CONTRIBUIÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA SAÚDE BUCAL E GERAL DE PACIENTES INTERNADOS EM UTI  

CONTRIBUTION OF HOSPITAL DENTISTRY TO ORAL HEALTH AND GENERAL OF PATIENTS ADMITTED TO ICU

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10072174


Andreina Viriato Lopes Ortiz1;  Brunna Oliveira Lima2; Carlos Alexandre Freire do Nascimento3; Regina Márcia Serpa Pinheiro4; Chimene Kuhn Nobre5; Maria Fernanda Borro Bijella6; Paulo Roberto Marão de Andrade Carvalho7; Rodrigo Jacon Jacob8 


RESUMO 

A odontologia hospitalar surgiu na América em meados do século XIX, no Brasil, foi  reconhecida em 2004, através da criação da Associação Brasileira de Odontologia  Hospitalar. O cuidado odontológico a pacientes hospitalizados contribui para a  prevenção de agravos e a melhora da condição sistêmica do paciente, diminuindo a  incidência de infecções respiratórias. A revisão de literatura teve como objetivo  identificar artigos científicos publicados nos últimos anos, com abordagem a  contribuição da odontologia hospitalar na saúde bucal e geral de pacientes internados  em UTI além de destacar quais os procedimentos mais realizados dentro dos  protocolos de atendimento em pacientes internados em UTIs. A presente pesquisa foi  desenvolvida através de levantamento bibliográfico em artigos originais, monografias,  dissertações, teses, livros e sites de caráter científico. Conclui-se com este trabalho que compreender o hospital como um ambiente multidisciplinar é importante para a  integração dos profissionais ali presentes. Por sua vez, os CDs precisam compreender  e reconhecer seu espaço e sua importância nesse ambiente e manter a qualificação  na assistência odontológica. 

Palavra-chave: Unidade Hospitalar, Saúde bucal, UTI. 

ABSTRACT 

Hospital dentistry emerged in America in the mid-19th century, in Brazil, it was  recognized in 2004, through the creation of the Brazilian Association of Hospital  Dentistry. Dental care for hospitalized patients contributes to the prevention of injuries  and the improvement of the patient’s systemic condition, reducing the incidence of  respiratory infections. The literature review aimed to identify scientific articles  published in recent years, addressing the contribution of hospital dentistry to the oral  and general health of patients admitted to ICUs, as well as highlighting which  procedures are most commonly performed within the care protocols for patients  admitted to ICUs. This research was developed through a bibliographical survey of  original articles, monographs, dissertations, theses, books, and websites of a scientific  nature. It is concluded from this work that understanding the hospital as a  multidisciplinary environment is important for the integration of professionals present  there. In turn, CDs need to understand and recognize their space and importance in  this environment and maintain qualifications in dental care. 

Keywords: Hospital Unit. Oral health. UCI. 

1 INTRODUÇÃO 

A odontologia hospitalar surgiu na América em meados do século XIX, por  parte dos Drs. Simon Hullihen e James Garrrestson. No Brasil, foi reconhecida em  2004, através da criação da Associação Brasileira de Odontologia Hospitalar  (ABRAOH), e em 2008, o projeto de lei 2776/2008, propôs a obrigatoriedade da  presença de cirurgião dentista em UTI´s, com a finalidade de agregar no cuidado da  saúde bucal de pacientes internados, contribuindo na diminuição de riscos de  infecções decorrentes de uma internação (JORGE, et al. 2017). 

O cuidado odontológico a pacientes hospitalizados contribui para a prevenção  de agravos e a melhora da condição sistêmica do paciente, diminuindo a incidência  de infecções respiratórias, a necessidade de antimicrobianos sistêmicos, a diminuição  da mortalidade, além de representar uma economia significativa (ROCHA E  FERREIRA, 2014). 

Sabe-se que a cavidade oral é local de diversas espécies de bactérias que  podem interferir na saúde bucal do paciente, portanto, o tratamento odontológico em  pacientes hospitalizados, auxiliam na prevenção de doenças sistêmicas oriundas de  bactérias presentes na cavidade bucal (MORAIS, et al. 2006). 

Apesar da aprovação do Projeto de Lei nº 2.776/2008, que estabelece a  obrigatoriedade da presença de profissionais de odontologia nas unidades  hospitalares e dá outras providências, ainda há hospitais que não cumprem com  determinação, a sociedade precisa se conscientizar de que este é um serviço  absolutamente necessário (DOS SANTOS, et al. 2016). 

O dentista que faz parte do sistema hospitalar deve estar apto a realizar uma  anamnese integral, avaliando o contexto multidisciplinar de saúde para o correto  planejamento das ações de saúde bucal. Atividades de educação em saúde para  pacientes e profissionais envolvidos, condutas preventivas, ações de intervenção  mínima voltadas para a adequação do ambiente bucal, condutas de média e alta  complexidade voltadas para a eliminação de processos inflamatórios e infecciosos,  além de medidas voltadas para a prevenção do sofrimento do paciente, que podem  interferir na qualidade de vida e na recuperação do paciente são a competência do  odontólogo no hospital (FERRAZ et al., 2022).  

A importância dos cuidados odontológicos se torna preciso a começar da  identificação, administração, preparação até a realização da conduta que colabora  para o avanço do estado bucal, se faz indispensável o desempenho dos cirurgiões dentistas na equipe multidisciplinar operante nas UTIs, pretendendo possibilitar  restabelecer saúde ao paciente, sendo possível reduzir o período de internação e de  tempo em ambiente hospitalar (Varjão et al., 2021). 

Geralmente a UTI é composta por uma equipe multidisciplinar estabelecida por  profissionais de diversas áreas, mas que juntos trabalham para uma mesma  finalidade, neste caso a promoção à saúde, e conforme a necessidade do paciente  realizam seus devidos protocolos (AMARAL et al., 2013). 

A visita do Cirurgião Dentista (CD) a uma unidade de terapia intensiva (UTI)  tem como principal objetivo prevenir a infecção oral, que pode interferir no  desenvolvimento de lesões em pacientes internados e por outro lado também podem  atuar limitando a proliferação de microrganismos que colonizam a cavidade oral e  podem migrar para o trato respiratório inferior. Sua atuação minimiza o risco de  infecção, melhorando diretamente o atendimento, encurtando o tempo de internação  em alguns casos (PACHECO et al., 2017). 

A atuação do CD juntamente com a equipe multidisciplinar é indispensável  visando o objetivo final que é o atendimento ao paciente de forma global e melhora da  qualidade de vida, diminuição do tempo de recuperação e permanência no leito,  disponibilizando vagas para outros pacientes, reduzindo custos hospitalares (GODOI,  et al. 2009). 

É fundamental a atenção com a prevenção à saúde bucal de pacientes sob  internação hospitalar em unidade de terapia intensiva, existe a possível chance de  piora à saúde total desses pacientes em consequência da falta dessa prevenção, é  indispensável à precisão da realização de protocolos de higiene oral adequada, para  que seja executada a atividade de maneira eficácia, certificando se assim de  resultâncias positivas e eficientes para os pacientes (ORY,et al., 2017). 

Pelo acima exposto, esta revisão de literatura teve como objetivo identificar  artigos científicos publicados nos últimos 10 anos, com abordagem a respeito da  Importância do Cirurgião-Dentista na Unidade de Terapia Intensiva além de destacar  quais os procedimentos mais realizados dentro dos protocolos de atendimento em  pacientes internados em UTIs. 

2 METODOLOGIA

A pesquisa possui uma natureza básica, pois gerou conhecimento para ser  diretamente utilizado na solução de problemas práticos e específicos na área da  odontologia. o estudo visou identificar a contribuição da odontologia hospitalar na  saúde bucal e geral de pacientes internados em UTI, com o propósito de oferecer  informações concretas e aplicáveis aos profissionais da área. 

O objetivo da pesquisa é duplo: em sua vertente descritiva, buscou-se  identificar e descrever detalhadamente a contribuição da odontologia hospitalar na  saúde bucal e geral de pacientes internados em UTI; em sua vertente exploratória,  visa-se investigar novas perspectivas e possíveis benefícios que essa abordagem  pode oferecer. Dessa forma, pretendeu-se obter uma compreensão abrangente e  aprofundada da contribuição da odontologia hospitalar na saúde bucal e geral de  paciente internados em UTI. 

Essa pesquisa caracterizou-se por ser uma revisão sistemática de literatura  realizada por meio de pesquisa bibliográfica, abrangendo artigos científicos, livros e  documentos relevantes que abordam o tema da contribuição da odontologia hospitalar  na saúde bucal e geral de pacientes internados em UTI. Esta abordagem permitiu  uma análise abrangente das informações disponíveis, tanto em termos teóricos  quanto práticos. 

A abordagem escolhida para esta pesquisa foi a qualitativa. Esse enfoque  permitirá uma compreensão profunda da contribuição da odontologia hospitalar na  saúde bucal e geral de pacientes internados em UTI, explorando opiniões, percepções  e experiências de profissionais da área, pacientes e especialistas. A análise qualitativa  proporcionará insights detalhados sobre as razões subjacentes às vantagens  identificadas, permitindo uma compreensão holística do tema. 

Foram utilizadas as seguintes bases de dados: PubMed; Biblioteca Virtual em  Saúde (BVS), Google acadêmico, Scientific Eletronic Library Online (Scielo) e  Medline. Essas bases de dados foram selecionadas devido à sua abrangência e  relevância na área da odontologia e ciências biomédicas. A utilização de múltiplas  bases de dados auxiliará na obtenção de uma visão completa das pesquisas e  informações disponíveis sobre a contribuição da odontologia hospitalar na saúde  bucal e geral de pacientes internados em UTI. 

A busca pelos artigos foi feita através dos seguintes descritores fornecidos  pela Base DECS: Unidade Hospitalar, Saúde bucal, UTI. Foram incluídos artigos que  apresentem pesquisas originais, estudos de caso, revisões sistemáticas e meta-análises relacionadas a contribuição da odontologia hospitalar na saúde bucal e geral  de pacientes internados em UTI publicados a partir de 2013. Foram excluídos artigos  que não abordam diretamente o tema ou que tenham baixa qualidade metodológica.  A inclusão foi baseada em critérios estritos de relevância, metodologia e qualidade  científica. 

3 REVISÃO DE LITERATURA 

3.1 PRINCIPAIS AGRAVOS ENCONTRADOS EM PACIENTES INTERNADOS NA  UTI 

3.1.1 HIPERPLASIA GENGIVAL  

A hiperplasia gengival é comum em pacientes com aparelho ortodôntico fixo  que apresentam maior higiene bucal. Esse aumento gengival é caracterizado por um  desenvolvimento lento, contínuo e por vezes assintomático. Clinicamente a  hiperplasia gengival apresenta-se como um contorno irregular e edemaciado, fazendo  com que seja adotada uma abordagem cirúrgica para proporcionar contorno regular  da margem gengival, devolvendo estética e função ao tecido periodontal. A  classificação das hiperplasias é definida de acordo com o fator causal, nesse caso em  questão trata-se de uma hiperplasia causada por trauma ortodôntico associado a uma  higienização deficiente (DA SILVA, et al. 2023). 

A hiperplasia gengival pode ser causada por alguns medicamentos, incluindo  a fenitoína. Enfatiza-se a necessidade de combinar tratamento odontológico e  medicamentoso como forma de prevenir e/ou minimizar a hiperplasia gengival  induzida por medicamentos devido à ação farmacológica de alguns medicamentos,  bem como de irritantes dentários e periodontais locais (JUNIOR, 2007). 

3.1.2 DOENÇA PERIODONTAL 

Considerada um problema de saúde pública, a doença periodontal tem uma  prevalência de 60% na população mundial. Se desenvolve a partir de infecções  causadas por bactérias gram-negativas que provocam inflamação nos tecidos de suporte e proteção dentária, o que pode resultar na destruição óssea e consequente  perda dentária (SCHNEIDER, et al. 2023). 

Estudos indicam que pacientes de UTI apresentam higiene bucal deficiente,  principalmente a quantidade e a complexidade do biofilme bucal doença periodontal  que aumenta com o tempo de internação e pode ser uma fonte de infecção  nosocomial. Uma vez que as bactérias presentes na boca podem ser aspiradas e  causar pneumonias de aspiração (GOMES e ESTEVES, 2012). 

A doença periodontal é considerada a mais comum doença dentária localizada  e inflamatória causada por infecção bacteriana podendo estar associada à placa  dental (ANTONINI, et al. 2013). A presença de bactérias periodontais expõe o  hospedeiro a uma variedade de eventos nocivos os quais podem predispor a doenças  cardiovasculares. Entre as doenças sistêmicas com fator de risco para doença  periodontal estão a diabetes, que nestes pacientes se manifesta de forma mais severa  devido a fatores metabólicos e a AIDS que, por conta da deficiência imunológica, traz  consigo uma série de infecções por fungos, vírus e bactérias ao paciente (PINHEIRO  e ALMEIDA, 2014). 

Medidas simples como limpar os dentes dos pacientes com escovas dentais  duas vezes ao dia e realizar uma profilaxia profissional na cavidade oral uma vez por  semana mostraram reduções na mortalidade dos pacientes que contraíram  pneumonia durante o período de internação (GOMES e ESTEVES, 2012). 

3.1.3 TRISMO 

O trismo é um dos efeitos colaterais mais comuns da radioterapia em região de  cabeça e pescoço e pode ser definido como uma contração tônica dos músculos da  mastigação que resulta numa limitação da abertura bucal (MELO, et al. 2015). É uma  das complicações provenientes deste tipo de tratamento oncológico, sendo muito  comum de acometer os pacientes, apresentando alta prevalência (QUIRINO, 2022). 

A prevalência do trismo após tratamento do câncer de cabeça e pescoço pode  variar entre 5% e 50%, sendo maior o número de casos entre os pacientes que se  submetem a radioterapia para câncer de nasofaringe em virtude da área a ser  irradiada (MELO, et al. 2015). 

Observou-se que existem diversas formas de tratamento, como cirurgia,  fisioterapia, administração de medicamentos, fotobiomodulação com laser de baixa potência, acupuntura a laser, confecção de dispositivos personalizados e abordagem  caseira, mas que não há consenso para o estabelecimento de uma conduta padrão  (QUIRINO, 2022). 

O tratamento das complicações bucais da radioterapia em cabeça e pescoço  deve ser multidisciplinar incluindo médico, cirurgião-dentista, nutricionista,  fonoaudiólogo, psicólogo e fisioterapeuta. Este último, no que diz respeito ao trismo,  tem papel fundamental na abordagem desta complicação podendo implementar  diversos recursos e técnicas ativas e passivas, visando contribuir com a reabilitação  do paciente (MELO, et al. 2015). 

3.1.4 HIPOSALIVAÇÃO 

A hiposalivação é uma alteração muito comum e pode levar a complicações  orais aumenta a susceptibilidade a infecções oportunistas e prejudica a retenção de  próteses dentárias, favorecendo ao aparecimento de alterações locais (SILVA, et al.  2016). 

Em muitos casos indivíduos internados na UTI, possem déficit na higiene bucal,  que pode estar relacionada a diminuição da salivação (hiposalivação), higienização  ineficiente, ou ausente, diminuição da frequência de escovação, xerostomia, onde é  cessado o fluxo salivar tendo relação direta com a terapia medicamentosa, ou até  mesmo patologias associadas a glândulas salivares (SOUZA, et al. 2022). 

Os pacientes podem apresentar acúmulo de secreção em orofaringe e redução  do fluxo salivar (hiposalivação), que ocorre devido ao uso de vários medicamentos e  favorece o crescimento microbiano oral (REIS, et al. 2022). 

O tratamento da hiposalivação dependerá do diagnóstico realizado. A partir da  identificação do fator etiológico, a terapia será direcionada para todas as causas  subjacentes e agravantes que devem ser identificadas e gerenciadas. Quando não  houver alternativa de tratamento para causa de hiposalivação, o tratamento deverá ter  caráter paliativo e/ou preventivo, como nos casos de radioterapia (SILVA, et al. 2016). 

3.2 A ODONTOLOGIA HOSPITALAR PARA PACIENTE INTERNADOS EM UTI 

Na maior parte das vezes, pacientes na UTI apresentam higiene oral precária  em função de diversos fatores adicionais relacionados, como a diminuição da limpeza natural da boca promovida pela mastigação, movimentação da língua e bochechas,  além da redução do fluxo salivar pelo uso de alguns medicamentos (SILVA, et al.  2017). 

A Odontologia Hospitalar é a profissão da Odontologia em ambientes  hospitalares com outros profissionais como médicos, enfermeiros, os fisioterapeutas  formando, assim, equipes multidisciplinares. Mas não é a realidade para Cirurgiões dentistas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) (AMARAL et al., 2013).  

Na maior parte das vezes, pacientes na UTI apresentam higiene oral precária  em função de diversos fatores adicionais relacionados, como a diminuição da limpeza  natural da boca promovida pela mastigação, movimentação da língua e bochechas,  além da redução do fluxo salivar pelo uso de alguns medicamentos (SILVA, et al.  2017). 

Dentistas treinados na área hospitalar têm habilidades para diagnosticar e atuar  na prevenção de doenças bucais e portanto, complicações gerais de saúde, deve ser  orientada a equipe de enfermagem ou técnicos de saúde bucal, a realizar a higiene  bucal (GOMES et al., 2019). 

O atendimento odontológico nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) já é uma  realidade em alguns hospitais brasileiros e tem o objetivo de prevenir não só as  infecções bucais, que interferem na evolução das doenças dos pacientes acamados,  bem como limitar a disseminação de micro-organismos que colonizam desde a  cavidade oral ao trato respiratório inferior desses pacientes (DE ASSIS, 2012). 

A portaria SES-DF Nº287, de 2 de dezembro de 2016, salienta que esta  condição de deficiência de higiene bucal em pacientes críticos, que com frequência  permanecem com a boca aberta, devido à intubação orotraqueal provocando a  desidratação da mucosa oral e diminuição do fluxo salivar, desencadeia  frequentemente periodontites, gengivites, otites, rinofaringites crônicas, candidoses,  halitose, herpes, entre outros.  

Dessa forma, a presença do cirurgião-dentista na UTI é indispensável para a  prevenção, localização e erradicação de possíveis focos infecciosos nos pacientes  internados. Diversos estudos corroboram que a presença do cirurgião-dentista  integrado à equipe multidisciplinar leva à redução da mortalidade nas UTI’s  (GONÇALVES, et al. 2021).

Os profissionais que atuam na área são vitais para o tratamento e conforto dos  pacientes hospitalizados, promovendo medidas adequadas de controle de higiene por  via oral (JEFFCOAT et al, 2014).  

As UTIs são locais de atendimento mais completo, reservado para pacientes  que precisam de um cuidado mais intenso vinte quatro horas por dia, esses pacientes  precisam de um lugar mais estável e reservado, toda organização do local é planejada  a comodidade do paciente (GARCIA; SANTOS, 2022). 

Para melhor utilizar as indicações relacionadas à higiene bucal, a odontologia  deve estar inserida na equipe multidisciplinar, assim ocorrerá uma melhor orientação  no que diz respeito à higiene oral, como também uma atuação mais adequada,  eliminando os possíveis focos infecciosos (RIBEIRO, 2020). 

A diminuição do fluxo salivar permite aumento da saburra o biofilme lingual  (matriz orgânica estagnada) no dorso da língua, o que favorece a produção de  componentes voláteis de enxofre, tais como mercaptanas (CH SH) e sulfídricos (SH)  que têm odor desagradável e colonização bacteriana (VASCONCELOS E  BARZOTTO, 2023). 

A periodontite pode ocasionar doenças inflamatórias e destrutivas descritas  como tecidos de suporte e proteção o número de dentes é desencadeado pela  presença de biofilmes probióticos nos indivíduos suscetíveis (BARBOSA, et al. 2010).  

Outros problemas bucais, como cárie dentária, gengivite e a presença de raízes  residuais podem ser foco de infecções oportunistas, aumentando a chance de  infecções ou sepse e possivelmente a morte (FRANCO et al., 2014).  

A odontologia hospitalar passou por um processo de evolução e expansão,  profissionais formados na área que desempenham um papel muito importante na vida  de pacientes hospitalizados, combatendo doenças bucais e sua deterioração, evitar  desta forma a infecção, prevenindo desencadear o agravamento da doença Sistêmico  (SILVA, et al. 2017).  

Avaliação adequada das condições e necessidades bucais e o tratamento  odontológico de pacientes hospitalizados depende da presença de dentistas  qualificados em odontologia hospitalar. O profissional deve avaliar presença de  biofilme, doença periodontal, cárie, lesões infecciosas, virais, orais, infecções fúngicas  e traumas (RABELO et al., 2010).  

Incorporar o CD em equipes multidisciplinares ainda está relutante quando se  trata dos centros de UTI, condição que pode estar associada à baixa atenção às condições bucais levantadas, em relação a outras questões sistêmicas, também por  falta de profissionais da área, e porque não podem ingressar na área de atuação (DE  LUCA, et al. 2017). 

Diante da importância dos cuidados com a saúde bucal de pacientes sob  internação hospitalar em unidades de terapia intensiva e da possibilidade de agravo à  saúde geral destes pacientes em decorrência da ausência destes cuidados, existe a  necessidade da implementação de protocolos de higiene oral padronizados, para que  se tenha resultados satisfatórios para o paciente (RIBEIRO, 2020). 

3.3 A IMPORTÂNCIA DA HIGIENIZAÇÃO ORAL EM PACIENTES INTERNADOS  EM UTI 

A presença do cirurgião-dentista na Unidade de Terapia Intensiva (UTI)  desempenha um papel crucial na melhoria da saúde bucal e no bem-estar geral dos  pacientes internados. A falta de cuidados adequados com a saúde bucal pode levar a  complicações graves, incluindo o aumento dos casos de bronco aspiração (MACEDO,  et al. 2023). 

A higiene bucal deficiente é um dos fatores de risco para a ocorrência da PAVM,  pois o biofilme dentário pode servir como um reservatório para microrganismos  respiratórios nosocomiais (FRANCO, et al. 2014). 

Pacientes quando intubados têm sua saúde bucal prejudicada, pela falta de  cuidados de higiene bucal diária que muitas vezes é deixada de lado nos hospitais.  Com o passar dos dias associado a não higienização se tem sangramento gengival  ou formação de tártaro, que consequentemente desencadeia uma resposta  inflamatória no paciente afetando diretamente o processo terapêutico e a recuperação  do paciente. (ALENCAR et al., 2020). 

O ambiente hospitalar é inevitavelmente um grande reservatório de patógenos  virulentos e oportunistas, que podem ser transmitidos ao indivíduo por via endógena  e, assim, desencadear infecções respiratórias, principalmente a pneumonia, que  acomete comumente os pacientes submetidos à ventilação mecânica em Unidade de  Terapia Intensiva (BARBOSA, et al 2010). 

A microbiota oral pode causar danos ao ser aspirada, acometendo o sistema  imunológico do paciente. De forma com que os diferentes patógenos presentes na microbiota atuem como agravantes para infecções ou pneumonias graves. (CAGNANI  et al., 2019; SPEZZIA 2019). 

Pacientes internados na UTI têm maior probabilidade de contrair infecções  cruzadas, devido à possível exposição a patógenos e bactérias, além do risco de  colonização bucal por microrganismos resistentes aos antimicrobianos de primeira  escolha (MACEDO, et al. 2023). 

Para a higienização da cavidade bucal a solução mais indicada é a clorexidina  0,12 pois ainda apresenta atividade após 12 horas. Como protocolo de higienização  se utiliza um palito de madeira com gaze na ponta, embebidos em clorexidina 0,12 a  cada 12 horas. Limpando dentes, língua, mucosas, palato e tubo orotraqueal.  Finalizada essa higienização a cavidade bucal deve ser aspirada. (RIBEIRO et al.,  2019). 

Escolha um produto enzimático para ajudar a reduzir a placa a infecção  bacteriana deve-se à ausência de substâncias abrasivas como álcool em seus  ingredientes, detergentes, corantes, pois isso pode danificar ainda mais as  membranas mucosas já danificadas. Os produtos enzimáticos devem conter  lactoferrina, o que reduz a incidência de Candida albicans e Candida cruzi na cavidade  oral (SANTOS et al., 2008). 

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Com base nesta revisão bibliográfica, foi possível concluir que a deficiência na  higienização bucal, a administração de medicamentos e radioterapias presentes em  grande parte dos pacientes em UTI, são fatores que desencadeiam patologias de  grande risco para o paciente, que podem ser focos disseminantes de bactérias,  agravando seu caso clínico. Como a hiperplasia gengival medicamentosa e a  hiposalivação que se origina da higienização debilitada e uso dos medicamentos em  grande escala, doença periodontal que sem os cuidados e adequação do meio bucal  pode se findar em uma infecção nasocomial e o trismo oriundo de radioterapias. Para  tais diagnósticos e tratamentos eficazes se é necessário a presença de um CD  capacitado para o atendimento hospitalar, atuando principalmente na prevenção  dessas patologias. 

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1Acadêmica de Odontologia. E-mail: Andreinalopes001@gmail.com. Artigo apresentado a  UNISAPIENS, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Odontologia, Porto Velho/RO,  2023;
2Acadêmica de Odontologia. E-mail: Brunnalima1611@gmail.com. Artigo apresentado a  UNISAPIENS, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Odontologia, Porto Velho/RO,  2023;
3Acadêmico de Odontologia. E-mail: alexandre_02_@live.com;
4Professora Orientadora. Professora do curso de Odontologia. E-mail: regina.pinheiro@gruposapiens.com.br; 
5Professora do curso de Odontologia. E-mail: chimene.nobre@gruposapiens.com.br.
6Professora do curso de Odontologia. E-mail:Odontologia@uniron.edu.br; 
7Professor do curso de Odontologia. E-mail: paulo.carvalho@gruposapiens.com.br;
8Professor do curso de Odontologia. E-mail: rodrigo.jacob@gruposapiens.com.br;