os sintomas mais comuns, os sintomas com maior carga e os tipos de pacientes que recebem serviços de acupuntura em um hospital terciário australiano. As conclusões desta auditoria fornecem orientação para futuras práticas e pesquisas de acupuntura em ambientes hospitalares. 
4Gurgel et al., 2019. Prevalência das práticas integrativas e complementares emAnalisar a prevalência das práticas integrativas eOs pacientes referem os benefícios da utilização das práticas integrativas
  pacientes submetidos à                quimioterapia antineoplásica.complementares em pacientes que realizam quimioterapia antineoplásica.e complementares. É relevante que o enfermeiro conheça a prevalência de sua utilização e tenha conhecimento para indicá-las ou contraindicá-las, quando necessário. 
5Macêdo et al., 2018.Limites e potencialidades do líder religioso/espiritual diante de mulheres em tratamento oncológico mamário.Analisar as limitações e potencialidades da influência do líder religioso/espiritual diante de pacientes com neoplasias mamárias.O desafio para superar as limitações             e potencialidades da influência dos líderes religiosos/espirituais pode convergir para o estímulo das terapias complementares no ambiente hospitalar complementando o tratamento alopático, principalmente no contexto oncológico.
6Latte-Maor e Mao (2019).Putting       Integrative Oncology              Into Practice: Concepts and ApproachesEvidenciar as práticas oncológicas integrativas.A oncologia integrativa é um campo de tratamento abrangente do câncer, centrado no paciente e informado por evidências, que utiliza práticas mente-corpo, produtos naturais e modificações no estilo de vida de diferentes tradições, juntamente com tratamentos quimioterápicos e radioterápicos.
7Maindet et al. (2019)Strategies of complementary and integrative therapies in cancer-related pain-attaining exhaustive cancer pain management.Apresentar as opções de PICs que poderiam ser utilizadas no manejo dinâmico, multidisciplinar e personalizado, levando a uma abordagem oncológica integrativa.A maioria das PICs apenas mostrou tendências de eficácia, uma vez que a dor oncológica era principalmente um desfecho secundário ou as populações eram restritas.
8Pereira et al. (2021).Autonomia e PráticasInvestigar as Práticas Integrativas eOs resultados revelam múltiplas
  Integrativas e Complementares: significados e relações para usuários e profissionais da Atenção Primária à Saúde.Complementares atribuídos por usuários e profissionais de um Centro de Saúde e as possíveis contribuições das PIC para a autonomia do usuário.compreensões sobre a autonomia do paciente e diferenças entre as PIC investigadas (ioga e acupuntura).
9Silva e Paganini (2021).Os benefícios da aromaterapia e dos cosméticos orgânicos na recuperação de pacientes com câncer de mama e o papel do enfermeiro.Descrever os benefícios da aromaterapia e os cosméticos orgânicos para pacientes com câncer de mama e a atuação do enfermeiro nas orientações e indicações de uso para a recuperação e tratamento.A aromaterapia é uma prática que faz parte das PICS, ainda pouco utilizada no Brasil, porém, vem se expandindo e inserindo o enfermeiro nesse cenário, sendo fundamental no sucesso da recuperação da paciente com câncer.
10Villela   e                 Ely (2022).Humanização na ambiência de Práticas Integrativas e Complementares: significado de bemestar na perspectiva dos usuários.Apresentar                   os significados de bemestar relacionados à ambiência, atribuídos pelos usuários de ambientes terapêuticos de Práticas Integrativas e Complementares (PIC).A categorização dos resultados sugere que os significados de bem-estar atribuídos pelos usuários de ambientes terapêuticos de PIC sejam: Acolhimento, Ânimo,                   Beleza, Concentração, Confiança, Relaxamento e Simplicidade. Estimase que essa categorização possa contribuir para a humanização das ambiências de PIC.
11Cenzi e Ogradowski, 2022.Relevância do conhecimento da enfermagem acerca das práticas integrativas e complementares no cuidado paliativo.Descrever as evidências científicas disponíveis na literatura sobre a relevância clínica do conhecimento da enfermagem frente à adoção de práticas integrativas e complementares no cuidado ao paciente em abordagem paliativa de cuidados.Através dos estudos científicos foi possível comprovar a importância da abordagem clínica do profissional enfermeiro frente as PICS no cuidado ao paciente em paliação. Sendo assim o enfermeiro tem um papel de relevância na aplicabilidade das PICS, principalmente no embasamento científico.
12Mendes et al .; 2019.Benefícios das práticas integrativas e complementares no cuidado de enfermagem.caracterizar os benefícios das Práticas Integrativas                    e Complementares (PICs) no cuidado de enfermagem.A enfermagem possui papel fundamental na aplicabilidade das PICS, precisam visualizar como um modelo de cuidado que não possui efeitos colaterais, porém ainda é necessário             o protagonismo da categoria no contexto do trabalho.
13Locateli et al.; 2020.Acendendo as Luzes: uma inovação no Cuidado a Saúde dos Pacientes Oncológicos, Familiares e Equipe.Relatar a experiência de implantação das Terapias Integrativas e Complementares através do Projeto de Extensão Luzes.Conclui-se que as ações realizadas pelo projeto acendendo as luzes foram positivas, fazendose necessário alinhar essas práticas na rede hospitalar possibilitando conforto e melhor adesão ao tratamento.
14Pagliarini et al.; 2021.Assistência de Enfermagem na doença crônica não transmissível e uso de práticas integrativas e complementares.Buscar publicações, no cenário nacional e internacional, sobre o uso das PICS em pessoas portadoras de doenças crônicas não transmissíveis.Destaca-se que apesar das PICS serem aplicadas por enfermeiros ainda necessita               de empoderamento e especialização por parte desses profissionais, também foi encontrado que há a indicação das PICS,     como musicoterapia em pacientes oncológicos.
15Ruela     et                 al.; 2018.Efetividade da acupuntura auricular no tratamento da dor oncológica: Ensaio clínico randomizado.Avaliar a efetividade da acupuntura auricular na dor de pacientes oncológicos em tratamento quimioterápico e verificar se houve alterações no consumo de medicação analgésica após a aplicação dessa intervenção. A maior parte dos que participaram da amostra foi mulheres com câncer de mama, em que foram realizados             o procedimento de acupuntura auricular, para o alívio da dor oncológica, e obtiveram eficácia após oito sessões porém deve ser realizadas em tratamento individualizado.

Fonte: elaborado pelas autoras, 2023.

As Práticas Integrativas e Complementares (PICS) foram incluídas no cuidado de pessoas que vivenciam o câncer em razão da diminuição dos efeitos colaterais que a terapêutica convencional causa, com o propósito de aumentar a qualidade de vida e também desenvolver a autoeficácia do paciente. A auriculoterapia é uma forma de método terapêutico e está inserida na Medicina Tradicional Chinesa (MTC) e foi comprovado a efetividade dessa prática nos sintomas habituais associados ao câncer, englobando náuseas e vômitos que são impelidos pela quimioterapia (GRANT, et al. 2021). 

 Segundo Minuto, et al. (2022) as plantas medicinais também são capazes de cuidar da saúde, como a cozimento das flores-de-laranjeira para dores de cabeça, a marcela para problemas intestinais, camomila e losna para diminuir náuseas, vômitos e aumentar a imunidade. As plantas medicinais possibilitaram mais bem-estar aos pacientes oncológicos e também maior autonomia em relação ao seu plano de cuidados. Dessa forma, as PICS contribuem com a redução dos efeitos colaterais e asseguram uma melhor qualidade de vida. 

 Para Mendes, et al. (2021), o Reiki é outra maneira de proporcionar cuidado porque essa terapêutica tem o objetivo de facilitar a harmonia e o equilíbrio abrangendo distintas variáveis da saúde, como: mental, energética, física, emocional e espiritual. Os pacientes que estão por um período muito longo em tratamento quimioterápico perceberam melhorias e ocasionalmente dispõem-se a pagar pela execução dessa prática, visto que os mesmos relatam que esse método reduz a angústia do tratamento. Além disso, o uso dessa terapia em mulheres em tratamento de câncer colaborou com a libertação da tensão emocional, do relaxamento, da paz interior, da esperança e do sentimento de ser cuidada. 

 O emprego das PICS em pacientes com câncer é grande e constantemente ocorre sem a noção da equipe multiprofissional de saúde que efetua o procedimento para tratar a neoplasia e como prática mais comum está a espiritual e a religiosidade que mostram-se também como indispensáveis para um melhor confronto do tratamento, redução dos efeitos causados pelo câncer e maior entendimento dos profissionais de saúde e obtém igualmente conforto e bem-estar para as pessoas mesmo perante o sofrimento e perspectiva da doença (GURGEL, et al., 2019).

 Ponderando a espiritualidade e a religiosidade como caminho para as angústias internas, os cristãos buscam nos líderes espirituais e religiosos mentores pela procura da salvação da alma e consolação na vulnerabilidade que a doença causa por meio dessa prática que abrange oração, motivação e acolhimento (MACÊDO, et al. 2018).

O número de pacientes que procuram por práticas integrativas e complementares durante o tratamento oncológico vem tendo um crescimento progressivo, a fim de minimizar quaisquer alterações que venham a surgir, seja física ou mental. Isso ocorre devido a população apresentar insatisfação com a medicina convencional, por haver procedimentos invasivos e de custo elevado, além de ser passível de erros médicos. A utilização das PICS traduz a necessidade da resolução de problemas do sistema coletivo de saúde, proporcionando ao paciente oncológico sensação de bem-estar e saúde, além de possibilitar o livre arbítrio de escolher e se adaptar a crença e religiosidade, gerando concepções de cuidado e autocuidado, de modo a transformar o processo saúde-doença, tratamento e a cura (MAINDET et al., 2019).

       Outra modalidade terapêutica efetiva é a acupuntura, pois possuem o intuito de relaxamento e minimização do estresse e ansiedade, devido a função de modular múltiplas regiões do cérebro envolvidas na cognição da emoção. Conforme estudos, a acupuntura pode ser aplicada a fim de diminuir dor, fadiga, náusea e vômito (PEREIRA et al., 2021).

       A aromaterapia também é considerada um método eficaz na promoção de saúde, bemestar, mente e emoções do indivíduo. Pois, por meio do uso terapêutico do aroma natural das plantas, os óleos essenciais podem ser aplicados como complemento para proporcionar reequilíbrio emocional e físico do indivíduo, aliviando os sintomas devido à sua função sedativa, calmante e relaxante. Os óleos essenciais são compostos por moléculas de alta complexidade, podendo atuar em diversas formas no organismo, por via cutânea ou inalatória (SILVA; PAGANINI, 2021).

       Estudos demonstram a importância da influência das PICS nos estados emocionais e religiosos, pois ativam o córtex pré-frontal e os lobos parietais, cujo é responsável pela resiliência e emoções positivas. O estímulo desta região provoca a ativação de endorfina e dopamina no cérebro, por consequência, favorecendo a reação do sistema imunológico aos estados de estresse. Além disso, outras técnicas que mostram benefícios é a qualificação de ambientes com elementos naturais ou vistas para a natureza, com o intuito de humanizar e provocar relaxamento, impactando positivamente na pressão arterial e frequência cardiorrespiratória (VILLELA; ELY, 2022).

       Dentre as diversidades práticas existentes atualmente, pode ser constatado que a eletroacupuntura e o gengibre (fitoterapia) podem ser considerados complementares aos medicamentos antitérmicos, que são usados para diminuição ou controle de náuseas e vômitos durante a quimioterapia. Outra prática utilizada é o toque de cura, com o intuito de reduzir a dor e promover alívio imediato. Além destas terapias complementares, à hipnose vem sendo utilizada como um tipo de “anestesia” durante procedimentos operatórios, assim como retomada do humor e melhora nas estratégias de enfrentamento às situações estressógenas (LATTE-NAOR; MAO, 2019).

         As práticas integrativas e complementares surge como um diferencial para o profissional enfermeiro principalmente no Brasil por ser pioneira, e ter um grande benefício em vista de ser um método não farmacológico, evitando possíveis efeitos colaterais, dentro das PICS existem diversos tipos de tratamento, o uso delas no cotidiano faz com que a assistência seja desenvolvida de maneira holística, pautada na ética e segurança do paciente, a enfermagem desempenha  um papel relevante no cuidado paliativo, principalmente ao aplicar as PICS nesse público, pois dentre toda a equipe multidisciplinar, eles possuem um papel de destaque, porque há um contato mais frequente com o paciente estabelecendo assim um maior vínculo (CENZI; OGRADOWSKI, 2022).

              Na  prática do cuidado sempre deve apresentar novas abordagens para obter um maior êxito durante todo o processo, como métodos mais recentes trabalhados nesses pacientes tem a massoterapia, musicoterapia, e aromaterapia, obtendo uma maior eficácia quando utiliza-se as três, auxiliando principalmente no controle do estresse emocional, além dessas está sendo utilizado recentemente a meditação como uma forma de afastar efeitos psicossomáticos negativos, ao entrar em paliação o paciente apresenta fragilidades, estresse e questionamentos sobre a vida, por isso o enfermeiro oncologista deve proporcionar a pessoa vulnerável a melhora de todas essas condições, a maioria desse público passa por sessões de quimioterapia, o que faz com que efeitos possam surgir como dores e estresse, ao utilizar as PICS consequentemente há uma melhora em todos os fatores, além de ser um ótimo recurso em substituição a diversos tratamentos farmacológicos (MENDES et al.;2019).

          Há um tempo foi realizado um estudo em um hospital brasileiro no setor de oncologia, onde um projeto de extensão o qual estava realizando o presente estudo implementou as PICS naquele hospital e setor, e o enfermeiro fez parte de toda essa implementação, desde a organização, coleta de dados, até a prática em si realizada, sendo um protagonista na inserção das PICS na oncologia aos pacientes em cuidados paliativos, o projeto não foi apenas implementado para os pacientes mas também para os acompanhantes deles os quais também fazem parte dessa jornada ao lado de seus enfermos, as PICS possibilitam uma forma de cuidar do ser humano doente e não da doença, o que torna uma forma de cuidado diferenciada (LOCATELI et al.;2020).

           Dentre as terapias mais utilizadas a acupuntura auricular também tem apresentado eficácia para dor oncológica, desde que a aplicação seja em pontos específicos do pavilhão auricular, dessa forma por obter sucesso, essa prática auxilia pacientes que são sensíveis a analségicos, pois não precisam fazer uso das medicações porque com o uso da terapia complementar obtém melhora da dor e menos efeitos colaterais (RUELA et al.; 2018).            No entanto além do uso da terapia complementar, é importante que o paciente mantenha uma alimentação adequada, tais informações condiz com a necessidade do enfermeiro ter conhecimento da prática e hábitos de vida saudável, para uma melhor orientação para eles, e implementação com maior frequência das PICS com objetivo de diminuição no uso de medicações (PAGLIARINI et al.; 2021).

4   CONCLUSÃO

Através das análises realizadas na literatura, pode-se verificar como as práticas integrativas e complementares funcionam na qualidade de vida de pacientes oncológicos e em estado de paliação, alcançando o objetivo da pesquisa. Esclarecendo a necessidade de entendimento do profissional enfermeiro sobre esta prática e a importância do uso das mesmas na oncologia e nos cuidados paliativos. Bem como a busca por capacitações por parte desses profissionais para incluir todas as pessoas no cuidado ao implementar as PICS.

 Os estudos mostraram que a utilização das PICS é satisfatória pois os indivíduos relataram melhora dos efeitos colaterais após uso dessas práticas ganhando espaço por ser um método não farmacológico e de fácil acesso, evitando maiores danos ao usuário. Contudo, muitas pessoas fazem o uso sem a orientação de um profissional devido ao conhecimento cultural adquirido ao longo da vida, porém é necessário que ocorra uma investigação dos sinais e sintomas para que seja recomendado o melhor tipo de terapêutica para cada paciente. Desse modo, destaca-se a importância do profissional enfermeiro em especializar-se para passar informações de forma clara, objetiva e com embasamento científico a fim de alcançar o melhor tratamento para cada pessoa.

Porém, existe uma carência de profissionais que atuem nesta área, dificultando o acesso dos indivíduos a essas práticas, influenciando diretamente na escassez de lugares que oferecem as PICS. Sendo assim, de acordo com as pesquisas, é concedido que as PICS ofertam cuidado, bem-estar e qualidade de vida aos pacientes oncológicos e em cuidados paliativos, mas para tanto é indispensável que aconteça uma entrevista a fim de coletar informações para realizar um plano terapêutico, sendo essa uma estratégia apropriada para aplicação dessas práticas.

REFERÊNCIAS

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